4º Trimestre de 2012
Título: Os Doze
Profetas Menores — Advertências e consolações para a santificação da Igreja de
Cristo
Comentarista: Esequias
Soares
Lição 9: Habacuque — A
soberania divina sobre as nações
Data: 2 de
Dezembro de 2012
TEXTO ÁUREO
“Tu és tão puro de olhos, que não
podes ver o mal e a vexação não podes contemplar, por que, pois, olhas para os
que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais
justo do que ele?” (Hc 1.13).
VERDADE PRÁTICA
A fim de cumprir os seus planos Deus
age soberanamente na vida de todas as nações da terra.
HINOS SUGERIDOS
288, 330, 364.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 2 Rs 17.23 Deus
usou a Assíria contra Israel
Terça - Sf 2.13 O castigo contra a Assíria
Quarta - Jr 25.9 Deus usou a Babilônia contra Judá
Quinta - Jr 25.12 O castigo contra a Babilônia
Sexta - Jr 27.5-7 As nações sob a autoridade divina
Sábado - Hc 2.20 Perante o Senhor a Terra se cala
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Habacuque 1.1-6; 2.1-4.
Habacuque 1
1 - O
peso que viu o profeta Habacuque.
2 - Até
quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não
salvarás?
3 - Por
que razão me fazes ver a iniquidade e ver a vexação? Porque a destruição e a
violência estão diante de mim; há também quem suscite a contenda e o litígio.
4 - Por
esta causa, a lei se afrouxa, e a sentença nunca sai; porque o ímpio cerca o
justo, e sai o juízo pervertido.
5 - Vede
entre as nações, e olhai, e maravilhai-vos, e admirai-vos; porque realizo, em
vossos dias, uma obra, que vós não crereis, quando vos for contada.
6 - Porque
eis que suscito os caldeus, nação amarga e apressada, que marcha sobre a
largura da terra, para possuir moradas não suas.
Habacuque 2
1 - Sobre
a minha guarda estarei, e sobre a fortaleza me apresentarei, e vigiarei, para
ver o que fala comigo e o que eu responderei, quando eu for arguido.
2 - Então,
o SENHOR me respondeu e disse: Escreve a visão e torna-a bem legível sobre
tábuas, para que a possa ler o quecorrendo passa.
3 - Porque
a visão é ainda para o tempo determinado, e até ao fim falará, e não mentirá;
se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará.
4 - Eis
que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo, pela sua fé, viverá.
INTERAÇÃO
“O justo viverá pela fé”. Esta
sentença tornou-se uma das mais importantes temáticas do Novo Testamento. Foi
um dos lemas da Reforma Protestante. O apóstolo Paulo é um dos que descrevem a
graça de Deus de maneira mais intensa e bela: “Porque pela graça sois salvos,
por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8). Tal perspectiva
da graça de Deus foi precedida pelo profeta Habacuque, quando ele declarou: “O
justo, pela sua fé, viverá” (2.4).
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar
apto a:
·
Explicar o contexto histórico, a
estrutura e a mensagem do livro de Habacuque.
·
Compreender a situação do país na
época de Habacuque.
·
Mencionar a resposta de Deus
ministrada ao profeta.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, providencie cópias do
quadro abaixo para os alunos. Inicie a aula com a seguinte indagação: “Qual o
propósito do livro de Habacuque?”. Incentive a participação da classe e ouça
todos com atenção. Depois, explique que o objetivo do profeta era mostrar ao Reino
do Sul (Judá) que Deus estava no controle do mundo, embora o mal parecesse
triunfar em alguns momentos. Habacuque foi um profeta inquiridor. Em seguida
distribua as cópias com o esquema abaixo e explique que vários temas estão
presentes na profecia de Habacuque. Podemos destacar, por exemplo, “a
confiabilidade absoluta de Deus”, “o domínio divino do universo”, “a
incapacidade humana de entender adequadamente os caminhos misericordiosos de
Deus”, “as lutas colossais da natureza e da política” e a “predisposição divina
de não tolerar a violência derivada do orgulho”. Faça um resumo do livro
utilizando o quadro.
ESBOÇO DO LIVRO
O Interrogatório de Habacuque a Deus
(1.2 — 2.20)
Questão: Como
Deus permite que a ímpia Judá fique sem castigo (1.2-4).
Resposta: Mas
Deus usará a Babilônia para castigar Judá (1.5-11).
Questão: Como
Deus pode usar uma nação mais ímpia que Judá como instrumento de juízo (1.12 —
2.1).
Resposta: Deus
também julgará Babilônia (2.2-20).
O Cântico de Habacuque (3.1-19)
Oração de Habacuque por misericórdia
divina (3.1,2).
O poder do Senhor (3.1,2).
Os atos salvíficos do Senhor (3.3-7).
A fé inabalável de Habacuque
(3.16-19).
COMENTÁRIOS
introdução
Palavra Chave
Soberania: Qualidade
ou condição de um soberano; autoridade; domínio; poder.
No diálogo entre Habacuque e o
Senhor, presenciamos uma singular beleza teológica e literária. Ao longo do
livro de Habacuque, deparamo-nos com uma das mais notáveis declarações
doutrinárias: “O justo, pela sua fé, viverá” (2.4). Este oráculo fez-se tão
notório, que se tornou uma das mais importantes temáticas, em o Novo Testamento
(Rm 1.17 cf. Gl 3.8). Séculos mais tarde, inspirou Martinho Lutero a deflagrar
a Reforma Protestante.
I. O LIVRO DE HABACUQUE
1. Contexto histórico. Habacuque exerceu o seu ministério quando os
caldeus marchavam vitoriosamente pelo Oriente Médio (1.6). Tal marcha
iniciou-se em 627 a.C. e foi concluída com a vitória sobre Faraó Neco, do
Egito, na Batalha de Carquêmis, em 605 a.C. (Jr 46.2). Tempo em que, de fato,
os caldeus tornaram-se um império pujante. Isso mostra que o profeta era
contemporâneo de Jeremias e Sofonias (Jr 1.1; Sf 1.1). Ele menciona ainda a
opressão dos ímpios sobre os pobres e o colapso da justiça nacional (1.2-4) e
descreve também o cenário do reinado tirânico de Jeoaquim, rei de Judá, entre
605 e 598 a.C. (Jr 22.3,13-18).
2. Vida pessoal. Não há informações, dentro ou fora do livro,
sobre a vida pessoal de Habacuque. Apenas temos a declaração de que ele é
profeta (1.1), detalhe este também encontrado em Ageu e Zacarias (Ag 1.1; Zc
1.1). A partir dessas poucas informações e pela finalização de seu livro
(3.19), muitos estudiosos entendem que Habacuque era um profeta bem aceito pela
sociedade e — há quem afirme — oriundo de família sacerdotal. A literatura
rabínica apoia essa ideia.
3. Estrutura e mensagem. No estudo passado, aprendemos que o termo
“peso” indica uma “sentença pesada e profecia”. A exemplo do livro de Naum,
esse oráculo foi revelado à Habacuque na forma de visão (1.1). A profecia
divide-se em três capítulos. O primeiro denuncia a corrupção generalizada da
nação e a consequente resposta divina (1.2-17); o segundo, outra resposta do
Eterno (2.1-20); e a terceira, a oração de Habacuque (3.1-19). O oráculo
divino, que possui a mesma estrutura dos Salmos, tem como principal ênfase a
fé.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
O livro de Habacuque denuncia a
corrupção generalizada da nação, descreve as respostas divinas e apresenta a
oração de Habacuque.
II. HABACUQUE E A SITUAÇÃO DO PAÍS
1. O clamor de Habacuque. O que ocorria em Judá ia de encontro ao
conhecimento que Habacuque possuía a respeito do Deus de Israel. Mas como é
possível Aquele que é justo e santo tolerar tamanha maldade? O profeta expressa
sua perplexidade na forma de lamentos: “Até quando, SENHOR[...]?” (1.2; Sl
13.1,2); “Porque[...]?” (1.3; Sl 22.1). Essas perguntas indicam que, há tempos,
Habacuque orava a Deus em busca de solução.
2. A descrição do pecado. Assim, o profeta resume o quadro desolador do
seu povo: iniquidade e vexação; destruição e violência; contenda e litígio
(1.3). A Bíblia ARA (Almeida Revista e Atualizada) emprega o termo “opressão”.
A Bíblia TB (Tradução Brasileira) usa “perversidade” no lugar de “vexação”. A
estrutura poética nessa descrição revela a falência da justiça e o abuso
opressor das autoridades em relação aos pobres.
3. O colapso da justiça nacional. A frouxidão da lei era consequência da
corrupção generalizada. Na esfera judiciária, a sentença não era pronunciada,
ou quando dado o veredicto, este sempre beneficiava os poderosos (1.4). A
sociedade sequer lembrava-se da lei. Esta era o poder coercitivo para manter a
ordem pública, garantir a segurança e os direitos do cidadão (Dt 4.8; 17.18,19;
33.4; Js 1.8). Mas a influência das autoridades piedosas não foi suficiente
para mudar o estado das coisas. Somente o Senhor onipotente de Israel é quem
pode fazer plena justiça.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
O caos estabelecido em Judá era
decorrente da corrupção generalizada e denunciada pelo profeta Habacuque.
III. A RESPOSTA DIVINA
1. O juízo divino é anunciado. Antes de Habacuque perceber a gravidade da
situação, Deus, que está no controle de todas as coisas, apenas aguardava o
tempo oportuno para agir e mostrar a razão de sua intervenção. Tudo estava nos
planos do Senhor. O profeta e todo o povo de Judá precisavam prestar mais
atenção aos acontecimentos mundiais, pois o Eterno realizaria, naqueles dias,
uma obra que eles não creriam, quando lhes fosse contada (1.5). Essa obra era
um novo império que Deus estava levantando no mundo. Não obstante, esse oráculo
também diz respeito à vinda do Messias (At 13.40,41).
2. Os caldeus e a questão ética
(1.6). O império dos caldeus crescia e
agigantava-se sob a liderança do rei Nabucodonosor. Ele estava a caminho de
Jerusalém para invadir a província de Judá. No entanto, Habacuque ficou
desapontado com essa resposta. Como um povo idólatra, sem ética e respeito aos
direitos humanos, poderia castigar o povo de Deus? Ele pergunta: “por que,
pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora
aquele que é mais justo do que ele?” (1.13). Trataria o Senhor os filhos de
Judá como os animais? (1.14). Permitiria à Babilônia fazer o que desejasse com
o povo? (1.15-17).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A primeira resposta divina era o
agigantamento dos caldeus a caminho de Jerusalém para invadir a província de
Judá.
IV. DEUS RESPONDE PELA SEGUNDA VEZ
1. A espera de Habacuque (2.1). Sabedor de que Deus lhe responderá, o profeta
prepara-se para ser arguido por Deus. Ele se posiciona como uma sentinela —
figura comumente empregada para descrever os profetas bíblicos. Sua função era
ficar alerta para escutar a palavra de Deus e transmiti-la ao povo (Is 21.8; Jr
6.17; Ez 3.17).
2. A visão. A resposta divina veio ao profeta através de
uma visão transmitida com agilidade e nitidez, dispensando a necessidade de que
alguém lesse e a interpretasse (2.2), pois se tratava de uma mensagem que,
apesar de futurística, era claríssima: A Babilônia desaparecerá da terra para
sempre! No entanto, Judá, apesar do castigo, sobreviverá (Jr 30.11). O desafio
era crer na mensagem! Ainda que seu cumprimento tardasse, Deus é fiel para
cumprir a sua palavra (2.3; Jr 1.12). Assim como naquele tempo, o mundo
permanece no pecado por causa da incredulidade e por isso não crê na pregação
do Evangelho (Jo 9.41; 15.22; 16.9; 2 Co 4.4).
3. O justo viverá da fé. A expressão “alma que se incha” (2.4)
refere-se ao orgulho dos caldeus (1.10; Is 13.19). O justo é aquele que crê no
julgamento de Deus sobre a Babilônia (2.8). Ele sobreviverá à devastação de
Judá pelo exército de Nabucodonosor: “o justo, pela sua fé, viverá” (2.4b). Mas
ao mesmo tempo é uma mensagem de profundo significado para a fé cristã (Rm
1.17; Gl 3.8; Hb 10.38). Em o Novo Testamento, o “justo” é quem, proveniente de
todas as nações, acolhe a mensagem do Evangelho e é justificado pela fé em
Jesus.
SINOPSE DO TÓPICO (IV)
A segunda resposta de Deus era que a
Babilônia desapareceria para sempre. Mas Judá, apesar de passar por um castigo
doloroso, sobreviveria.
CONCLUSÃO
A Palavra de Deus é suficiente para
corrigir o caminho tortuoso de qualquer pessoa. Apesar de a resposta divina nem
sempre ser o que esperamos, ela é sempre a melhor. Quem não se lembra do fato
ocorrido na vida de Naamã? (2 Rs 5.10-14). Isso acontece porque os caminhos e
os pensamentos de Deus são infinitamente mais elevados que os nossos (Is
55.8,9). Vivamos, pois, pela fé!
Subsídio Teológico
“O significado da fé em Habacuque
Além de estar dizendo claramente que
os justos de Judá, apesar do sofrimento pelo qual passarão no ataque caldeu,
serão poupados (como aconteceu com Jeremias, Daniel e tanto outros), o Senhor
mostra ao profeta que sua compreensão concernente à vida espiritual ainda era
superficial. Ainda faltava a Habacuque considerar alguns aspectos essenciais da
vida com Deus. Sua Teologia ainda ignorava nuanças vitais, e que agora são
sintetizadas para o profeta em uma única frase: ‘O justo viverá pela sua fé’.
O justo não vive pelo que vê, sente,
percebe, imagina ou pensa, mas pela fé. ‘Porque andamos por fé e não por vista’
(2 Co 5.7). Não que essas coisas não sirvam, vez por outra, para alimentar a
nossa fé, mas não podem ser considerados fundamentos para ela. Nossa fé está
fundamentada no próprio Deus, em sua Palavra. O justo está baseado nela”
(DANIEL, S. Habacuque: A vitória da fé em meio ao caos. 1
ed. RJ: CPAD, 2005, p.90).
SUBSIDIOS
Considerações Preliminares
O autor deste livro identifica-se como “o profeta
Habacuque”(1.1; 3.1). Além disso, não oferece nenhum outro dado acerca de sua
pessoa nem de sua família. Seu nome, que significa “abraço”, não aparece em
nenhum outro lugar das Escrituras. A referência de
Habacuque ao “cantor-mor sobre os meus instrumentos de música” (3.19), sugere
que ele pode ter sido um músico levita a serviço do santo templo em Jerusalém. Ao
contrário de outros profetas, Habacuque não data a sua profecia mediante referências
aos reis que foram seus contemporâneos. Mas o fato de ficar perplexo com o uso
que Deus faz dos babilônios (os “caldeus” de 1.6) como instrumento de seu juízo
contra Judá, sugere um período em que Babilônia já era uma potência mundial.
Portanto, a invasão de Judá era iminente (c. 608—598 a.C.). Nabucodonosor já havia
derrotado os egípcios na batalha de Carquemis (605 a.C.). O Egito, aliás, foi a
última potência a se opor à expansão dos babilônios. Se a descrição do exército
babilônico em 1.6-11 refere-se à marcha babilônica em direção à Carquemis,
conforme interpreta-se, a data da profecia de Habacuque seria entre 606—605
a.C., durante os primeiros anos do rei Joaquim de Judá. As conseqüências da ascensão de Babilônia como
potência mundial foram devastadoras à apóstata Judá (ver 2 Rs 24,25).
Retornando do Egito, Nabucodonosor invadiu Judá, e levou a Babilônia um número considerável
de cativos, entre os quais Daniel e seus três amigos (605 a.C.). Em 597 a.C.,
as forças babilônicas tornaram a invadir Jerusalém, saqueando-lhe o templo, e
levando outros 10.000 cativos para Babilônia, entre os quais o profeta
Ezequiel. Quando o rei Zedequias intentou livrar Judá do controle babilônico,
onze anos mais tarde (586 a.C.), Nabucodonosor, enfurecido, sitiou Jerusalém,
incendiou o templo, destruiu totalmente a cidade, e deportou para Babilônia a
maioria dos judeus sobreviventes. É provável que Habacuque haja vivido na maior
parte deste período, onde o juízo divino revelou-se contra Judá.
Propósito
Diferentemente da maioria dos outros profetas,
Habacuque não profetiza à desviada Judá. Escreveu para ajudar o remanescente
piedoso a compreender os caminhos de Deus no tocante à sua nação pecaminosa, e
ao seu castigo iminente. Habacuque, após haver considerado o intrigante
problema de os caldeus, uma nação deploravelmente ímpia, serem usados por Deus
para tragar o seu povo em juízo (1.6-13), garante aos fiéis que Deus lidará com
toda a iniqüidade no tempo determinado. Entrementes, “o justo, pela sua fé,
viverá” (2.4), e não pelo seu entendimento. Em seguida, o profeta afiança:
“exultarei no Deus da minha salvação” (3.18).
Visão Panorâmica
Os capítulos 1 e 2 registram as perguntas que
Habacuque faz, em sua perplexidade, acerca dos caminhos de Deus, bem como as
respostas que o Senhor lhe deu. Após ter visto tanta iniqüidade e idolatria em Judá,
a primeira pergunta do profeta é: Como Deus poderia deixar seu povo rebelde
escapar sem o devido castigo? Deus responde, mostrando-lhe que, dentro em
breve, estaria usando os babilônios para castigar Judá. A segunda pergunta de
Habacuque segue-se imediatamente: Como Deus poderia permitir que uma nação
ainda mais ímpia e cruel que Judá castigasse a esta? A isto Deus responde,
garantindo ao profeta que o dia de prestação de contas também chegaria para os
babilônios. No decurso de todo o livro, Habacuque expressa a sua fé na
soberania de Deus e na certeza de que Ele é justo em todos os seus caminhos. A
revelação do amor divino aos justos, e de seu propósito em destruir a ímpia
Babilônia, evoca um hino profético de louvor a Deus, e reafirma as promessas a
respeito da salvação em Sião (cap. 3).
Características Especiais
Cinco aspectos básicos caracterizam a profecia de
Habacuque.
(1) Ao invés de profetizar a respeito da apóstata
Judá, registra, em seu “diário” pessoal, suas conversações particulares com Deus,
e a subseqüente revelação profética.
(2) Contém
pelo menos três formas literárias distintas entre si: “diálogo” entre o profeta
e Deus (1.2—2.5); “ais proféticos” clássicos (2.6-20); e um cântico profético
(cap. 3) — todas com dicção vigorosa e com metáforas pitorescas.
(3) O profeta manifesta três características em
meio aos tempos adversos: faz perguntas honestas ao Senhor (cap. 1); revela fé
inabalável na soberania divina (2.4; 3.18,19); e manifesta zelo pelo avivamento
(3.2).
(4) A visão que o profeta tem de Deus no capítulo
três é uma das mais sublimes da Bíblia, e relembra a teofania no monte Sinai.
Outros trechos inesquecíveis em Habacuque são: 1.5; 2.3,4,20; 3.2,17-19.
(5) Nenhum profeta do AT fala com mais eloqüência a
respeito da questão da fé que Habacuque — não somente na sua declaração, “o
justo, pela sua fé, viverá” (2.4), como também em seu testemunho pessoal
(3.17-19).
O Livro de Habacuque ante o NT
A declaração de Habacuque de que o justo viverá por
sua fé (2.4) é o texto-chave do AT usado por Paulo em sua teologia da
justificação. O apóstolo cita o versículo em Rm 1.17 bem como em Gl 3.11 (cf.
também Hb 10.37,38).
1.1 HABACUQUE. Habacuque profetizou a Judá entre a derrota
dos assírios, em Nínive, e a invasão
de Jerusalém pelos babilônios (605-597
a.C.).
(1) O livro é único no seu gênero por não ser uma profecia
dirigida diretamente a Israel, mas sim um diálogo entre o profeta e Deus.
Habacuque queria saber por que Deus não fazia algo a respeito da iniqüidade que
predominava em Judá. Deus lhe responde, então, que enviaria os babilônios para
castigar a Judá.
(2) Esta resposta
deixou o profeta ainda mais confuso: "Por que Deus castigaria seu povo
através de uma nação mais ímpia do que ele"? No fim, Habacuque aprende a
confiar em Deus, e a viver pela fé da maneira como Deus o requer: independentemente
das circunstâncias.
HABACUQUE 1.2-4 ATÉ
QUANDO... CLAMAREI EU? Habacuque ora a Deus, pedindo-lhe que pusesse fim à
iniqüidade que reinava entre o povo do concerto. Deus, no entanto, parecia nada
fazer a respeito, a não ser tolerar a violência, a injustiça e a destruição dos
justos. As perguntas do profeta têm a ver com um antiqüíssimo tema: "Por
que Deus demora tanto em castigar a iniqüidade?" e "Por que nossas
orações geralmente não são prontamente atendidas?". Note, todavia, que
tais queixas vinham de um coração cheio de fé num Deus justo.
HABACUQUE 1.5-11
REALIZO... UMA OBRA. Deus responde a Habacuque, e diz-lhe já ter planos para
castigar Judá pelos seus pecados. Deus lançaria mão dos implacáveis babilônios
a fim de corrigir a Judá. O fato de Deus usar um povo tão ímpio e pagão para
castigar o seu povo deixara o profeta atônito. Era algo que parecia incrível ao
povo de Deus.
HABACUQUE 1.12 NÃO ÉS
TU DESDE SEMPRE? Habacuque fica horrorizado pelo fato de Deus usar uma nação
tão iníqua para atacar a Judá. Mas ele sabe que Deus não permitiria que os
babilônios aniquilassem a nação judaica, pois, mediante tal destruição, estaria
cancelando seu propósito redentor à raça humana.
HABACUQUE 1.13 NÃO
PODES VER O MAL. Esta expressão não significa que Deus seja incapaz de perceber
o mal, pois Ele a tudo observa. Ele é onisciente. Pelo contrário: significa que
Deus jamais contempla o mal para tolerá-lo ou apoiá-lo. O que deixou Habacuque
perplexo foi o uso que Deus fez dos ímpios babilônios. Tem-se a impressão de
que Ele tolerava os pecados destes enquanto castigava Judá que, a despeito de
todos os seus pecados, não deixava de ser uma nação mais justa que os filhos de
Babilônia.
HABACUQUE 2.2-20
ESCREVE A VISÃO. No capítulo 2, Deus responde a Habacuque acerca da
predominância do mal no mundo, e do possível aniquilamento dos justos. O Senhor
declara que viria um tempo em que todos os ímpios haveriam de ser destruídos, e
que os únicos a ficarem firmes seriam os justos - os que se relacionam com Deus
através da fé .
HABACUQUE 2.3 A
VISÃO... PARA O TEMPO DETERMINADO. A solução do problema de Habacuque viria
somente no "tempo determinado" por Deus.
(1) Então, seria colocado um ponto final à iniqüidade do mundo.
Os fiéis de Deus teriam de "esperá-lo", ainda que parecesse levar
tanto tempo.
(2) A semelhança de Habacuque, devemos esperar a justa
intervenção de Deus no fim desta era. Quando Cristo levar os justos deste
mundo, toda a iniqüidade será aniquilada (ver 1 Ts 4.16-17;).
HABACUQUE 2.4 O
JUSTO, PELA SUA FÉ, VIVERÁ. É o "justo" que, no fim, emergirá
vitorioso.
(1) Os retos são contrastados com os orgulhosos e ímpios. Os
corações dos justos voltam-se a Deus, pois o têm como Pai. Possuem estreita
comunhão com Ele, e lhe obedecem a vontade.
(2) Os justos devem viver neste mundo mediante a sua fé em
Deus. "Fé", aqui, significa firme confiança em Deus e na retidão dos
seus caminhos. É uma lealdade pessoal a Ele como Salvador e Senhor. É também a
perseverança moral para seguir os seus caminhos. Paulo desenvolve este tema em
Rm 1.17 e Gl 3.11 (cf. Hb 10.38).
HABACUQUE 2.6-20 AI
DAQUELE. Estes versículos pronunciam os ais do juízo contra todo aquele cuja
"alma... não é reta nele" (v. 4). Tais pessoas serão condenadas por
causa de sua agressão (vv. 6-8), injustiça (vv. 9-11), violência e crime (vv.
12-14), imoralidade (vv. 15-17) e idolatria (vv. 18-20).
HABACUQUE 3.1-19
ORAÇÃO. Este capítulo retrata o modo pelo qual Habacuque reage à resposta que
Deus lhe dera no capítulo dois. Entre o pecado do mundo e o juízo divino, o profeta
aprendera a viver pela fé em Deus, e a confiar na sabedoria dos seus caminhos.
HABACUQUE 3.2 AVIVA,
Ó SENHOR, A TUA OBRA NO MEIO DOS ANOS. Habacuque sabia que o povo de Deus havia
pecado, e, conseqüentemente, seria submetido ao juízo divino. Nestas
circunstâncias, faz duas petições:
(1) Pede a Deus que apareça entre o seu povo com nova
manifestação de poder. Habacuque está ciente de que o povo não sobreviveria se
o Senhor não interviesse com um derramamento de sua graça e de seu Espírito.
Somente assim haveria verdadeira vida espiritual entre os fiéis.
(2) Habacuque ora para que Deus se lembre da misericórdia em
tempos de aflição e angústia. Sem a sua misericórdia, o povo haveria de
perecer. Hoje, com os alicerces da igreja sendo abalados, quando há aflição por
todos os lados, imploremos ao Senhor que torne a manifestar sua misericórdia e
poder para que haja vida e renovação entre o seu povo.
HABACUQUE 3.3-16 DEUS
VEIO. Nestes versículos, Habacuque refere-se à ocasião em que Deus livrou o seu
povo do Egito (ver Êx 14). O mesmo Deus que viera com salvação no passado,
voltaria em toda a sua glória. Todos quantos esperavam sua vinda, viveriam e veriam
seu triunfo sobre impérios e nações.
HABACUQUE 3.18-19 EU
ME ALEGRAREI NO SENHOR. Habacuque testifica que servia a Deus não por causa das
suas dádivas, mas porque o Senhor é Deus. Mesmo em meio ao castigo divino
derramado sobre Judá (v. 16), o profeta opta por regozijar-se no Senhor. Deus
seria a sua salvação e o manancial inesgotável de suas forças. Ele sabia que um
remanescente fiel haveria de sobreviver à invasão babilônica, por isso proclama
com confiança a derradeira vitória dos que vivem pela fé em Deus (cf. 2.4).
LIÇÃO 09 – HABACUQUE – A
SOBERANIA DIVINA SOBRE AS NAÇÕES
INTRODUÇÃO
Estudaremos nesta lição, sobre
o dilema do “profeta-levita” Habacuque com Deus. Analisaremos, que este servo
do Senhor, era um homem que buscava respostas perturbado pelo que observava na
sua nação (Reino do Sul -Judá). Em seu livro, o questionamento principal do
profeta Habacuque a Deus, resume-se a duas perguntas cruciais: (1) Porque o
Senhor contempla a maldade de Judá, e mesmo assim não a castiga? (Hc 1.1-4); e
(2) Porque uma nação corrupta como a Babilônia, deveria conquistar a nação de
Judá, que era menos má? Por fim, após estas duas perguntas ao Senhor e sua
rápida resposta, o profeta termina sua profecia com um dos mais belos cânticos
da Bíblia, exaltando ao Senhor apesar da iminente derrota de seu povo pelos
caldeus.
I –
INFORMAÇÕES SOBRE O PROFETA HABACUQUE
Asseguram os estudiosos ser Habacuque da tribo de Levi […] O
final de seu livro deixa claro que, de alguma forma, ele era também habilitado
oficialmente a participar da
liturgia do Templo: “... Ao mestre de musica. Para
instrumento de corda” (Hc
3.19). O
termo traduzido no texto citado como “instrumento de corda” é “neginoth”, que tem em
si a ideia de tanger um instrumento. O capitulo 3 de seu livro é um arranjo
musical feito por ele mesmo. Logo, acredita-se que ele também era um levita
(COELHO; DANIEL, 2012, p. 72). O comentarista da Bíblia Pentecostal diz: “A
referência ao “cantor-mor” sobre os instrumentos de
música (Hc 3.19), sugere que ele pode ter sido um músico levita a serviço do
santo templo em Jerusalém” (STAMPS, 1995, p.1334).
1.1
Nome. O
autor deste livro identifica-se como “o profeta Habacuque” (1.1; 3.1). Além
disso, não oferece nenhum outro dado acerca de sua pessoa nem de sua família; e
como acontece com a maioria dos “Profetas Menores”, quase nada se conhece sobre
Habacuque. Ele não é mencionado em nenhum outro lugar da Bíblia (ELLISSEN,
2012, p. 372). Habacuque é um dos profetas pré-exílicos e só ele, em todas as
Sagradas Escrituras, recebe esse nome, que pode significar “abraçado”, “abraço”
ou “abraço amoroso”. Uma tradição dos rabinos liga o nome do profeta a (2Reis
4.16), fazendo-o filho da sunamita: “Disse-lhe o profeta: Por este tempo,
daqui a um ano, ABRAÇARÁS um filho” […]. Segundo especialistas, seu nome
deriva provavelmente de um vocábulo assirio usado para designar uma planta “hambakuku” . Jerônimo, no quinto
seculo d.C., afirmou que o nome do profeta derivava de uma raiz hebraica cujo
significado era “segurar”, e que recebera esse nome, ou por causa do seu amor a
Deus, ou porque lutara com Ele (COELHO; DANIEL, 2012, pp. 70-71).
1.2
Livro. No
livro de Habacuque o autor usa ilustrações e comparações cheias de vida (Hc
1.8,11,14,15; 2.5,11,14,16,17; 3.6,8-11).
Podemos identificar na obra
pelo menos três estilos literários distintos: (1) o diálogo entre o homem e
Deus, o que faz lembrar uma espécie de diário (Hc 1.1—2.5); (2) um conteúdo
semelhante ao dos demais livros proféticos do AT, na passagem dos cinco “ais”
(Hc 2.6-20); e (3) uma parte poética,, semelhante aos salmos (Hc 3). Assim,
podemos dizer que ele é um diálogo, pode ser uma profecia ou um poema. O livro demonstra a
grandeza e a excelência de Deus sobre todas as nações (Hc 2.20; 3.6,12),
enfatizando a soberania divina. E destaca com a mesma intensidade a fé dos
justos (2.4) e a exultação que deve ser dada ao Senhor (3.18,19).
1.3
Período que profetizou. Há
apenas três referencias históricas em todo o livro de Habacuque. A primeira se
encontra na declaração “Deus esta no seu santo templo” (2.20) e a segunda, na
nota ao final do livro “Ao mestre de musica. Para
instrumento de corda”
(3.19); e em Habacuque (1.6)
temos a outra referência histórica onde o texto fala da iminência de um ataque
dos caldeus. Esses textos indicam claramente que o autor profetizou antes de o
Templo construído por Salomão em Jerusalém ser destruído em 586 a.C. por
Nabucodonosor. Por isso, a data sugerida para a profecia de Habacuque na
maioria dos estudiosos bíblicos a mais provável é a que se situa em 609 a.C.,
no fim do reinado do bom rei Josias no reino do Sul (Judá), o qual começou seu
governo aos oito anos de idade (2 Cr 34.1-33). “O
quadro de violência, contendas e apostasias, tão generalizadas em Judá na época
de Habacuque (Hc 1.2-4), parece caber dentro do período que se seguiu
imediatamente após a morte de Josias, em 609 a.C” (SCHULTZ, 2009, p. 472).
1.4
Contemporâneos. “Habacuque foi contemporâneo de Sofonias e
Jeremias em sua terra (Judá) e de Daniel na Babilônia” (MEARS, 1997, p. 282 –
grifo nosso).
II –
JUDÁ NOS DIAS DE HABACUQUE
2.1
Situação política. O
império mundial da Assíria caíra exatamente como Naum havia profetizado. O
Egito e a Babilônia disputavam então a posição de liderança. Na batalha de
Carquemis, em 605 a.C, na qual Josias foi morto, os babilônios foram vencedores
[…] Os juízes eram corruptos e julgavam
conforme os subornos que recebiam (MEARS, 1997, p. 282).
2.2
Situação social. A
reforma de Josias terminou com sua morte em 609 a.C, e as sementes de corrupção
plantadas por Manassés frutificaram com rapidez sob o reinado de Jeoaquim,
trazendo um desequilíbrio social muito grande […] Judá era corrupto e estava
prestes a ser julgado (ELLISSEN, 2012, p. 373).
2.3
Situação espiritual. Os tempos de Habacuque eram críticos. As
suas palavras se justificam plenamente pelo contexto político e espiritual de
seu tempo. Logo depois da morte do rei Josias. Joacaz, seu filho, assume o
trono, mas só reina por três meses. Faraó Neco vem da campanha em Carquemis no
Egito (605 a.C), depõe Joacaz e coloca seu irmão, Jeoaquim (ou Eliaquim) no
trono, em seu lugar.
Judá (Reino do Sul) começa
agora a pagar tributo ao Egito. E pior: a impiedade voltou a reinar como nos
dias do rei Manassés (2Cr 33.1- 20; 2Rs 21 1-18) e de seu filho Amom que seguiu
bem os passos maus do pai (2 Rs 21.19-26; 2 Cr 33.21-25). As reformas feitas
por Josias haviam tido um resultado superficial. Não atingiram em cheio o
coração do povo que, mal enterrara seu bom rei, já se entregava de novo ao
paganismo (COELHO; DANIEL, 2012, p. 75).
III –
A SITUAÇÃO DE JUDÁ NOS DIAS DE HABACUQUE
Os acontecimentos que
acarretaram a destruição de Judá, em 586 a.C, e o exílio de seus habitantes na
Babilônia estavam diretamente relacionados à incompetência política de seus
líderes e à apostasia religiosa […] (2Rs21; 2Cr 34,35). Quando os assírios
foram derrotados em Nínive (612 a.C), o Egito tomou o controle de Judá. Alguns
anos depois (605 a.C), a Babilônia derrotou o Egito e levou os judeus cativos
para sua terra (2Rs 24.18 - 25.12) (SCHULT; SMITH, 2005, p. 227). Vejamos qual
a situação de Judá neste período:
• Os
justos e os pobres eram oprimidos (1.4;13-15);
• O
povo vivia em pecado aberto (2.4;
14-15);
• Havia
adoração aos ídolos (2.18-19).
Mediante esta situação,
Habacuque faz uma declaração de que “o justo viverá por sua fé”, onde alguns estudiosos
do AT preferem dizer: “o justo por sua fidelidade viverá” (Hc 2.4) que é o texto
chave do AT usado pelo apóstolo Paulo em sua Teologia da Justificação como
também pelo escritor da Carta aos Hebreus ( Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.37-38).
Texto este que refere-se aos exilados que foram levados cativos pelos caldeus,
mesmo sendo fieis a Deus, como por exemplo: Daniel, Hananias, Misael e Azarias
(Dn 1.1-6).
Habacuque tem sido tem sido
denominado de “o livro que começou a Reforma” (ELLISSEN, 2012, p.
375). Reflitamos o porquê da punição do Senhor contra Judá:
• O
Sofrimento é fruto diretamente do pecado (Gn 3. 13-19; Rm 5.12;
3.23; 8.20);
• Deus
não é o culpado pelo sofrimento do povo (Pv 26.2; Lm
1.8,9,14,18,20,22);
• Existe
a Lei da semeadura (Gn
37.20-28; 42.21-22; 2Sm 16.22; Mt 7.1-2; 2Tm 3.13; Gl 6.7-8; 2Co 9.6; Mt
6.19-20; Tg 5.24; Ec 8.11-13; Os 5.7-8; 10.13; Pv 22.8; Jó 4.8; Et 3.6,8,9;
5.14; 10.8);
• A
situação trágica de Judá foi causa dos seus próprios pecados (Jr 26.7-11,16; Lm 4.13;
Jr 42.14; Lm 4.17);
• O
homem queixa-se dos seus próprios pecados (Gn 50.20; Lm 3.39; Pv
19.3; Mq 7.9).
IV – A
ESTRUTURA DA MENSAGEM DO LIVRO DE HABACUQUE
Diferentemente da maioria dos
profetas, Habacuque não profetiza à desviada Judá (Reino do Sul). Ele escreveu
para ajudar o remanescente piedoso a compreender os caminhos de Deus no tocante
à sua nação pecaminosa (STAMPS, 1995, p.1335). Analisemos a divisão da
estrutura deste livro:
• Em (Hc 1. 5-11) Deus diz ao
profeta o que ele está prestes a fazer. Revela o poderio do terrível inimigo de
Judá e a devastação que deixará em sua passagem. Descreve a arrogância e o
orgulho do inimigo em atribuir seu êxito ao seu próprio deus e à sua própria
grandeza;
• Em (Hc 1. 12 - 2:1) vemos o
modo pelo qual o profeta luta com este problema;
• Em (Hc 2. 1-20) o profeta
versa sobre o gracioso tratamento de Deus com Habacuque, e o modo como ele
capacita o profeta a compreender a situação geral. Deus lhe dá uma visão
maravilhosa do futuro, e como no final, se resolverá perfeitamente;
• Em (Hc 3. 1 - 19) o livro
descreve a reação do profeta mediante sua “visão” mostrada pelo Senhor e seu
registro de um dos mais belos hinos do AT.Vejamos
um rápida análise deste hino profético considerado como um belíssimo salmo
litúrgico:
Os salmos não eram apenas
cantados, também eram entoados. Por isso, seus compositores costumavam
fornecer, juntamente com suas composições, algumas informações, tais como o
instrumento adequado ao cântico, o tom em que ele deveria ser tocado e, as
vezes, até a voz mais apropriada. Podemos ver isso nas epígrafes dos salmos (4,
5, 6, 8, 9, 12, 22, 45, 46, 53-62, 67, 69, 75, 76, 80, 81, 84, 88, etc). O
Salmo 46, por exemplo, de autoria dos filhos de Coré deveria ser cantado em voz
de soprano; e o 6, de Davi, com instrumentos de corda em tom de oitava. O
final do livro de Habacuque mostra que o capitulo 3 de seu livro é um arranjo
musical feito por ele
mesmo. Logo,
acredita-se que ele também era um levita (COELHO;
DANIEL, 2012, p. 72 ).
V – A
ATUALIDADE DA MENSAGEM DE HABACUQUE PARA A IGREJA
O justo não vive pelo que vê,
sente, percebe, imagina ou pensa, mas pela fé. “Porque
andamos por fé e não por vista” (2Co 5.7). Não que essas
coisas não sirvam, vez por outra, para alimentar a nossa fé, mas não podem ser
consideradas fundamento para ela.
Nossa fé está fundamentada no
próprio Deus, e também em sua Palavra. O justo está baseado nela. Sua
sobrevivência e êxito dependem da Palavra de Deus (SI 1.1-3). Jesus deixou isso
bem claro em seu Sermão da Montanha, na metáfora das casas edificadas sobre a
areia e a rocha (Mt 7.24-27). Em outras palavras, nenhuma adversidade, por mais
intensa e intransigente que seja, é eficiente o bastante para desestruturar a
vida daquele que vive sinceramente pela fé. Se a vida do servo de Deus em por
fundamento qualquer coisa que não seja a verdadeira fé, ela desmorona já na
primeira intempérie.
5.1
Habacuque, “um tipo” de Cristo. Normalmente, o ministério
profético é diferenciado do sacerdotal da seguinte forma: enquanto o sacerdote
apresenta diante de Deus as causas humanas (Lv 4.26), o profeta faz caminho
inverso, entregando ao povo aquilo que recebeu do próprio Deus (Jr 1.5). Assim,
o ministério sacerdotal é intercessor, enquanto o profético é caracterizado
pela transmissão da orientação divina ao povo. Os dois eram bem definidos e se
completavam. Lemos que Habacuque, apesar de ser profeta, exerceu um ministério
intercessor assim como Cristo (Is 53.12; Rm 8.34; Hb 7.25). Ele não apenas
profetizou como Cristo, mas também intercedeu fervorosamente pelo seu povo,
como fez nosso amado Senhor (Hb 4.14-16).
CONCLUSÃO
Aprendemos com o profeta
levita, que o homem sofre por causa de seus pecados cometidos, e que o Senhor
sempre está disposto a conceder uma nova oportunidade, mas, para perdoar,
sempre usará a disciplina como fez com Judá e como um pai que ama seu filho (Pv
3.12). Entendemos também que, seja qual for a situação de nossa vida, devemos
permanecer fiéis aos Senhor “o justo por sua fidelidade viverá” (Hc 2.4), e louvá-lo sob
qualquer circunstância (3.17-19).
ELABORADO PELO EV. NATALINO DOS ANJOS
PROFESSOR DA E.B.D. e PESQUISADOR.
REFERÊNCIAS
COLHO, Alexandre; DANIEL,
Silas. Os Doze Profetas Menores.
CPAD. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
ELISSEN, Stanley. Conheça
melhor o Antigo Testamento. VIDA.
SCHULTZ, S. J. A História de Israel no Antigo
Testamento. Vida Nova.
MEARS, Henrieta C. Estudo
Panorâmico da Bíblia. Vida.SCHULTZ, SAMUEL J; S. G. V. Curso
Vida Nova de Teologia Básica. Mundo
Cristão.
Biblia de Estudos Pentecostal
Nenhum comentário:
Postar um comentário