Lucas 18:18-30
Este homem distinto se dirigiu a Jesus em uma forma que,
para um judeu, não tinha igual. Em toda a literatura religiosa judaica não se
menciona a nenhum rabino que tenha sido tratado de "Bom Mestre". Os
rabinos diziam que "não há bom fora da lei". Essa forma de dirigir-se
a Jesus tinha sabor de adulação insincera. De modo que Jesus começou dirigindo
seus pensamentos a Deus. Jesus estava sempre seguro de que seu poder e sua
mensagem vinham de Deus. Quando os nove leprosos não voltaram, Jesus ficou
triste, não porque não tivessem voltado para lhe agradecer, mas sim porque não
tinham voltado para glorificar a Deus (Lucas 17:18).
É indiscutível que este homem importante era um homem
bom, mas no íntimo de seu coração e sua alma sentia que em sua vida faltava algo.
O mandato de Jesus foi que se queria encontrar tudo o que procurava na vida,
vendesse todas suas posses e as distribuísse aos pobres, e depois o seguisse.
Por que Jesus deu esta ordem a este homem em especial? Quando o homem que Jesus
tinha curado na região da Gadara quis segui-lo, ordenou-lhe que fosse para sua
casa (Lucas 8:38, 39). Por que dá um conselho tão distinto a este homem
principal?
Há um evangelho apócrifo chamado o Evangelho dos
Hebreus que se perdeu quase em sua totalidade; mas em um dos fragmentos que
restaram há um relato deste incidente que nos dá uma chave. "O outro homem rico disse a Jesus: Mestre, que coisas
boas devo fazer para viver realmente? Jesus lhe disse: Homem, obedece a Lei e
os profetas. Ele respondeu: Tenho feito isso. Jesus lhe disse: Vai e vende tudo
o que possuis, distribui-o entre os pobres, e volte, e siga-me. O homem rico
começou a coçar a cabeça porque não gostou do que lhe foi ordenado. O Senhor
lhe disse: Por que diz que obedeceste a Lei e os profetas? Porque escrito está
na lei: amarás a teu próximo como a ti mesmo, e olha, há muitos de teus irmãos,
filhos do Abraão, que estão morrendo de fome, e tua casa está cheia de coisas
boas, mas não sai nada para eles. E voltando-se para Simão, seu discípulo, que
estava sentado a seu lado, disse-lhe: Simão, filho do Jonas, é mais fácil que
um camelo passe através do olho de uma agulha que um homem rico entre no reino
dos céus."
Aqui encontramos o segredo e a tragédia deste importante
homem rico. Vivia egoisticamente. Era rico, mas não dava nada a ninguém. Seu
verdadeiro Deus era a comodidade, e o que realmente adorava eram suas posses e
sua riqueza. Por essa razão Jesus pediu que ele desse tudo. Há muitos homens
que utilizam suas riquezas para dar comodidades, alegria e o bem de seus
semelhantes; mas este homem as usava só para si mesmo. Se o "deus de um
homem é aquilo ao qual ele entrega todo o seu tempo, pensamento, energia e
devoção, então a riqueza era seu deus. Se queria encontrar a felicidade devia
terminar com tudo isso e viver para outros com a mesma intensidade com que
tinha vivido para si mesmo.
Jesus continuou dizendo que era mais fácil que um camelo
passasse pelo olho de uma agulha que um rico entrasse no reino de Deus. Muitas
vezes os rabinos falavam de um elefante tentando passar pelo olho de uma agulha
como algo fantasticamente impossível. Mas o quadro do Jesus pode ter duas
origens.
(1) Diz-se que ao lado da grande porta de Jerusalém
através da qual atravessava o trânsito, havia uma porta muito pequena, com a
largura e a altura suficiente como para que passasse um homem. Diz-se que
essa portinhola era chamada o olho da
agulha, e o quadro representaria um camelo tentando entrar por ela.
(2) A palavra grega para camelo é kamelos. Nessa
época no idioma grego os sons vocálicos tendiam a parecer-se uns aos outros, e
há outra palavra que poderia pronunciar-se em forma muito semelhante – a
palavra kamilos, que significa o cabo de um barco. Bem pode ser
que Jesus tenha dito que era mais fácil enfiar uma agulha com o cabo de um
barco que para um homem rico entrar no reino de Deus. Por que devia ser assim?
As posses tendem a encadear os pensamentos de um homem a este mundo. Tem
interesses tão grandes na Terra que não quer deixá-los e não pensa em nada mais
que neles. Não é pecado ter muitas riquezas – mas é um grande perigo para a
alma e uma grande responsabilidade.
Pedro assinalou que ele e seus companheiros tinham
deixado tudo para seguir a Jesus; e ele lhes prometeu que o homem que deixasse
tudo pelo reino de Deus receberia um pagamento muito maior. A experiência de
todos os cristãos é que isto é verdade.
Uma vez uma pessoa, pensando em todas as provas que tinha
suportado David Livingstone, as penúrias que o tinham abatido, e como tinha
perdido sua esposa e arruinado sua saúde na África, disse-lhe: "Quantos
sacrifícios você tem feito!" Livingstone lhe respondeu: "Sacrifícios?
Não fiz nenhum em toda minha vida."
Para o homem que caminha pelo atalho cristão haverá
coisas que o mundo chamará penosas, mas, além delas e através de todas, há uma
paz que o mundo não pode dar nem tirar, e uma alegria que ninguém pode
arrebatar.
Esse acontecimento levou Jesus a fornecer aos seus um
ensinamento sobre o perigo da riqueza. Um rico dificilmente entra no reino de
Deus, porque o coração pecaminoso se apega demais à propriedade terrena. A fim
de incutir mais firmemente essa verdade em seus ouvintes, o Senhor acrescenta
ao que foi dito até agora um provérbio: “É mais fácil que um camelo passe pelo
fundo de uma agulha do que um rico entrar no reinado de Deus.” O ponto de
comparação desse provérbio é o humanamente impossível. Com certeza não é
condizente imaginar aqui a pequena entrada no muro de Jerusalém pela qual um
camelo carregado passava apenas com dificuldade. Um ditado semelhante ocorre no
Alcorão (Surata 7,38) e no Talmude (neste caso, com um elefante). Alguns
manuscritos gregos trazem em lugar de kamelos = “camelo” uma corda
marítima ou de ancoragem, que se chama kamilos. Essa última explicação
na verdade foi freqüentemente questionada, porém ela expressa muito bem a total
impossibilidade.
A declaração do Senhor ensinou os ouvintes a lançar um
olhar sincero para seu próprio coração. Consternados eles perguntam quem,
então, poderá ser salvo? A pergunta não é “que pessoa rica pode tornar-se
bem-aventurada?”, como consta no título do livrinho de Clemente de Alexandria,
mas: “que pessoa realmente pode tornar-se bem-aventurada?”
Não obstante, tornar-se bem-aventurado, ser salvo, algo
impossível a partir do ser humano, pode ser viabilizado por Deus. Nenhuma
pessoa é capaz de transformar seu coração por força própria, para não se apegar
mais às coisas terrenas. A onipotência da graça de Deus, porém, consegue
renovar o coração, para que abra mão de tudo o que é terreno por causa do reino
de Deus, para que busque, ao invés de bens terrenos, o tesouro celestial.
Muitas pessoas têm muitas qualidades recomendáveis em si,
mas perecem por falta de uma coisa; este rico não podia aceitar as condições de
Cristo, que o separariam de seu patrimônio. Muitos detestam a possibilidade de
deixar a Cristo, contudo, deixam-no. Após uma longa luta contra as suas
convicções e corrupções, são vencidos por suas corrupções. Lamentam-se muito
por não poderem servir a ambos, e se tiverem que deixar um destes, deixarão o
Senhor, e não a ganância mundana. A obediência de que se ensoberbecem resulta
ser um puro espetáculo; o amor ao mundo está, de uma ou de outra forma, na raiz
desta situação. Os homens têm a tendência de falar demasiadamente sobre aquilo
que deixaram ou perderam, daquilo que fizeram ou sofreram por Cristo, como
Pedro fez. Melhor ainda, devemos nos envergonhar de que haja alguma dificuldade
para fazê-lo.
MATEUS 19.21 VAI, VENDE TUDO O QUE TENS. Jesus
pôs à prova o jovem rico no seu ponto mais fraco: suas riquezas. Ele não estava
disposto a dar mais valor a Cristo do que aos seus bens. Esta declaração de Cristo significa que todos os
crentes devem vender tudo o que possuem? Não; pois devemos atender as necessidades
da nossa família e doutras pessoas. Devemos, no entanto, estar dispostos a abrir mão de tudo quanto
Cristo pede da nossa parte. Nossa dedicação a Ele não pode ser nada menos do
que isto.
LUCAS 1.1-4 A OFERTA DA VIÚVA. Temos aqui uma
lição de Jesus a respeito de como Deus vê nossas contribuições e donativos. (1)
A oferta que damos a Deus é avaliada, não segundo o montante
da contribuição, mas pela quantidade de sacrifício nela
envolvido. Os ricos, às vezes, contribuem do que lhes sobra não lhes custa
nenhum sacrifício. A oferta da viúva custou-lhe tudo. Ela deu tudo o que podia.
(2) Este princípio pode ser aplicado a todo o nosso serviço prestado a Jesus.
Ele julga o trabalho que lhe prestamos, não pelo seu volume, influência ou
sucesso, mas pelo volume de sincera dedicação, sacrifício, fé e amor nele
envolvido (ver 22.24-30 nota; Mt 20.26).
1TIMOTEO 6.8 ESTEJAMOS... CONTENTES. Os crentes
devem estar satisfeitos, tendo as coisas essenciais desta vida, como alimento,
vestuário e teto. Caso surjam necessidades financeiras específicas, devemos
confiar na providência de Deus (Sl 50.15), enquanto continuamos a trabalhar (2
Ts 3.7,8), a ajudar os necessitados (2 Co 8.2,3), e servir a Deus com
contribuições generosas (2 Co 8.3; 9.6,7). Não devemos querer ficar ricos (vv.
9-11).
RIQUEZA E POBREZA
Lc 18.24,25: “E, vendo Jesus que ele ficara muito triste, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus
os que têm riquezas! Porque é mais
fácil entrar um camelo pelo fundo de
uma agulha do que
entrar um rico no Reino de Deus.”
Uma das declarações mais surpreendentes feitas por nosso Senhor é que é muito difícil um
rico entrar no reino de Deus. Este,
porém, é apenas um dos seus ensinos
sobre o assunto da riqueza e da pobreza.
Esta sua perspectiva é repetida pelos
apóstolos em várias epístolas do NT.
RIQUEZA.
(1) Predominava entre os judeus daqueles tempos a idéia de que as riquezas
eram um sinal do favor especial de Deus, e que a pobreza era um sinal de falta de fé e do
desagrado de Deus. Os fariseus, por exemplo, adotavam essa crença e escarneciam de Jesus por causa da
sua pobreza (16.14). Essa idéia falsa é
firmemente repelida por Cristo (ver
6.20; 16.13; 18.24,25).
(2) A Bíblia identifica a busca insaciável e avarenta
pelas riquezas como idolatria, a qual é demoníaca (cf. 1Co 10.19,20; Cl 3.5).
Por causa da influência demoníaca associada à riqueza, a ambição por ela e a
sua busca freqüentemente escravizam as pessoas (cf. Mt 6.24).
(3) As riquezas são, na perspectiva de Jesus, um
obstáculo, tanto à salvação como ao discipulado (Mt 19.24; 13.22).
Transmitem um falso senso de segurança (12.15ss.),
enganam (Mt 13.22) e exigem total lealdade do coração (Mt 6.21). Quase sempre
os ricos vivem como quem não precisa de Deus. Na sua luta para acumular
riquezas, os ricos sufocam sua vida espiritual (8.14), caem em tentação e
sucumbem aos desejos nocivos (1Tm 6.9), e daí abandonam a fé (1Tm 6.10).
Geralmente os ricos exploram os pobres (Tg 2.5,6). O cristão não deve, pois,
ter a ambição de ficar rico (1Tm 6.9-11).
(4) O amontoar egoísta de bens materiais é uma indicação
de que a vida já não é considerada do ponto de vista da eternidade (Cl 3.1).
O egoísta e cobiçoso já não centraliza em Deus o seu alvo
e a sua realização, mas, sim, em si mesmo e nas suas possessões. O fato de a
esposa de Ló pôr todo seu coração numa cidade terrena e seus prazeres, e não na
cidade celestial, resultou na sua tragédia (Gn 19.16,26; Lc 17.28-33; Hb
11.8-10).
(5) Para o cristão, as verdadeiras riquezas consistem na
fé e no amor que se expressam na abnegação e em seguir fielmente a Jesus (1Co
13.4-7; Fp 2.3-5).
(6) Quanto à atitude correta em relação a bens e o seu
usufruto, o crente tem a obrigação de ser fiel (16.11).
O cristão não deve apegar-se às riquezas como um tesouro
ou garantia pessoal; pelo contrário, deve abrir mão delas, colocando-as nas mãos
de Deus para uso no seu reino, promoção da causa de Cristo na terra, salvação
dos perdidos e atendimento de necessidades do próximo. Portanto, quem possui
riquezas e bens não deve julgar-se rico em si, e sim administrador dos bens de
Deus (12.31-48).
Os tais devem ser generosos, prontos a ajudar o carente,
e serem ricos em boas obras (Ef 4.28; 1Tm 6.17-19).
(7) Cada cristão deve examinar seu próprio coração e
desejos: sou uma pessoa cobiçosa? Sou egoísta? Aflijo-me para ser rico? Tenho
forte desejo de honrarias, prestígio, poder e posição, o que muitas vezes
depende da posse de muita riqueza?
POBREZA. Uma das atividades que Jesus avocou na sua
missão dirigida pelo Espírito Santo
foi “evangelizar os pobres” (4.18; cf. Is 61.1).
Noutras palavras, o evangelho de Cristo pode ser
definido como um evangelho dos pobres (Mt 5.3; 11.5; Lc
7.22; Tg 2.5).
(1) Os “pobres” (gr. ptochos) são os humildes e aflitos
deste mundo, os quais clamam a Deus em grande necessidade, buscando socorro.
Ao mesmo tempo, são fiéis a Deus e aguardam a plena redenção
do povo de Deus, do pecado, sofrimento, fome e ódio, que prevalecem aqui no mundo.
Sua riqueza e sua vida não consistem em coisas deste mundo (ver Sl 22.26; 72.2,
12,13; 147.6; Is 11.4; 29.19; Lc 6.20; Jo 14.3).
(2) A libertação do sofrimento, da opressão, da injustiça
e da pobreza, com certeza virá aos pobres de Deus (Lc 6.21).
FONTE DE PESQUISA:
Comentário Bíblico William Barclay
Comentário Bíblico Esperança
Comentário Bíblico Matew Henry
Bíblia de Estudo Pentecostal
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