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terça-feira, 19 de maio de 2015

O PODER DE JESUS SOBRE A NATUREZA E OS DEMONIOS - LIÇÃO 08 COM SUBSIDIOS


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Lições Bíblicas CPAD  -  Adultos  -  2º Trimestre de 2015
Título: Jesus, o Homem Perfeito — O Evangelho de Lucas, o médico amado

Comentarista: José Gonçalves

 Lição 8: O poder de Jesus sobre a natureza e os demônios
Data: 24 de Maio de 2015

TEXTO ÁUREO
 “E disse-lhes: Onde está a vossa fé? E eles, temendo, maravilharam-se, dizendo uns aos outros: Quem é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?” (Lc 8.25).

VERDADE PRÁTICA
 Ao mostrarem o poder de Jesus sobre as forças naturais e sobrenaturais, as Escrituras sublinham sua natureza divina e identidade messiânica.

LEITURA DIÁRIA
 Segunda — Lc 8.22-35
Jesus tem poder sobre as forças da natureza
 Terça — Lc 4.33-37
Jesus tem poder sobre as forças malignas
 Quarta — Lc 8.29-31
Jesus veio para libertar os cativos do Diabo
 Quinta — Mc 1.21-26
Jesus conhecia a natureza dos demônios e não os deixava falar
Sexta — Lc 9.38-42
Jesus veio para destruir as obras dos demônios
Sábado — Cl 2.15
Jesus e a sua completa vitória sobre os demônios

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
 Lucas 8.22-25,35-39.
 22 — E aconteceu que, num daqueles dias, entrou num barco com seus discípulos e disse-lhes: Passemos para a outra banda do lago. E partiram.
23 — E, navegando eles, adormeceu; e sobreveio uma tempestade de vento no lago, e o barco enchia-se de água, estando eles em perigo.
24 — E, chegando-se a ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo. E ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se bonança.
25 — E disse-lhes: Onde está a vossa fé? E eles, temendo, maravilharam-se, dizendo uns aos outros: Quem é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?
35 — E saíram a ver o que tinha acontecido e vieram ter com Jesus. Acharam, então, o homem de quem haviam saído os demônios, vestido e em seu juízo, assentado aos pés de Jesus; e temeram.
36 — E os que tinham visto contaram-lhes também como fora salvo aquele endemoninhado.
37 — E toda a multidão da terra dos gadarenos ao redor lhe rogou que se retirasse deles, porque estavam possuídos de grande temor. E, entrando ele no barco, voltou.
38 — E aquele homem de quem haviam saído os demônios rogou-lhe que o deixasse estar com ele; mas Jesus o despediu, dizendo:
39 — Torna para tua casa e conta quão grandes coisas te fez Deus. E ele foi apregoando por toda a cidade quão grandes coisas Jesus lhe tinha feito.

HINOS SUGERIDOS
 108, 225 e 253 da Harpa Cristã

OBJETIVO GERAL
Jesus, como o Filho de Deus, tem poder sobre a natureza e os seres espirituais.
 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I. Destacar o aspecto sobrenatural da pessoa de Jesus.
II. Apresentar a realidade bíblica da existência dos demônios.
III. Explicar o aspecto limitado dos demônios.
IV. Mostrar que a obra de Jesus é oposta à dos demônios.



INTERAGINDO COM O PROFESSOR
 Caro professor, sobre a pessoa de Jesus, a Bíblia diz: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.5-8). Esse texto ressalta a dimensão humana de Jesus, o Deus que se tornou homem. Entretanto, a sua natureza humana não se confunde com a divina: “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.9-11). Assim, a presente lição objetiva demonstrar o poder de Jesus Cristo sobre a Criação e sobre os demônios. Ele, o Filho, estava presente quando da criação de todas as coisas (Jo 1.1-3).

COMENTÁRIO
 INTRODUÇÃO
 Nesta lição, estudaremos os relatos que mostram o poder de Jesus sobre as forças da natureza e, também, sobre os demônios. Até aqui os discípulos já tinham visto Jesus curando doentes e libertando pessoas oprimidas pelo Diabo. Todavia, eles ainda não haviam visto o Mestre dominando as forças da natureza, nem tampouco alguém que andava nu e vivia nos sepulcros ser devolvido ao seu convívio familiar.
Estes fatos ocorreram quando Jesus acalmou uma tempestade e libertou o endemoninhado gadareno. Em ambos os relatos, vemos as manifestações do poder e da misericórdia de nosso Senhor, que sempre procurou o bem do homem, nem que para isso fosse necessário repreender as leis físicas do Universo ou quebrar o poder de Satanás.

 PONTO CENTRAL
 Embora as forças espirituais do mal pareçam maiores que nós, Jesus é mais poderoso do que todas elas. Ele é soberano!

 I. JESUS E AS FORÇAS SOBRENATURAIS
 1. Poder sobre a natureza. Até este ponto, Lucas já havia mostrado Jesus exercendo poder sobre demônios e enfermidades (Lc 4.31-44). Agora, ele o mostra exercendo o seu poder sobre as forças da natureza (Lc 8.23-25).
A tempestade surge, aqui, como uma força impessoal revelando que a harmonia original da criação se perdeu. Nesse momento, ela se levanta como uma força poderosa que precisa ser detida. Ao receber a voz de comando do Filho de Deus, as forças descontroladas da natureza param. Jesus põe ordem no caos. A cena foi tão dramática para os discípulos, que arrancou deles a pergunta: “Quem é este que até aos ventos e a água manda?”.

2. Poder sobre os demônios. Se a natureza é uma força impessoal, o mesmo não pode se dizer do Diabo. A Bíblia mostra que ele é um ser pessoal, isto é, dotado de personalidade. Jesus e seus discípulos tiveram que enfrentá-lo muitas vezes. Ainda quando descrevia o relato da tentação de Cristo, Lucas informa que Satanás ausentou-se de Jesus “por algum tempo” (Lc 4.13). Jesus derrotou o Diabo na tentação do deserto, mas depois disso teve outros embates com ele. De fato, a Escritura registra vários casos de pessoas oprimidas e possessas de demônios que tiveram um encontro com Jesus e seus discípulos (Lc 4.33-37,41; 6.18; 7.21; 8.27; 9.39; 10.17-19; 11.14; 13.11). Em todos os casos, tais pessoas foram libertas e Satanás derrotado.


 SÍNTESE DO TÓPICO (I)
 Jesus tem poder sobre a natureza e sobre os demônios.



SUBSÍDIO DIDÁTICO

Prezado professor, importa ressaltar neste tópico o aspecto divino e humano de Jesus. Divino porque Ele dá ordem à Criação. Embora achado na forma de homem, Jesus Cristo controlou a tempestade, revelando não apenas o seu lado divino, mas humano também. Nosso Senhor sente compaixão das pessoas que necessitam do seu socorro. Ele compungiu-se com a situação do jovem possesso por demônios, pois desejou trazê-lo de volta ao seu estado de juízo perfeito. Jesus devolveu aquele jovem para ele mesmo, para a sua família e para a sociedade.
Outro ponto importante a destacar neste tópico é que o apaziguamento da tempestade é a primeira de uma série de quatro milagres no capítulo 8 de Lucas: Jesus apazigua a tempestade (8.22-25); liberta o endemoninhado de Gadara (8.26-39); ressuscita a filha de Jairo (8.40-42,49-56); e cura a mulher com fluxo hemorrágico (8.43-48).






II. JESUS E A REALIDADE DOS DEMÔNIOS
 1. Uma realidade bíblica. A Bíblia desconhece a ideia de um Diabo mitológico ou que é um produto da cultura humana. Nas Escrituras, Satanás e seus demônios são mostrados como seres reais. Uma das mais poderosas armas usadas pelo Diabo é tentar mostrar que ele não existe. A Bíblia, no entanto, trata Satanás e seus demônios como seres dotados de pessoalidade. O próprio Cristo enfrentou pessoalmente Satanás no deserto e o derrotou (Lc 4.1-13). Jesus também revelou que o Diabo possui um reino e que trabalha de forma organizada (Lc 11.18). Tal reino é tão “organizado” que o apóstolo Paulo mostra que esse reino maligno está organizado de forma hierárquica (Ef 6.10-12).

2. Uma realidade experimental. Na Palestina do primeiro século, a presença de pessoas oprimidas ou possuídas por demônios era uma realidade do dia a dia. No Evangelho de Lucas, encontramos dezenas de textos mostrando essa verdade (Lc 4.41; 6.18). Lucas diz que Jesus curou muitos de moléstias (Lc 7.21). Além disso, registra ainda que Jesus repreendeu espíritos imundos (Lc 9.42); e que via a queda de Satanás em cada demônio que era expulso (Lc 10.17,18). À luz da Bíblia, não há, pois, como negar a realidade dos demônios.



SÍNTESE DO TÓPICO (II)
 A Bíblia descreve o Diabo como um ser real e experimental.


 SUBSÍDIO DIDÁTICO
 Professor, após expor o respectivo tópico, sugerimos que faça as seguintes considerações: um homem possesso por demônio foi reduzido a um nível subumano. Ele andava nu, e vivia em lugares lúgubres. Os demônios entraram em sua personalidade a ponto de distorcê-la e torná-la descontrolada quanto à realidade espiritual. Eles tiraram toda a sua sanidade e, quando o tomavam, não havia quem pudesse contê-lo. Ele esmiuçava todas as correntes que intentavam dominá-lo.
Por fim, mostre neste tópico que a Bíblia fala claramente sobre a realidade do mundo espiritual e da forma de o Diabo trabalhar. Mas com olhar de amor e de misericórdia, o nosso Senhor está disponível a salvar-nos de tal realidade sombria.


 III. JESUS E A OBRA DOS DEMÔNIOS
 1. Jesus e a oposição dos demônios. O caso da libertação do endemoninhado, que ocorre logo após Jesus acalmar a tempestade, é um dos muitos relatos que mostra como os demônios entraram em rota de colisão com Jesus: “Que tenho eu contigo Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes” (Lc 8.28), disse o espírito maligno. Isso era esperado que acontecesse por causa da própria natureza da missão de Jesus, que é destruir as obras do Diabo (1Jo 3.8). Essa missão também foi confiada aos seus discípulos (Mt 10.1; Lc 9.1) e posteriormente posta em prática por sua igreja (At 5.16; 8.6,7).

2. Jesus e a libertação de endemoninhados. Quando questionado sobre ter curado no sábado uma mulher com um espírito de enfermidade, Jesus respondeu: “E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás mantinha presa?” (Lc 13.16). O verbo grego traduzido como “libertar” é luo, e significa, nesse contexto, “livrar de laços”, “desamarrar”, “tornar livre”. Jesus veio para libertar os cativos do Diabo. Essa libertação é, também, tida como uma cura ou livramento do poder do mal (Lc 6.18). A palavra “curados” traduz o grego therapeuo, de onde vem o vocábulo português terapia, e significa “sarar”, “curar”, “restaurar a saúde”. Ao libertar dos demônios, Jesus trata, também, de todos os efeitos colaterais (Lc 10.19).



SÍNTESE DO TÓPICO (III)
 A natureza dos demônios declara que eles são seres criados, limitados, espirituais, malignos e imundos.


 CONCLUSÃO
 Quer as forças descontroladas sejam pessoais ou impessoais, Jesus possui poder sobre todas elas. Em um mundo que nos parece inóspito, onde forças sobrenaturais se mostram maiores do que nós, temos a confiança que Deus está no controle de tudo.

VOCABULÁRIO
 Lúgubre: relativo à morte, aos funerais; que evoca a morte; fúnebre, macabro.

PARA REFLETIR
 Sobre os ensinos do Evangelho de Lucas, responda:

De que forma a lição retrata o poder absoluto de Jesus?
Essa pergunta busca ressaltar como o texto bíblico demonstra Jesus absolutamente poderoso. Nesse sentido, a imagem dEle dominando a natureza e libertando o endemoninhado retrata fielmente tal poder.

O Diabo é um ser pessoal?
Sim, pois a Bíblia trata Satanás e os demônios como seres dotados de pessoalidade.

Como as Escrituras Sagradas mostram Satanás e seus demônios?
Como seres criados. Tanto Satanás quanto seus demônios possuem poderes limitados. E também, seres imundos e perversos.

À luz da Bíblia, há como negar a realidade dos demônios?
Não. A Bíblia mostra que eles são seres espirituais e reais.

Qual o significado do vocábulo “terapia”?
Significa sarar, curar, restaurar a saúde. Jesus tem poder para restaurar a nossa saúde física, emocional e espiritual.

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

O poder de Jesus sobre a natureza e os demônios
 O Evangelho de Lucas inicia o capítulo 8 apresentando as mulheres que financiavam o ministério de Jesus e dos seus discípulos: Maria, chamada Madalena; Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Suzana, e muitas outras (8.1-4). Essas mulheres haviam sido curadas por Jesus de enfermidades e de espíritos malignos, como Maria Madalena, que havia sido expelido sete demônios. Ou seja, os quatro primeiros versículos abrem o capítulo 8 expondo os milagres de Jesus em relação às mulheres e, por isso, elas passaram a servir a Jesus com os seus bens.

Além de relatar brevemente o financiamento das mulheres, pois o seu ministério de pregação do Reino de Deus estava em pleno vapor, o Evangelho de Lucas passa a narrar a Parábola do Semeador para a multidão que o seguia (8.4-15), denotando a mensagem do Reino que devia ser propagada em todos os cantos do mundo. Em seguida, o nosso Senhor contou outra parábola, a da Candeia (8.16-18), ressaltando o aspecto iluminador de quem entende a mensagem do Reino de Deus.

Depois, Lucas passou a narrar o breve evento da família de Jesus (8.19-21). O relato demonstra o quanto Jesus estava focado em seu ministério. De modo que, quando disseram a Ele que a sua mãe e os seus irmãos estavam querendo vê-lo, de pronto o nosso Senhor replicou: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a executam” (Lc 8.21). A sua Palavra e seu ministério ungido pelo Espírito Santo refletem a sua autoridade, pois Jesus falava exatamente como um homem, que não apenas tinha, mas era de autoridade. As pessoas viam isso nEle, e se encantavam com suas palavras.
A partir do versículo 22, o evangelista passa a narrar 4 milagres que Jesus Cristo fez com o objetivo de as pessoas reconhecerem a sua natureza divina. Que além de curar enfermos, Ele perdoa pecados, livrando-nos de toda a culpa. Os milagres são: a tempestade apaziguada (8.22-25); o endemoninhado gadareno (8.26-39); a ressurreição da filha de Jairo (8.40-42,49-56); a cura da mulher com fluxo hemorrágico (8.43-48). Ora, se o capítulo 8 inicia descrevendo as mulheres que foram curadas por Jesus e o nosso Senhor pregando à multidão, e encerra com milagres extraordinários, qual a intenção do Evangelista Lucas? Apresentar Jesus, não como um homem comum, mas como alguém que tem todo o poder sobre a Criação e, até mesmo, seres espirituais.





SUBSIDIOS

 O Cristo que controla tempestade e ondas – Lc 8.22-25
22 – Aconteceu que, num daqueles dias, entrou ele num barco em companhia dos seus discípulos e disse-lhes: Passemos para a outra margem do lago; e partiram.
23 – Enquanto navegavam, ele adormeceu. E sobreveio uma tempestade de vento no lago, correndo eles o perigo de soçobrar.
24 – Chegando-se a ele, despertaram-no dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo! Despertando-se Jesus, repreendeu o vento e a fúria da água. Tudo cessou, e veio a bonança.
25 – Então, lhes disse: Onde está a vossa fé? Eles, possuídos de temor e admiração, diziam uns aos outros: Quem é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhe obedecem?

Da mesma maneira como os dois primeiros evangelhos sinóticos, Lucas relata o domínio sobre a tempestade, a cura do endemoninhado, a cura da mulher com hemorragia e a ressurreição da filhinha de Jairo. Esses informes acerca de fatos atestam o auge do poder milagroso de Jesus. O Senhor demonstrou sua autoridade sobre as forças da natureza, sobre o mundo dos demônios, sobre as enfermidades e a morte.

Quando Lucas escreve, como também em outras ocasiões (cf. Lc 5.17; 20.1), “em um dos dias”, isso não expressa desconhecimento da época exata, mas a idéia de que essa história não aconteceu imediatamente depois da visita dos familiares de Jesus. Ele não está preocupado em ordenar os eventos de forma cronológica, mas de acordo com determinada idéia básica. Assim, ele deixa de precisar a moldura de tempo e lugar da presente história delineada em Mc 4.35s. De acordo com Mt 8.18, a travessia do lago relatada na seqüência aconteceu ao entardecer, quando Jesus havia proferido o Sermão do Monte. Marcos (Mc 4.35) a acrescenta diretamente após a palestra de parábolas. A referência cronológica imprecisa de Lucas não é uma contradição aos dados de Marcos. Segundo seu plano (cf. v. 1), Jesus pretendia pregar o evangelho fora da Galiléia, a saber, em Decápolis, a terra das dez cidades. De acordo com o relato preciso de Marcos, Jesus deixou-se conduzir pelos discípulos no barco a partir do qual ele havia ensinado o povo. Outras embarcações, tripuladas por amigos e seguidores, seguiam-nos e os acompanhavam. Cansado e exausto do trabalho do dia, o Senhor dormia sobre uma almofada na traseira do barco. Nessa situação constatamos que Jesus é completamente humano, que se cansa e necessita de repouso. Sua majestade divina haveria de ser revelada em breve.

Durante a travessia do lago armou-se subitamente um tempestuoso vento. Por causa da baixa altitude em relação ao nível do mar, o mar da Galiléia e seus grandes contrastes de temperatura, tais furacões não eram raros. Os discípulos, que se encontravam em grande perigo de vida, acordaram o Mestre que dormia na parte traseira do navio. Era um clamor da mais extrema angústia. Jesus acordou. Ordenou à tempestade e às ondas. Sua poderosa palavra divina foi eficaz. As potestades da natureza se acalmaram. Marcos e Lucas informam que depois de seu ato salvador o Senhor expressou uma crítica, ao contrário de Mateus. A pergunta do Senhor em Marcos (“ainda não tendes fé?”) e em Lucas (“Onde está vossa fé?”) soa mais séria que a interpelação em Mateus (“vós de pequena fé”). Jesus podia esperar dos discípulos uma fé que superava até mesmo o mais extremo perigo de vida. Seu clamor de aflição atesta incredulidade (veja o Comentário Esperança, Mateus, sobre Mt 8.23-27, e Marcos, sobre Mc 4.35-41), porque temem perecer apesar da presença dele.

Ao contrário dos racionalistas, que consideram essa história uma lenda, saga ou construção fantasiosa, reconhecemos com reverência o milagre como um testemunho do senhorio de Jesus até mesmo sobre a natureza.


Lucas nos relata esta história com uma grande economia de palavras, entretanto tem uma vivacidade extraordinária.

Sem dúvida alguma, Jesus decidiu cruzar o lago porque necessitava descanso e silêncio. Quando zarparam, dormiu. É bonito pensar em Cristo dormindo. Estava cansado, como também nos cansamos. Ele também podia chegar a um esgotamento tal que a necessidade de dormir se fizesse imperativa. Confiava em seus homens. Estes eram pescadores do lago e podia confiar em sua capacidade e experiência, e descansar. Confiava em Deus; sabia que estava tão perto dEle no mar como na terra.

E então se desatou a tormenta. O Mar da Galiléia é famoso por suas rápidas borrascas. Um viajante disse: "Tão somente havia se posto o sol quando o vento começou a soprar sobre o lago, e continuou fazendo-o toda a noite com uma violência que aumentava, de modo que quando   chegamos à costa na manhã seguinte a superfície do lago parecia uma grande caldeira em ebulição."

A origem destas tormentas é o seguinte: O Mar da Galiléia está a mais de duzentos metros abaixo do nível do mar. Está rodeado de terras planas atrás das quais se elevam as altas montanhas. Os rios penetraram profundas gargantas nas planícies ao redor do mar. Estas gargantas atuam como grandes funis que trazem o vento frio das montanhas e assim surgem as tormentas. O próprio viajante nos conta como tentaram armar suas tendas nessa tormenta: "Tivemos que pôr duas estacas a cada corda, e freqüentemente nos víamos obrigados a nos atirar com todo nosso peso sobre elas para impedir que o tremente tabernáculo fosse levado pelos ares."

Uma dessas repentinas tormentas foi a que atacou o barco nesse dia, e Jesus e seus discípulos estiveram em perigo de morte. Os discípulos despertaram a Jesus, e ele com uma palavra acalmou a tempestade.

Tudo o que Jesus fazia tinha mais que um simples significado temporário. E o verdadeiro significado deste incidente é que, em qualquer lugar onde Jesus está, a tormenta se calma.

(1) Quando Jesus chega, acalma a tormenta da tentação. Às vezes a tentação nos chega com uma força dominante. Como disse Stevenson: "Conhece você a estação de trens da Caledonia em Edimburgo? Uma fria manhã me encontrei ali com Satanás." Todos nos encontramos alguma vez com ele. Se nos encontrarmos com a tormenta da tentação sozinhos, somos vencidos; mas com Cristo existe a calma contra a qual a tentação perde seu poder.

(2) Quando Jesus chega, acalma as tormentas das paixões. A vida é duplamente difícil para o homem de coração fogoso e temperamento inflamável.
Um amigo encontrou a outro: "Vejo que você conseguiu dominar seu temperamento." "Não", respondeu-lhe, "eu não o dominei, Jesus o fez por mim." Mas perderemos a batalha se Jesus não estiver conosco para nos dar a calma da vitória.

(3) Quando Jesus chega, acalma as tormentas do pesar. A tempestade da dor chega algum com toda a força devido a que a dor é sempre a penalidade do amor e se alguém ama terá que sofrer.

Quando a esposa de Pusey morreu, ele disse: "Era como se houvesse uma mão debaixo do meu queixo para me sustentar." Nesse dia, na presença de Jesus, enxugam-se as lágrimas e o coração ferido acha consolo.
LUCAS 8.  22. Passemos para a outra margem do lago. O lado oriental do lago era pouco habitado. Jesus queria escapar às multidões a fim de descansar e conversar com os seus discípulos. Cafernaum ficava na margem noroeste do mar da Galiléia (também chamado de “lago” porque é interno). Sendo assim, Jesus e os discípulos entraram num barco (talvez o barco de pesca de Pedro) e começaram a cruzar para a margem leste. O ministério de Jesus nunca deixava de ter um objetivo. Ele estava cruzando o lago para entrar numa nova região que seria alcançada pelo seu ministério. Durante o caminho, os discípulos receberiam uma lição inesquecível sobre o poder de Jesus.

LUCAS 8  23. Adormeceu. O Salvador estava sujeito às limitações humanas, e o cansaço devido ao seu ministério esgotou-o. Tempestade de vento não era coisa incomum na Galiléia. O lago fica a 224 m abaixo do nível do mar e está cercado de colinas. Quando o ar nas elevações resfria ao fim do dia, ele desce pelos declives das montanhas até o lago e o agita violentamente. Correndo eles o perigo de soçobrar. As ondas revoltas batiam no barco aberto, de modo que estava em perigo de afundar. Marcos explicou que já era tarde quando
eles finalmente partiram (Mc 4.35). Zarpar durante a noite não era incomum, porque Pedro estava acostumado a pescar à noite (veja Jo 21.3). Quando o barco zarpou, Jesus adormeceu.

LUCAS  24. Perecendo. A tempestade devia ser fora do comum para amedrontar pescadores experimentados que conheciam todos os aspectos do lago. Despertando-se Jesus, repreendeu o vento. Jesus tinha autoridade sobre as forças da natureza. Se a tempestade passasse naturalmente, a calmaria não teria se seguido instantaneamente.   Os discípulos estavam correndo grave perigo, de modo que foram até Jesus e o despertaram para dizer que estavam
perecendo. Jesus repreendeu o vento e a furia da água. O verbo “repreender” pode indicar que havia uma força maligna por trás da tempestade, porque as palavras gregas são as mesmas que Jesus usou quando mandou que os demônios se calassem (1.25). Com  esta repreensáo, a tempestade cessou e fez-se bonança.

LUCAS  25. Sua pergunta: “Onde está a vossa fé?” subentende que os discípulos não deveriam ter ficado aterrorizados. Deveriam ter confiado nEle. Diante disto, reagiram como quem está na presença divina. Ficaram cheios de reverente temor, e de admiração; perguntaram: Quem é este? Esta é a pergunta relevante que Lucas nao quer que seus leitores deixem passar desapercebida.   As palavras de Jesus aos discípulos, enquanto flutuavam no mar agora tranqüilo, foram simplesmente: “Onde está a vossa fé?” Eles náo deviam ter sentido medo—eles estavam com Jesus. Eles o tinham visto curar pessoas, mas pode não ter passado pelas suas mentes que Ele tivesse poder sobre uma tempestade furiosa. Eles deviam ter rapidamente feito a ligação e ter vindo a Jesus com fé e não com medo. Com esta demonstração de poder eles, temendo, maravilharam-se.   Eles fizeram uma pergunta para a qual deveriam saber a resposta: “Quem é este?” Este milagre demonstrava claramente a
identidade divina de Jesus. Mas, apesar de tudo o que tinham visto e ouvido até entáo, e
apesar do seu amor por Jesus, eles ainda não compreendiam que Ele era o próprio Deus, e
portanto tinha poder e autoridade sobre toda a criação.


A DERROTA DOS DEMÔNIOS

Lucas 8:26-40
Nunca poderemos compreender esta história a não ser que nos demos conta de que, pensemos o que pensemos a respeito dos demônios, eram intensamente reais para o povo de Gadara e para o homem cuja mente estava transtornada. Tratava-se de um caso de loucura violenta. Era muito perigoso para viver entre os homens e o fazia entre as tumbas, que conforme se acreditava, eram o lar dos demônios. Bem podemos notar a coragem de Jesus ao tratar com este homem. O doente tinha uma força maníaca que lhe permitia romper as cadeias. Seus concidadãos estavam aterrorizados, de maneira que nunca tentavam fazer-lhe nada; mas Jesus o enfrentou com calma e sem medo. Quando lhe perguntou seu nome, respondeu: "Legião". Uma legião romana era um regimento de seis mil soldados. Sem dúvida este homem tinha visto uma legião romana partindo, e sua pobre e afligida mente havia sentido que não havia um demônio e sim um regimento deles dentro dele. Bem pode ser que a própria palavra o acossasse, porque possivelmente tivesse visto quando menino as atrocidades que levavam a cabo os romanos. É perfeitamente possível que essas mesmas atrocidades tivessem deixado uma marca em sua mente e que finalmente o enlouquecessem.

Têm-se feito muitas conjeturas a respeito dos demônios e os porcos. Jesus foi condenado por ter mandado os demônios aos inocentes animais. A ação tem sido qualificada de cruel e imoral. Mais uma vez devemos   recordar a intensidade da crença desse povo nos demônios. O homem, que pensava que os demônios falavam através dele, pediu a Jesus que não os mandasse aos abismos do inferno ao qual os consignaria no juízo final.

Vejamos se podemos nos fazer um quadro do sucedido. O homem – e esta é a essência desta parte da história – nunca teria acreditado que se curou a não ser que tivesse uma demonstração ocular e visível. Nada lhe teria convencido a não ser a partida tangível dos demônios. Certamente que o que aconteceu foi isto. A manada de porcos se estava alimentando perto do precipício. Jesus estava exercendo seu poder de cura em um caso muito obstinado. De repente os gritos selvagens do homem assustaram às porcos que caíram pelo precipício para o rio em um terror cego. "Olhe! Olhe!", disse Jesus, "Lá vão seus demônios!" Jesus tinha que encontrar uma forma de convencer o homem; e a encontrou. De qualquer modo, podemos comparar o valor de uma manada de porcos com o de um homem de alma imortal? Protestaremos se salvar a alma deste homem custou a vida dos porcos? Certamente, temos que guardar certa proporção. Se a única forma de convencer este homem de que estava curado era que os porcos morressem, parece-nos extraordinariamente cego objetá-lo.

Devemos observar a reação de dois grupos de gente.

(1) Ali estavam os gadarenos. Estes pediram a Jesus que fosse embora.

(a) Odiavam que se interrompesse a rotina de suas vidas. Sua vida era muito tranqüila e este Jesus tinha vindo para incomodá-los e portanto o odiavam. Mais pessoas odeiam a Jesus porque os incomoda por qualquer outra razão. Se Jesus disser a um homem: "Você deve deixar este hábito, deve mudar sua vida"; se disser a um empregador: "Você não pode ser cristão e fazer que as pessoas trabalharem nessas condições"; ou a um proprietário: " Você não pode fazer dinheiro alugando essas covinhas" – é provável que cada um lhe diga: "Vá embora e me deixe em paz." Essa é a resposta que todos temos a dar.

(b) Amavam mais a seus porcos que o que valorizavam a alma de um homem. Um dos perigos supremos da vida é valorizar mais as coisas que as pessoas. Essa tendência foi a que criou as más condições de trabalho e as moradias insalubres. Mais perto de nós, essa mesma tendência faz que exijamos egoisticamente nossa tranqüilidade e comodidade embora isto signifique que alguém que está cansado deve trabalhar como escravo por nós. Nada deste mundo pode ser tão importante como uma pessoa.

(2) Ali estava o homem que tinha sido curado. Naturalmente, ele queria seguir a Jesus, mas este o enviou a seu lar. O testemunho cristão, como a caridade cristã, começa pela casa. Seria muito mais fácil viver e falar de Cristo entre pessoas que não nos conhecessem. É nosso dever ser testemunhas de Cristo no lugar em que ele nos pôs. E se acontecer que somos os únicos cristãos na loja, no escritório, na escola, na fábrica, no círculo em que vivemos ou trabalhamos, não devemos nos lamentar. É um desafio em que Deus nos diz: "Vão e digam às pessoas com as que se encontram todos os dias o que eu tenho feito por vocês."

O encontro com o possesso de Gerasa – Lc 8.26-29

26 – Então, rumaram para a terra dos gerasenos, fronteira da Galiléia.
27 – Logo ao desembarcar, veio da cidade ao seu encontro um homem possesso de demônios que, havia muito, não se vestia, nem habitava em casa alguma, porém (vivia) nos sepulcros.
28 – E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando e dizendo em alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes.
29 – Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem, pois muitas vezes se apoderara dele. E, embora procurassem conservá-lo preso com cadeias e grilhões, tudo despedaçava e era impelido pelo demônio para o deserto.

Jesus aportou com os discípulos na margem oriental do Lago de Genezaré, na região dos gerasenos. A julgar pela grande manada de porcos mencionada no texto (v. 32s), viviam nessa região muitos gentios. Com certeza não era a intenção do Senhor pregar aqui o evangelho (cf. Lc 4.43), mas recolher-se um pouco ao silêncio com seus discípulos. Recém-chegado ao local de desembarque, Jesus encontrou um homem possesso por demônios. Esse endemoninhado, originário da cidade próxima, percorria os arredores sem roupa há bastante tempo. Em sua timidez evitava as habitações humanas e escolhia as cavernas mortuárias aqui situadas para viver. Toda vez que os acessos de fúria se repetiam, as pessoas tentavam amarrá-lo. Com um poder incomum, que os demônios lhe conferiam, ele rasgava as amarras. Na seqüência, sob o domínio do poder demoníaco, ele era tangido sem vontade própria para lugares ermos.

Nada é dito sobre a intenção do possesso pelo demônio de tornar-se agressivo contra o Senhor Jesus. Antes que a pessoa atormentada se mostrasse violenta, o Senhor apaziguou o demônio por meio de uma palavra de esconjuro. Nem o possesso nem seus familiares haviam solicitado a ajuda do Senhor. Foi o aspecto deplorável do personagem que motivou Jesus a intervir aqui para ajudar. O homem violento não cogitava agredir a Jesus. Em prostração, rogou-lhe que o poupasse. A pessoa refém de demônios não era capaz de reconhecer a ação de cura intencionada por Jesus como benéfica, mas considerava-a nociva para sua vida. Em sua fúria extrema, o homem estava tão dominado pelo espírito imundo que não conseguia distinguir entre seu próprio eu e o demônio.

A cura do possesso – Lc 8.30-33

30 – Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios.
31 – Rogavam-lhe que não os mandasse sair para o abismo.
32 – Ora, andava ali, pastando no monte, uma grande manada de porcos; rogaram-lhe que lhes permitisse entrar naqueles (porcos)!
33 – E Jesus o permitiu. Tendo os demônios saído do homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do lago, e se afogou.
Jesus visava conceder ao deplorável ser humano uma cura completa. No entanto, isso somente poderia acontecer se os espíritos saíssem dele. Jesus pergunta primeiro pelo nome dos demônios que estavam no possesso, porque visa quebrar a terrível ligação entre o ser humano e o diabo.

Os poderes demoníacos, porém, exerciam tamanha supremacia que o possesso, junto com eles, responde ao Senhor que seu nome era “legião”. Toda uma legião de espíritos demoníacos habitava o interior dessa pessoa. O termo latino “legião” é uma expressão bélica romana que abrangia uma massa supostamente irresistível de 4.000 a 6.000 soldados. Na resposta a Jesus, o possesso identifica-se com o poder bélico que o dominava por inteiro. Vemos aqui toda a sua impotência, de que não tinha a menor possibilidade de desvencilhar-se dessa tirania.

Digno de nota é que, na seqüência, consta: “Rogavam-lhe que não os mandasse sair para o abismo.” O exército de demônios percebeu que teria de abrir mão de sua presa. A ordem de Jesus teve efeito (v. 29). A formulação “rogava-lhe” mostra que o possesso se tornou porta-voz dos demônios, igualando-se a eles. Temem o abismo ou charco de fogo em que serão precipitados no juízo final (Ap 20.7) Para ficarem seguros diante do abismo, os demônios pedem ao Senhor que lhes permita entrar na manada de porcos que pastava sobre o monte. Lucas relata que Jesus atendeu esse pedido dos demônios, sem comunicar o teor dessa permissão. De acordo com Mt 8.32 trata-se de uma ordem: “Pois ide!”. Toda a manada (segundo Mc 5.13 um total de 2.000 porcos) precipitou-se pela ribanceira abaixo.

O pedido desses maus espíritos é atendido, porém somente para sua perdição. Têm permissão de entrar nos porcos, e aquilo que mais temiam acontece. Não encontram mais instrumentos para sua atividade, sendo tangidos poderosamente justamente para aquela prisão que mais lhes repugnava (divergindo das explicações fornecidas no comentário a Mateus, estamos apresentando aqui uma tentativa diferente de interpretação).

O impacto do milagre da cura – Lc 8.34-39

34 – Os porqueiros, vendo o que acontecera, fugiram e foram anunciá-lo na cidade e pelos campos.
35 – Então, saiu o povo (da cidade) para ver o que se passara, e foram ter com Jesus. De fato, acharam o homem de quem saíram os demônios, vestido, em perfeito juízo, assentado aos pés de Jesus; e ficaram dominados de terror.
36 – E algumas pessoas que tinham presenciado os fatos contaram-lhes também como fora salvo o endemoninhado.
37 – Todo o povo da circunvizinhança dos gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles, pois estavam possuídos de grande medo.
38 – E Jesus, tomando de novo o barco, voltou. O homem de quem tinham saído os demônios rogou-lhe que o deixasse estar com ele; Jesus, porém, o despediu, dizendo:
39 – Volta para casa e conta aos teus tudo o que Deus fez por ti. Então, foi ele anunciando por toda a cidade todas as coisas que Jesus lhe tinha feito.

O ato de cura causou uma movimentação. Uma grande multidão das redondezas alvoroçou-se.
Com grande surpresa constatou-se agora que o homem que até então trouxera instabilidade a toda a região, submetido à terrível possessão, estava sentado, vestido e ajuizado, aos pés de Jesus. O resgatado sentia-se atraído pelo seu resgatador. Por causa de seu espanto, os proprietários da manada e os habitantes desejam que Jesus saia de sua região. O Senhor atendeu seu desejo, não se impondo a eles. Decidiu retornar para a Galiléia.

O milagre de Jesus causou também profundo impacto sobre o curado. Quando Jesus entrou no navio, o possesso pediu-lhe que o deixasse permanecer em sua companhia. Será que temia que, na ausência daquele que o ajudara, os espíritos do abismo retomassem o domínio sobre ele? Ou será que   se sentia impelido pela gratidão, para doravante tornar-se seguidor daquele ao qual ele devia esse onipotente ato de libertação? Independentemente de quais tenham sido suas motivações, o Senhor tinha outras planos para ele. Por um lado o Senhor deixa aqueles que se haviam revelado indignos de sua presença, mas por outro lado não queria ficar sem testemunho entre eles. Algumas pessoas curadas foram proibidas pelo Senhor de falar da benignidade de Deus (Mt 8.4; Lc 8.56). – Este recebe a ordem expressa de divulgar em todos os lugares a graça de que fora alvo.

Podemos supor que talvez aqueles curados que apresentavam o risco de banalizar todas as impressões mais profundas por meio de uma repetição apenas exterior das circunstâncias formais da cura receberam de Jesus a ordem de calar-se, para que se tornasse possível uma reflexão e elaboração interior da maravilhosa condução pela graça do Senhor. Mas quando se tratava de um coração deprimido, que tendia à melancolia, como aparentemente era o caso desse tristonho sofredor eremita, ali dava-se a ordem de ir e anunciar a outros os grandes feitos que Deus realizados nele. Por meio desses relatos, sua alma deveria ser preservada em seu estado saudável (cf. Trench).

26. A terra dos gerasenos. O milagre não poderia ter acontecido em Gadara, que ficava a sete milhas distante do lago. Manuscritos mais antigos comprovam que deveria ser Gergesa ou Gerasa. Havia uma aldeia do lado oposto a Cafarnaum, no sítio hoje marcado por ruínas que recebem o nome de Khersea, perto das quais existem declives escarpados nas rochas e sepulturas abandonadas. O território pertencia a Gadara, e por isso talvez se chamasse "a terra dos gadarenos". A variação nos textos dos manuscritos pode refletir a confusão dos escribas do passado sobre a identidade do lugar, ou até mesmo pontos de vista diferentes da parte dos Evangelistas. O território ao longo do lago era deserto.

LUCAS 8 27. Um homem possesso de demônios. O endemoninhado era tão perigoso que fora afastado da civilização e se refugiara nas tumbas abandonadas.
LUCAS 8 28. Que tenho eu contigo? Reconhecendo Jesus como o Filho de Deus, o demônio foi tomado de medo do juízo que Cristo poderia pronunciar contra ele.
LUCAS 29. Procuravam conservá-lo preso com cadeias e grilhões. O endemoninhado exigia controle eficaz. Com força sobrenatural ele quebrava as correntes e escapava.
LUCAS  30. Uma legião romana compunha-se de 6.000 homens. A expressão aqui pode significar apenas um grande número.
LUCAS 8 31. O abismo da destruição para o qual todos os espíritos malignos estão destinados (Ap. 9:1; 11:7; 20:1,3).
          LUCAS 8 32. Grande manada de porcos. Os porcos eram criados para serem vendidos nos mercados gentios de Decápolis. Os judeus não deviam negociar com eles, nem fazer uso dos mesmos.
LUCAS 8 33. A manada precipitou-se... no lago, e se afogou. A praia oriental do lago é tão escarpada que se os animais começassem a correr, não poderiam mais parar. Os porcos não nadam bem, e assim todo o rebanho se perdeu.
LUCAS 8 35. Vestido em perfeito juízo. Há quem questione sobre o direito que Jesus tinha de permitir a destruição da propriedade de outros. Estava envolvida uma escolha de valores. O que valia mais – o homem, ou os porcos?
LUCAS 8  37. Rogou-lhe que se retirasse deles. Evidentemente o povo dava mais valor aos porcos do que ao homem, temendo mais problemas. Insistiram que Jesus partisse.
           LUCAS 8 38. O homem... rogou-lhe que o deixasse estar com ele. A atitude do endemoninhado curado foi exatamente oposta da atitude dos seus antigos vizinhos. Jesus, porém, o despediu. Jesus não o repudiou, mas deu-lhe uma tarefa a realizar. Ele se tornou uma testemunha eficiente do poder do Salvador.


PODER SOBRE SATANÁS E OS DEMÔNIOS
Mc 3.27 “Ninguém pode roubar os bens do valente, entrando-lhe em sua casa, se primeiro não manietar o valente; e, então,  roubará a sua casa”.

Um dos destaques principais do Evangelho segundo Marcos é o propósito firme de Jesus: derrotar Satanás e suas hostes demoníacas. Em 3.27, isto é descrito como “manietar o valente” (i.e., Satanás) e, “roubará a sua casa” (i.e., libertar os escravos de Satanás). O poder de Jesus sobre Satanás fica claramente demonstrado na expulsão de demônios (gr. daimonion) ou espíritos malignos.

OS DEMÔNIOS.
(1) O NT menciona muitas vezes pessoas sofrendo de opressão ou influência maligna de Satanás, devido a um espírito maligno que neles habita; menciona também o conflito de Jesus com os demônios. O Evangelho segundo Marcos, e.g., descreve muitos desses casos: 1.23-27, 32, 34, 39; 3.10-12, 15; 5.1-20; 6.7, 13; 7.25-30; 9.17-29; 16.17.

(2) Os demônios são seres espirituais com personalidade e inteligência. Como súditos de Satanás, inimigos de Deus e dos seres humanos (Mt 12.43-45), são malignos, destrutivos e estão sob a autoridade de Satanás (ver Mt 4.10 nota).

(3) Os demônios são a força motriz que está por trás da idolatria, de modo que adorar falsos deuses é praticamente o mesmo que adorar demônios (ver 1Co 10.20).

(4) O NT mostra que o mundo está alienado de Deus e controlado por Satanás (ver Jo 12.31; 2Co 4.4; Ef 6.10-12;). Os demônios são parte das potestades malignas; o cristão tem de lutar continuamente contra eles (ver Ef 6.12).

(5) Os demônios podem habitar no corpo dos incrédulos, e, constantemente, o fazem (ver Mc 5.15; Lc 4.41; 8.27,28; At 16.18) e falam através das vozes dessas pessoas. Escravizam tais indivíduos e os induzem à iniqüidade, à imoralidade e à destruição.

(6) Os demônios podem causar doenças físicas (Mt 9.32,33; 12.22; 17.14-18; Mc 9.17-27; Lc 13.11,16), embora nem todas as doenças e enfermidades procedam de espíritos maus (Mt 4.24; Lc 5.12,13).

(7) Aqueles que se envolvem com espiritismo e magia (i.e., feitiçaria) estão lidando com espíritos malignos, o que facilmente leva à possessão demoníaca (cf. At 13.8-10; 19.19; Gl 5.20; Ap 9.20,21).

(8) Os espíritos malignos estarão grandemente ativos nos últimos dias desta era, na difusão do ocultismo, imoralidade, violência e crueldade; atacarão a Palavra de Deus e a sã doutrina (Mt 24.24; 2Co 11.14,15; 1Tm 4.1). O maior surto de atividade demoníaca ocorrerá através do Anticristo e seus seguidores (2Ts 2.9; Ap 13.2-8; 16.13,14).

JESUS E OS DEMÔNIOS.
 (1) Nos seus milagres, Jesus freqüentemente ataca o poder de Satanás e o demonismo (e.g., Mc 1.25,26, 34, 39; 3.10,11; 5.1-20; 9.17-29; cf. Lc 13.11,12,16). Um dos seus propósitos ao vir à terra foi subjugar Satanás e libertar seus escravos (Mt 12.29; Mc 1.27; Lc 4.18).

(2) Jesus derrotou Satanás, em parte pela expulsão de demônios e, de modo pleno, através da sua morte e ressurreição (Jo 12.31; 16.17; Cl 2.15; Hb 2.14). Deste modo, Ele aniquilou o domínio de Satanás e restaurou o poder do reino de Deus.

(3) O inferno (gr. Gehenna), o lugar de tormento, está preparado para o diabo e seus demônios (Mt 8.29; 25.41). Exemplos do termo Gehenna no grego: Mc 9.43,45,47; Mt 10.28; 18.9.

O CRENTE E OS DEMÔNIOS.
(1) As Escrituras ensinam que nenhum verdadeiro crente, em quem habita o Espírito Santo, pode ficar endemoninhado; i.e.: o Espírito e os demônios nunca poderão habitar no mesmo corpo (ver 2Co 6.15,16). Os demônios podem, no entanto, influenciar os pensamentos, emoções e atos dos crentes que não obedecem aos ditames do Espírito Santo (Mt 16.23; 2Co 11.3,14).

(2) Jesus prometeu aos genuínos crentes autoridade sobre o poder de Satanás e das suas hostes. Ao nos depararmos com eles, devemos aniquilar o poder que querem exercer sobre nós e sobre outras pessoas, confrontando-os sem trégua pelo poder do Espírito Santo (ver Lc 4.14-19). Desta maneira, podemos nos livrar dos poderes das trevas.

(3) Segundo a parábola em Mc 3.27, o conflito espiritual contra Satanás envolve três aspectos: 
(a) declarar guerra contra Satanás segundo o propósito de Deus (ver Lc 4.14-19);

(b) ir onde Satanás está (qualquer lugar onde ele tem uma fortaleza), atacá-lo e vencê-lo pela oração e pela proclamação da Palavra, e destruir suas armas de engano e tentação demoníacos (cf. Lc 11.20-22);

(c) apoderar-se de bens ou posses, i.e., libertando os cativos do inimigo e entregando-os a Deus para que recebam perdão e santificação mediante a fé em Cristo (Lc 11.22; At 26.18).

(4) Seguem-se os passos que cada um deve observar nesta luta contra o mal:

(a) Reconhecer que não estamos num conflito contra a carne e o sangue, mas contra forças espirituais do mal (Ef 6.12).

(b) Viver diante de Deus uma vida fervorosamente dedicada à sua verdade e justiça (Rm 12.1,2; Ef 6.14).

(c) Crer que o poder de Satanás pode ser aniquilado seja onde for o seu domínio (At 26.18; Ef 6.16; 1Ts 5.8) e reconhecer que o crente tem armas espirituais poderosas dadas por Deus para a destruição das fortalezas de Satanás (2Co 10.3-5).

(d) Proclamar o evangelho do reino, na plenitude do Espírito Santo (Mt 4.23; Lc 1.15-17; At 1.8; 2.4; 8.12; Rm 1.16; Ef 6.15).

(e) Confrontar Satanás e o seu poder de modo direto, pela fé no nome de Jesus (At 16.16-18), ao usar a Palavra de Deus (Ef 6.17), ao orar no Espírito (At 6.4; Ef 6.18), ao jejuar (ver Mt 6.16 nota; Mc 9.29) e ao expulsar demônios (ver Mt 10.1 nota; 12.28; 17.17-21; Mc 16.17; Lc 10.17; At 5.16; 8.7; 16.18; 19.12).

(f) Orar, principalmente, para que o Espírito Santo convença os perdidos, no tocante ao pecado, à justiça e ao juízo vindouro (Jo 16.7-11).

(g) Orar, com desejo sincero, pelas manifestações do Espírito, mediante os dons de curar, de línguas, de milagres e de maravilhas (At 4.29-33; 10.38; 1Co 12.7-11).

 ELABORADO PELO EVANGELISTA:
NATALINO ALVES DOS ANJOS
PROFESSOR NA E.B.D e PESQUISADOR.

FONTE DE PESQUISA:
Comentário Biblico  Moody
Comentário Biblico Esperança
Comentário Biblico Barclay
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal
Comentário Biblico Vida Nova  Novo Testamento - Lucas
Bíblia de Estudo Pentecostal




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