GENESIS CAPITULO 12
Gn 12:1 Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua
terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
12.1 Ora o Senhor disse... Deus fala. Ele fez uma promessa
a Abrão em Ur (Gn 11.31). Agora, em Génesis 12.1, quando o pai de Abrão estava
morto e enterrado em Harã, Abrão foi chamado por Deus [para sair do meio de sua
parentela e ir para o lugar que Ele lhe mostraria]. Abrão obedeceu, agindo em
função dessas palavras do Senhor. Foram feitas três exigências a Abrão que demandaram
grande obediência de Abrão e de Sarai. A terra representava a região onde ele
cresceu e morava [os hábitos e costumes do seu povo]; a parentela, o seu clã [sua identidade familiar];
a casa de seu pai, os laços afetivos mais estreitos e sua responsabilidade de
liderança, pois, após a morte de Terá, Abrão se tomou o líder do grupo
familiar. Sendo assim, as ordens de Deus para este eram bastante difíceis,
porque exigiam que Abrão deixasse sua terra, seu clã e sua família em um mundo
onde tais coisas simplesmente não eram feitas dessa maneira.
Gn 12:2 E far-te-ei uma grande nação, e
abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.
12.2. Eu farei. O hebraico lê literalmente: “para
que eu faça de você ... o abençoarei ... lhe farei um grande nome.” A estrutura
pactual é evidente. Deus se obriga para com Abraão enquanto lhe designa uma tarefa.
As ordens divinas são cumpridas na fé obediente de Abraão De fato, a promessa engendra
a capacidade de assumi-la pela fé. bênção.
Deus abençoa Abraão para que ele fosse portador de sua bênção. As intenções
procriativas da bênção divina estão sempre dentro do contexto de lealdade à
transformação espiritual das gerações futuras.
Gn 12:3 E abençoarei os que te abençoarem, e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias
da terra.
12.3 Em ti serão benditas todos as famílias. Deus está prometendo neste texto que o Messias, o Senhor Jesus Cristo,
haveria de descender ou haveria de nascer da família de Abraão (cf. Mt 1.1).
Esta é a segunda referência feita ao Messias (cf. Gn 3.15). O propósito
seletivo de Deus se vem delimitando desde todos os filhos de Adão, através de
Noé, depois Sem, até o povo escolhido, os pósteros de Abraão, que vieram de
Isaque. É a terceira iniciativa, seguindo as duas primeiras nas quais os
descendentes de Adão e de Noé falharam.
Gn 12:4 Assim partiu Abrão como o SENHOR lhe tinha
dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos quando
saiu de Harã.
12.4 — Assim, partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha
dito. Tendo a magnífica promessa de Deus como única motivação, Abrão partiu.
Ele obedeceu ao Senhor (Gn 17.23; 22.3). Em sua obediência, Abrão comportou-se
da mesma forma que Noé se comportara: demonstrando uma genuína fé e honradez
(Gn 6.22; 7-5). como o Senhor lhe havia dito. Seu “partiu” é transformado de uma migração a uma peregrinação de
fé, buscando a cidade celestial.
Gn 12:5 E tomou Abrão a Sarai, sua mulher, e a Ló,
filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as almas que lhe
acresceram em Harã; e saíram para irem à terra de Canaã; e chegaram à terra de
Canaã.
12.5 — Esta é a primeira menção na Bíblia de Canaã
como a terra. A região era habitada por pessoas que estavam envolvidas com
idolatrias (Gn 15.16). Deus prometeu esta terra a Abrão e Sara e a seus
descendentes.
Gn 12:6 E passou Abrão por aquela terra até ao
lugar de Siquém, até ao carvalho de Moré; e estavam então os cananeus na terra.
12.6. atravessou a terra. O nômade régio não se
afasta das partes
montanhosas,
onde não estará infringindo os direitos de outros. cananitas. Este é um termo genérico para
os habitantes pré-israelitas. Dois obstáculos se põem no caminho das promessas
de Deus: a esterilidade de Sara (11.30) e os cananitas na terra a impedir o
estabelecimento de Abraão.
Gn 12:7 E apareceu o SENHOR a Abrão, e disse: À tua
descendência darei esta terra. E edificou ali um altar ao SENHOR, que lhe
aparecera.
12.7. apareceu. Novamente se usa uma palavra-chave num momento crucial (ver 12.1). Deus disse que mostraria
a terra a Abraão, e agora aparece, talvez em forma de teofania, para confirmar
que ele entrara na Terra Prometida. Deus aparece três vezes a Abraão (17.1;
18.1), duas vezes a Isaque (26.2, 24) e uma vez a Jacó (35.9). darei. A terra santa é uma dádiva
sagrada. Ela agora é legalmente de Abraão, porém a apropriação real deve
aguardar o tempo divinamente designado. descendência. Embora Abraão
ainda não entenda, esta não será uma descendência natural, mas sobrenatural,
oriunda dos corpos ressequidos, e virtualmente já mortos, de Abraão e Sara (ver
Rm 4.18-21).
Gn 12:8 E moveu-se dali para a montanha do lado
oriental de Betel, e armou a sua tenda, tendo Betel ao ocidente, e Ai ao
oriente; e edificou ali um altar ao SENHOR, e invocou o nome do SENHOR.
12.8 Betel significa "Casa de Deus". Foi onde Jacó, posteriormente, teve uma visão (Gn 28.1-22). Foi,
portanto, com razoável argumentação que Jeroboão, quando de sua apostasia,
escolheu aquele lugar para erigir ali, um ídolo (1 Rs 1.28-32). Por causa deste
pecado, Deus ordenara a destruição de Betel (1 Rs 13.1-5; 2 Rs 23.15-17 e Am
3.14-15). construiu
um altar. Abraão
não usa um altar cananita. Seu altar é uma expressão de gratidão (ver 8.20) e
consagração da Terra Prometida a Deus (ver também 12.8; 13.18; 22.9; 26.25;
35.7; Êx 20.24; Js 22.19).
Aqui Abraão também
santifica um costume religioso de seu
tempo. Nas religiões pagãs, terra e divindade são
inseparáveis. Abraão reconhece Deus como o Senhor desta terra, a qual Abraão
escolheu para si (Lv 25.23).
Gn 12:9 Depois caminhou Abrão dali, seguindo ainda
para o lado do sul.
12.9 — Depois, caminhou Abrão dali, seguindo ainda
para a banda do Sul. Abrão caminhou em direção ao Neguebe, em hebraico Neqeb,
caverna (Gn 13.1; 24.62). A população de Canaã, que já estava estabelecida no
lugar com seus rebanhos, impediu que Abrão achasse um local para pastoreio. Ele
continuou em direção ao sul, até que
conseguisse encontrar um espaço para seu grupo.
Gn 12:10 E havia fome naquela terra; e desceu Abrão
ao Egito, para peregrinar ali, porquanto a fome era grande na terra.
12.10 Fome. É freqüente que Deus permita ocorrências assim sobre Seu povo, para prová-lo na sinceridade e
na confiança. Quando o povo deixa de confiar em Deus, volta-se para os recursos
que o mundo oferece (o Egito ilustra a mundo), verificando então, que só
tribulação há pela frente. É tão somente mediante a confissão do pecado e a
busca de uma nova vida com Deus que se encontra a solução para cada dificuldade
(ver 13.3-4). fome
na terra. A fome
pode ser o resultado de uma praga de gafanhotos (Dt 28.38; Jl 1–2), de cercos
inimigos (Dt 28.49-52; 2Rs 6.25; 25.3) e de seca (Dt 28.22-24; 1Rs 17.1–18.3). Então
houve. A rapidez da narrativa entre a viagem de Abraão em 12.9 e sua volta
em 12.10 dá a impressão de que ele entrava e saía da Terra Prometida.
Gn 12:11 E aconteceu que, chegando ele para entrar
no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher formosa à
vista;
12.11. ele disse. Abraão é movido pelo medo dos
humanos, o que é incompatível com a fé em Deus. uma mulher bela. Embora
com sessenta e cinco anos de idade (ver 12.4), Sara retém sua beleza.
Gn 12:12 E será que, quando os egípcios te virem,
dirão: Esta é sua mulher. E matar-me-ão a mim, e a ti te guardarão em vida.
12.12.
Quando os egípcios a virem.
Abraão não poderia ter antecipado precisamente o que os oficiais de faraó
fariam (12.14, 15). Ele não está necessariamente mercadejando a honra de Sara
para salvar sua própria pele, mas talvez fraudulentamente ganhando tempo para
explorar os pretendentes sem realmente renunciá-la (ver Labão com Rebeca
[24.55] e os irmãos israelitas com Diná [34.13-17]).
Gn 12:13 Dize, peço-te, que és minha irmã, para que
me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma por amor de ti.
12.13.
diga. Isto é mais bem traduzido “por favor, diga”, um pedido, não uma
ordem. Sara pragmaticamente consente. Sua filosofia é “Melhor contaminada que
morta”. Esta não é uma filosofia que estabelece o reino de Deus em um mundo
pagão. irmã. Abraão sugere uma equivocada meia verdade. Ela é realmente
sua irmã, e era também uma prática uriana adotar uma esposa como irmã para
elevá-la a uma posição social. Não obstante, ele se dispõe a pôr em risco sua
honra e a pureza de sua esposa e tirar para si vantagem desta técnica.
Gn 12:14 E aconteceu que, entrando Abrão no Egito,
viram os egípcios a mulher, que era mui formosa.
1214. mulher. Esta identificação impessoal
significa o tratamento de Sara como um objeto.
Gn 12:15 E viram-na os príncipes de Faraó, e
gabaram-na diante de Faraó; e foi a mulher tomada para a casa de Faraó.
15.
Faraó. Este é
realmente um título que significa “Casa Grande”, não um nome pessoal; é uma
metonímia, como “Coroa” para a monarquia britânica. os oficiais de faraó ...
a elogiaram a faraó. Isto provavelmente seja mais do que Abraão barganhou.
Só a intervenção divina pode corrigir tal situação. foi levada. Embora
ambíguo, o hebraico aqui não acarreta necessariamente
relação sexual (ver 20.2, 6); para significar
relação sexual o texto teria que incluir “e a violentou” (ver 34.2) ou “e se
deitou com ela” (ver 39.2).
Gn 12:16 E fez bem a Abrão por amor dela; e ele
teve ovelhas, vacas, jumentos, servos e servas, jumentas e camelos.
12.16 —Por causa de Sarai, Abrão foi beneficiado
pelo faraó. Abrão recebeu ovelhas, e vacas, e jumentos, e servos, e servas, e
jumentas, e camelos. Em contrapartida, correu o risco de perder sua esposa.
Gn 12:17 Feriu, porém, o SENHOR a Faraó e a sua
casa, com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão.
12.17 Esta é a primeira manifestação do
cumprimento da promessa feita por Deus a
Abraão de amaldiçoar os que o amaldiçoassem e de abençoar os
que o abençoassem (Gn 12.2,3).
Gn 12:18 Então chamou Faraó a Abrão, e disse: Que é
isto que me fizeste? Por que não me disseste que ela era tua mulher?
Gn 12:19 Por que disseste: É minha irmã? Por isso a
tomei por minha mulher; agora, pois, eis aqui tua mulher; toma-a e vai-te.
Gn 12:20 E Faraó deu ordens aos seus homens a
respeito dele; e acompanharam-no, a ele, e a sua mulher, e a tudo o que tinha.
12.18-20 — O filho de Deus, contrariando a vontade
Divina, poderá tornar-se num verdadeiro tropeço aos que não pertençam ao povo
de Deus. É inevitável que o mundo tome conhecimento de tais pecados nas vidas
dos crentes e se mostre tão apressado em julgá-los. Em sua
indignação, o faraó dispensou Abrão e Sarai. Deus protegeu o casal por causa do
seu importante papel na história da salvação.
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