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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O PRIMEIRO MILAGRE DE JESUS



 0 Primeiro Milagre de Cristo
Texto: João 2.1-11
Introdução
O milagre da transformação da água em vinho ilustra o propósito do Evangelho de João, a saber: despertar a fé na divindade de Cristo e em Cristo, como o Messias. João nos conta como este milagre o convenceu, juntamente com os demais discípulos, da natureza divina de Cristo (2.1 1), e registra o incidente para que a nossa fé também possa ser despertada e aumentada.


I - A Feliz Ocasião (Jo 2.1,2)
"E, ao terceiro dia (do incidente em 1.51), fizeram-se umas bodas em Caná da Galileia, c estava ali a mãe de Jesus. E foi também convidado Jesus e os seus discípulos (ver capítulo 1) para as bodas.” A presença do nosso Senhor no casamento sugere as seguintes lições:

 1. Jesus aprova a vida social. Jesus não era um religioso sombrio com rosto desagradável que se esquivava do contato com as pessoas. Comia juntamente com fariseus e  publicanos com sociabilidade imparcial. Não consta ter recusado a hospitalidade de quem quer que seja, a ponto de os formalistas levantarem a acusação de ser ele “glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores”. Não era verdadeira a acusação, mas pelo menos ressaltou a verdade de que Cristo não aborrecia o convívio de grupos sociais, e que gostava de estar com pessoas. Procurava a companhia das pessoas a fim de espalhar a sua influência e doutrina, c para deixar que as pessoas o conhecessem e, por meio dele, à graça de Deus. O Senhor Jesus acreditava cm “separação” tão profundamente como os próprios fariseus (que formavam o partido “da separação”); mas, enquanto estes se afastavam dos pecadores e continuavam a dar guarida ao pecado no coração (Mt 23.25-28), Jesus se conservava separado do pecado c dava as boas-vindas aos pecadores, a fim de salvá-los. Noutras palavras, ele estava interiormente separado dos pecadores, enquanto mantinha com eles contato exterior. Devemos seguir seu exemplo nesta matéria. Somos o sal da terra, mas, a fim de sermos eficazes, precisamos entrar em contato com aquilo que precisa ser salgado; para sermos pescadores dos homens, devemos ir para onde estão os peixes; para sermos luz do mundo, devemos aparecer c brilhar.


2. Cristo aprova o casamento. Nenhum relacionamento humano tipifica um mistério espiritual tão profundo (ver Jo 3.29; Mt 9.15; 22.1-14; 25.10; Ap 19.7; 22.17; 2 Co 11.2). É digno, portanto, da mais elevada honra. Cristo previu, também, que surgiríam na igreja aqueles que menosprezariam o casamento (1 Tm 4.3), ou que não perceberíam toda a dignidade c honra da família cristã. Lição prática: a presença de Cristo é essencial ao casamento feliz.

3. Cristo aprova a alegria inocente. Embora nosso Senhor fosse homem de dores, carregando, lá no íntimo, o fardo do pecado c da tristeza do mundo inteiro, parece que era o lado alegre da sua natureza que ele apresentava às  pessoas. Seu nascimento foi anunciado como boas-novas de grande alegria. Uma das suas exortações favoritas era: Tende bom ânimo”; a palavra “alegria” ocupava um lugar de honra no seu vocabulário. Não há dúvida de que Ele dirigia os pensamentos dos homens às realidades solenes da vida, mas, ao mesmo tempo, oferecia-lhes gozo inefável e cheio de glória. Uma ilustração do Reino dos Céus que Ele frequentemente citava era a de um banquete de casamento, e quando os discípulos de João queriam saber por que os de Jesus não jejuavam, empregou a mesma ilustração: “Então chegaram ao pé dele os discípulos de João, dizendo: Por que jejuamos nós e os fariseus muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam? E disse-lhes Jesus: Podem porventura andar tristes os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias, porém, virão em que lhes será tirado o esposo, c então jejuarão” (Mt 9.14,15).


II - A Falta Embaraçosa (Jo 2.3 5)
“E, faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não tem vinho.” O esgotamento do suprimento dc vinho pode ter surgido por três razões: o número inesperado dos discípulos de Cristo, o prolongamento da festa por sete dias, segundo o costume ou as dificuldades financeiras do noivo c da noiva.

1. A sugestão ansiosa. Maria, decerto, tem íntima conexão com a família que celebrava o casamento, como se percebe do seu conhecimento da falta de vinho e das ordens que deu aos serventes. A falta de vinho em tal ocasião seria uma desonra para o hospedeiro c para o casamento que estava sendo festejado. Assim, Maria sussurrou, ansiosamente, a informação: “Não têm vinho”. Lembrando-se das declarações proféticas feitas acerca da grandeza do seu Filho (Lc 1.30-35), ela acreditava ter ele poderes suficientes para suprir a necessidade e tirar o hospedeiro do embaraço. Maria, vendo o seu Filho cercado pelos seus discípulos, sente a esperança secreta que nutria cm silencio durante tantos anos irromper em ardor flamejante, e volta-se a ele, demonstrando uma bela fé cm seu poder para ajudar, mesmo na pequena necessidade do momento. Será que ela já presenciara alguma manifestação do seu poder miraculoso? Leia o versículo 1 1.


2. A firme ressalva. “Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? ainda não c chegada a minha hora”. Tal linguagem não dá a entender nenhuma falta de respeito porque a palavra “mulher”, equivalente a “senhora”, foi a mesma que Jesus dirigiu a ela nos momentos finais de sua vida terrestre: “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19.26. Era um termo de respeito que se empregava ate quando se dirigia a uma rainha.

Mesmo assim, a linguagem dá a entender uma mudança de relacionamento entre Jesus c Maria. Ela já não era “mãe”, e sim “mulher”. O período de sujeição a Maria chegou ao fim. Ele agora é o Messias, o Servo do Senhor, c seu relacionamento é o de Messias c discípulo (cf. At 1.14).
Jesus, por assim dizer, indicava: “É verdade que o relacionamento natural entre nós c o de mãe c filho; lembre-se, porém, de que a minha vida é vivida na esfera de um relacionamento mais alto (cf. Lc 2.48,49). Como Filho de Deus, devo doravante agir e trabalhar segundo o tempo e a maneira que meu Pai manda. O tempo c a maneira do meu ministério dependem de considerações mais altas do que as de carne c sangue” (cf. Ml 12.46-50).
Muitas vezes acontece que uma mãe chega ao reconhecimento, talvez doloroso, de que quem foi seu “menino” entrou numa esfera de vida mais ampla, além de influência c controle, da qual ela não pode participar.

3. A humilde aquiescência. Maria rapidamente entendeu a situação e aceitou-a com doçura c humildade; em seguida, disse aos serventes: “Fazei tudo quanto ele vos disser”. Sua fé lançou mão daquela pequena centelha de esperança - “ainda não” (v. 4) - e fê-la transformar-se em
chama viva. Com firme confiança, apesar da suave chamada de atenção recebida, Maria deixou tudo nas mãos de Jesus. Nós também devemos nos submeter a Ele, confiando que atenderá às nossas petições, e isto como c quando lhe convier.

III - O Suprimento Milagroso (João 2.6-10)
“E estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus (para lavarem-se cerimonialnente) e cm cada uma cabiam dois ou três almudes (ou metretas, medida correspondente a 38 litros). Disse-lhes Jesus: Enchei d’água essas talhas. E encheram-nas totalmente.”

1. A realidade. As circunstâncias do milagre dissipam qualquer dúvida quanto à sua realidade: as talhas eram especificamente para água, não havendo a possibilidade de se sugerir a presença de sedimentos no fundo que emprestassem o gosto de vinho à água; sua presença ali era normal, c não premeditada, de acordo com o costume dos judeus de lavagem (Mt 15.2; Mc 7.2-4; Le 1 1.38); a quantidade era enorme, muito mais do que se poderia ter trazido secretamente; as talhas estavam vazias, e os empregados sabiam que foi com água que passaram a enchê-las.

2. O mistério. O processo pelo qual a água foi transformada em vinho era divino; nenhuma palavra foi escrita sobre o método da operação do milagre, nem sequer se menciona que o milagre foi operado; simplesmente nos é informado o que aconteceu antes e depois do milagre. Jesus não enunciou qualquer palavra de ordem, nem empregou qualquer meio: bastava o silencioso exercício da sua vontade para que a matéria se transformasse segundo o seu beneplácito. A operação do poder criador do Senhor Jesus foi feita mediante sua simples vontade íntima.

3. A admiração. “E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho [não sabendo donde viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água], chamou o mestre-sala ao esposo, c disse-lhe: Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já tem bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho”. O mestre-sala, dirigindo o andamento da festa, não aludia a qualquer excesso da parte das pessoas presentes naquela festa específica, porque Jesus não teria abençoado com sua presença qualquer bebedice. Simplesmente faz alusão ao costume normal, mediante o qual os hóspedes, depois de uma suficiência de vinho superior, já não poderíam discernir a inferioridade do vinho oferecido no fim da festa.


IV - O Propósito Superior (Jo 2.11)

O propósito imediato de Jesus em operar o milagre era libertar um jovem casal do embaraço c da vergonha. O versículo 1 1 sugere o propósito superior do milagre: a revelação da glória de Cristo. "Jesus principiou assim os seus sinais cm Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele”. Foi esta a primeira demonstração do poder milagroso de Jesus, revelando a sua natureza divina. lrrompcram-sc agora, visivelmente, a divina natureza e a glória que antes se escondiam sob o vcu de carne, e os discípulos viram “a sua glória, como a glória do unigenito do Pai” (1.14). O milagre revelou a operação do poder criador, cuja origem somente podería ter sido de Deus.


 1. Aumentou-se a fé dos discípulos. “E os seus discípulos creram nele”. Já tinham crido; senão, não seriam discípulos (1.50). Agora, porém, sua fé ficou mais profunda e mais forte. Acreditavam em Jesus, porém agora mais do que nunca. Nossa fé é aumentada (Lc 17.5) ao ver o Senhor operando cm poder milagroso.

V - Ensinamentos Práticos

1. Poder através da obediência. Quando Jesus mandou os serventes encherem as talhas d'água e levarem-nas até  o mestre-sala para suprir a falta de vinho, estes teriam motivos justos para se recusar a fazê-lo, ou para exigir alguma explicação ou garantia de que Jesus enfrentaria as conseqüências. Obedeceram assim mesmo, e sua fé obediente fez com que se tornassem colaboradores de um milagre; ficaram sabendo que nenhuma ordem de Cristo é inútil ou sem propósito.

Nós também ternos que passar por experiências semelhantes para aprendermos a mesma lição. A Palavra de Deus ordena que façamos coisas aparentemente desarrazoadas e além das nossas possibilidades.  Por exemplo, temos de ser santos, embora saibamos que assim como o leopardo não pode mudar suas manchas, não podemos, por nós mesmos, purificar a nossa alma. Quase temos vontade de dizer: Como pode a substância da natureza humana, que é como a água, ser transformada cm vinho digno de ser derramado como oferta no altar de Deus?

Nosso papel é obedecer sem questionar ou exigir explicações. Os servos tiraram a água, levaram-na ao mes- tre-sala, e o Senhor fez o resto. Assim como a vontade de Cristo permeou a água, até imbuí-la de novas qualidades, também é sua vontade permear a nossa alma, conformando-a ao seu propósito. “Fazei tudo quanto ele vos disser” - é este o segredo da operação de milagres. Faça-o, embora possa dar a impressão dc estar gastando cm vão as suas energias, ou vir ser objeto de escárnio. Faça-o, embora você não tenha em si mesmo a capacidade de realizar o seu propósito. Faça-o totalmente, como se fosse você o único obreiro, como se Deus não viesse suprir as suas faltas, de modo que qualquer falha da sua parte fosse fatal à obra. Não fique esperando que Deus o faça, porque é em você e através de você que Ele faz a sua obra entre os homens. Não podemos fazer a obra de Deus, e não é plano de Deus fazer a parte que destinou a nós. Excelente lema para o cristão encontra-se nestas palavras: “Fazei tudo quanto ele vos disser!”

2. A santificação da vida diária. É significativo que Cristo revelasse a glória do seu poder criador num banquete de casamento, ocasião festiva vinculada a um relacionamento humano comum. Assim ficamos sabendo que Ele não veio esmagar os sentimentos humanos: veio elevá-los ao compartilhar deles; não veio destruir relações humanas: veio enobrecê-las mediante a sua presença; não veio acabar com os afazeres e convívios da vida coletiva: veio purificá-los; não veio abolir inocentes alegrias e recreios: veio santificá-los segundo os princípios do Reino de Deus.

Não podemos dividir nossas atividades em duas classes: a “espiritual” e a “secular”. Cada esfera da vida pode c deve ser consagrada a Cristo. Se houver qualquer atividade ou aspecto da nossa vida sobre a qual não possamos invocar a sua bênção (Cl 3.17), tal atividade ou c totalmente errada, ou contem elementos que precisam de ser removidos. Já convidamos nosso Senhor para nossa próxima reunião de amigos? Ou será que a sua presença estragaria nossos planos?


3. O melhor ainda está por vir. Chegaremos um dia a falar ao Mestre aquilo que o mcstrc-sala falou ao noivo: “Guardaste até agora o bom vinho” (cf. Pv 4.18). Por mais cheios de gozo espiritual que tenham sido os anos passados de experiência cristã, o melhor ainda está no porvir. Jesus guarda seu melhor vinho até ao fim; muitas almas tristes c desiludidas vão sempre descobrindo que o mundo faz exatamente o oposto, seduzindo as pessoas para que sejam escravas do mundo, vítimas do mundo, mediante promessas deslumbrantes c deleites de curta duração que, mais cedo ou mais tarde, perdem seu brilho traiçoeiro e se tornam insossos - c muitas vezes bem amargos! “Até no riso lerá dor o coração, e o fim da alegria é tristeza” (Pv 1 1.13). A coisa mais melancólica do mundo é a velhice  vivida longe de Deus. c uma das coisas mais belas, o cal- inn pôr-do-sol que tantas vezes glorifica uma vida piedosa que foi repleta de coisas feitas para Jesus, e de provações suportadas com paciência, como lendo sido enviadas por Ele... Em tal carreira, o fim é melhor do que o começo. E quando a vida chegar ao fim, e passarmos à nossa morada celestial, esta mesma palavra brotará de nossos lábios, com surpresa e gratidão, quando descobrirmos que tudo é muitíssimo melhor do que o melhor em nossa imaginação: "Guardaste até agora o bom vinho".

4. A transformação de coisas comuns. O mesmo Cristo que transformou a água cm vinho vermelho e cintilante pode transformar as coisas da vida cm bênçãos gloriosas. Ele pode transformar a água da alegria terrestre no vinho da bem- aventurança celestial. Ele pode transformar a água amarga da tristeza no vinho de alegria. Pode lançar mão de uma série de circunstâncias da vida que nos perturbam, transformando-as cm brilhantes oportunidades.
Os deveres que cabem a nós, dia após dia, nos parecem cansativos e monótonos? Levemo-los a Jesus, c Ele os transfigurará mediante a sua presença. Onde está Jesus, ali há alegria.




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