Lições Bíblicas CPAD
- Jovens e Adultos
2º Trimestre de 2014
Título: Dons
Espirituais e Ministeriais — Servindo a Deus e aos homens com poder
extraordinário
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 9: O Ministério de Pastor
Data: 1º de Junho de 2014
TEXTO ÁUREO
“Eu sou o bom Pastor;
o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10.11).
VERDADE PRÁTICA
Por meio do
ministério pastoral, conduzimos as ovelhas ao Supremo Pastor, Jesus Cristo.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Ec 12.11 Há
um só Pastor
Terça - Is 40.11 O
pastor apascenta as ovelhas
Quarta - Ez 34.12 O
pastor em busca das ovelhas
Quinta - Am 3.12 O
pastor protege as ovelhas
Sexta - Zc 11.17 O
pastor negligente com o rebanho
Sábado - Hb 13.20
Cristo, o Pastor das ovelhas
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
João 10.11,14; Tito
1.7-11; 1 Pedro 5.2-4.
João 10
11 - Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas
ovelhas.
14 - Eu sou o bom Pastor; e conheço as minhas ovelhas, e das
minhas sou conhecido.
Tito 1
7 - Porque convém que o bispo seja irrepreensível como
despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem
espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;
8 - mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo,
santo, temperante,
9 - retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina,
para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para
convencer os contradizentes.
10 - Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e
enganadores, principalmente os da circuncisão,
11 - aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam
casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância.
1 Pedro 5
2 - apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo
cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas
de ânimo pronto;
3 - nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas
servindo de exemplo ao rebanho.
4 - E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a
incorruptível coroa de glória.
Atualmente, muitos
são os modelos de liderança pastoral sugeridos sob os aspectos empresarial e
meramente psicológico. Entretanto, o modelo de liderança para um pastor cristão
deve estar centralizado sob o de Jesus de Nazaré. A vida do nosso Mestre é o
melhor exemplo para um ministério integral: acolhedor, admoestador e servidor.
Um modelo pastoral centrado na concepção empresarial pode até trazer resultados
visíveis, mas para Deus será um verdadeiro fracasso. Seguir a liderança de
Jesus de Nazaré pode parecer um grande fracasso, mas em relação a Deus é grande
vitória. Qual você escolhe?
OBJETIVOS
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
Reconhecer o papel fundamental de Jesus como o sumo pastor.
Classificar as características de um verdadeiro pastor.
Conscientizar-se da missão do ministério pastoral.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Caro professor, para
o terceiro tópico da lição, e após o subtópico que conceitua a missão do
pastor, use o esquema abaixo. Fale a respeito do aspecto múltiplo da missão
pastoral. Na igreja local, o pastor é um guia espiritual do povo de Deus. Dele
se espera maturidade, idoneidade e amor no trato com as coisas de Deus e ao
rebanho. Por isso, conclua a lição desta semana afirmando a complexidade da
função pastoral e como Deus leva a sério o pastor que cumpre o seu ministério.
Em seguida, reúna os seus alunos para orarem pelo pastor local e pelos pastores
de todo o mundo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Pastor: Guia espiritual.
Ser pastor sempre foi
uma tarefa árdua. Muitas são as demandas internas e externas da igreja local, entre
elas o cuidado para com as pessoas do rebanho, visita a enfermos, questões
relacionadas a administração eclesiástica e o constante desafio de se dedicar à
oração, à pregação e ao ensino da Palavra de Deus. O dia a dia pastoral é
desafiador a quem é vocacionado por Deus para apascentar. Somente pela graça e
o amor do Pai é possível encarar tão grande responsabilidade. Por outro lado,
uma liderança madura e servidora é imprescindível ao desenvolvimento da igreja
local. Assim, a lição de hoje abordará esse importante ministério.
I. JESUS, O SUMO PASTOR
1. Jesus é o pastor
supremo. A expressão “grande Pastor das ovelhas”, que aparece em Hebreus 13.20,
refere-se diretamente à sublimidade do Senhor Jesus como pastor no Novo
Testamento. Marcado pela humildade e despojamento da sua glória, Ele foi
chamado “grande” em seu nascimento (Lc 1.32). O adjetivo “grande” enfatiza o
quanto o Nazareno é incomparável e mediador da nova aliança de Deus com os
homens. Jesus Cristo é o supremo pastor em todos os aspectos. Ele venceu a
morte e libertou o homem da prisão do pecado. Ele é Deus!
2. O pastor conhece as suas ovelhas. Em João 10.14, o
adjetivo “bom” identifica Jesus como o pastor que por amor protege e cuida das
ovelhas que lhe pertence. Por isso, Ele é o “bom Pastor”. Tal expressão designa
ainda a intimidade entre o Sumo Pastor e as suas ovelhas. Estas não ouvem a voz
de outro pastor. O bondoso Salvador conhece a sua Igreja por inteiro, e se
relaciona com cada membro (Jo 10.5,15).
3. O pastor dá a vida pelas ovelhas. Uma das principais
fontes da economia israelita era o trabalho pastoril. Os pastores cuidavam das
ovelhas para delas obterem o lucro diário. Este é o contexto de que se valeu o
Senhor Jesus para referir-se ao ensinamento contido na expressão “o bom Pastor
dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). Aqui, diferente dos pastores que
garantiam o seu sustento no campo através do uso das ovelhas, o Mestre Jesus
mostra a disposição em dar a própria vida pelo seu rebanho (Jo 10.15). Os
verdadeiros pastores da igreja devem imitar o Sumo Pastor, Jesus. NEle não há
jamais exploração alguma do rebanho, e isso deve servir de exemplo a todos
aqueles que desejam ministrar à igreja do Senhor, tal como ensina a Palavra em
1 Pedro 5.2-4.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Jesus, o Pastor
Supremo, conhece as suas ovelhas e deu a sua vida por elas.
II. AS CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO PASTOR
1. Um caráter
íntegro. Entre outras coisas, o exercício pastoral envolve aptidão para
ensinar, aconselhar e comunicar-se de forma clara com a igreja local. Porém,
essas características não são validadas se o caráter do pastor não for íntegro.
Uma das piores queixas que se pode ouvir acerca de um ministro é que sua
palavra pastoral não se coaduna com a sua vida. Como pode o líder falar sobre honestidade
e ser desonesto? De simplicidade e mostrar-se esbanjador? De humildade e
comportar-se soberbo? A melhor palavra pastoral é a vida do pastor em sintonia
com a mensagem do Evangelho que ele proclama (Mt 7.24-27; 23.2-36).
2. Exemplo para os fiéis e os infiéis. O texto bíblico de 1
Timóteo 3.2,3, afirma que o bispo não deve ser dado ao vinho, espancador,
cobiçoso de torpe ganância, contencioso ou avarento; a recomendação é que o
obreiro seja moderado. A Igreja, o Corpo de Cristo, precisa contemplar em seu
líder sinais claros do fruto do Espírito, tais como autocontrole, mansidão,
bondade e amor. Estas características denotam idoneidade moral e maturidade
espiritual. A mesma postura moral que o pastor atesta aos fiéis deve ser
demonstrada, igualmente, aos infiéis (1Tm 3.7).
3. Exemplo para a família. Não podemos esquecer que antes de
ser exemplo para igreja local, e com os de fora, o ministro do Evangelho, em
primeiro lugar, deve ser o exemplo para a sua própria família — sua primeira
comunidade e igreja. Governar a própria casa com modéstia e equilíbrio, criando
seus filhos com respeito (1Tm 3.4), é o testemunho que toda a família cristã
deseja experimentar na convivência sadia com o pastor que é esposo, pai e avô.
Portanto, todo obreiro deve cuidar bem do seu lar, pois sem o devido respaldo
deste, o seu ministério jamais terá credibilidade.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Do pastor espera-se
um caráter íntegro; um exemplo para os fiéis, aos infiéis e a toda a sua
família.
III. O MINISTÉRIO PASTORAL
1. A missão do
pastor. O termo pastor (do gr. poimēn) no Novo Testamento tem o significado de
“apascentador de ovelhas”. De acordo com esta definição podemos afirmar que a
principal missão de um ministro é cuidar das pessoas que receberam Cristo como
Salvador, dando-lhes alimento espiritual através do ensino da Palavra de Deus,
como encontramos no livro do profeta Isaías (Is 40.11). O verdadeiro pastor
cuida das ovelhas com zeloso amor e compaixão, entregando-se totalmente às suas
demandas.
2. Uma missão polivalente. A missão pastoral também é
múltipla, pois o ministério envolve o ensinamento, o aconselhamento, a
evangelização e missões, bem como a pregação expositiva da Palavra de Deus, que
é o seu mais importante empreendimento. Para além dessas responsabilidades, o
pastor age como o bom conciliador e administrador eclesiástico dos bens e
recursos humanos disponíveis para toda boa obra da igreja local. Está sob os
seus cuidados a gestão eficiente e honesta dos bens materiais, patrimoniais e
das finanças da igreja local.
3. O cuidado contra os falsos pastores. Quando Deus levantou
Ezequiel como profeta de Israel, Ele ordenou-lhe que repreendesse os pastores
infiéis da nação. O Altíssimo considerava como falsos pastores os que
apascentavam a si mesmo e não as ovelhas (Ez 34.2c); exploravam o rebanho e não
o poupavam (34.3); não demonstravam amor pelas ovelhas, fazendo com que elas se
dispersassem (34.4-6). O próprio Deus é contra os falsos pastores (Ez 34.8-10)!
Ele inspirou o apóstolo Paulo a escrever para Tito quando da sua instrução
pastoral ao jovem obreiro, que este retivesse “firme a fiel palavra, que é
conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã
doutrina como para convencer os contradizentes. Porque há muitos desordenados,
faladores, vãos e enganadores [...] aos quais convém tapar a boca” (Tt 1.9-11).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A missão do pastor é
múltipla, pois ele cuida desde os assuntos espirituais até os mais terrenos.
CONCLUSÃO
O dom ministerial de
pastor é concedido àqueles a quem Deus chama para servir ao seu precioso
rebanho, a Igreja de Jesus. Esta acha-se espalhada nas igrejas locais que
reúnem crentes oriundos de todos os lugares do mundo. Eles estão sob os
cuidados de líderes para serem alimentados com a Palavra de Deus. O objetivo do
ministério pastoral é fazer com que o rebanho do Senhor cresça na graça e no
conhecimento do Evangelho de nosso Salvador (2Pe 3.18). Portanto, o pastor
precisa da graça divina para não fracassar em seu ministério. Oremos pelos pastores,
compreendamos as suas lutas e os apoiemos com amor e carinho.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
FERNANDO, Ajith.
Ministério dirigido por Jesus. 1
ed., RJ: CPAD, 2013.
CARLSON,
Raymond; TRASK, Thomas (et all.). Manual Pastor Pentecostal: Teologia e
Práticas Pastorais. 3 ed., RJ: CPAD, 2005.
MACARTHUR JR, John. Ministério Pastoral: Alcançando a
excelência no ministério cristão. 4 ed., RJ: CPAD, 2004.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
“Viver como Pedro: A
Supervisão Pastoral (5.1-11)
Dirigindo-se aos ‘estrangeiros’ (1.2) que haviam sido
dispersos entre povos infiéis, e frequentemente hostis, Pedro inicia sua carta
com um imperativo à vida santificada baseada no exemplo de Deus Pai (1.3-2.10).
Pelo fato de muitos de seus leitores poderem sofrer injustamente e de modo
abusivo nas mãos de cruéis agentes do governo, senhores ou maridos, na parte
central e mais importante de sua carta Pedro manda que se submetam à autoridade
e sofram, mesmo sem merecer, segundo o exemplo de Cristo (2.11-4.13). Nesta
seção final da carta, Pedro dirige-se aos presbíteros [pastores], responsáveis
pelo pastoreio do rebanho de Deus (5.1-4). Escrevendo como um presbítero
[pastor] mais experiente, Pedro é seu modelo de liderança sobre o povo de Deus
(5.1-11). Termina os ensinamentos com uma série de obrigações aplicáveis não só
aos presbíteros, mas também a todo o povo de Deus (5.5-11)” (STRONSTAD, Roger;
ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.
2: Romanos a Apocalipse. 4 ed., RJ: CPAD, 2009, p.921).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Teologia
Devocional
“[...] Prioridades na
Vida do Pastor
Manter as prioridades em sua devida ordem é um dos maiores
desafios que o pastor enfrenta. As muitas ocupações do pastorado constantemente
pressionam os ministros a comprometer a oração, a vida devocional, a família e,
às vezes, até o padrão moral exigido pela Palavra de Deus.
As prioridades do ministro do Evangelho devem estar nesta
ordem: (1) seu relacionamento com o Senhor, (2) sua esposa e filhos e (3) seu
ministério e trabalho. Acompanhe-me em alguns pontos de especial interesse no
campo dessas três prioridades.
Seu relacionamento com o Senhor. Sua vida devocional é
absolutamente decisiva. Anos atrás, pedi ao Senhor que pusesse em ordem meu
horário, e Ele o fez. Todos os dias, das cinco às sete da manhã, estudo a
Bíblia e oro. Tenho sido cuidadoso em observar esse tempo — o tempo mais
precioso do meu dia. Meus pais deram-me o exemplo; seu devocional coincidia com
as primeiras horas da manhã. Jesus dedicava as primeiras horas do dia à oração.
O Salmista Davi disse: ‘Pela manhã, ouvirás a minha voz, ó Senhor; pela manhã,
me apresentarei a ti, e vigiarei’ (Sl 5.3). Esta disciplina será fundamental em
tudo o que você fizer e intentar realizar.
Seu relacionamento com a esposa e filhos. Alguns ministros
ficam tão ocupados, que negligenciam as necessidades emocionais, alimentares e
outras carências da família. Esposa e filhos podem ficar ressentidos contra o
ministério, e mesmo contra Deus, tudo porque o chefe da família falhou em
suprir-lhes as necessidades básicas. Isso é trágico. Já faz tempo que
determinei que não vou ganhar para o Senhor os filhos dos outros e perder os
meus. O Senhor nos tem ajudado — a mim e a Shirley — nessa prioridade. [...]
Paulo instruiu a Timóteo: ‘Se alguém não sabe governar sua própria casa terá
cuidado da igreja de Deus?’” (CARLSON, Raymond; TRASK, Thomas (et all.). Manual
Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais. 3 ed., RJ: CPAD, 2005,
p.17).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O Ministério de
Pastor
Na obra “Ministério
Pastoral: Alcançando a excelência no ministério cristão”, do pastor
norte-americano John Macarthur, Jr., editada pela CPAD; o autor relata este
comentário: “Reconhecemos essas tendências alarmantes, crendo que as decisões
tomadas nesta década reprogramarão a igreja evangélica até boa parte do século
21. Assim, a futura direção da igreja é uma preocupação preeminente e legítima.
Sem dúvida, a igreja enfrenta um momento decisivo. O verdadeiro contraste entre
os modelos ministeriais concorrentes não é o tradicional versus o
contemporâneo, mas o bíblico e o não-bíblico” (p.22).
A que tendências alarmantes, Macarthur se refere? A oito
respostas que emergiram de uma pesquisa realizada por John Seel, em 1995, nos
Estados Unidos. Elas foram dadas por 25 líderes evangélicos de renome que foram
entrevistados pelo pesquisador.
Dentre oito principais respostas surgidas na pesquisa
(identidade incerta; desilusão institucional; falta de liderança; pessimismo em
relação ao futuro; crescimento positivo, impacto negativo; isolamento cultural;
solução política e metodológica como resposta), a que chama mais atenção é a
“troca de orientação bíblica pela pesquisa de mercado no ministério”. Não por
acaso, se vê muitos seminários teológicos trocando disciplinas fundamentais
para uma sólida formação de um obreiro, como o hebraico, o grego, a
hermenêutica, a exegese etc., por aquelas que enfatizam a gestão, a forma de
crescimento de uma igreja local nos parâmetros do marketing e das estratégias
meramente empresariais. Aqui, é à hora de a igreja fazer uma profunda reflexão
sobre “Que modelo de ministério pastoral se quer exercer nos próximos anos”?
Com intuito de deixarmos em aberto esta reflexão, porque o
espaço não permite irmos além, solicitamos ao prezado professor meditar nesta
semana em todos os textos bíblicos possíveis — use as concordâncias bíblicas,
dicionários bíblicos e bons comentários para lhe auxiliarem — em que Jesus
aparece como o “Bom Pastor” de ovelhas. Em seguida, procure responder, à luz
dos quatro Evangelhos, as seguintes perguntas: Qual o modelo ministerial de
pastorado que o Senhor Jesus espera encontrar nos seus discípulos? Que molde de
liderança se acha no agir de Jesus de Nazaré? É possível implantar esse ideal
hoje? Qual seria o impacto para a igreja e a sociedade? Boa aula!
SUBSIDIOS
INTRODUÇÃO:
De todos os ofícios do ministério cristão, o Pastorado é o
mais conhecido em nossos dias. Não raro, o título é dado até mesmo aos
ministros em diferentes funções ministeriais. A profissão é tão honrosa, que o
Antigo Testamento frequentemente atribui a Deus o título de Pastor de Israel -
Jr 23.4; SI 23.1; SI 80.1.
II – A PALAVRA PASTOR:
O vocábulo originalmente aplicado a um guardador de ovelhas
significa apascentador, guia, protetor (Is 40.11).
Estas definições correspondem às várias fases das
atribuições e deveres do Pastor. Como no caso dos demais ministérios,
encontramos em Jesus o grande exemplo de Pastor.
III – JESUS, O BOM PASTOR:
Jesus pode ser considerado o maior exemplo de verdadeiro
Pastor. Deus o constituiu o nosso Pastor. Neste ofício, Ele se distingue por
vários qualificativos da maior importância, os quais são:
(1) – O BOM PASTOR – O capítulo dez de João registra várias
qualidades do Bom Pastor. Jesus como o Bom Pastor é o contraste do falso
Pastor, representado por três caracteres:
(1.1) - O ladrão - que vem para matar, roubar e destruir;
(1.2) - O mercenário - que abandona o rebanho e foge; e
(1.3) – O lobo - que arrebata e dispersa.
O Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas é o grande
contraste com estes caracteres, que simbolizam aqueles que só buscam os seus
próprios interesses. Que buscam alimentar-se e não alimentar o rebanho. São as
seguintes as qualidades do Bom Pastor:
(A) – DÁ A VIDA PELAS OVELHAS - Nos tempos bíblicos era
comum o bom Pastor expor a sua vida na luta contra as feras que assaltavam o
rebanho. Jesus, para proteger as suas ovelhas do "ladrão que vem para
matar, roubar e destruir", deu a sua vida por nós, que "somos rebanho
do seu Pastoreio" (Sl 100.3). Ele deu a sua vida por nós, para que
tenhamos vida e vida com abundância, vida eterna;
(B) – CONHECE AS SUAS OVELHAS - Jo 10.14 - Julgamos quase
impossível conhecer as ovelhas do nosso rebanho, quando o seu número sobe a
milhares. As ovelhas do rebanho do Bom Pastor são milhões de milhões. E, como é
maravilhoso, Ele as conhece pelos nomes. Conhece também "os lobos com pele
de ovelhas". Conhece as que sofrem e conforta as fracas.
(C) - GUIA AS SUAS OVELHAS - Jo 10.3-4 - O Pastor à
frente do rebanho era a garantia de ser conduzido aos bons pastos e de
preservá-lo da emboscada das feras. Era um costume de tempos remotos.
Era o
motivo da expressão confiante de Davi, com a sua própria experiência de Pastor
– Sl 23 - Não deve ser menor a nossa confiança em nosso Bom Pastor.
(2) – PASTOR E BISPO DAS NOSSAS ALMAS – I Pe 2.25 –
Significa o Pastor que tem verdadeiro cuidado de nossas almas, que as busca,
alimenta e sustenta; que ama as suas ovelhas e as protege “sem tosquenejar”.
Como bispo de nossas almas, Ele as supervisiona, dirigindo-as sábia e
convenientemente. Guia-nos com segurança em toda a nossa peregrinação neste
mundo de perigos espirituais.
O cuidado que Cristo tem de nós, como Pastor e Bispo de
nossas almas, pode ser expresso nestas palavras – Sl 32.8
(3) – GRANDE PASTOR DAS OVELHAS – Hb 13.20 – Qualquer Pastor
de ovelhas, em circunstâncias difíceis, poderá ver o seu rebanho emagrecer,
enfraquecer ou morrer por falta de pastagem. O Grande Pastor das ovelhas diz:
"...Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e achará
pastagem" - Jo 10.9 -. Dele podemos dizer confiantes: "O Senhor é o
meu Pastor, nada me faltará" – Sl 23.1.
O mais zeloso e mais corajoso Pastor poderia ver uma ovelha
perecer num assalto de uma alcateia de lobos famintos. O Grande Pastor das
ovelhas afirma em relação aos que o seguem: "Jamais perecerão,
eternamente, e ninguém as arrebatará de minha mão" (Jo 10.28b).
As limitações de um Pastor de ovelhas, em alusão, tipificam
as limitações dos Pastores de almas em todos os tempos. O Grande Pastor das
ovelhas não está sujeito a nenhuma limitação. Suas possibilidades são
infinitas. Seu cuidado é eterno!
(4) – O SUPREMO PASTOR – I Pe 5.4 – Supremo Pastor ou Sumo
Pastor significa um Pastor superior a todos os demais Pastores. Cristo é o
Pastor dos Pastores, pois esses são também parte do Rebanho do seu Pastoreio.
Isto significa que nenhum Pastor é senhor absoluto do rebanho, "como
dominador dos que lhe foram confiados" e também que nenhum fiel Pastor
está abandonado. O cuidado que Cristo tem dos crentes fiéis, tem também do
Pastor que lhe é subalterno, na proporção de sua grande tarefa.
A supremacia de Cristo como Pastor está relacionada com o
seu aparecimento, quando será julgado o mérito do trabalho de todos os Pastores
subalternos. Aqueles que forem encontrados fiéis no cumprimento dos seus
deveres, receberão do Supremo Pastor, a "incorruptível coroa de
glória".
Assim, pelo exposto, vemos em Jesus, o Pastor, um modelo que
jamais será atingido por qualquer Pastor, mesmo da mais alta dignidade, pois
Ele é o Bom Pastor, o Pastor e Bispo de nossas almas, o Grande Pastor e o
Supremo Pastor. Só a Ele cabe estas distinções. A Ele a glória eternamente!
Amém.
IV – O DOM DE PASTOR:
Como já dissemos antes, os títulos às vezes correspondem aos
dons ministeriais, e estes se revelam na prática e na função dignas da aprovação
de Deus. Os dons espirituais devem determinar o ministério e este evidenciá-lo
pelo seu caráter eficiente e pelas qualidades virtuosas dos que os possuem.
O Pastorado eficiente é um dom de Cristo. Não depende de
curso especial, nem é produto de treinamento. Cristo o deu à sua Igreja (Ef
4.11). Não pode ser substituído por nenhuma preparação intelectual. A instrução
pode ser importante no exercício do ministério Pastoral, mas, não há dúvida de
que este, para ser proveitoso, para ser uma verdadeira bênção para a Igreja,
necessita ser um dom vindo do Alto (Tg 1.17).
Os dons ministeriais tanto habilitam e capacitam para o
trabalho, como impulsionam a realizá-lo zelosamente. Disto se conclui que o
ministro, cujo trabalho é infrutífero, é assinalado por constantes fracassos,
possuía apenas o título e não o dom. O evangelista que não tem mensagem e não
ganha almas recebeu um título inadequado. O Pastor que com pouco tempo no
Pastorado de uma Igreja não pode mais ser tolerado pelos desacertos ou
imprudências, demonstra a ausência do importante dom do Espírito para este ministério.
Não é o título que atrai o dom ministerial, pelo contrário,
o título deve corresponder ao dom ministerial em evidência. O dom ministerial
de Pastor se qualifica por diversas virtudes, exigidas para este ofício. É como
disse alguém: "O trabalho do Senhor requer todas as boas qualidades que o
homem possa ter". O homem consciente disto, o homem convicto da chamada de
Deus, não aceitará o ministério, animado pelas honras que dele lhe advirão. Ao
contrário, deverá sentir o peso da responsabilidade a ponto de exclamar como
Moisés: "Quem sou eu?..." ou como Isaías: "Ai de mim..."
O dom divino de Pastor deve evidenciar-se também por um
caráter disciplinado e uma personalidade normal, em virtude da complexidade de
sua função, nas relações com pessoas de ambos os sexos, de diferentes condições
sociais (l Tm 5.1,2).
Se às vezes o Pastor precisa ser inflexível em suas
atitudes, outras tantas tem que ser condescendente, especialmente com os mais
humildes, os tímidos ou que se consideram desprezíveis.
V – A DUPLA FUNÇÃO DO PASTOR:
O ofício Pastoral mediante o dom consiste na divina
habilitação do ministro para governar a Igreja; na maneira correta de dirigir
reuniões, sem aquele caráter de coisa rotineira ou decorada, invariável, de uma
liturgia sem vida. Que não se prende ao formalismo e não se excede ao
fanatismo. Que não aceita mistificações estéreis e não reprime a genuína
operação do Espírito Santo, correspondente ao propósito divino de enriquecer a
sua Igreja de bênçãos abundantes, para prosperar em todos os sentidos, sem limitações
humanas. Que sabe reconhecer e utilizar os valores existentes na Igreja e não
pretende sujeitar tudo à sua própria dependência. Que sabe orientar e instruir
as decisões a serem tomadas pela assembleia, mas não despreza as opiniões
construtivas e não desconhece a liberdade da consciência alheia. Que sabe ir ao
máximo dos seus deveres e não excede ao limite dos seus direitos.A chama de
Deus para o ofício Pastoral e a habilitação pelo dom divino consistirá,
inegavelmente, em ação produtiva e capacidade para liderar a congregação. Não
raro, há casos que deixam de ser levados ao juiz e são submetidos ao julgamento
do Pastor, em consonância com os preceitos bíblicos de l Coríntios 6.1-6. Muito
frequentemente, cabe ao Pastor apontar a solução para problemas melindrosos,
que envolvem muitas almas preciosas! Quão grande é a responsabilidade do Pastor
pelos efeitos de suas orientações e sanções. Só o dom divino pode habilitá-lo
suficientemente. Foi bem isto que sentiu o jovem rei Salomão, quando orou: "Dá,
pois, ao teu servo um coração compreensivo para julgar o teu povo, para que
prudentemente discirna entre o bem e o mal; pois, quem poderia julgar a este
grande povo?" (I Rs 3.9).
As decisões temerárias prepotentes são aspectos negativos do
dom Pastoral. Seus resultados são discórdias, tristezas e a delimitação do
conceito do próprio Pastor.
Feliz é o Pastor que nunca precisa aplicar disciplina a quem
quer que seja, por motivos pessoais. Ser-lhe-á mais proveitoso perdoar as
ofensas à sua pessoa, a exemplo do Grande Pastor – I Pe 2.23.
Em João 21.15-17, no diálogo que Jesus manteve com Pedro,
antes de sua restauração ao ofício Pastoral, o Mestre usou dois termos, que
sugerem dupla função do Pastor:
(A) – APASCENTAR - O vocábulo significa “alimentar, dar de
comer”. A linguagem é figurada e traduz o dever de doutrina, ministrar
conhecimento, dirigir no bom caminho;
(B) – PASTOREAR - O sentido de Pastorear vai além de
apascentar, incluindo tudo o que significa o ofício de Pastor, isto é, o dever
de guiar o rebanho, e não somente alimentar, mas conduzir ao pasto, ou mesmo
prover a pastagem para o rebanho. Nos tempos de seca, o Pastor precisava
encontrar erva e água para alimentar o rebanho. Era isto um tipo do Pastor de
almas, que, pela graça de Deus, deve sobrepor-se às diferentes crises que tenha
que enfrentar, em condições de sempre prover o rebanho do vital alimento, pela
orientação sadia, pela mensagem ungida, pela palavra vivificadora I Tm 4.6.
Era também dever do Pastor de ovelhas proteger do mau tempo
e dos animais ferozes (Am 3.12). Davi teve que enfrentar um leão e um urso (l
Sm 17.34,35). Estes exemplos de cuidado e coragem tipificam a capacidade que
deve possuir o Pastor para proteger o rebanho sobre "...o qual o Espírito
Santo o constituiu..." (At 20.28).
Além disto, o ofício Pastoral incluía a obrigação de buscar
e recuperar a ovelha fraca e a doente ou desviada (Ez 34.8). Esta doutrina foi
ratificada por Cristo em Lucas 15.1-7. Para tudo isto é necessário aquele amor
que Jesus enfaticamente indagou haver em Pedro (Jo 21.15-17).
É claro que não cabia e nem cabe ao Pastor conduzir aos
ombros, todo o tempo, indefinidamente, as ovelhas fracas, como alguns supõem
seja obrigação do Pastor, presumindo que a salvação de suas almas depende mais
do cuidado Pastoral do que de sua própria vontade de ir para o Céu. A boa
vontade e os cuidados Pastorais têm por fim despertar os ânimos adormecidos e
alentar as forças para a jornada, mas não eximem o crente de sua própria
responsabilidade para com Deus e a Igrej
VI – AS QUALIDADES DO PASTOR:
Como parte dessas funções, o ministério Pastoral abrange os
seguintes encargos:
(A) - Doutrinar os crentes - l Tm 3.2.
(B) - Apascentar o rebanho de Deus com cuidado e com amor –
I Pe 5.1-3.
(C) - Exercer vigilância espiritual sobre o mesmo - At
20.28.
(D) - Admoestar com longanimidade, com amor - At 20.31; 2 Tm
4.2.
(E) - Cuidar dos necessitados - Gl 2.9,10.
(F) - Visitar os enfermos e ajudá-los com a oração da fé -
Tg 5.14,15.
(G) - Cumprir o papel de despenseiro dos mistérios de Deus –
I Cor 4.l-2.
Leiamos I Tm 31-5 - Não há discordância quanto à aplicação
deste texto ao Pastor, como norma divina para o seu ministério. Analisando-o,
vamos encontrar três qualidades indispensáveis ao Pastor, que são condições
para um ministério eficiente e frutífero, na seguinte disposição: um homem que
se governa a si mesmo, um homem que governa a sua casa, um homem que governa a
Igreja de Deus.
(1º) – UM HOMEM QUE SE GOVERNA A SI MESMO - Não há dúvida de
que o domínio próprio constitui a qualidade básica de um ministro de Deus.
Paulo, ao falar dos piores homens, se refere aos "...sem domínio de
si..." (2 Tm 3.1-5). Ao mencionar as características do bispo, entre
outras coisas, ensina que convém "...que tenha domínio de si..." (Tt
1.8). Paulo expõe o assunto em seus aspectos positivos e negativos:
(A) – QUE SEJAM IRREPREENSÍVEIS - O homem repreensível não
tem "autoridade para repreender e exortar pelo reto ensino, para convencer
aos que contradizem" (Tt 1.9). Além disto, a Bíblia recomenda aos crentes
imitarem a fé de seus Pastores - Hb 13.7. Da observância deste preceito cristão
depende este conceito lógico: "Tal Pastor, tal rebanho".
(B) – ESPOSO DE UMA SÓ MULHER - O bígamo ou polígamo é um
homem governado pelas mulheres, em contradição ao preceito de Provérbios 31.3.
Nestes casos teria que governar "as suas casas
(C) – TEMPERANTE - O que possui o precioso fruto do
Espírito, a temperança, virtude que modera e controla os apetites, as paixões.
Sem isto o homem não pode se governar a si mesmo
(D) – SÓBRIO - A sobriedade é virtude pela qual o homem se
priva do luxo e dos excessos que escravizam e dominam a muitos homens,
tornando-os incompatíveis com o espírito do ministério cristão
(E) – MODESTO - O homem modesto em suas aspirações, nos seus
atos, na estimação das suas próprias virtudes e habilidades, o homem
despretencioso e sem vaidade é um homem que se governa a si mesmo, contra as
pretensões do próprio "Eu".
(F) – HOSPITALEIRO - Não apenas que hospeda, mas o faz por
amor. Para isto necessita não ser governado pelo conforto do ambiente puramente
familiar. Isto, às vezes, envolve sacrifício.
(G) – APTO A ENSINAR - O que significa capacidade e
prontidão para comunicar os conhecimentos recebidos de Deus, de conformidade
com a sua palavra.
(H) – QUE TENHA BOM TESTEMUNHO DOS DE FORA - O Pastor não
pode dizer: "Ninguém nada tem nada a ver com a minha vida". É melhor
admitir que todos têm direito de observar o seu viver e ele deve a todos uma
boa reputação. O mau testemunho o atirará ao opróbrio, à desmoralização,
fazendo-o cair no laço do Diabo, mediante o enfraquecimento moral, ou mesmo o
desespero.
(I) – NÃO DADO AO VINHO - Como lerão este texto os bispos
que se embriagam?...
(J) – NÃO VIOLENTO, PORÉM CORDATO - O homem violento é
governado pelos ímpetos e pelo espírito de discórdia e agressão; portanto,
destituído de qualidade para o ministério Pastoral;
(K) – INIMIGO DE CONTENDAS - Que foge de discussões e
animosidades, mas trata todas as coisas com serenidade, prudência e amor - Pv
17.19a.
(L) – NÃO AVARENTO - O avarento é governado pelo dinheiro e
pelo amor ao lucro. A avareza é um grande mal para todos os homens, mas é pior
ainda em um ministro de Deus. Além disto está incluída entre os pecados, que os
que os cometem, "...não herdarão o reino de Deus" (l Co 6.10);
(M) – QUE NÃO SEJA NEÓFITO - Ao neófito pode "suceder
que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo". O homem é governado
por um trio maldito: Orgulho, arrogância, presunção. A soberba é muito própria
do homem ignorante espiritual, inexperiente.
Quanto mais conhecermos a Deus, tanto mais humildes seremos.
A soberba dos homens é sempre do tamanho da sua ignorância espiritual. Um sábio
cristão observa que "a soberba é o pecado que transformou anjos em
demônios". O homem que se governa a si mesmo, não pode se ensoberbecer.
Estas são as características do homem que se governa a si
mesmo. Estas devem ser as qualidades básicas de um Pastor de almas, que deve
servir de modelo para o rebanho (Hb 13.7).
(2º) – UM HOMEM QUE GOVERNA BEM A SUA CASA - l Tm 3.4 - É
grande a felicidade do Pastor cuja família pode servir de exemplo para todas as
outras famílias da Igreja. A ele assiste o direito de governar a esposa e os
filhos.
O Pastor deve ser cordato com a esposa, mas não pode ser
governado por ela. A esposa do Pastor tem um vasto campo para ajudá-lo. Pode
ser muito útil ao marido em seu ministério, aconselhando especialmente as
senhoras jovens e a mocidade, fazendo isso com simplicidade e amor. Para tudo
isto deve se credenciar pelo exemplo de sabedoria e prudência, no falar e no
agir.
É certo, em grande proporção, que o êxito do Pastor depende
do comportamento da família, especialmente da esposa.
A grande bênção da conversão da família, a grande vitória da
integração dos filhos do Pastor no plano divino da salvação e nas atividades da
Igreja depende sobretudo de Deus, mas também de nós em grande parte. É bem
justo que o amor que tem o Pastor pelas almas se evidencie "...no cuidado
dos seus e especialmente dos de sua própria casa..." (l Tm 5.8). É certo
também que o cuidado Pastoral ou do Pastor para com os filhos não os isenta da
responsabilidade pessoal pela salvação de suas almas. Há, no entanto, os meios
pelos quais poderão ser conduzidos a esta responsabilidade, e estes meios são
aqui mencionados por Paulo: "Criando os filhos sob disciplina com todo o
respeito".
(A) – DISCIPLINA - Esta palavra inclui instrução, direção,
governo, imposição de autoridade e métodos correlacionais. Como se vê,
significa muito mais que mero castigo.
Paulo, um homem sábio, certamente tinha em vista tudo isto
ao empregar a palavra disciplina, como obrigação do Pastor, no governo de sua
casa e na criação dos filhos. É o mesmo que em Ef 6.4 se recomenda aos pais,
com relação aos filhos. A ausência da disciplina, em qualquer dos seus
aspectos, pode resultar no desgoverno moral e espiritual dos filhos e
consequentes problemas no ministério do Pastor.
A Bíblia ensina três métodos a serem empregados na criação
dos filhos para Deus. Destes, dois são desconhecidos e desprezados e um é
condenado pela sociologia moderna. São eles:
(B) – LEITURA DA PALAVRA DE DEUS - Pv 22.6; Dt 6.6-9 - Aqui
fala de ensino persistente e leitura regular da Palavra de Deus aos filhos. A
falta disto poderá resultar em insucesso na casa do Pastor - 2 Tm 3.14-17.
(C) – ORAÇÃO - Jó 1.5 - "Jó chamava os seus
filhos". Orar com os filhos é mais importante do que orar por eles.
A fé não é hereditária e os filhos precisam recebê-la pelos
mesmos meios que os estranhos e os adultos a receberam, mediante a pregação da
Palavra de Deus e a oração intercessória. Leio, como sendo uma advertência de
Deus para mim, pessoalmente, estas palavras: Lm 2.19 cf Tg 5.16.
(D) – CORREÇÃO - Leitura da Palavra de Deus e oração são
métodos desconhecidos e desprezados pelos mestres em educação familiar. A
disciplina em forma de castigo é condenada. Entretanto, faz parte dos métodos
ensinados por Deus. Os séculos não envelhecem e não invalidam os preceitos de
Deus. Qual será o sentido destas palavras contidas nos versos bíblicos? Pv
13.24; 22.15; 23.13,14; 29.15.
Já estarão superados estes preceitos bíblicos? Se, ao
contrário, ainda vigoram como Palavra de Deus, não deixarão de ter sua
utilidade na criação dos filhos, quando aplicados com sabedoria e amor. A
disciplina deste tipo poderá ser aplicada depois de muitos outros meios
correcionais, também ensinados por Deus em sua Palavra.
(E) – EXEMPLO - O respeito, de várias maneiras, constitui
uma grande dívida dos pais para com os filhos, para também se tornarem credores
do respeito destes. Confúcio ensinava: "Respeita-te e outros te
respeitarão". Um outro pensador diz: "Quando os que ordenam perdem a
moral, os que obedecem perdem o respeito". A integridade do Pastor, no
trato, nas relações com as diferentes pessoas, na presença e na ausência, nas
conversações, na presença dos filhos, há de ter muita influência sobre a vida
espiritual dos filhos.
O Pastor é um homem que tem frequentes oportunidades de
saber dos fracassos alheios. Se, ao contrário, do dever da absoluta
confidência, neste sentido, são relatados ou comentados perante os filhos, isto
os levará ao maior pessimismo a respeito da vida espiritual, chegando mesmo a
pensar que não há diferença entre os crentes e os homens mais errados.
Indubitavelmente, as relações entre o papai e a mamãe muito
influirão nas atitudes espirituais dos filhos, edificando-os ou destruindo-os!
É de suprema importância para a criação dos filhos "na disciplina e
admoestação do Senhor" o ambiente de cordialidade e respeito entre marido
e mulher e entre os pais e filhos.
O lar deve ser o ambiente onde os filhos se sentem presos
pelo amor, seguros pela confiança e dominados pelo respeito aos seus pais.
Por outro lado, nada deve se interpor nas relações do Pastor
para com a Igreja. Se os filhos não forem motivo de inspiração ao Pastor,
também este não deve ser influenciado pelas suas atitudes carnais e modos
desordenados, em detrimento dos direitos dos membros zelosos e da boa ordem na
Igreja.
(3º) – UM HOMEM QUE GOVERNA BEM A IGREJA DE DEUS - Só o
homem que governa bem a sua casa terá suficiente autoridade para governar a
Igreja de Deus (l Tm 3.5). Isto convém ao bispo (Pastor).
Entre os dons ministeriais, Paulo menciona
"governos" ou habilitação de Deus para dirigir apropriadamente a Sua
Igreja a sua Igreja (l Co 12.28). Esta habilidade para governar inclui:
(A) - Capacidade para distribuição de serviço aos membros da
Igreja. Agostinho diz: "A cabeça dos desocupados é a morada de Satanás e o
demônio procura as mãos ociosas para fazer a sua maligna obra".
(B) - Capacidade para administração financeira. A habilidade
do Pastor para cuidar dos negócios da Igreja de modo proveitoso e honradamente
inspira confiança nos membros para contribuir. Desperta o interesse de todos os
fiéis.
Governar é um dom que não deve ser subestimado, pois dele
depende a boa ordem, a estabilidade e o progresso da Igreja em todos os
sentidos. Não é temeridade atribuir-se às frequentes crises de algumas Igrejas
à falta de governo, pela ausência da divina capacidade de administração
daqueles que estão à frente do rebanho. Esta capacidade deve constituir mais um
motivo para ardentes súplicas ao PAI DAS LUZES, pois é uma necessidade
imperiosa no ministério do Pastor, com a responsabilidade de "governar a
Igreja de Deus".
Neste sentido, o apóstolo Pedro ensina – I Pe 5.2-3 -. Aqui
temos três regras de grande importância:
(A) - "Não por constrangimento, mas
espontaneamente". Qualquer trabalho material feito por constrangimento
será assinalado pelas falhas. Isto se aplica melhor ao trabalho espiritual. Não
terá êxito o Pastor que fizer o seu trabalho como cumprindo uma simples
obrigação que lhe é imposta. Alguém, às vezes, tem dito: - "Se não leva o
coração, não vá também". Se o Pastor está em uma Igreja, mas o coração
está em outra, não haverá resultado do seu trabalho para o reino de Deus...
Quaisquer que sejam as circunstâncias, convém ser "sempre mais abundante
na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o seu trabalho não é vão", se
feito "espontaneamente, como Deus quer".
(B) - "Nem por sórdida ganância, mas de boa
vontade". O trabalho espiritual feito por ganância agrada muito bem ao
"deus ventre" e pode ser feito sem qualquer dom da parte de Deus.
Para tanto, as oportunidades independem da chamada e direção de Deus, podendo
ser conseguidas por simples política ou por sagacidade. Como, entretanto, o fim
a que chegamos depende do caminho que seguimos, os resultados serão sempre
confusos: descontentamento e derrotas, que são o prêmio de um ministério sem a
aprovação de Deus. Será um ministério sem vida, pois a ganância é qual germe
que destrói totalmente a vida espiritual - Pv 1.19.
(C) – “Nem como dominadores dos que vos foram confiados,
antes tornando-vos modelo do rebanho". Este ensino concorda com a
conhecida filosofia de que "pode mais a força do exemplo do que o exemplo
da força".
Os que pretendem dominar a Igreja como sendo sua
propriedade, deveriam estar a exercer uma profissão e não o Pastorado provindo
de Deus.
A função do Pastor é guiar, servindo de modelo para o
rebanho, sabendo que toda a autoridade edificante provém da Palavra de Deus,
que o Pastor ensina e pratica. É isto que Paulo ensina - Tt 1.7-9.
Quando o Pastor profere a Palavra de Deus, autorizado pelo
Espírito Santo, cabe a Deus a responsabilidade pelos efeitos da Palavra - l Rs
17.1.
As palavras arrogantes, irrefletidas, simplesmente ocasionam
desgovernos, mas a Palavra de Deus prevalece e, “quem é de Deus, ouve a Palavra
de Deus” – Jo 8.47.
VII – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O Pastor que observa estas normais divinas, nunca lutará só;
terá sempre a mão divina a ajudá-lo na solução de todos os problemas na Igreja.
Terá paz e estará tranquilo, na esperança de que, logo que o Supremo Pastor se
manifestar, receberá a imarcescível coroa de glória – I Pe 5.2-4.
FONTE DE CONSULTA E PESQUISA:
Títulos e Dons do Ministério Cristão – CPAD – Estêvam Ângelo
de Souza
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