SALMO 01
I - O Homem Justo e o seu Andar (SI
1)
Este salmo pode servir de introdução à totalidade do livro
dos Salmos. Alguns pais da Igreja qualificaram-no como o “o prefácio ao Espírito
Santo”. O tema é fundamental: Deus destinou a salvação aos justos; a perdição, aos
ímpios. Este salmo nos mostra que conhecer a Deus é o verdadeiro conhecimento, a
verdadeira força espiritual e a verdadeira felicidade humana. Apresenta o
retrato que Deus dá do homem justo e piedoso.
1. Fiel a Deus naquilo
que evita. “Bem-aventurado o homem”, ou: “bênçãos para o homem...” ou:
“quão grande a felicidade do homem!” (Mt 5.1-11). A felicidade descrita aqui é
o resultado da retidão e da confiança em Deus. A palavra está no plural e em
hebraico, porque nenhuma bênção vem sozinha. Quando recebemos bênção de Deus,
recebemos muitas. O homem que recebe estas bênçãos é, antes de tudo, descrito
negativamente, segundo aquilo que não faz.
• "Não anda segundo o conselho dos ímpios". Suas
ações não são inspiradas em princípios mundanos, maldosos e astutos.
• "Não se detém no caminho dos pecadores". Não
adota suas linhas de comportamento. “Caminho” em hebraico quer dizer o modo de
vida e de conduta.
• “Nem se assenta na roda dos escarnecedores” . O escarnecedor
é o descrente bem ateu, que zomba dos fiéis. O homem crente não freqüenta lugares
onde há pessoas que zombam de Deus e de coisas eternas. O assento do escarnecedor
pode ser muito elevado socialmente, todavia fica muito perto da porta do
inferno, e logo ficará vazio.
Nota-se como o pecado leva os que o praticam de um ponto de
degradação para outro: “anda... se detém... se assenta”. No início, a pessoa
começa a escutar o conselho dos ímpios, depois pratica a vida ímpia, e,
finalmente, faz parte da roda, cujo objetivo é ensinar e tentar outros a praticarem
o pecado.
2. O homem fiel a
Deus naquilo que faz. O homem justo, crente, piedoso e temente a Deus agora
é descrito positivamente. A justiça negativa não basta; os que fogem do pecado devem
também correr atrás da virtude e da perfeição espiritual.
• Deleita-se na lei. “Antes o seu prazer está na lei do Senhor”.
Não está debaixo da Lei, como maldição e condenação, mas está dentro da Lei, e
a Lei está nele, e, assim, gosta de fazer aquilo que Deus deseja que ele faça.
Não devemos nos esquecer do fato de ter havido pessoas, na época do Antigo
Testamento, que atingiram uma vida de graça.
• Meditação da lei. “E na sua lei medita de dia e de noite”.
Assim como as ovelhas vão pastando relva, assim também o homem de Deus pastoreia
a sua alma, alimentando- a com a Palavra de Deus. Não a lê apenas como dever, porém
vai entendendo espiritualmente aquilo que lê e pensa profundamente sobre sua
aplicação à sua própria vida.
Muitas pessoas já leram a Bíblia inteira, mas quantas
realmente meditam em sua mensagem? Outras já passaram pela Bíblia inteira, mas
será que já a deixaram passar por suas almas?
• Permanência na lei. Essa permanência é ilustrada na figura
de uma árvore. A árvore tem vitalidade, segurança quando está “plantada” ;
capacidade tirada da “corrente de
águas”; vida porque sua “folhagem não murcha”; e
prosperidade, “e tudo quanto ele faz será bem sucedido”.
3. Fiel a Deus
naquilo que escapa. “Os ímpios não são assim”. Os descrentes, ou ímpios,
são comparados à palha em contraste com os crentes, ou justos, que são
comparados a árvores. “São, porém, como a palha que o vento dispersa” . A
árvore enfrenta a tempestade, enquanto a palha é dissipada por ela. Os maus são
como a palha – sem valor, inútil, morta, e facilmente levada embora. A morte os
apressará para o fogo eterno.
“Por isso os
perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores na congregação dos
justos”. No Dia do Juízo, serão condenados; não poderão ficar firmes diante
do olhar perscrutador de Deus (Ap 6.15-17). Uma “civilização cristã” representa
uma mistura de justos e pecadores. O trigo e o joio crescem juntos; as escórias
se misturam com o outro. No céu, porém, não haverá pecadores. Seria mais fácil
para um peixe viver em cima das árvores do que um pecador habitar no Paraíso.
“Pois o Senhor
conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá”. Deus
reconhece e honra os seus próprios seguidores, e abençoa a sua maneira de
viver, todavia a vida dos ímpios vai caminhando para a destruição (Mt 7.13,14).
Abraão é um exemplo de quem cumpriu o padrão definido no Salmo
primeiro. Era um homem abençoado (Gn 12.1-3) que amava a lei de Deus (Gn
18.19), e cuja recompensa incluía prosperidade espiritual e material (Gn 13.2).
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