O Cristianismo e
as Catacumbas
"Para alumiar os que
vivem assentados nas trevas e na sombra da morte", Lucas 1.79.
O capítulo anterior foi encerrado no meio da sombra e
das trevas da ignorância pagã. Vimos o homem, fechando os olhos à luz da
religião natural (aquilo que se pode pela Natureza conhecer de Deus), perder o
último vislumbre da revelação primitiva, passando a apalpar no caminho, completamente
incapaz de achar a luz para guiá-lo. Ouvimos as queixas dos homens virtuosos;
notamos a desfaçatez e a depravação dos perversos. Contudo, em meio ao desânimo
e ao desespero, existia um pressentimento geral de libertação - um quase que
universal anseio ou expectação do surgimento de um libertador. É verdade que esta idéia era indefinida
e, por conseqüência, imperfeitamente apreciada,
era porém geralmente concebida entre as nações cuja literatura tem,
até certo ponto, chegado a nós; e, o que é mais notável, a expectação tinha
atingido o seu auge no período de Augusto em que mais referências a essa esperança foram
feitas.
Os hindus esperavam outro Avatar, ou encarnação do seu deus
principal; e esse Avatar tinha mais importância, porque viria modificar os
destinos da raça humana. Entre os persas, que seguiam a doutrina de Zoroastro,
esperava-se Sosiosh,
o
"Homem do Mundo". Os chineses, segundo Confúcio, "deviam buscar
o santo do Oeste". O oráculo pitônico entre os gregos, e os sacerdotes
etruscos na Itália, tinham predito a queda deles mesmos. A profetisa Sibila tinha
falado da vinda do Senhor da Terra (1). Os astrólogos caldeus
viajaram, como sabemos, para a Judéia, com presentes reais para o esperado
Libertador (2). Herodes, governador da Judéia, participava da mesma
expectação e consultou o Sinédrio quanto ao lugar do nascimento do Messias,
e, sendo informado que um profeta judaico havia predito que seria Belém,
mandou matar todas as crianças daquela cidade, pensando, assim, conseguir a
destruição do Rei esperado. Judeus devotos, tais como Simeão e Ana, estavam
esperando no templo judaico pela vinda do Messias, certos de que o tempo
estava próximo (3).
Assim, vemos que os antigos
escritores davam curso à tradição; astuciosos sacerdotes pagãos e pretensos
profetas queriam encaminhar a crença popular para as suas comunicações com o
Céu; governadores cruéis temiam aquilo que todos previam, e homens e mulheres
santas esperavam "a consolação de Israel" e do mundo. Todos eles,
tanto os bons como os maus, são testemunhas da esperança prevalecente duma
futura intervenção nos destinos do homem.
Roma presta-se especialmente para campo da nossa investigação;
como nos legou muita literatura, é de presumir nela se ache referência especial
a essa pressentida libertação do mal. Suetônio, historiador romano, diz:
"É persuasão antiga e fixa, predominante no Oriente, estar predestinado
que alguém se levantará na Judéia, para estabelecer um império universal" (4). Tácito escreve: "Muitos estavam persuadidos de
que nos livros antigos dos sacerdotes estava declarado que naquele tempo o
Oriente prevaleceria e que alguém havia de vir da Judéia, e possuir o predomínio"
(5)'. Josepho e Philo declaram saber que existia a mesma expectação.
Pelo tempo em que nasceu
Augusto - cerca de sessenta anos antes de Cristo - a vinda anunciada de um rei,
conquistador ou libertador, que já havia passado a provérbio, foi citada no
Senado e tornou-se assunto dos poetas.
Virgílio escreveu uma pastoral
cumprimentando o cônsul romano Póllio, ao qual já nos referimos, pelo nascimento
de um filho, a quem, em sentido lisonjeador, descreve como o libertador
predito. Diz-se que a substância da pastoral foi plagiada de uma profecia dita
por Sibila. As duas linhas seguintes são tradução dessa pastoral:
As nações discordes ele em paz unirá,
E à virtude toda a humanidade guiará (6).
Como outra indicação desta
predominante expectação, ao ser predito por Nigídio Figulo, astrólogo e
matemático, o nascimento do imperador Augusto, foi também profetizado que ele
seria o senhor da terra. De fato foi deificado durante a vida pelos seus
aduladores, que lhe erigiram templos e a sua adoração foi estabelecida; o seu
nome, originalmente Otaviano, foi alterado para Augusto (sagrado) e, na língua
grega, para Sebastos (adorável). 0 oitavo mês do nosso calendário ainda é
chamado Agosto em honra de Augusto.
Tais eram as aspirações
predominantes dos homens bons, os temores dos maus e o orgulho dos ambiciosos,
quanto à vinda de um rei ou libertador. Estas antecipações explicam, e ao mesmo
tempo confirmam, as profecias da Escritura, ditadas muito antes do
acontecimento; por exemplo, a profecia de Ageu, dita 520 anos antes de Cristo:
"Porque isto diz o Senhor dos exércitos: Ainda falta um
pouco e eu comoverei o céu, e
a terra, e o mar, e todo o universo. E moverei todas as gentes: e virá o Desejado de todas as
nações" (7).
No mundo físico, tem-se notado
muitas vezes que a escuridão mais intensa precede o raiar do dia: no decurso
da história universal tem acontecido, freqüentemente, que o período da maior
decadência e confusão não tem sido senão o presságio de prosperidade e paz.
Assim pode-se dizer da época a que este capítulo se refere: a incerteza e
perplexidade de espírito, as trevas da atmosfera moral e a violência das
tempestades das paixões humanas iam extinguir-se ao raiar da luz, da pureza e
da paz. Há cerca de 1922 (*) anos (9), mas no tempo de César
Augusto, apareceu no nosso mundo uma pessoa maravilhozsíssima, operou uma renovação
extraordinária nos sistemas religiosos existentes. Quanto ao nascimento e
posição, ocupava a de um artista, segundo nos informam os evangelistas. A
tradição nos informa talvez, acertadamente, que seguiu, como seu pai adotivo,
ofício de carpinteiro. Algumas versões dos Evangelhos confirmam esta tradição.
O mundo, como dissemos, estava esperando intensamente
a vinda de alguém de importância, porém não o esperava entre as camadas
humildes da sociedade. O aparecimento a que aludimos atraiu, portanto, pouca
atenção. Contudo, esse nascimento foi admiravelmente atestado com prodígios,
tais como o aparecimento de uma estrela e visões de anjos. Deu-se na época
apontada por Daniel (10); no lugar indicado por Miquéias (11);
na ocasião o recenseamento dos habitantes da Judéia, mandado fazer por Augusto,
imperador romano, que demonstrou oficialmente que, tanto da parte da mãe como
da do pai, o recém-nascido era da linhagem da casa real de Davi, da tribo de
Judá, da família de Abraão, como estava predito claramente
nas Escrituras judaicas.
Não é nossa intenção dar os
pormenores dos fatos maravilhosos relacionados com o nascimento, vida e morte
de Jesus Cristo. Muitos estão cientes disso; e todos têm facilidade de se
informarem, caso queiram. Ele declarou nada menos que isto: ser o Filho de
Deus; ser um com Deus; enfim, o Messias, "o Desejado de todas as
nações", o libertador esperado pelos judeus e pelos gentios.
Não forma parte do nosso
propósito argumentar sobre a autenticidade dessas declarações. Muitos as
admitem, outros não. Outros ainda têm investigado bem o fundamento em que se
apóiam, mas todos admitirão que é um assunto por demais importante para se
tratar de forma apressada; nem as provas nem as evidências se poderão aduzir no
pouco espaço de que dispomos. Recomendamos, contudo, àqueles que ainda não
estudaram o assunto, fazê-lo desejosos de apurar a verdade. A investigação não
é proibida a ninguém. Alguns intelectos mais elevados, verdadeiros luminares
da humanidade - tais como Milton, Newton e outros - têm-se entregado a esse
estudo e têm aceitado sem reservas a verdade daquelas informações (12).
Propomo-nos tratar aqui dos fatos históricos e da doutrina que Cristo
introduziu e de forma resumida.
Jesus asseverou que a sua
missão era curar e salvar um mundo cheio de pecado, ser uma luz para os que
estavam nas trevas e guiar todos os que seguissem a sua direção para a paz,
para a santidade, para o Céu. Passou a vida fazendo bem ao corpo e à alma dos
homens, e a propagar, inculcar e explicar as suas doutrinas. Associou-se aos
humildes, aos ignorantes, a Os necessitados e aos pecadores. Recusou honras
reais quando lhe foram oferecidas, e desprezou toda a idéia de governo ou
grandeza secular, como impróprios ao seu reino, que declarava ser de natureza
espiritual. Morreu (contra a expectativa dos seus seguidores) como malfeitor,
às mãos do governo romano, por
instigação de seus desapontados compatriotas, os judeus. Mas disso, tanto Ele,
como os profetas antes dele, tinham predito. Tanto na ocasião da sua morte,
como na do seu nascimento, ocorreram prodígios, tais como terremoto e escuridão
sobrenatural numa ocasião em que, segundo as leis da natureza, era impossível
haver eclipse do sol (13). Esses prodígios foram relatados às
autoridades de Roma e registrados em seus anais... (14).
Para tornar a sua vida mais
assinalada na história do mundo (independente da sua importância sob o ponto de
vista religioso), Cristo ressurgiu da sepultura, como tinha predito, apesar da
guarda romana, e apareceu repetidas vezes a seus amigos e seguidores durante
quarenta dias, subindo depois para o Céu na presença deles.
A realidade destes fatos é testificada como ainda não
o foi outro fato da história. Estes fatos estão citados por testemunhas
oculares em não menos de cinco narrações diferentes. Também muitos outros
livros, escritos por pessoas que assistiram aos acontecimentos, se referem a
eles e os confirmam. E, o que é digno de nota - as testemunhas destes fatos
viajaram por terra e por mar para espalharem a notícia, sem lhes descobrirmos
nenhum dos motivos que usualmente influem os homens a agir. Eles nada ganharam com as
suas asserções, senão perseguição, insultos e desprezo; muitos deles
voluntariamente sacrificavam suas vidas como testemunho da sinceridade das suas
afirmações e da sua fé.
Repetimos: Nem um fato da
história foi comprovado tão abundantemente como os fatos que se prendem à vida, morte e ressurreição de
Cristo. Aquele que rejeita estas verdades deve estar preparado para crer: primeiro, que uns cento e vinte
indivíduos, pelo menos, se combinaram para espalhar uma falsidade com a qual
nada lucrariam, mas que lhes podia ocasionar a perda de tudo que o mundo preza,
até a própria vida; segundo, que tais pessoas, se culpadas de falsidade, inculcavam
e exerciam a virtude, coisa não comum; terceiro, que todos eles persistiram na afirmação de uma
falsidade, sem ninguém descobrir a natureza da conspiração ou combinação (se
ela porventura existia); quarto, que muitos deles selaram o seu testemunho com o
próprio sangue, quando a simples confissão do seu erro (se tal tivesse sido),
lhes teria poupado a vida.
Quem pensais então que está
certo - aquele que aceita uma declaração garantida por testemunhas oculares,
não contraditadas por aqueles que o teriam feito, se pudessem, ou o homem que
rejeita a qualquer testemunho, aceitando todas as conseqüências da rejeição?
Devemos agora deixar os fatos relativos à introdução ao Cristianismo, e
considerar, também resumidamente, a natureza da doutrina, ou ensino, introduzido por
Cristo, ou seja, o caráter do sistema denominado Cristianismo. Isto, diga-se de passagem, não
admite dúvida quanto à sua realidade. Ainda que mal entendido, e, por isso, deturpado,
o Cristianismo é um fato cuja existência ninguém terá coragem bastante de
negar.
Em primeiro lugar notemos que
o Cristianismo constitui uma admirável inovação quanto às idéias do mundo,
tanto judaico, como pagão. Não era nenhuma adaptação, nem mera reforma; não
tinha compromisso algum com o passado. A linguagem de Cristo, em mais de uma
ocasião, afirmava claramente: "Eis aí faço eu novas todas as coisas"
(15). Ele explicou aos seus estupefatos seguidores, figurativamente,
que assim como vinho novo não podia ser posto em odres velhos, nem remendo de
pano novo em vestido
velho, assim o seu sistema
tinha de exceder e pôr de lado todos os sistemas que estavam arruinados,
envelhecidos e prontos a desaparecer (16). A religião cristã
efetuou uma revolução
e não uma
restauração, reforma ou reconstrução.
Era um completo contraste com o paganismo existente. Um
esboço das principais feições dos dois sistemas dará a cada mente uma clara
percepção do seu antagonismo.
O paganismo era, como foi
explicado, politeísta.
Cristo
ensinou que Deus era um. O paganismo representava Deus na semelhança de objetos visíveis, tais como: homens corruptíveis,
pássaros, animais quadrúpedes e vermes. O Cristianismo, ao contrário,
representava-o como Espírito, "a quem ninguém jamais viu ou poderá ver";
"eterno, imutável e invisível". O paganismo em seu culto e prática
era formal,
externo, cerimonial e local; Cristo ensinou que daí em diante a religião aceita
seria somente a espiritual. "Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade, porque são estes que o Pai procura para que o
adorem."
O paganismo era essencialmente
sacerdotal.
O Cristianismo
ensina que não é mais necessário um sacerdócio medianeiro e sacrificador; que Cristo abriu um "caminho
novo e vital" de acesso a Deus e convida a todos os seus seguidores a
chegarem-se a Ele diretamente por Cristo. O paganismo, como o judaísmo, impunha
continuamente, por qualquer transgressão, sacrifícios sem conta; o Cristianismo ensina que
"Cristo foi uma só vez imolado para tirar os pecados de muitos", e
que "com uma só oferenda fez perfeitos para sempre aos que tem santificado".
Cristo substituiu os ritos, e as oferendas cruéis, custosas e enfadonhas,
pela fé, operando por amor a Deus e aos homens.
Em lugar do perdão comprado, o único alcançado entre os
pagãos, por meio de oferendas custosas, Cristo ofereceu salvação e perdão gratuitos ao mais pobre, "sem
dinheiro e sem preço". Enquanto o paganismo só introduzia os abastados, os sábios, e os grandes
nos seus
mistérios, Cristo
mandou que a sua mensagem
fosse levada especialmente aos pobres, aos pecadores e aos simples, e isso mesmo Ele fez. Longe de sancionar a imoralidade ou a sensualidade, que o paganismo animava e
desenvolvia, Cristo ensinou que até os pensamentos do coração, deveriam ser vigiados e
regulados, e que a condescendência com a emoção pecaminosa era equivalente ao
pecado em ação; e pronunciou a sua bênção e a promessa da visão espiritual aos
"limpos de coração".
Longe de permitir a crueldade,
Cristo ensinou: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles
alcançarão misericórdia." Longe de louvar a vingança ou o ódio tão comuns entre os pagãos,
Cristo ensinou a doutrina até então nunca ouvida. "Eu vos digo: amai a vossos inimigos, fazei bem
aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam." Ele
próprio guiou-nos neste difícil caminho orando pelos seus algozes: "Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." Longe de justificar o assassinato em represália, coisa tida
como meritória entre os pagãos, Cristo ensinou que, quem se irar contra seu
irmão, sem motivo plausível, ou o insultar, merece o fogo do Inferno.
Recapitulando: A guerra,
agressiva ou vingativa; o derramamento de sangue, o roubo, a opressão, a
escravidão -quase toda a prática do paganismo - Cristo condenou sem reservas.
Cristo cortou pela raiz todas as desculpas para tais práticas, pelo mandamento:
"Tudo que quereis que os homens vos façam, fazei vós também". E quando
alguém lhe perguntou pela definição do termo próximo, Cristo respondeu, por meio
duma parábola: "O teu maior inimigo" (17).Eis um pequeno e
imperfeito esboço dos fatos ligados à fundação do Cristianismo e do caráter do
sistema assim chamado.
O Cristianismo diz aos
operários: Não considereis uma indignidade, mas uma honra, serdes chamados
trabalhadores. O trabalho é mais honroso que a ociosidade, ainda mesmo quando
ela seja engrandecida com títulos ou justificada com a riqueza. Deus mostrou
respeito pelo trabalho
honesto, criando o homem capaz
de ser feliz com o trabalho e infeliz sem ele. Deus mandou o nosso comum
progenitor cuidar do jardim em que foi colocado e, acima de tudo, permitiu que
seu descendente, Jesus Cristo, passasse a maior parte da vida terrena numa
oficina de carpintaria.
Nunca creiais, trabalhadores,
em quem vos disser que Deus lançou sobre o homem a maldição do trabalho. A nossa estrutura muscular e
nervosa contradiz tal afirmação; a própria experiência dos homens a nega; e,
acima de tudo, a Palavra de Deus repudia essa asserção. A terra foi amaldiçoada, sim, pela
rebelião do homem. Há mais misericórdia que castigo no trabalho.
O Cristianismo, nascido na Judéia, muito breve chegou
a Roma, a metrópole do mundo. É desconhecido o tempo exato da sua chegada ali,
mas é provável que tivesse sido levado por alguns daqueles três mil cristãos (18),
fruto do sermão de Pedro no dia de Pentecoste, quando Pedro teve o privilégio
de anunciar o reino dos céus àquela multidão vinda de todas as nações que há
debaixo do céu (19). Estamos claramente informados de que havia
entre os seus ouvintes romanos, "tanto judeus como prosélitos", isto
é, judeus naturais de Roma e prosélitos do Judaísmo de entre os romanos. Seja
como for, está bem claro que havia cristãos em Roma durante o reinado de
Cláudio ou cerca do ano 52 de nossa era, isto é, dentro de vinte e cinco anos
depois da morte de Cristo, porque Suetônio, escritor pagão de Roma, diz que os
judeus fizeram tumultos em Roma, instigados por Cresto, (Cristo), cuja morte
ele, como pagão, desconhecia, e que, por isso, foram banidos pelo imperador
Cláudio (20). Este testemunho pagão concorda exatamente com a
declaração de Lucas (21), de que o apóstolo Paulo achara em Corinto,
na Grécia, "um judeu, por nome Áqüila, natural do Ponto, que pouco antes
havia chegado
da Itália, e Priscila, sua
mulher, devido a Cláudio ter mandado sair de Roma a todos os judeus". Que
Áqüila e Priscila eram judeus cristianizados, antes de sua saída de Roma, não pode haver dúvida,
porque não é mencionada a sua conversão em Corinto; eles associaram-se a Paulo
no seu trabalho diário de fazer tendas; foram eles que ensinaram a Apoio mais
particularmente o caminho do Senhor ; auxiliaram Paulo nos seus trabalhos
apostólicos e tinham uma igreja em sua casa (22).
O Cristianismo tinha-se
estabelecido em Roma no reinado de Cláudio - vinte e cinco anos depois da morte
de Cristo. Uns cinco ou seis anos mais tarde, cerca dos anos 57 a 59 de nossa
era, o apóstolo Paulo escreveu uma carta aos cristãos em Roma, chamada por nós
"Epístola aos Romanos". Nessa carta fala do seu forte desejo de os
visitar e agradece a Deus porque "em todo o mundo é divulgada a vossa
fé" (23). E na parte final da carta manda saudações cristãs a
muitas pessoas e famílias, o que evidencia que o Cristianismo não podia ter
sido ali recentemente estabelecido, pois, então, já havia feito progresso.
Pode não ser de muita importância determinar o período exato em
que a religião de Cristo começou a ser conhecida em Roma; porém, cremos que
será interessante
mostrar a
ocasião e a oposição que adveio no reinado de Cláudio quando considerarmos a
situação das Catacumbas, e combinar os fatos com as circunstâncias concernentes
à primeira chegada de Paulo à cidade imperial. Cerca de dois anos depois da
data da sua carta, Paulo visitou Roma, como prisioneiro, para julgamento, por
ter apelado para Nero, o imperador romano.
Se tivermos diante de nós um
mapa do Mediterrâneo, poderemos traçar o curso da viagem de Paulo a Roma, como
nos informa o último capítulo de Atos dos Apóstolos: De Melita ou Malta, onde
naufragou, a Siracusa, na costa da Sicília, onde se demorou três dias; daí a
Régio, porto meridional da Itália; depois a Puzolo e assim até a Via Ápia,
cerca de cinqüenta e seis
milhas e às "Três Vendas", cerca de trinta milhas de Roma. A Via
Ápia, era uma estrada que seguia ao sul de Roma. Note-se que irmãos cristãos
vieram encontrar-se com Paulo na Praça de Ápio (24), isto é, a uma
distância de cinqüenta e seis milhas de caminho, circunstância indicativa da
afeição destes novos cristãos pelo apóstolo. Ora, era na linha dessa Via Ápia,
percorrida por Paulo na sua viagem a Roma, que se encontravam muitas
Catacumbas - esconderijos dos cristãos primitivos.
Encarando a oposição ao
Cristianismo manifestada no reinado de Cláudio, a circunstância, narrada por
Paulo, de que ninguém assistiu a ele na sua primeira defesa, mas que todos o
desampararam quando teve de comparecer perante Nero (25), a presença
de judeus naquele mesmo lugar e tempo, e por terem os judeus não convertidos
dito: "o que nós sabemos desta seita, é que em toda a parte a
impugnam" (26),cremos que os cristãos, tendo ainda em conta a
sua própria segurança, começavam a buscar refúgio da antipatia popular, da
oposição judaica e da perseguição do governo romano nesses esconderijos
subterrâneos que se estendiam pelo menos até quinze milhas de Roma na
direção da Via Ápia. Isto, é claro, não passa de mera suposição; mas
poderia explicar como esses irmãos puderam encontrar com Paulo a uma distância
tão grande de Roma.
A tempestade da perseguição
aos cristãos, tão repetidamente predita pelo seu Senhor e Mestre, estava
prestes a começar. Antes do fim do reinado sanguinário do monstro Nero, eles,
sem dúvida, foram compelidos a refugiarem-se nessas covas e cavernas da terra (27).
Não é nosso propósito seguir a
história da Igreja Cristã de Roma nas suas lutas primitivas, nem narrar as
perseguições que ela sofreu; basta declarar que o primeiro caso bem fundado de
perseguição ocorreu sob o reinado de Nero, cerca do ano 64 da nossa era, após
a primeira visita de
Paulo a Roma. Tácito narra minuciosamente as circunstâncias;
e, sendo pagão, encara o grupo cristão debaixo desse ponto de vista. No décimo
ano do reinado de Nero, a cidade foi incendiada, ficando quase totalmente
destruída; o fogo durou oito dias e dos seus catorze departamentos somente
oito escaparam. Tal foi a indignação do povo que acusava Nero de ter lançado
fogo propositadamente, que ele, para se livrar da ira popular, atribuiu o crime
aos desprezados cristãos.
São estas as palavras de Tácito: "A infâmia
daquele horrível caso ainda pertencia a Nero. Para fazer desaparecer, sendo
possível, este rumor geral, Nero acusou a outros e puniu-os com torturas
violentas; acusou uma raça de gente detestada pelas suas diabólicas (?)
práticas, que era comumente conhecidos pelo nome de cristãos. O autor dessa
seita era Cristo, que no reinado de Tibério tinha sido punido de morte, como
criminoso, pelo procurador Pôncio Pilatos. A princípio só prendiam os que se
apresentavam como seguidores dessa seita, depois, prenderam uma grande multidão que descobriram, e todos foram
condenados à morte, não tanto pelo crime de incendiarem a cidade, mas por serem
considerados inimigos do gênero humano.
Executavam-nos de maneira a
expô-los ao escárnio e ao desprezo. Alguns eram cobertos de peles de animais
selvagens para serem dilacerados pelos cães, outros crucificados; enquanto
outros, untados
de matéria combustível, eram colocados à noite como lampeões e assim morriam
queimados. Para estes espetáculos Nero cedia os seus jardins e ao mesmo tempo
promovia aí diversões de circo, até que, afinal, estes homens, ainda que
realmente criminosos e merecendo castigo exemplar, começaram a atrair comiseração
como povo que estava sendo destruído, não tanto por causa do bem público, mas
para saciar a crueldade de um homem" (28).
Na sua segunda visita a Roma,
Paulo foi morto por Nero(29). Desta data em diante, a história
identifica os cristãos de Roma com as Catacumbas. As perseguições reproduziam-se
periodicamente, sob diferentes imperadores, durante alguns séculos; muitos dos
editos autorizando as perseguições começam por proibir a entrada e o refúgio
nestes esconderijos, como nos escritos de Valeriano e Galieno. Mas, ao terminar
uma das perseguições, Galieno concedeu aos cristãos uma licença formal para
voltarem às Catacumbas (30).
Mas já é tempo de introduzir
os nossos leitores nas Catacumbas (berço do Cristianismo em Roma), de tomá-los
pela mão e guiá-los nas sinuosidades, explicando-lhes o que parecer misterioso;
tirando lições, à medida que prosseguirmos, e terminando com as reflexões
morais que as circunstâncias apresentarem. A palavra Catacumba significa, literalmente, uma
cavidade subterrânea, mas a aplicação deste vocábulo tem-se limitado a
subterrâneos usados para sepulturas, chegando-se a usar, para tais fins, extensas
pedreiras nas proximidades de muitas cidades grandes. Assim, em Siracusa,
Alexandria, Nápoles e Paris, como também em Roma, existem escavações que foram
usadas como sepulturas. As de Roma, contudo, excedem todas as outras por sua
extensão, e excedem-nas bastante em interesse, também.
Nos últimos dias da República
e durante o reinado dos primeiros Césares, a cidade de Roma cresceu muito em
extensão e magnificência. A glória de Augusto é ter "achado Roma tijolo,
e a deixado mármore". Exploraram em muitos lugares as pedreiras que
circundavam a cidade para tirarem o material necessário a obras públicas.
Essas
cavidades, especialmente as do morro Esquiline, das
quais retiravam areia - não devem ser confundidas com as chamadas
"Catacumbas Cristãs". É claro que elas nunca foram cemitérios
cristãos: eram apenas sepulturas de pagãos.
No período referido era
costume entre os romanos cristãos queimar os seus mortos e conservar somente
as cinzas em urnas. Àqueles, porém, que pereciam nas mãos da justiça, ou vítimas
do raio ou que se suicidavam, eram-lhes negados os ritos usuais de cremação.
As classes mais baixas do povo e os escravos não podiam pagar as honras de uma
pira fúnebre. Os seus corpos, portanto, eram lançados sem cerimônia dentro dos
poços de areia, onde se putrificavam, com pesar dos habitantes de Roma, por
causa do mau cheiro. Esses poços chamavam-se por isso, puticuloe, provavelmente de putesco, putrefazer. Estes poços
esquilínios, evidentemente, foram cobertos no reinado de Augusto (31),
antes da introdução do Cristianismo em Roma, e, portanto, contêm somente
cadáveres de pagãos, não havendo necessidade de a eles nos referirmos mais
nestas páginas.
Voltamos agora às Catacumbas,
as galerias escavadas, que eram usadas como esconderijos ou sepulturas exclusivamente
por cristãos, como se depreende das inscrições e do fato de serem os mortos
enterrados ali inteiros, separadamente, em loculi ou sepulturas cavadas, e não reduzidos a cinzas ou
amontoados em buracos ou poços, como o eram os pagãos. Começaremos a nossa
jornada tomando uma das estradas reais que saem de Roma - a Via Flamínia, a Via
Ostiensis ou talvez, a melhor de todas, a Via Ápia, e visitaremos a extensa
catacumba chamada S. Sebastião, que fica naquela parte.
Entramos por um portal baixo,
escuro, sobre uma nave que se ramifica em várias direções, perdendo-se na
escuridão que abrange todos os objetos à distância de poucos metros. Porém,
acenderemos as nossas velas e tochas e pros-
seguiremos com cuidado, acompanhados por um guia que
conheça alguma coisa das sinuosidades intrincadas daquele labirinto.
As galerias muitas vezes têm
dois ou três metros de altura e, de um a dois, de largura, porém algumas vezes
são menos espaçosas. Ao redor de nós, fileira sobre fileira, em sucessão sem
fim, se observam túmulos roubados do seu conteúdo ou dos quais foram tirados os
ladrilhos ou placas que os fechavam; aqui está um maior que os outros - é um bisomus (M) ou sepultura
para dois cadáveres; ali um corredor (ou galeria) ramifica-se para a esquerda
- não é seguro atravessá-lo, porque se têm desprendido grandes blocos da
abóbada; medida de precaução, visto alguns estranhos terem-se desviado e
perdido, não havendo mais notícias deles. Chegamos a uma parte da galeria tão
cheia de lixo, que precisamos andar de gatinhas se quisermos explorar alguma
coisa a mais nessa direção.
Encontramos uma escada lúgubre
e perigosa, que conduz a um labirinto de galerias e criptas mais para baixo.
Se explorarmos estas, encontraremos o terceiro e algumas vezes o quarto grupo
de escavações, umas por baixo das outras. Acha-se aqui um lugar mais largo,
espécie de sala ou átrio, donde se ramificam quatro galerias. O teto desse
átrio acha-se um pouco abobadado e existe uma corrente que em algum tempo
susteve uma lâmpada. Aqui estão os túmulos mais em ordem e com inscrições que
se referem a homens e mulheres santas e com esculturas primitivas e desenhos
simples de assuntos bíblicos.
É o lugar de ajuntamento onde
os cristãos primitivos se reuniam para adorarem ao seu Deus e Salvador. Mas o
que será que faz o ar mais fresco e a respiração mais fácil neste lugar? A
atmosfera não está tão quente, abafadiça e em-poeirada. Vede, lá em cima há uma
abertura e de lá vem alguma luz; é uma das luminárias cripta, ou poços, que iluminavam e
ventilavam estas moradas subterrâneas e que ainda se encontram, com intervalos,
perfurando o solo
ao redor de Campagna, perto de
Roma. Elas indicam a extensão e a direção das galerias subterrâneas.
Com satisfação subireis agora
para o ar livre enquanto vos conto alguma coisa da extensão destas catacumbas. Alguns dos
cemitérios contêm galerias que se estendem provavelmente a três ou quatro
quilômetros, com ramais em diferentes direções. Diz um viajante alemão do
século passado que visitar todas as partes das Catacumbas de S. Sebastião, seria
encarregar-se de dar um passeio de mais de trinta quilômetros, parecendo a ele
que, se somasse o comprimento de todos os corredores, criptas e galerias, poderia
chegar a cento e sessenta quilômetros nesta Roma subterrânea. E no tempo em que
ele visitou as Catacumbas, já muitas galerias estavam fechadas, por terem
morrido algumas pessoas que por ali se tinham perdido (33).
No ano de 1798, um grupo de
oficiais franceses, discípulos ateus de Voltaire e Rousseau, visitaram as
Catacumbas. Embriagaram-se nas criptas sepulcrais e cantaram os seus hinos
bacanais entre os cadáveres dos cristãos, e um deles, um jovem oficial de
cavalaria, "que não temia a Deus, nem ao diabo, pois não cria nem num, nem
noutro", resolveu explorar as galerias mais remotas. Mas perdeu-se e foi
abandonado pelos seus companheiros. A sua imaginação excitada exagerou os
horrores naturais da situação. Andando às apalpadelas na escuridão, ele não
tocava senão em paredes úmidas ou em ossos antiquados, que lhe produziam
arrepios horrorosos. Via-se condenado a ficar assim enterrado vivo. O seu
ceticismo desapareceu nesta hora de perigo: já não podia mais rir-se da morte
como um sono eterno. A sua alma ficou cheia de um temor solene. Aquele oficial
foi salvo no dia seguinte, mas ficou doente por muito tempo. Quando, porém, se
levantou, estava outro inteiramente. Morto na batalha de Calábria, sete anos
depois, acharam perto do seu coração um exemplar do Evangelho.
Ainda em 1837, um grupo de
estudantes, com o seu professor, perfazendo ao todo, dizem, trinta pessoas,
entrou
nas Catacumbas numa excursão em dia feriado, e perderam-se
naquele labirinto. Fez-se depois uma busca rigorosa, mas sem resultado algum.
É claro que ainda não foram
descobertas e exploradas todas as Catacumbas; durante a ocupação de Roma pelos
franceses foram feitas novas descobertas e ainda hoje continuam a ser feitas.
Um abalizado arquiteto francês trouxe para Paris grandes coleções de desenhos
de obras de arte, que foram depois publicados pelo governo francês.
Withrow declara, na sua
recente obra, que se conhecem nada menos de quarenta e dois cemitérios,
subterrâneos semelhantes, muitos dos quais apenas parcialmente acessíveis.
Michele de Rossi, de um acurado reconhecimento que fez nas Catacumbas de
Calixto, computa o comprimento total de todos os corredores daquelas
Catacumbas em oitocentos e setenta e seis quilômetros, ou seja, muito mais que
todo o comprimento de Portugal, de norte a sul (34). Isto mostra que
a Roma subterrânea é maior em extensão que a moderna cidade dos Césares.
À primeira vista, é difícil
calcular o vasto número de pessoas, todas cristãs, que acharam sepultura sob a
cidade e arredores, em Campagna. Withrow diz: "Acharam-se cerca de setenta
mil inscrições; porém é uma pequena fração do todo, pois só uma pequena parte
desta metrópole foi explorada". O padre Marchi calcula em dez, cinco de
cada lado, o termo médio de sepulturas por cada sete palmos de galeria. Sobre
esta base, computou em sete milhões o número total das Catacumbas. O cálculo
mais apurado, feito por Rossi, é cerca de quatro milhões de sepulturas. É espantoso!
Lembremo-nos, porém, de que durante trezentos anos, ou dez gerações, toda a população
era, ainda mesmo no período primitivo, dum número considerável. No tempo das
perseguições, também os cristãos eram levados em multidões, para os túmulos.
Nesta silenciosa cidade dos mortos, vemo-nos cercados por uma "poderosa
nuvem de testemunhas", uma multidão que ninguém pode contar, cujos nomes,
desprezados na terra, que foram inscritos no
Livro da Vida. Para cada habitante que hoje pisa o solo de Roma há
centenas de habitantes primitivos, cada um na sua tumba, até que venha o dia do
arrebatamento.
Agora vamos tratar do uso e conteúdo das Catacumbas.
Eram
usadas, como já foi dito, para refúgio nas perseguições que, começando no
tempo de Nero, contra os primeiros seguidores de Cristo, continuaram com intervalos,
durante os três primeiros séculos, até terminarem no ano 311 por um edito de
Galério. Este imperador estava atacado de uma terrível e incurável doença, que
nem os médicos nem os ídolos pagãos tinham podido aliviar. Mandando pedir aos
cristãos para orarem por ele, proclamou o edito, que terminou a perseguição
paga contra o Cristianismo no império romano. Durante todo aquele longo período,
estas cavernas e galerias foram usadas como lugares de sepultura de cristãos
romanos, muitos dos quais também ali residiam durante o período em que a fé em
Cristo era proscrita e perseguida.
Depois da proclamação do edito
de Galério e da profissão do Cristianismo por Constantino, pouco tempo depois,
seguiu-se, necessariamente grande mudança quanto ao uso das Catacumbas. Os
cristãos, não mais uma religião proscrita e perseguida, saíram dos
esconderijos, para gozar a luz e respirar o ar puro; aqueles que daí em diante
visitaram as Catacumbas o fizeram por um sentimento de veneração pelos
mártires e pelas pessoas santas, cujos corpos estavam lá enterrados, e, com um
grau de superstição facilmente compreendido, faziam cultos nos túmulos, nas
capelas das Catacumbas, rodeados pelos restos mortais dos outros cristãos.
Outros procuravam para os seus mortos queridos uma sepultura entre os túmulos
dos cristãos perseguidos, que consideravam com tanta veneração.
Estamos, portanto, preparados
para encontrar duas classes de monumentos na nossa visita às Catacumbas: Os que
foram construídos pelos cristãos indefesos durante os primeiros três séculos, e
os que foram colocados nas Catacumbas durante o tempo da tolerância e do
estabelecimento do Cristianismo pelos que as visitaram para ornamentar os
túmulos e capelas em honra dos mártires. Entre os primeiros
esperamos encontrar provas de
uma fé pura, primitiva e incorrupta, ao passo que entre os últimos, não devemos
ficar surpreendidos se encontrarmos indicações daquela decadência da fé e das
práticas primitivas que distinguiu a era de prosperidade material da Igreja,
tão evidente e notada nos séculos subseqüentes.
O estabelecimento do Cristianismo em Roma foi logo seguido
pela erupção daquelas hordas bárbaras que derribaram a cidade de Roma em busca
de tesouros, e saquearam, as sepulturas das Catacumbas até onde elas eram acessíveis.
Perdeu-se todo o conhecimento das suas sinuosidades; somente os bandidos e os
ladrões utilizavam-se delas, transformando-as num lugar de terror para os
pacíficos. A guerra, a comoção intestina e o desacordo social continuaram por
muitos séculos em Roma. Com o aumento e excessiva vegetação resultantes
perderam-se as entradas das Catacumbas. De tempos em tempos algumas eram tapadas
com paredes para não serem usadas por ladrões ou conspira dores contra o
governo.
Apesar de tudo isso, um mar de
luz tem caído sobre as Escrituras Sagradas durante os últimos cem anos. A Assíria,
com as suas mais antigas capitais - a cidade de Ninrode, o grande caçador -
deixou-nos conhecer a sua história e a sua língua há muito perdidas. O Egito
descobriu-nos os seus segredos escritos em hieróglifos e em letras hieráticas e
confirmou, em muitos pontos importantes, as declarações das Escrituras quanto
à terra dos Faraós! Sepultadas por séculos, estas testemunhas levantaram-se dos
seus túmulos para testificar a autenticidade e a exatidão dos escritos
inspirados.
Mas uma nova ressurreição
verificou-se no período mais negro da Igreja Cristã: a terra abriu o seu seio
dentro e a primitiva Igreja de Cristo saiu de sua sepultura de séculos, para
afirmar a pureza, beleza e poder do Cristianismo. A testemunha estava então
envolta nos mantos fúnebres de inacessíveis fortalezas, com inscrições em
línguas mortas, entendidas por poucos, mas despertou.
FONTE:
FONTE:
Scott, Benjamin.
S439c As Catacumbas de Roma / Benjamin Scott. - 4. ed. -
S439c As Catacumbas de Roma / Benjamin Scott. - 4. ed. -
Rio de Janeiro : Casa Publicadora das Assembléias de
Deus, 1982.
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