Título: Salvação e Justificação — Os pilares da
vida cristã
Comentarista: Eliezer Lira
Lição 4: A justificação pela fé em Cristo
Data: 22 de Janeiro de 2006
TEXTO ÁUREO
“Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o
pecado” (Rm 4.8).
VERDADE PRÁTICA
A justificação é mais do que perdão. O perdão remove a
condenação do pecado; a justificação nos declara justos, como se nunca
houvéssemos pecado contra Deus.
LEITURA DIÁRIA
1 - Segunda - Is 64.6
Nossa justiça — trapo de imundícia
2 - Terça - Sl 49.8
Justificação — um recurso divino
3 - Quarta - Sl 32.2
A justificação gera felicidade verdadeira
4 - Quinta - Rm 8.1
A justificação gera paz com Deus
5 - Sexta - Is 53.11
Cristo crucificado trouxe a justificação
6 - Sábado - Ef 2.8,9
A glória pela nossa salvação é só de Deus
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos 3.21-31.
21 - Mas, agora, se manifestou, sem a
lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas,
22 - isto é, a justiça de Deus pela fé em
Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem, porque não há
diferença.
23 - Porque todos pecaram e destituídos
estão da glória de Deus,
24 - sendo justificados gratuitamente
pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus,
25 - ao qual Deus propôs para propiciação
no seu sangue, para demonstrar sua justiça pela remissão dos pecados dantes
cometidos, sob a paciência de Deus;
26 - para demonstração de sua justiça
neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé
em Jesus.
27 - Onde está, logo, a jactância? É
excluída. Por qual lei? Das obras? Não! Mas pela lei da fé.
28 - Concluímos, pois, que o homem é
justificado pela fé, sem as obras da lei.
29 - É, porventura, Deus somente dos
judeus? E não é também dos gentios? Também dos gentios, certamente.
30 - Se Deus é um só, que justifica, pela
fé, a circuncisão e, por meio da fé, a incircuncisão,
31 - anulamos, pois, a lei pela fé? De
maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Definir a justificação de acordo com a Bíblia Sagrada.
- Distinguir a justiça divina da humana.
- Descrever as características da justificação divina.
SÍNTESE TEXTUAL
O texto da Leitura Bíblica em Classe divide-se em duas seções:
Exposição da doutrina da justificação (vv.21-26) e, insuficiência humana para
justificar-se (vv.27-31). Segue abaixo dez sentenças extraídas do texto bíblico
que sumarizam a doutrina da justificação.
1. A justiça manifestada no Antigo Testamento independe da lei
(vv.21,31);
2. A justiça de Deus se realiza mediante a fé em Cristo, a
favor de todos os que crêem (vv.22,29,30);
3. Todos pecaram, logo, todos necessitam da justificação em
Cristo (vv.23,24);
4. A justificação é gratuita por meio da graça e da redenção
que há em Cristo (v.24);
5. A base inamovível da justificação é a morte substituta e
expiatória de Cristo (v.25);
6. A morte vicária de Cristo satisfez a justiça de Deus
(v.25);
7. Deus é justo ao justificar quem vive da fé em Jesus
(v.26);
8. A fé é o meio pelo qual o homem alcança a justificação em
Cristo (vv.26-28);
9. Ninguém tem qualquer mérito para ser justificado à parte da
fé em Cristo (v.27);
10. A fé não anula a lei, mas a estabelece (v.31).
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Professor, como recurso didático para esta lição, use a tabela
de “efeito global” a respeito das bênçãos decorrentes da justificação. Esse
recurso é usado quando se deseja apresentar a relação de diversos fatores com um
mesmo tema. Na lição, temos um tema geral, a justificação, e, vários assuntos
vinculados ao mesmo. O gráfico abaixo apresenta essa correspondência em relação
às bênçãos advindas da justificação. Este recurso deve ser preferencialmente
usado no final do tópico “Características da Justificação Divina”.
COMENTÁRIO
introdução
Nesta lição, estaremos em contato com uma das mais sublimes
doutrinas das Sagradas Escrituras — a justificação pela fé em Cristo.
Em atitude de profundo agradecimento a Deus, curvemo-nos ante
Aquele, cuja morte justificou-nos diante do trono divino. E, agora, justificados
pela fé, temos paz com Deus através de nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1).
I. A JUSTIFICAÇÃO
1. A justificação é um ato divino. A justificação é uma
declaração de Deus, segundo a qual todos os processos da lei divina são
plenamente satisfeitos, por meio da justiça de Cristo, em benefício do pecador
que o recebe como salvador. Justificação significa mudança de posição espiritual
diante de Deus: de condenados para justificados. Esta é a única maneira do homem
ter comunhão com Deus, apresentando-se a Ele sem culpa.
A obra redentora resultante do sacrifício expiatório, efetuado
por Cristo na cruz, propiciou a maior de todas as dádivas de Deus — a salvação
do indigno e miserável pecador.
2. A justificação testificada pela lei e pelos profetas
(v.21). A justificação do pecador, mediante o sacrifício vicário de Cristo,
pode ser percebida por meio de várias profecias no Antigo Testamento (Is 53.11;
45.22-25; 61.10; Jr 23.6; 33.16; Sl 85.10; Gl 3.7). Em Gênesis 3.21, por
exemplo, encontramos uma nítida figura do propósito divino neste sentido. Deus
cobrira graciosamente a nudez de nossos primeiros pais, Adão e Eva, após terem
pecado. Outro exemplo digno de nota é o de Abraão que foi justificado por Deus
somente pela fé (Gn 15.6); fato transcendental que a Bíblia confirma em Romanos
4.3.
A lei mosaica não tinha a intenção de alcançar a justiça pelo
esforço humano, mas de revelar a justiça de Deus (Rm 8.4; 10.4,10; At 10.39). Os
sacrifícios da lei não visavam retirar os pecados, mas cobri-los temporariamente
até que Cristo viesse como o sacrifício perfeito e substitutivo (Êx 12.1-23; Jo
1.29). As ordenanças, rituais, sacrifícios e princípios de vida piedosa
ensinados no Antigo Testamento, embora divinamente inspirados, não podiam quitar
as “dívidas” da humanidade, e muito menos, transformar o perdido pecador num
justo.
II. A JUSTIÇA DE DEUS
1. A justiça de Deus na dispensação da graça. A
expressão “justiça de Deus”, na Epístola aos Romanos (1.17; 3.21,22) e em outras
passagens, refere-se ao tipo de justiça que o Senhor aceita para que o homem
tenha comunhão com Ele. Essa justiça resulta da nossa fé em Cristo segundo o
evangelho. Em outras palavras, a justiça é o próprio Cristo (1 Co 1.30; 2 Co
5.21; Fp 3.9).
Por ter sido um ardoroso representante do legalismo, Paulo não
cessava de enaltecer a manifestação da justiça divina em sua vida (Fp 3.4-6).
Não perdia a chance de enfatizar que é impossível ao homem justificar-se diante
de Deus através de suas próprias obras (Fp 3.9; Gn 2.16; Tt 3.5).
2. A justiça de Deus pela fé. Na Epístola aos Romanos,
capítulos 3 e 4, Paulo ensina que não há outro meio pelo qual o homem alcance a
salvação senão pela fé em Cristo. Por sua vez, o escritor aos Hebreus, no
capítulo 11 de sua epístola, mostra que somente pela fé o crente será vitorioso
em todos os sentidos.
Este mesmo princípio é encontrado em Romanos 4.5, onde a
Bíblia declara que quem “não pratica (boas obras), porém crê nAquele que
justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”.
III. CARACTERÍSTICAS DA JUSTIFICAÇÃO
DIVINA
1. A justiça divina alcança a todos. Assim como o
pecado tornou-se universal, a justificação destina-se a todos quantos queiram
ser salvos (Tt 2.11). A expressão “para que todo aquele que nele crê não pereça”
(Jo 3.16) abrange a todos, indistintamente.
Todos os que se arrependem de seus pecados e crêem em Jesus
como Salvador não perecerão, mas terão a vida eterna. E é tudo pela graça de
Deus, conforme está escrito: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm
5.20). Esta “multiforme graça” alcança de igual modo todas as pessoas de todas
as raças, culturas, níveis sociais, idades e circunstâncias (Jo 6.37). Ninguém é
bom o suficiente para se salvar, como também não é tão mau que não possa ser
salvo por Jesus.
2. A justiça de Deus é concedida gratuitamente mediante a
graça. Desde que Adão e Eva pecaram contra o Senhor, a lei não tem feito
outra coisa senão revelar a culpa universal do ser humano e a justiça do
Todo-Poderoso. A graça que procede do amor do Pai reina por meio da justiça,
como afirma Romanos 5.21.
É mediante o sacrifício de Cristo sobre a cruz, como perfeito
substituto do culpado, que Deus justifica o pecador, quando, arrependido, crê em
seu Filho para a salvação (Gn 3.13; 1 Pe 2.24; Rm 10.10). Esta é a maior
demonstração da justiça divina. O Altíssimo continua sendo justo mesmo
justificando um pecador (Rm 3.26).
3. É propiciada por Cristo (v.25). “Ao qual Deus propôs
para propiciação no seu sangue”. Propor significa “apresentar perante todos”, ou
seja, o Pai constituiu o Filho, feito homem perante o mundo, como Salvador da
humanidade (Jo 1.14; Mt 1.20-23; Gl 4.4,5).
“Propiciação” (v.25) é Cristo morrendo em lugar dos perdidos a
fim de salvá-los. É a remoção da ira divina por meio de uma oferta, de uma
dádiva.
O Tabernáculo com seus objetos, sacrifícios e sacerdócio
prefigurou como sombra, entre outros elementos da salvação, a propiciação. Onde
há sombra há realidade (Cl 2.16,17; Hb 10.1). Examine também: Sl 32.2; Mt 20.28;
Jo 1.29; Rm 4.7,8; 1 Co 15.3; 2 Co 5.19,2; 1 Jo 2.2; 4.10. Propiciação é uma
referência ao propiciatório. Este encontrava-se no Lugar Santíssimo do
Tabernáculo onde o sumo sacerdote entrava apenas uma vez por ano, no Dia da
Expiação, para sacrificar em favor do povo. Ali, ele aspergia o sangue expiador
do sacrifício como símbolo da quitação ou remissão correspondente ao castigo de
seus pecados e dos pecados do povo.
Jesus é o verdadeiro Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo (Is 53; Jo 1.29; Lc 23.46; Gl 4.4,5). Foi Deus que estabeleceu todas as
coisas concernentes a Jesus, a fim de salvar-nos (At 2.23). Expiação tem a ver
com o pecado; propiciação, com a atitude de Deus para com o pecador arrependido;
e redenção, com a pessoa do pecador. Tudo efetuado por Deus em Cristo (1 Tm 2.6;
1 Pe 1.18,19; At 20.28).
4. É outorgada por Deus. A justificação do pecador
perante Deus procede da sua graça (Rm 3.24) . Ela foi efetuada e é garantida
pelo sangue de Jesus, como sua base (Rm 5.9). É obtida através da nossa fé em
Cristo (Rm 3.28); a fé sem as obras humanas é o meio estipulado por Deus para
nossa justificação (Gl 2.16). A ressurreição de Cristo é a garantia da
perenidade de nossa justificação (Rm 4.25). Se alguém deseja ser justificado e
sair da lista dos que estão sob a ira de Deus, deve crer em Cristo (Rm 1.16,17;
3.3,21,22). O único requisito estabelecido por Deus para que o pecador seja
justificado é que venha a Cristo pela fé, aceitando-o como seu único
Salvador.
IV. A MENSAGEM PROVENIENTE DA CRUZ DE
CRISTO
1. Salvação sem vanglória e méritos humanos. Visto que
a nossa salvação consiste somente na obra redentora de Cristo consumada na cruz,
o homem não tem motivo algum para se vangloriar porque “nenhum outro nome há,
dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”, a não ser o nome de Jesus
(At 4.12).
2. Salvação oferecida a todos. A preservação da vida de
Raabe e sua família (Hb 11.31); a bênção sobre a vida de Rute (Rt 4.13-22); e a
cura de Naamã (2 Rs 5.1-14), são apenas alguns exemplos de que Deus é Senhor e
abençoador de todos. Ele quer salvar a todos (Tt 2.11; Mt 11.28; Jo 6.37; Ef
4.6). O profeta Jonas testificou que Deus é misericordioso para aceitar a
qualquer um que se arrependa de seus pecados (Jn 4.2). O Evangelho de João 1.12
confirma este propósito de Deus: salvar a todos (Jo 1.12). Jesus também o
declarou (Jo 3.17; 5.24). Infelizmente, muitos são os que rejeitam o convite da
graça de Deus e acabam por desprezar a Cristo, acarretando sobre si a ira
divina.
CONCLUSÃO
O castigo divino pelo pecado não poderia ser protelado
indefinidamente. A justiça divina concernente aos delitos do homem deveria ser
satisfeita. Assim, Cristo veio e satisfez em definitivo nossa dívida no
Calvário, tornando-nos, a todos os que cremos nEle, justificados perante
Deus.
VOCABULÁRIO
Perenidade: Que não acaba;
eterno.
Transcendental: Muito elevado, que ultrapassa a nossa capacidade de conhecer.
Transcendental: Muito elevado, que ultrapassa a nossa capacidade de conhecer.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
HORTON, S. M. Teologia Sistemática. RJ: CPAD, 1996.
EXERCÍCIOS
1. O que é a
justificação?
R. A justificação é
uma declaração de Deus, segundo a qual todos os processos da lei divina são
plenamente satisfeitos, por meio da justiça de Cristo.
2. Como se obtém a
justificação diante de Deus?
R. Pela fé em Cristo
Jesus.
3. Quais as
características da justificação divina?
R. Alcança a todos; é
concedida gratuitamente mediante a graça, propiciada por Cristo e outorgada por
Deus.
4. Que significa dizer
que a justificação é propiciada por Cristo?
R. Significa dizer que
Cristo morreu em nosso lugar, a fim de salvar-nos.
5. Por que a salvação não
pode ser obtida por méritos humanos?
R. Para que o homem
não tenha motivo para se vangloriar.
AUXÍLIOS SUPLEMENTARES
Subsídio
Teológico
“A Justificação
Assim como a regeneração leva a efeito uma mudança em nossa
natureza, a justificação modifica a nossa situação diante de Deus. O termo
‘justificação’ refere-se ao ato mediante o qual, com base na obra infinitamente
justa e satisfatória de Cristo na cruz, Deus declara os pecadores condenados
livres de toda a culpa do pecado e de suas conseqüências eternas, declarando-os
plenamente justos aos seus olhos. O Deus que detesta ‘o que justifica o ímpio’
(Pv 17.15) mantém sua própria justiça ao justificá-lo, porque Cristo já pagou a
penalidade integral do pecado (Rm 3.21-26). Constatamos, portanto, diante de
Deus como plenamente absolvidos.
Para descrever a ação de Deus ao justificar-nos, os termos
empregados pelo Antigo Testamento (heb. tsaddiq: Êx 23.7; Dt 25.1; 1 Rs 8.32; Pv 17.15) e
pelo Novo Testamento (gr. dikaio: Mt 12.37; Rm
3.20; 8.33,34) sugerem um contexto judicial e forense. Não devemos, no entanto,
considerá-la uma ficção jurídica, como se estivéssemos justos sem, contudo,
sê-lo. Por estarmos nEle (Ef 1.4,7,11), Jesus Cristo tornou-se a nossa justiça
(1 Co 1.30). Deus credita ou contabiliza (gr. logizomai) sua justiça em nosso favor. Ela é
imputada a nós.
Em Romanos 4, Paulo cita dois exemplos do Antigo Testamento
como argumento em favor da justiça imputada. A respeito de Abraão, diz que ‘creu
ele no Senhor, e foi-lhe imputado [heb. chashav] isto por justiça’ (Gn 15.6). Isto ocorreu
antes de Abraão ter obedecido a Deus no tocante a circuncisão, sinal da aliança.
De modo talvez ainda mais dramático, Paulo cita Salmos 32.2, no qual Davi
pronuncia uma bênção sobre ‘o homem a quem o Senhor não imputa maldade’ (Rm 4.8;
2 Co 5.19) [...]” (PECOTA, Daniel B. A obra salvífica de Cristo. In
HORTON, S. M. Teologia Sistemática. RJ: CPAD, 1996, p.372).
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