SUBSIDIO ELABORADO PELO EVANGELISTA: NATALINO ALVES DOS ANJOS. PROFESSOR NA E.B.D e PESQUISADOR. MEMBRO DA IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS MISSÃO - CAMPO DE GUIRATINGA - MATO GROSSO
Lições Bíblicas CPAD
- Adultos
Título: A Igreja e o seu Testemunho — As ordenanças de
Cristo nas cartas pastorais
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 10: O líder diante da chegada da morte
Data: 6 de Setembro de 2015
TEXTO ÁUREO
“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”
(2Tm 4.7).
VERDADE PRÁTICA
A morte do crente não é o fim, mas a passagem para a
glória eterna, na presença de Deus.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — At 9.15,16
Paulo, um vaso escolhido por Deus para pregar aos gentios
Terça — Jd 3
Batalhando pela fé que uma vez nos foi dada
Quarta — Cl 1.29
Combatendo com eficácia o bom combate
Quinta — Fp 3.13,14
Esquecendo as coisas que já passaram
Sexta — Ap 3.11
Guardando o que Deus concede para que ninguém tome
Sábado — Êx 33.14
A presença de Deus traz tranquilidade
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
2 Timóteo 4.6-17.
6 — Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de
sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
7 — Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a
fé.
8 — Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a
qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também
a todos os que amarem a sua vinda.
9 — Procura vir ter comigo depressa.
10 — Porque Demas me desamparou, amando o presente
século, e foi para Tessalônica; Crescente, para a Galácia, Tito, para a
Dalmácia.
11 — Só Lucas está comigo. Toma Marcos e traze-o contigo,
porque me é muito útil para o ministério.
12 — Também enviei Tíquico a Éfeso.
13 — Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em
casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos.
14 — Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o
Senhor lhe pague segundo as suas obras.
15 — Tu, guarda-te também dele, porque resistiu muito às
nossas palavras.
16 — Ninguém me assistiu na minha primeira defesa; antes,
todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado.
17 — Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que,
por mim, fosse cumprida a pregação e todos os gentios a ouvissem; e fiquei
livre da boca do leão.
HINOS SUGERIDOS
141, 500 e 614 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Desenvolver uma consciência bíblica a respeito da chegada
da morte.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o
professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao
tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Mostrar que, para o crente, a chegada da morte não
traz desespero.
II. Explicar o sentimento de abandono do apóstolo Paulo.
III. Conscientizar o aluno da certeza da presença de
Cristo nas aflições.
INTERAGINDO COM O
PROFESSOR
Segundo as Escrituras, a morte se manifesta numa
consciência de vitória na hora de uma aparente derrota: “Alegrai-vos no fato de
serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da
sua glória vos regozijeis e alegreis” (1Pe 4.13). Para o crente, a morte não é
o fim, mas o início de uma vida nova, onde a certeza de que “o aguilhão” da
morte já foi retirado e que agora é um passaporte oficial para a vida eterna
com Jesus Cristo (1Co 15.55). Claro que a experiência da separação traz dor, angústia
e tristeza a qualquer ser humano. O luto chega de forma inesperada na vida de
qualquer pessoa que sofre a perda de um ente querido. Mas devemos viver as
promessas do Mestre na área da perda humana, conforme Ele nos ensinou: “Quem
crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11.25). Um dia nosso corpo será
completamente arrebatado do poder da morte (Rm 8.11; 1Ts 4.16,17).
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Paulo tem consciência de que seu ministério está chegando
ao fim. A segunda Epístola a Timóteo, na verdade é uma forma, comovente, de
dizer adeus ao seu “amado filho” e à Igreja do Senhor. Paulo exorta Timóteo a
respeito da responsabilidade que é estar na liderança de uma igreja e faz uma
revisão do caminho que havia percorrido em sua jornada com o Salvador: “Combati
o bom combate” (2Tm 4.7). Paulo não estava pesaroso com a partida, pois suas
dores e sofrimentos, com certeza, foram esquecidos, diante da certeza de que
fez um bom trabalho e que cumpriu a missão para qual fora designado pelo
Senhor.
A morte é inevitável. Um dia líderes e liderados terão
que enfrentá-la, porém, o que faz a diferença é a maneira como a encaramos.
PONTO CENTRAL
Embora a morte traga abatimento para os crentes, os
discípulos de Jesus não se desesperam diante dela, pois têm uma certeza em
Cristo: de que para sempre estaremos com o Senhor.
I. A CONSCIÊNCIA
DA MORTE NÃO TRAZ DESESPERO AO CRENTE FIEL
1. Seriedade diante da morte. Enquanto Timóteo ainda era
um jovem obreiro, Paulo já estava idoso (Fm 1,9), e tinha consciência de que
estava no fim de sua longa, sacrificada e honrosa missão (v.6). Paulo assegura
que seu sangue seria derramado como uma oferta de libação. Esta era uma oferta
de caráter voluntário, “de cheiro suave ao Senhor” (Lv 2.2). Segundo a Bíblia
de Aplicação Pessoal, “libação era uma oferta líquida e consistia em derramar
vinho sobre o altar como um sacrifício a Deus”. Não era uma oferta pelos
pecados, mas uma oferta de gratidão ao Senhor.
2. A certeza da missão cumprida (vv.7,8). No texto, que
indica a consciência da proximidade da partida para a eternidade, queremos
destacar três aspectos:
a) “Combati o bom combate”. Todos os apóstolos de Jesus
eram homens que combatiam “pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). Mas
nenhum teve tantas oposições e ameaças quanto Paulo. Foi um obreiro muito
perseguido, mas nunca desistiu da luta espiritual em prol do evangelho (1Tm
1.20; 2Tm 3.11,12; 4.14 ). Que você também não desista diante das dificuldades
e oposições.
b) “Acabei a carreira”. O texto indica que Paulo se
referia à “pista de corrida”, das competições em Atenas e em Roma. Em sua
carreira ou “corrida”, ele diz que não olhava para trás, mas para as coisas que
estavam diante dele, prosseguindo “para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação
de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13,14). Muitos começam a carreira da vida cristã
bem, mas desistem ou recuam ante os obstáculos e os problemas que surgem. O
pastor de uma igreja não pode se acovardar diante das dificuldades, mas firmado
em Cristo precisa prosseguir até o final.
c) “Guardei a fé”. Isso quer dizer que Paulo foi fiel a
Deus, em todas as circunstâncias de sua vida cristã. Ele não se embaraçou “com
os negócios dessa vida” e militou legitimamente (2Tm 2.4,5). Guardar a fé
significa guardar a fidelidade a Cristo e a seus ensinamentos. O crente precisa
guardar a fé até o seu último momento de vida. Paulo ensinou a Timóteo e à
Igreja do Senhor a respeito desse cuidado. O crente é consolado pela fé (Rm
1.12); a justiça de Deus é pela fé (Rm 3.22); o homem é justificado pela fé (Rm
3.28; 5.1; Gl 2.16); o justo vive pela fé (Gl 3.11); a salvação é pela fé em
Jesus (Ef 2.8). Paulo sabia o que era lutar e guardar a “fé que uma vez foi
dada aos santos” (Jd 3).
SÍNTESE DO TÓPICO
(I)
A vida do apóstolo Paulo é um exemplo de seriedade cristã
diante da morte e uma certeza da missão cumprida.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, em muitas das suas cartas, o apóstolo Paulo
afirmava que estava morto para o mundo e vivo no serviço de Cristo (Fp 1.21-23;
2Co 5.2). Entretanto, o tom presente nesta segunda carta a Timóteo parece mais
grave e mais sério. Neste trecho da epístola, há algumas formas literárias que
ajuda-nos a descrever a gravidade desse tom na epístola, bem como em outras
semelhantes: 1) o reconhecimento de que a morte está próxima; 2) advertências
sobre a vinda dos falsos doutores; 3) a designação de sucessores para continuar
a tradição apostólica; 4) a correta interpretação de pontos controversos.
Assim, é possível perceber a típica forma de Paulo se comunicar neste momento
de sofrimento: “oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé”
(Fp 2.17); “Combati o bom combate e terminei a carreira” (2Tm 4.7). Então, a
sua última realização foi: “guardei a fé”. O apóstolo sabia que restava pouco
tempo de vida.
Sugerimos que você repasse essa explicação aos alunos,
logo depois de expor o primeiro tópico da lição.
II. O SENTIMENTO DE ABANDONO
1. O clamor de Paulo na solidão. No início da Segunda
Carta, Paulo já havia demonstrado que sentia muito a falta de Timóteo: “[...]
desejando muito ver-te [...]” (1.4). No final da epístola, vemos a súplica de
Paulo ao seu filho na fé: “Procura vir ter comigo depressa” (4.9). Ele também
revela o porquê de sua pressa em rever seu filho na fé. Vejamos:
a) Demas o desamparou. “Porque Demas me desamparou,
amando o presente século, e foi para Tessalônica” (2Tm 4.10). Demas era um dos
cooperadores de Paulo (Cl 4.14; Fm 24). Porém, será que ele havia se desviado?
Não sabemos ao certo. O texto bíblico mostra que ele abandonou Paulo quando
este precisava muito de sua ajuda. O versículo também afirma que no momento,
Demas amava mais o “presente século” do que o amigo e irmão em Cristo. Os
momentos de adversidade revelam aqueles que são realmente amigos e que nos amam.
b) Só o médico amado ficou com Paulo. Tíquico foi mandado
para Éfeso (4.12) e só Lucas ficou junto de Paulo (4.11). Lucas, “o médico
amado” (Cl 4.14), escritor do livro de Atos dos Apóstolos e cooperador do
apóstolo (Fm 24), fez-se presente, dando toda assistência a Paulo. Sem dúvida
alguma, fora providência de Deus. Em idade avançada (Fm 9), Paulo precisava de
cuidados médicos, físicos e emocionais. E ali estava o doutor Lucas, seu amigo,
que não o desamparou.
2. A serenidade dos últimos dias. “Quando vieres, traze a
capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os
pergaminhos” (v.13). A prisão de Paulo se deu tão de repente que ele não teve
tempo para reunir suas coisas. Agora, aproximava-se o inverno (v.21), e Paulo
sentia a necessidade da capa que deixou na casa de Carpo e também dos livros.
Sabemos quão rigoroso é o inverno europeu. O texto também nos mostra que até o
fim de sua vida, Paulo se preocupou em ler e estudar. Tem você dedicado tempo
ao estudo da Palavra de Deus?
O seu julgamento, perante a justiça de Roma, poderia
demorar alguns dias ou meses. De qualquer forma, é um eloquente testemunho de
que o homem de Deus, quando está seguro com o Senhor, não teme a morte ou
qualquer outra adversidade.
3. Preocupações finais com o discípulo. Paulo alerta
Timóteo a respeito de “Alexandre, o latoeiro”, que foi inimigo do apóstolo
(vv.14,15). “Tu, guarda-te dele”. Segundo a Bíblia de Aplicação Pessoal,
Alexandre pode ter sido uma testemunha contra Paulo em seu julgamento. O crente
fiel sempre vai encontrar pessoas difíceis em sua caminhada, por isso, precisa
estar preparado para lidar com toda a sorte de gente, boas e más.
SÍNTESE DO TÓPICO
(II)
No final do seu ministério, estando preso, o apóstolo
Paulo sentiu-se sozinho, abandonado pelos seus pares.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
“Bem sabes isto: que os que estão na Ásia todos se
apartaram de mim; entre os quais foram Fígelo e Hermógenes. O Senhor conceda
misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou e não se
envergonhou das minhas cadeias; antes, vindo ele a Roma, com muito cuidado me
procurou e me achou. O Senhor lhe conceda que, naquele Dia, ache misericórdia
diante do Senhor. E, quanto me ajudou em Éfeso, melhor o sabes tu” (2Tm
1.15-18). Este texto, mostra com clareza, que o apóstolo Paulo já havia se
queixado da solidão. Esta é uma informação importante que você, prezado
professor, deve repassar à classe. O texto de Paulo expresso no capítulo 4 de 2
Timóteo é de caráter bem pessoal, demonstrando o sentimento, a pessoalidade e a
dor do apóstolo em ser abandonado por quem deveria apoiá-lo em seu árduo
ministério. Enfatize que 2 Timóteo 4 narra os últimos momentos da vida do
apóstolo. Podemos afirmar que temos o privilégio de conhecer os últimos
momentos da vida de um grande homem de Deus, apóstolo Paulo.
III. A CERTEZA DA
PRESENÇA DE CRISTO
1. Sozinho perante o tribunal dos homens (v.16). Nem
Lucas, o “médico amado” se encontrava na cidade, quando Paulo compareceu a
audiência. Mas ele não era murmurador, nem guardou mágoa dos amigos ausentes.
Pelo contrário, demonstrou que os perdoara, pedindo a Deus “que isto lhes não
seja imputado”. A atitude de Paulo nos faz recordar a postura de Jesus na cruz,
quando Ele exclamou: “[...] Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc
23.34). Podem os amigos e companheiros nos abandonar nos momentos difíceis, mas
Deus é fiel e jamais nos deixa sozinho.
2. Sentindo a presença de Cristo (v.17). Paulo não tinha
a companhia dos amigos e irmãos em Cristo, mas pôde sentir, de perto, a
gloriosa presença de Deus. O Senhor se fez presente e fortaleceu a alma e o
espírito do seu servo. Mesmo estando preso, ele se sentia “livre da boca do
leão”, o que pode referir-se ao sentimento de libertação espiritual em relação
a Satanás, ou de Nero, o sanguinário imperador. Ele não foi liberto da prisão e
da morte, pois suas palavras eram de despedida: “Combati o bom combate, acabei
a carreira, guardei a fé” (v.7).
3. Palavras e saudações finais. “E o Senhor me livrará de
toda má obra e guardar-me-á para o seu Reino celestial [...]” (v.18). Paulo não
estava se referindo ao livramento físico da morte. Ele já havia se despedido de
forma muito comovente nos versículos 6 a 8. Esse texto nos mostra o quanto ele
estava tranquilo, aguardando a vontade de Deus sobre sua vida e o fim do seu
ministério. E conclui, saudando seu amigo e filho na fé, dizendo: “O Senhor
Jesus Cristo seja com o teu espírito. A graça seja convosco. Amém!” (v.22).
SÍNTESE DO TÓPICO
(III)
Sozinho, Paulo se dirigiu ao tribunal para ser julgado,
mas com a plena convicção de que a presença de Cristo estava com Ele.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A graça seja convosco. Estas são as últimas palavras de
Paulo nas Escrituras registradas enquanto ele aguardava o martírio num cárcere
romano. Do ponto de vista do mundo, a vida do apóstolo estava para terminar num
trágico fracasso.
Durante trinta anos, largara tudo por amor a Cristo;
pouca coisa ganhara com isso, a não ser perseguição e inimizade dos seus próprios
patrícios. Sua missão e sua pregação aos gentios resultaram no estabelecimento
de um bom número de igrejas, mas muitas dessas igrejas estavam decaindo em
lealdade a ele e à fé apostólica (2Tm 1.15). E agora, no cárcere, depois de
todos os seus leais amigos o deixarem, a não ser Lucas (vv.11,16), ele aguarda
a morte” (Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995, p.1885).
CONCLUSÃO
Os últimos trechos da Segunda Carta de Paulo a Timóteo
nos ensinam que o servo de Deus que tem certeza da sua salvação, mediante a
obra redentora de Cristo, não teme a morte. Paulo sabia que a morte física
aniquilaria apenas o seu corpo, mas seu espírito e sua alma (o homem interior —
2Co 4.16) estavam guardados em Cristo Jesus.
PARA REFLETIR
A respeito das Cartas Pastorais:
Qual era o caráter da oferta de libação?
De caráter voluntário.
O que era a oferta de libação?
Segundo a Bíblia de Aplicação Pessoal, “libação era uma
oferta líquida e consistia em derramar vinho sobre o altar como um sacrifício a
Deus”. Não era uma oferta pelos pecados, mas uma oferta de gratidão ao Senhor.
O que Paulo queria dizer com a expressão “guardei a fé”?
Que ele manteve-se fiel a Cristo e a seus ensinamentos.
Segundo a lição, o que significa “guardar a fé”?
Manter-se firme em Cristo e em seus ensinamentos.
Quem era Demas?
Demas era um dos cooperadores de Paulo (Cl 4.14; Fm 24).
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
O líder diante da chegada da morte
A morte é a consequência do pecado (Rm 6.23). Deus não
criou o homem e a mulher para a morte. Esta é a separação entre a alma e o
corpo. A base bíblica para este entendimento encontra-se em Gênesis 35.18 a
respeito da morte de Raquel: “E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque
morreu)”. E Tiago, o irmão do Senhor, corrobora com este fato quando ensina:
“Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem
obra é morta” (Tg 2.26). Podemos, então, afirmar: quando a alma deixa o corpo
estabelece-se o evento no qual denominamos morte.
A pergunta de Jó, “morrendo o homem, porventura, tornará
a viver?”, é de interesse perene a todos os seres humanos. Quem nunca se
perguntou: “Há vida após a morte?”; “Há consciência após a morte?”. As Sagradas
Escrituras têm respostas afirmativas para estas indagações:
a) “No Antigo Testamento”. O lugar denominado “sheol”
aparece com frequência no Antigo Testamento. Em Salmos 16.10; 49.14,15 o termo
hebraico é traduzido por “inferno” e “sepultura”. Em ambos os textos o ensino
da imortalidade da alma é o âmago da esperança de salvação humana após a
experiência da morte. As frequentes advertências contra a consulta aos mortos
(comunicação com espíritos de mortos) indicam a imortalidade da alma numa
esfera além vida (Dt 18.11; Is 8.19; 29.4). Em seguida, os textos de Jó 19.23-27;
Sl 16.9-11; 17.15; Is 26.19; Dn 12.2 são taxativos em relação à doutrina da
ressurreição denotando, inclusive, a alegria do crente em comunhão com Deus de
se encontrar com Ele depois da morte. Logo, podemos afirmar que o Antigo
Testamento afirma perfeitamente que, após a morte, a alma continua a existir
conscientemente.
b) “Em o Novo Testamento”. A base bíblica
neotestamentária para a imortalidade da alma está na pessoa de Jesus Cristo.
Ele é quem trouxe à luz, a vida e a imortalidade. As evidências são abundantes.
Passagens como Mt 10.28; Lc 23.43; Jo 11.25,26; 14.3; 2Co 5.1 ensinam
claramente que a alma dos crentes e do ímpios sobreviverão após a morte. A
redenção do corpo e a entrada na vida alegre de comunhão com Deus é o resultado
da plena e bem-aventurada imortalidade da alma (1Co 15; Ts 4.16; Fp 3.21). Para
os crentes, a vida não é uma mera existência do acaso, mas uma encantadora
comunhão com Deus implantada em nós, por intermédio de Cristo Jesus, enquanto
de nossa peregrinação terrena.
SUBSIDIOS
PAULO CHEGA AO FIM
2 Timóteo 4:7-8
Para Paulo agora o fim estava muito perto, e ele sabia.
Quando Erasmo estava envelhecendo, disse: "Sou um veterano, ganhei minha jubilação, devo deixar o posto de luta dos
homens jovens." Paulo, o velho guerreiro, está deixando suas armas para
que Timóteo as tome.
Não há outra passagem no Novo Testamento mais cheia de
vívidas descrições.
"Minha vida", diz Paulo, "chegou ao momento
em que deve ser sacrificada." A palavra que Paulo utiliza aqui para
sacrificada é o verbo spendesthai. Spendesthai literalmente significa derrubar
como uma libação para os deuses. Toda comida romana terminava com uma espécie
de sacrifício. Tomava-se uma taça de vinho e a derrubava (spendesthai) para os
deuses. É como se Paulo dissesse: "O dia terminou; é hora de que me
levante e vá; minha vida deve ser oferecida como um sacrifício a Deus."
Não pensava que ia ser executado; pensava que ia oferecer sua vida a Deus. Sua
vida não lhe era tirada; estava-a entregando. Desde o momento de sua conversão
Paulo devotou tudo a Deus: seu dinheiro, sua erudição, sua força, seu tempo, o
vigor de seu corpo, a clareza de sua mente, a devoção de seu coração
apaixonado. Só ficava por oferecer a própria vida, e Paulo ia entregá-la com
alegria.
Continua dizendo: 'O tempo de minha partida está
próximo." A palavra que utiliza para partida é vívida; é a palavra
analysis, e contém muitas figuras, cada uma das quais nos diz algo a respeito
de deixar esta vida.
(a) É a palavra que descreve a ação de desprender o animal
do jugo de um carro ou um arado. A morte era para Paulo um descanso do
trabalho. Ele se sentiria contente ao deixar cair a carga. Como o assinalou
Spencer, o descanso depois do trabalho, o porto logo depois de um mar
tormentoso, a morte depois da vida, são coisas formosas. Logo depois de uma
vida atormentada, dormiria bem.
(b) É a palavra que significa deixar soltos os laços ou as
cadeias. A morte para Paulo era uma libertação e um alívio. ia mudar o
confinamento de uma cárcere romana pela gloriosa liberdade dos átrios do céu.
(c) Significa afrouxar as amarras de uma tenda. Para Paulo
chegava o momento de novamente levantar acampamento. Tinha feito muitas viagens
através dos caminhos da Ásia Menor e da Europa. Agora estava começando sua
última e grandiosa viagem; estava tomando o caminho que levava a Deus.
(d) Significa soltar as amarras de um barco. Muitas vezes
Paulo tinha navegado pelo Mediterrâneo, e havia sentido como o barco deixava o
porto rumo às águas profundas. Agora estava por lançar-se à profundidade maior
de todas; estava içando as velas para cruzar as águas da morte e atracar no
porto da eternidade.
De modo, pois, que para o cristão, morrer é deixar uma carga
para descansar. É romper as cadeias e sentir-se livre. É levantar acampamento
para tomar residência nos lugares celestiais. É soltar as amarras que atam a
este mundo para içar as velas numa viaje que finaliza na presença de Deus. Quem
temerá esta morte, então?
A ALEGRIA DE TER
COMBATIDO O BOM COMBATE.
2 Timóteo 4:7-8 (continuação)
Paulo continua falando ainda com essas descrições vívidas
que dominava tão bem: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a
fé.” É provável que Paulo aqui não esteja utilizando três exemplos diferentes
de três esferas da vida, mas sim uma mesma descrição de uma esfera da vida: dos
jogos.
(1) Em primeiro lugar, diz: “Combati o bom combate”. A
palavra que utiliza para combate é agon, uma competição na arena do circo
romano. Quando um atleta pode dizer realmente que fez o melhor possível, quando
sai do campo consciente de que pôs até o último grama de energia na
competência, quando foi uma boa luta e uma competição justa, então, ganhe ou
perca, haverá satisfação em seu coração. Paulo chegou ao fim, e está muito
seguro de que sua atuação foi boa.
Quando morreu a mãe do Sir James Barrie, este declarou:
"Posso olhar para trás, e ver que nada ficou sem fazer." Não há maior
satisfação no mundo que a de saber que fizemos o melhor possível.
(2) Em segundo lugar, Paulo diz: "Completei a
carreira." Essa é precisamente a dificuldade na vida. É fácil começar; é
duro terminar. Na vida é necessária a resistência, e muita gente não a tem.
Um homem muito famoso foi solicitado a deixar que
escrevessem sua biografia enquanto estava vivo. Não quis absolutamente dar a
permissão, e a razão para isso foi: "Vi muitos homens falharem na última
volta." É fácil arruinar uma vida nobre com uma insensatez final; é fácil
desmerecer um bom dossiê, em nossa tarefa no mundo e na Igreja, com algo que o
danifica tudo. Mas Paulo declara que terminou a carreira.
Há uma profunda satisfação ao chegar à meta. Talvez a
carreira mais famosa do mundo é a Maratona. A Batalha de Maratona foi uma das
batalhas decisivas do mundo. Nela os gregos enfrentaram os persas. Se os persas
tivessem ganho, a glória da Grécia nunca teria florescido. Contra disparidades
temíveis, os gregos ganharam a vitória e, logo da batalha, um soldado correu
durante todo um dia e uma noite para levar a notícia a Atenas. Correu direto
aos magistrados de Atenas: "Alegrem-se!", ofegou,
"conquistamos" e enquanto transmitia sua mensagem caiu morto. Tinha
completado seu caminho e realizado seu trabalho, e não há maneira melhor para
que um homem morra.
(3) Em terceiro lugar, Paulo diz: "Guardei a fé."
Esta frase pode ter mais de um significado e pano de fundo. Se mantivermos o
pano de fundo dos jogos é o seguinte: Os grandes jogos da Grécia eram as
Olimpíadas; a estes jogos chegavam os maiores atletas do mundo; o dia antes dos
jogos se reuniam todos os competidores e prestavam um juramento solene perante
os deuses de que não tinham tido menos de dez meses de treinamento, e que não
recorriam a nenhuma armadilha para ganhar. Prometiam guardar as normas da honra
nas competências. De modo que Paulo poderia ter estado dizendo: "Guardei
as normas; participei dos jogos com honra." Seria grandioso morrer sabendo
que nunca em nossas vidas transgredimos
as normas da honra e da honestidade na carreira da vida.
Mas dissemos que esta frase poderia ter outros significados.
Era uma frase comum no mundo dos negócios. Era a frase comum que os gregos
usavam para dizer: "Mantive as condições do contrato; fui leal a meu
compromisso." Se Paulo a utilizou desta maneira, quis dizer que se
comprometeu a servir a Cristo, e que manteve seu compromisso, e que nunca
falhou com seu Mestre. Ou ainda, poderia significar: "Mantive minha fé:
não perdi nunca minha confiança, nem minha esperança." Se Paulo a utilizou
desta maneira, quis dizer que fizesse bom ou mau tempo, em liberdade ou no
cárcere, em todos os perigos em terra e mar, e agora perante a própria morte,
nunca tinha perdido sua perfeita confiança e fé em Jesus Cristo. Dentro de seu
coração havia uma esperança que nunca vacilava, que flamejou durante toda sua
vida e com a qual, finalmente, enfrentou a morte.
Paulo continua dizendo que lhe está guardada uma coroa. Nos
jogos da Grécia o prêmio maior era a coroa de louro. O ganhador era coroado com
ela; levá-la posta era a maior honra para um atleta. Lutava por uma coroa que
em poucos dias estaria murcha e enrugada. Mas Paulo sabia que lhe esperava uma
coroa que nunca iria murchar.
Neste momento Paulo vai do veredicto dos homens ao de Deus.
Sabia que em pouco tempo estaria perante o estrado do juízo romano, e que seu
juízo só podia ter um fim. Sabia qual ia ser o veredicto de Nero, mas também
conhecia o veredicto de Deus. O homem cuja vida está dedicada a Jesus Cristo é
indiferente ao veredicto dos homens. Não lhe interessa se o condenam, se escuta
a seu Mestre dizendo: "Muito bem!"
E logo Paulo faz soar ainda outra nota. Esta coroa não
espera somente a ele; espera a todos aqueles que esperam a vinda do Rei. É como
se Paulo dissesse ao jovem Timóteo: "Timóteo, meu fim está próximo; e sei
que vou rumo à minha recompensa. Se você seguir meus passos, sentirá a mesma
confiança e a mesma alegria quando chegar o fim." A alegria de Paulo está
ao alcance de toda pessoa que combate na mesma batalha, que também finaliza a
carreira e que também guarda a fé.
UMA LISTA DE HONRA E
DE DESONRA
2 Timóteo 4:9-15
Aqui Paulo escreve uma espécie de preparada de honra e de
desonra de seus amigos. Alguns deles só são nomes para nós. De outros obtemos
nos Atos pequenos exemplos reveladores. Podemos reconstruir algumas das
histórias se nos permite utilizar nossa imaginação. Consideremos a alguns dos
nomes desta lista.
A peregrinação espiritual de Demas
Primeiro na lista está Demas. Menciona-se a Demas em três
oportunidades nas Cartas de Paulo; e pode ser que as três referências escondem
nelas a história de uma tragédia.
(1) Em Filemom 24, Demas aparece numa
preparada de um grupo de homens aos que Paulo chama seus colaboradores.
(2) Em
Colossenses 4:14 se menciona a Demas sem nenhum comentário.
(3) Aqui Demas é o
Demas que traiu a Paulo porque amava a este mundo. Encontramo-nos aqui com a
história de uma degeneração espiritual. Pouco a pouco o colaborador
converteu-se no desertor; o título de honra é mudado por um nome vergonhoso.
O que aconteceu a Demas? Não podemos assegurá-lo, mas
podemos adivinhá-lo.
(1) Pode ser que Demas tivesse começado a seguir a Cristo
sem levar em conta o custo. Pode ser que Demas fosse uma destas pessoas que
chegam a Cristo num momento de brilho espiritual. Pode ser que se encontrasse
na Igreja num momento emocionalmente carregado, sem nunca ter pensado nem
enfrentado o custo de ser cristão. E pode ser que Demas não fosse totalmente
culpado. Há um tipo de evangelismo que proclama: "Aceite a Cristo e você
encontrará descanso, paz e alegria."
Há um sentido, o mais profundo de todos, em que isto é
tremendo e gloriosamente certo. Mas também é certo que é quando aceitamos a
Cristo que começam nossos problemas. Até esse momento vivemos de acordo com o
mundo e com suas normas. Devido a isto a vida era fácil, porque inevitavelmente
seguíamos o caminho do menor esforço e íamos com a multidão. Mas uma vez que o
homem aceita a Cristo, aceitou um conjunto de normas totalmente novas;
compromete-se a uma atitude nova em seu trabalho, em sua relação pessoal, em
seus prazeres, em sua conduta, em seu falar, nas coisas que se permitem fazer.
E certamente haverá choques. Pode ser que Demas tenha sido levado à Igreja num
momento de emoção, sem pensar; e então quando vieram a impopularidade, a
perseguição, a necessidade de sacrifício, a solidão, o cárcere, Demas se
afastou, porque nunca tinha aceito isso. Quando um homem se responsabiliza a
seguir a Cristo, o essencial em primeiro lugar é que saiba o que está fazendo.
(2) Pode ser que Demas chegasse ao desgaste inevitável dos
anos. Os anos têm uma forma de nos tirar os ideais, de nos satisfazer com cada
vez menos, de baixar nosso nível, de nos acostumar à derrota.
Halliday Sutherland nos relata como se sentiu quando foi
habilitado para agir como médico. Se na rua ou em qualquer lugar chegava o
chamado: "Há um médico aqui?", emocionava-se, orgulhoso e desejoso de
adiantar-se e ajudar. Mas à medida que passaram os anos, um pedido e um
requerimento tal converteu-se numa moléstia. Tinha desaparecido a emoção.
W. H. Davies, o vagabundo que também foi um dos maiores
poetas, tem uma passagem reveladora a respeito de si mesmo: Caminhou para ver a
Abadia de Tintern, que tinha visitado pela última vez vinte e sete anos atrás;
e disse, ao chegar: "Ao estar de pé ali, vinte e sete anos depois, e
comparar o entusiasmo do jovem com meus indiferentes sentimentos atuais, não me
senti muito contente comigo mesmo. Por exemplo, naquele momento teria
sacrificado tanto a comida como o sonho
para ver qualquer coisa maravilhosa; mas agora minha prioridade não era a de
buscar coisas belas."
Dean Inge tinha um sermão sobre o Salmo 91:6: "A
destruição que impera ao meio-dia." Chamou-o "O perigo da Idade
Média". Não há nenhuma ameaça tão perigosa nem tão insidiosa para os
ideais como a ameaça dos anos. E essa ameaça só pode ser apartada e derrotada
vivendo constantemente na emoção da presença de Jesus Cristo.
(3) Paulo diz de Demas que "amava a este mundo". O
problema de Demas pôde ter sido muito simples e entretanto terrível. Pode ter
sido simplesmente que amava a comodidade mais que a Cristo, que amava o caminho
fácil mais que o caminho que levava primeiro à cruz e logo às estrelas. Pode
ser que Demas preferisse ser um homem próspero no mundo a ser um cristão.
Preferia uma prosperidade branda ao heroísmo atlético do caminho cristão.
Pensamos em Demas, não para condená-lo, senão para
simpatizar com ele, pois muitos de nós somos como ele.
Mas é apenas possível que este seja o começo e não o final
da história de Demas. O nome Demas é exatamente o mesmo que Demétrio. Demas é a
forma cortada e familiar de Demétrio. Demétrio e Demas eram nomes comuns e o
que estamos por sugerir agora não é necessariamente um fato histórico; mas bem
poderia ter sido pela misericórdia de Deus.
Em duas oportunidades nos encontramos com um Demétrio na
história do Novo Testamento. Houve um Demétrio que dirigiu a revolta dos
ourives em Éfeso, que quis linchar a Paulo porque lhes tinha tirado o comércio
do templo (Atos 19:25). Havia um Demétrio do qual escreve João dizendo que
estava bem informado em tudo e que conhecia bem a verdade, fato do qual João
era testemunha voluntária e decisiva (3 João 12). É este o começo ou o final da
história? Encontrou Demétrio, o ourives, algo a respeito de Paulo e de Cristo
que se enroscou em seu coração? Converteu-se a Cristo o líder hostil da
revolta? Pôde ter acontecido. Seguiu então o caminho cristão, e logo, por um
tempo, abandonou-o e converteu-se em
Demas, o desertor, que amava o mundo presente? E logo a graça do Senhor pôs
suas mãos novamente nele, trouxe-o novamente, e o recriou e redimiu, e o
converteu em Demétrio de Éfeso do qual João escreveu que era um servo da
verdade, da qual falava bem? Nunca saberemos, mas é bonito pensar que a
acusação de ser um desertor não foi o veredicto final na vida de Demas.
UMA LISTA DE HONRA E
DE DESONRA
2 Timóteo 4:9-15 (continuação)
O gentio de quem todos falavam bem.
Depois de ter falado a respeito do homem que tinha
desertado, Paulo continua falando do homem que foi fiel até a morte. “Somente
Lucas está comigo”, diz. Sabemos muito pouco a respeito de Lucas, e entretanto,
apesar do pouco que sabemos dele, emerge como um dos personagens mais formosos
do Novo Testamento.
(1) Uma coisa sabemos porque está implícita: Lucas
acompanhou a Paulo em sua última viagem a Roma e na prisão. Lucas é o autor de
Atos dos Apóstolos. Há certas passagens em Atos que estão escritas na primeira
pessoa do plural. Há passagens nas quais se diz: "Fizemos isto, fizemos
aquilo." Podemos estar seguros de que quando Lucas escreve na primeira
pessoa, está descrevendo incidentes e ocasiões nas que ele mesmo estava
presente.
Atos 27 narra a detenção de Paulo em Roma, e conta esta
história em primeira pessoa. Portanto podemos estar seguros de que Lucas esteve
ali. Mas disso podemos deduzir algo mais. Pode ter sido certo que quando se
prendia um prisioneiro para ser julgado em Roma, era-lhe permitido ter dois
escravos. É então provável que Lucas se alistasse como um dos escravos de
Paulo, para que fosse permitido acompanhá-lo à prisão em Roma. Não nos
assombramos quando Paulo fala de Lucas com
emoção e amor em sua voz. Nenhuma devoção pode ir mais longe. Para não
separar-se dele, Lucas converteu-se no escravo de Paulo.
(2) Só há outras duas referências definidas sobre Lucas no
Novo Testamento. Em Colossenses 4:14 é descrito como o médico amado. Paulo
devia muito a Lucas. Durante toda sua vida Paulo teve um aguilhão em sua carne,
que o atormentava; Lucas deve ter sido a pessoa que o atendia e o curava; usava
sua capacidade para atenuar sua dor e para permiti-lo seguir adiante. Lucas era
essencialmente um homem bom. Não parece ter sido um grande pregador nem um
grande evangelista; Lucas era o homem que fez sua contribuição na forma de
serviços pessoais. Deus lhe tinha outorgado o dom de curar e foi esse dom que
Lucas retribuiu a Deus. A bondade é uma qualidade e uma virtude que eleva o
homem acima do comum. Se puder esquecer a eloqüência, a inteligência poderá
viver impressa numa página; mas a bondade vive entronizada nos corações dos
homens.
O Dr. Johnson teve certos contatos com um homem jovem
chamado Harry Hervey. Hervey era rico e bastante libertino. Mas Hervey tinha
uma casa em Londres em que Johnson era sempre bem-vindo. Anos mais tarde se
criticou muito a Hervey e o fizeram maliciosamente. Johnson disse seriamente:
"Harry Hervey era um homem vicioso, mas muito bom comigo. Se chamarem a
Hervey um cão eu o amarei." A bondade cobre uma multidão de pecados. Lucas
era fiel e Lucas era bom.
(3) A outra referência a Lucas aparece em Filemom 24: e aqui
Paulo o chama seu colaborador. Lucas era a pessoa que compartilhava sua tarefa.
Lucas não se conformava somente em escrever; não se conformava em confinar-se à
sua tarefa de médico; Lucas também colaborava. A Igreja está cheia de
enganadores; a Igreja está cheia de gente que está nela mais pelo que podem
obter que pelo que dão; Lucas era uma dessas pessoas valiosas; um dos que
trabalham na Igreja.
(4) Há outra referência possível a Lucas no Novo Testamento.
Em 2 Coríntios 8:18 é dito de “o irmão cujo louvor no evangelho está espalhado
por todas as igrejas”. Desde as épocas mais primitivas se identificou a esse irmano com Lucas. Lucas
era a pessoa da qual todos falavam bem. Era o amigo fiel até a morte; era o
homem essencialmente bondoso; era o homem dedicado à obra. Todos sempre falarão
bem de uma pessoa semelhante.
UMA LISTA DE HONRA E
DE DESONRA
Ainda há outro nome nesta lista esta lista de pessoas com
uma história emocionante, ainda que não relatada.
O homem que se redimiu
a si mesmo
Paulo insiste com Timóteo que traga Marcos com ele “pois me
é útil para o ministério”. A palavra ministério não é utilizada no sentido mais
estreito do ministério da Igreja. Está utilizada em seu sentido mais amplo, no
sentido de serviço. "Traz a Marcos, porque é muito útil no serviço",
diz Paulo. Como assinala E. F. Scott: "Traz a Marcos, porque pode ajudar
em tudo." Ou, como diríamos em nossa linguagem cotidiana: "Traz a
Marcos, porque é uma pessoa útil."
Marcos teve uma carreira curiosa. Era muito jovem quando
começou a igreja, mas viveu no próprio centro de sua vida. Foi à casa de Maria,
a mãe de Marcos, a que se dirigiu Pedro quando escapou da prisão. Podemos supor
que a casa da mãe de Marcos era o lugar de reunião central da Igreja de
Jerusalém (Atos 12:12).
Quando Paulo e Barnabé começaram sua primeira viagem
missionária levaram Marcos com eles — João Marcos era seu nome completo — para
que os ajudasse e fosse seu assistente (Atos 13:5). Parecia como se Marcos
teria sido escolhido para uma grande carreira na companhia de Paulo e a serviço
da Igreja. Mas logo aconteceu algo. Quando Paulo e Barnabé deixaram Panfília e
começaram a ir terra adentro por um caminho duro e perigoso que levava à meseta
central da Ásia Menor, Marcos os deixou
e retornou a seu lar (Atos 13:13). Fracassaram sua integridade e sua coragem, e
os abandonou.
Paulo não pôde aceitar essa deserção. Quando Paulo e Barnabé
partiram em sua segunda viagem missionária, Barnabé — que era parente de Marcos
(Colossenses 4:10) — pensou em levar Marcos com eles novamente. Mas Paulo se
negou a ser acompanhado por um desertor; tão forte foi a discussão e tão grave a
diferença que Paulo e Barnabé se separaram e, pelo que nós sabemos, nunca
trabalharam juntos novamente (Atos 15:36-40). Então, houve um momento em que
Marcos não era útil a Paulo, em que Paulo o considerou um desertor pusilânime e
ao qual não quis de modo nenhum ter entre seus ajudantes.
Não sabemos o que aconteceu com Marcos depois. A tradição
diz que foi ao Egito e que fundou a Igreja Cristã nesse país. Mas, além do que
tenha feito, certamente se redimiu a si mesmo. Quando Paulo escreveu
Colossenses desde sua prisão em Roma, Marcos está com ele e Paulo o recomenda à
Igreja de Colossos para que o recebam. E agora, quando o fim está perto, o
homem que Paulo quer junto a seu amado Timóteo, é Marcos, porque era uma pessoa
útil. Marcos o desertor se converteu em Marcos o homem que pode dar uma mão
para qualquer coisa no serviço de Paulo y do evangelho.
Fosdick tem um sermão com um titulo grandioso e alentador:
"Nenhum homem precisa seguir sendo tal como é." Marcos era a prova
viva disso. Marcos é nosso alento e nossa inspiração, porque foi o homem que
falhou e que, entretanto, conseguiu recuperar-se.
Ainda hoje Jesus Cristo pode fazer com que o espírito
covarde seja valente e fortalecer o braço fraco para o combate. Pode libertar o
herói dormido na alma de todo homem. Pode converter a vergonha do fracasso na
alegria do serviço triunfante.
UMA LISTA DE HONRA E
DE DESONRA
2 Timóteo 4:9-15
(continuação)
Ajudantes, um estorvo e um último pedido.
A lista de pessoas continua. Não sabemos nada absolutamente
dos cretenses. Tito era outro dos mais fiéis lugar-tenentes de Paulo.
"Verdadeiro filho", chama-o Paulo (Tito 1:4). Quando o problema com a
Igreja de Corinto o preocupava, Tito tinha sido um dos emissários de Paulo na
luta por solucionar as coisas (2 Coríntios 2:18; 7:6,13; 12:18). Tíquico tinha
sido encarregado de levar uma Carta aos colossenses (Colossenses 4:7) e a Carta
aos Efésios (Efésios 6:21). O pequeno grupo de ajudantes estava disperso pela
Igreja, porque embora Paulo estivesse no cárcere a tarefa devia prosseguir, e,
Paulo devia ficar só para que sua gente espalhada pudesse ser fortalecida,
guiada e confortada.
Logo vem a menção de uma pessoa que tinha embaraçado em
lugar de ajudar: “Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males.” Não sabemos o
que fez Alexandre; mas talvez podemos deduzir que dano causou. A palavra que
Paulo utiliza para dizer causou-me muitos males é o verbo grego endeiknumi.
Esse verbo significa literalmente desdobrar; e em realidade era empregado para
referir-se ao dar informação contra uma pessoa. Os informantes eram uma das
grandes maldições de Roma nessa época. Buscavam obter favores e receber
recompensas por dar informação. E pode ser que esse Alexandre fosse um cristão
renegado, que foi perante os magistrados com informação falsa e calunioso
contra Paulo.
Paulo tinha que transmitir certos pedidos pessoais. Queria a
capa que tinha deixado na casa de Carpo, em Troas. A capa (phainole) era uma
vestimenta grande e circular de tecido rústico. Tinha uma abertura no meio para
a cabeça, e ao ser posto cobria a pessoa como um poncho, chegando até o chão.
Era uma vestimenta para o inverno e sem dúvida Paulo sentia que a prisão romana
era fria.
Quer livros: a palavra é bíblia, que significa literalmente
rolos de papiro; e bem pode ser que estes rolos contiveram as formas mais
primitivas dos evangelhos. Queria os pergaminhos. Os pergaminhos podem ter sido
duas coisas. Podem ter sido os documentos legais de Paulo, especialmente seu
certificado de cidadania romana. O mais provável é que fossem cópias das
Escrituras hebraicas, o Antigo Testamento, porque os hebreus escreviam os rolos
de seus livros sagrados em pergaminhos feitos de peles de animais. O que mais
desejava Paulo ao estar na prisão aguardando a morte era a palavra de Jesus e a
de Deus.
Algumas vezes a história tem a estranha circunstância de
repetir-se. Mil e quinhentos anos mais tarde, William Tyndale estava na prisão
do Vilvorde, detido, esperando a morte, porque tinha tido a coragem de dar às
pessoas a Bíblia em seu próprio idioma. Era um inverno frio e úmido, e escreve
a um amigo: "Pela graça de Cristo, me mande uma capa mais abrigada, algo
para abrigar minhas extremidades, uma camisa de lã, e acima de todo minha Bíblia
Hebraica". Quando o alento frio da morte sopra sobre eles, os grandes
homens desejam mais que nada a palavra de Deus para fortalecê-los e alentar
suas almas.
2TIMOTEO 4.7 COMBATI O BOM COMBATE. Ao passar em
revista a sua vida dedicada a Deus, Paulo reconhece agora que a sua morte é
iminente (v. 6), e descreve sua vida cristã nos seguintes termos.
(1) Considera a vida cristã como um "bom combate";
ela é a única luta que vale a pena:
Lutou contra Satanás (Ef 6.12);
contra os erros religiosos dos judeus e dos pagãos (3.1-5;
Rm 1.21-32; Gl 5.19-21);
contra o judaísmo (At 14.19; 20.19; Gl 5.1-6);
contra o antinomismo e a imoralidade na igreja (3.5; 4.3; Rm
6; 1 Co 5.1; 6.9,10; 2 Co 12.20,21);
contra os falsos mestres (vv.3-5; At 20.28-31; Rm 16.17,18);
contra a deturpação do evangelho (Gl 1.6-12);
contra o mundanismo (Rm 12.2); e
contra o pecado (Rm 6; 8.13; 1 Co 9.24-27).
(2) Completou a sua carreira em meio a provações,
dificuldades e tentações, e permaneceu fiel ao seu Senhor e Salvador durante
toda a sua vida (cf. 2.12; Hb 12.1,2; 10.23; 11).
(3) Conservou lealmente a fé, em tempos de severas provações,
de grande desalento e de muitas aflições, não somente quando era abandonado
pelos amigos, mas também quando teve de enfrentar a oposição dos falsos
mestres. Nunca cedeu terreno no tocante à verdade original do evangelho
(1.13,14; 2.2; 3.14-16; 1 Tm 6.12).
2TIMOTEO 4.8 A COROA DA JUSTIÇA. Por ter Paulo
permanecido fiel ao seu Senhor e ao evangelho que lhe foi confiado, o Espírito
lhe testificou que a aprovação amorosa de Deus e a "coroa da justiça"
o aguardavam no céu. Deus tem reservado no céu galardões para todos que
conservam a fé com justiça (cf. Mt 19.27-29; 2 Co 5.10).
2TIMOTEO 4.8 OS QUE AMAREM A SUA VINDA. Os
cristãos do NT anelavam grandemente a volta do Senhor para levá-los daqui, para
ficarem com Ele para sempre (ver 1 Ts 4.13-18; cf. Fp 3.20,21; Tt 2.13. Uma
marca distintiva dos fiéis de Deus é que eles se sentem fora do seu lugar,
neste mundo, e já daqui eles aguardam o seu lar celestial (cf. Hb 11.13-16)
2TIMOTEO 4.17 O SENHOR ASSISTIU-ME. Por causa da
perseguição severa contra os cristãos em Roma, ninguém ousava identificar-se
com o apóstolo, que com valor defendia o evangelho (v. 16). Paulo ficou
profundamente decepcionado e sentiu-se abandonado. Em tais ocasiões, no
entanto, sentia a presença muito real do Senhor, que estava a seu lado e o
fortalecia (cf. At 23.11; 27.23; Rm 4.20; 2 Co 1.3-5; Ef 6.10; Fp 4.13).
2TIMOTEO 4.22 A GRAÇA SEJA CONVOSCO. Estas são as
últimas palavras de Paulo nas Escrituras registradas enquanto ele aguardava o
martírio num cárcere romano. Do ponto de vista do mundo, a vida do apóstolo
estava para terminar num trágico fracasso.
(1) Durante trinta anos, largara tudo por amor a Cristo;
pouca coisa ganhara com isso, a não ser perseguição e inimizade dos seus
próprios patrícios. Sua missão e sua pregação aos gentios resultara no
estabelecimento de um bom número de igrejas, mas muitas dessas igrejas estavam
decaindo em lealdade a ele e à fé apostólica (1.15). E agora, no cárcere,
depois de todos os seus leais amigos o deixarem, a não ser Lucas (vv. 11,16),
ele aguarda a morte. Estas circunstâncias parecem dizer que foi um fracasso a
sua missão aos gentios. Contudo, o apóstolo da cruz, exibindo as cicatrizes das
batalhas, de nada se queixa ao dar a sua vida por amor ao seu Senhor.
(2) Agora, 2.000 anos
já são passados; todavia a influência de Paulo excede a de todos os servos de
Deus no seu reino. Os escritos dele são parte essencial das Sagradas
Escrituras, e têm levado um número incontável de pessoas à fé em Cristo. Que
ninguém fiel a Jesus Cristo, mesmo parecendo que tenha realizado pouca coisa
para Deus, pense que a morte põe fim aos resultados do seu trabalho aqui. Deus
lança mão dos nossos esforços sinceros e devotados, e os multiplica muito acima
de tudo quanto poderíamos ter imaginado ou esperado. Até mesmo nossos aparentes
fracassos podem ser sementes que se transformarão em colheitas abundantes a
serem ceifadas por outros (Jo 4.37,38).
O ARREBATAMENTO DA IGREJA
1Ts 4.16,17 “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido,
e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão
primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com
eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.”
O termo “arrebatamento” deriva da palavra raptus em latim,
que significa “arrebatado rapidamente e com força”. O termo latino raptus
equivale a harpazo em grego, traduzido por “arrebatado” em 4.17. Esse evento,
descrito aqui e em 1Co 15, refere-se à ocasião em que a igreja do Senhor será arrebatada
da terra para encontrar-se com Ele nos ares. O arrebatamento abrange apenas os
salvos em Cristo.
(1) Instantes antes do arrebatamento, ao descer Cristo do
céu para buscar a sua igreja, ocorrerá a ressurreição dos “que morreram em
Cristo” (4.16). Não se trata da mesma ressurreição referida em Ap 20.4, a qual
somente ocorrerá depois de Cristo voltar à terra, julgar os ímpios e prender
Satanás (Ap 19.11—20.3). A ressurreição de Ap 20.4 tem a ver com os mártires da
tribulação e possivelmente com os santos do AT (ver Ap 20.6).
(2) Ao mesmo tempo que ocorre a ressurreição dos mortos em
Cristo, os crentes vivos serão transformados; seus corpos se revestirão de imortalidade
(1Co 15.51,53). Isso acontecerá num instante, “num abrir e fechar de olhos”
(1Co 15.52).
(3) Tanto os crentes ressurretos como os que acabaram de ser
transformados serão “arrebatados juntamente” (4.17) para encontrar-se com
Cristo nos ares, ou seja: na atmosfera entre a terra e o céu.
(4) Estarão literalmente unidos com Cristo (4.16,17),
levados à casa do Pai, no céu (ver Jo 14.2,3 notas), e reunidos aos queridos
que tinham morrido (4.13-18).
(5) Estarão livres de todas as aflições (2Co 5.2,4; Fp
3.21), de toda perseguição e opressão (ver Ap 3.10 nota), de todo domínio do
pecado e da morte (1Co 15.51-56); o arrebatamento os livra da “ira futura” (ver
1.10; 5.9), ou seja: da grande tribulação.
(6) A esperança de que nosso Salvador logo voltará para nos
tirar do mundo, a fim de estarmos “sempre com o Senhor” (4.17), é a bem-aventurada
esperança de todos os redimidos (Tt 2.13). É fonte principal de consolo para os
crentes que sofrem (4.17,18; 5.10).
(7) Paulo emprega o pronome “nós” em 4.17 por saber que a volta
do Senhor poderia acontecer naquele período, e comunica aos tessalonicenses essa
mesma esperança. A Bíblia insiste que anelemos e esperemos contínua e
confiadamente a volta do nosso Senhor (cf. Rm 13.11; 1Co 15.51,52; Ap
22.12,20).
(8) Quem está na igreja mas não abandona o pecado e o mal,
sendo assim infiel a Cristo, será deixado aqui, no arrebatamento (ver Mt 25.1
nota; Lc 12.45). Os tais ficarão neste mundo e farão parte da igreja apóstata
(ver Ap 17.1), sujeitos à ira de Deus.
(9) Depois do arrebatamento, virá o Dia do Senhor, um tempo
de sofrimento e ira sobre os
ímpios (5.2-10; ver 5.2). Seguir-se-á a segunda fase da
vinda de Cristo, quando, então, Ele virá para julgar os ímpios e reinar sobre a
terra (ver Mt 24.42,44).
FONTE DE PESQUISA:
Comentário Bíblico Popular - Novo Testamento
Comentário Bíblico Esperança Novo Testamento
Comentário Bíblico Willian Barclay Novo Testamento
Biblia de Estudo Pentecostal
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