SUBSIDIO ELABORADO PELO EVANGELISTA: NATALINO ALVES DOS ANJOS. PROFESSOR NA E.B.D e PESQUISADOR. MEMBRO DA IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS MISSÃO - CAMPO DE GUIRATINGA - MATO GROSSO
Lições Bíblicas CPAD - Adultos
3º Trimestre de 2015
Título: A Igreja e o seu
Testemunho — As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais
Comentarista: Elinaldo
Renovato de Lima
Lição 8: Aprovados por Deus em Cristo
Jesus
Data: 23 de Agosto de 2015
TEXTO ÁUREO
“Procura apresentar-te a Deus
aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade” (2Tm 2.15).
VERDADE PRÁTICA
O obreiro aprovado por Deus
tem as marcas do Senhor Jesus Cristo.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Tt 3.9-11
Paulo ensina como tratar o
homem herege
Terça — Mt 5.13
O discípulo de Jesus é “sal da
terra” e “luz do mundo”
Quarta — 1Tm 3.2
O obreiro deve ter uma conduta
irrepreensível
Quinta — Sl 119.63
Companheiro dos que guardam os
preceitos de Deus
Sexta — 1Tm 6.11
De que o obreiro do Senhor
deve fugir
Sábado — Mt 13.36-43
A explicação da parábola do
“trigo” e “joio”
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
2 Timóteo 2.1-18.
1 — Tu, pois, meu filho,
fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.
2 — E o que de mim, entre
muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para
também ensinarem os outros.
3 — Sofre, pois, comigo, as
aflições, como bom soldado de Jesus Cristo.
4 — Ninguém que milita se embaraça
com negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.
5 — E, se alguém também
milita, não é coroado se não militar legitimamente.
6 — O lavrador que trabalha
deve ser o primeiro a gozar dos frutos.
7 — Considera o que digo, porque
o Senhor te dará entendimento em tudo.
8 — Lembra-te de que Jesus
Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dos mortos, segundo o meu
evangelho;
9 — pelo que sofro trabalhos e
até prisões, como um malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa.
10 — Portanto, tudo sofro por
amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em
Cristo Jesus com glória eterna.
11 — Palavra fiel é esta: que,
se morrermos com ele, também com ele viveremos;
12 — se sofrermos, também com
ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará;
13 — se formos infiéis, ele
permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.
14 — Traze estas coisas à
memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras,
que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes.
15 — Procura apresentar-te a
Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade.
16 — Mas evita os falatórios
profanos, porque produzirão maior impiedade.
17 — E a palavra desses roerá
como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto;
18 — os quais se desviaram da
verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns.
HINOS SUGERIDOS
75, 151 e 432 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Contrastar o obreiro aprovado
e o “vaso de honra” com os falsos mestres.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos
específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por
exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Apresentar a pureza e a
humildade do obreiro aprovado por Deus.
II. Explicar as expressões
“vaso de honra” e “vaso de desonra”.
III. Propor uma postura
ministerial equilibrada.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Caro professor, nesta lição
estudaremos o capítulo 2 da segunda Epístola de Timóteo.
É importante que você faça uma
apresentação panorâmica do capítulo dois à luz de todo o conteúdo da epístola
de Timóteo. Lembre-se de que o objetivo desse trimestre é expor o texto bíblico
das cartas pastorais. De modo que o conteúdo geral das três epístolas deve ser
estudado com o auxílio de uma boa Introdução ao Novo Testamento e um bom
Comentário Bíblico do Novo Testamento.
Uma informação importante para
preparação do seu plano de aula é a informação de que no capítulo 2, dos
versículos 1 a 18, o apóstolo Paulo faz dois contrastes: obreiro aprovado x
falsos mestres; vaso de honra x vaso de desonra. Estes dois encontros de
personalidade, na igreja local, permeariam o relacionamento dos crentes, de
modo que o objetivo do apóstolo é orientá-los em como se portarem diante de tal
realidade.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje estudaremos
alguns temas importantes que são relatados no segundo capítulo da Segunda Carta
de Paulo a Timóteo. Paulo fala, além do que vimos na Leitura Bíblica em Classe,
a respeito do obreiro aprovado e dos vasos de honra na Casa do Senhor (2Tm
2.19-21). Ele faz um contraste com os falsos mestres que tanto prejudicavam a
obra do Senhor em Éfeso.
Que sejamos sempre vasos de
honra, servindo ao Senhor com amor e zelo, a fim de que muitas vidas sejam
ganhas para o seu Reino e que sua Igreja seja edificada.
PONTO CENTRAL
O obreiro aprovado por Deus é
equilibrado, vivendo em pureza e humildade diante do Senhor e diante dos
homens.
I. OBREIROS APROVADOS POR DEUS
1. Pregam e ensinam sem
engano. Paulo nunca usou de engano em suas pregações, diferente de alguns
falsos mestres de sua época que pregavam e ensinavam com argumentos falsos e
logro. É preciso ter muito cuidado com os “lobos” vestidos de ovelhas, que
andam a enganar os crentes incautos, sob a capa de “muito espirituais”. Paulo
exortava a igreja através da mensagem do evangelho, mostrando-lhes as verdades
desconhecidas. Para os novos crentes ele tornou conhecido o “mistério de Deus”
— Cristo (Cl 2.2). Paulo era um líder zeloso que levava a mensagem de modo
claro, obedecendo à revelação que recebera do Senhor. Aliás, era esse também o
cuidado dos demais apóstolos (1Jo 4.6; 2Pe 1.16).
2. Pregam com pureza. Paulo
pregava por amor a Cristo. Jesus era o seu alvo. Atualmente, há muitos falsos
obreiros que só visam lucro e bens financeiros. Estes se aproveitam da fé dos
fiéis para obter ganhos. Na primeira carta a Timóteo, Paulo coloca como um dos
requisitos para aqueles que almejam o ministério pastoral, não ser “cobiçoso de
torpe ganância” (1Tm 3.3). Pedro também exortou que o obreiro deve apascentar o
rebanho do Senhor “tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem
por torpe ganância” (1Pe 5.2). O obreiro aprovado não visa lucro material, pois
sabe que a sua recompensa vem do Senhor.
3. Não buscam a glória de
homens. “E, não buscamos glória dos homens [...]” (1Ts 2.6). Quando Paulo
estava com os tessalonicenses, ele afirmou que não buscou o elogio deles.
Infelizmente muitos buscam glória para si. Estes são movidos a elogios e
bajulações. Isso é um perigo para o ministério pastoral e para qualquer servo
ou serva de Deus. Tem pregadores e mestres que não aceitam convite para falar
para um pequeno auditório. Só se sentem bem se estiverem diante de grandes
plateias, pois querem ser vistos pelos homens e não abençoar as pessoas. O
obreiro aprovado pelo Senhor busca apontar tão somente o Senhor, e não ele
mesmo.
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
O obreiro aprovado por Deus
prega e ensina sem engano, com pureza e humildemente, buscando sempre a glória
de Deus.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, após fazer uma ou
duas leituras desse primeiro tópico (refiro-me a leitura pessoal de estudo da
lição, não em classe), medite na seguinte reflexão acerca da pregação, a fim de
internalizar mais a ideia do que representa um arauto do Rei, o pregador do
Evangelho: “São inúmeros os requisitos exigidos de um bom mensageiro de Jesus
Cristo, uma vez que desempenha o papel de arauto do Rei. Por outro lado, para
que lhe demos tão alto qualificativo (de bom pregador), precisa ele preencher
certas exigências indispensáveis. Entre outras, que possua grande piedade, e
seja homem de oração, portador de dons naturais, cultura — geral e específica —
e habilidades, especialmente na Palavra de Deus; que ame ao Senhor e às almas;
que tenha vida espiritual plena, pois o batismo no Espírito Santo é ponto de
partida e imprescindível.
Íntima comunhão com Deus. Um
ardente amor ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo manterá o pregador ligado com
o Céu e ‘as coisas que são de cima’ (Cl 3.1). Só assim conseguirá levar uma
vida de oração, consagração e fé, procedimentos indispensáveis a um homem de
Deus. Haja em seu interior a chama divinal, grande amor pelas almas e profundo
desejo de conhecer cada vez melhor a Palavra de Deus, que é a mensagem a ser
pregada para alimentar tanto a sua alma quanto a de seus ouvintes (1Tm 4.16).
Se o desejo de Deus é a salvação das almas também deve ser esta a vontade do
pregador, seu mensageiro. Como depositário do conhecimento da Palavra e
intérprete do divino querer, deve esforçar-se para desincumbir-se fielmente de
tão sublime missão. Para isto, naturalmente, precisa ser cheio do Espírito
Santo. Com dom inefável, sua palavra será cheia de graça e poder, capaz de
apontar a todo viajor o caminho da vida — Jesus Cristo” (DANTAS, Anísio
Batista. Como Preparar Sermões: Dominando a arte de expor a Palavra de Deus.
22ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.23).
II. DOIS TIPOS DE VASOS
(2.20,21)
1. Vasos de honra (2.20).
Paulo estava preocupado com a situação confusa que prevalecia na igreja em
Éfeso. Ele então usa a analogia dos vasos para mostrar que na igreja existem
pessoas sinceras e obedientes aos ensinos de Cristo (vasos de honra). Estes
adornavam e adornam a Casa de Deus, com sua santidade e pureza. Deus deseja
usar este tipo de vaso, limpo e sem contaminação. Tem você sido um vaso de
honra na Casa do Senhor? O crente deve ter uma vida irrepreensível. Isso só é
possível na vida do crente através do poder redentor, libertador e purificador
do sangue de Jesus mediante a fé.
2. Vaso de desonra. Quem são
estes? Paulo estava se referindo aos falsos mestres, Himeneu e Fileto (2.17).
Himeneu também foi mencionado em 1 Timóteo 1.20. Podemos igualmente afirmar que
são os crentes infiéis, que causam problemas e escândalos na Casa do Senhor. Os
vasos de honra são “o trigo” e os “vasos para desonra” são o “joio” a que se
referiu Jesus (Mt 13.24-30).
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
Na igreja local, há dois tipos
de vaso, de honra e desonra.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A próxima analogia de Paulo
diz respeito à variedade de artigos em uma próspera casa antiga. Existem
artigos caros, como os vasos ‘de ouro e de prata’; mas existem também aqueles
que são baratos, como os vasos “de madeira e de barro”. Alguns servem ‘para
honra’, para propósitos nobres, como por exemplo, para serem admirados pelos
convidados durante os banquetes; alguns servem ‘para desonra’, a propósitos humildes,
comuns, como conter o lixo que será eliminado. A metáfora era comum na
antiguidade, tanto no Antigo (Jr 18.1-11) como no Novo Testamento (Rm 9.19-24),
mas a aplicação do apóstolo neste contexto é nova.
A expressão ‘De sorte que’, no
início do verso 21, liga a aplicação desta analogia ao verso 19, que diz que
‘qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade’, ‘Se alguém se
purificar destas coisas’ — do reino do ignóbil, ou seja, do falso ensino — essa
pessoa ‘será [um] vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e
preparado para toda boa obra’. Somente o vaso ‘santificado e idôneo’, nobre e
honorável é que possui o mais elevado valor. O que importa não é o valor dos
vasos ou do material de que são feitos, mas o conteúdo de cada um. Então, a fim
de se enquadrar nesse perfil, cada um deve ser ‘santificado’, isto é, separado
para os propósitos sagrados, afastando-se dos ensinos e da prática do mal”
(Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 1ª Edição. R: CPAD, 2004,
p.1495).
III. REJEITANDO AS DISSENSÕES
E QUESTÕES LOUCAS
1. Rejeitando “questões
loucas”. O que eram as “questões loucas”? Eram as questões levantadas pelos
falsos mestres, que traziam confusão e não edificavam ninguém (1Tm 1.3,6,7). O
obreiro deve rejeitar questionamentos que não edificam (2Tm 2.23). Atualmente,
muitos estão levantando indagações que em nada vai edificar a fé dos irmãos.
Outros, ainda estão cometendo o terrível pecado de adicionar, subtrair e
modificar partes das Escrituras. A Palavra de Deus é completa e infalível e não
precisa de quaisquer acréscimos ou revisões em seu conteúdo e mensagem.
Há, em nossos dias, diversas
“novas teologias” que precisam ser combatidas pela liderança, pois agridem
diretamente a mensagem bíblica.
2. Não entrando em contenda.
“E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos,
apto para ensinar, sofredor” (2Tm 2.24). Paulo exorta a Timóteo a fim de que
ele não contendesse com os falsos mestres, pois brigas e discussões são obras
da carne e envergonham a Igreja do Senhor. Uma pessoa espiritualmente cega não
pode ser convencida de seus erros pela força. Pregamos e ensinamos, mas só o
Espírito Santo podem convencê-las dos seus erros.
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
A natureza dos demônios
declara que eles são seres criados, limitados, espirituais, malignos e imundos.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Caro professor, o princípio
destacado neste tópico é importante para fazermos uma autocrítica em nossa
jornada no magistério cristão. Quantas vezes perdemos tempo com temas sem
importância, por exemplo, coisas como “o tamanho da arca de Noé”, “o
cumprimento da roupa do sacerdote”, etc.? E muitas vezes não nos apropriamos do
princípio da Palavra. Um exemplo clássico são as parábolas de Jesus. Quando deveríamos,
por exemplo, na parábola do filho pródigo, focar o princípio do reconhecimento
da miséria humana e de seu pecado e de um verdadeiro arrependimento, gastamos
tempo no comportamento do irmão mais velho, da postura do pai, etc. Por isso, é
importante estudarmos bem qualquer passagem bíblica a fim de termos o pleno
domínio sobre o que é essencial ensinarmos e o que são informações secundárias.
CONCLUSÃO
Na administração das igrejas,
por vezes, surgem conflitos de ordem espiritual e doutrinária. Por isso, os
líderes precisam de preparo bíblico e teológico. Como obreiros aprovados devem
conduzir o rebanho do Senhor. Seja você um vaso de honra na Casa de Deus.
PARA REFLETIR
A respeito das Cartas
Pastorais:
Segundo a lição, quais as duas
características do obreiro aprovado?
Obreiros que ensinam sem
engano e com pureza.
O que motivava Paulo a pregar
o Evangelho?
A motivação do apóstolo Paulo
era pregar o Evangelho por amor dos santos (2Tm 2.9).
Qual era o alvo de Paulo?
Jesus Cristo (Fp 3.13-14).
De acordo com a lição, o que
visam os falsos obreiros?
Enganar os incautos com
argumentos falsos e logro.
Quais os dois tipos de vasos
citados por Paulo?
Vaso para honra e para
desonra.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Aprovados por Deus em Cristo
Caro professor, a Escola
Dominical é uma grande parceira do Evangelho na formação do caráter de cada
crente que a frequenta. Além de preparar pessoas para seguirem Jesus, a Escola
Dominical prepara oficiais, pessoas que vão ministrar à igreja local. Por isso,
prezado professor, tenha a clareza que os alunos a quem você ministra poderão
tornar-se pastores, missionários, principalmente, pregadores da Palavra,
segundo a vocação que eles forem chamados.
Atualmente, é notório que a
Igreja Evangélica Brasileira vive uma crise nos púlpitos. As mensagens neles
expostas, na sua maioria, são antropocêntricas, de auto-ajuda, barganhistas,
apresentando um Deus que “comercializa” bênção com os homens, sem compromisso
com a Bíblia, isto é, lê-se o texto bíblico sem o compromisso de explicá-lo
corretamente e fazer a sua devida aplicação. Por isso, nesta lição é importante
você destacar a característica de uma boa pregação. Além do compromisso pessoal
do pregador, há uma necessidade de formarmos na mente e no coração dos nossos
jovens e adolescentes a cultura da boa pregação. Ainda que eles não sejam
chamados por Deus a serem os seus arautos, formaremos ouvintes que saibam
distinguir o bom do ruim, o cristocêntrico do antropocêntrico etc.
Basicamente, a pregação que
glorifica a Deus confronta o caráter do ser humano. É uma pregação
descompromissada com as barganhas e dissimulações do nosso tempo. Era a tal
postura que Paulo se referia quando disse: “instruindo com mansidão os que
resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a
verdade” (2Tm 2.25).
Ler o texto, “explicar” o
texto e “aplicar” o texto é o trabalho objetivo de todo arauto de Deus. Mas
para isso, exige-se dele uma profunda disciplina pessoal para o estudo. Estude
a pregação e a tradição dos puritanos (você pode encontrar um rico material na
internet) , mergulhe no mundo da Bíblia e na cultura do seu tempo e cultive uma
vida de oração e devoção a Deus. Assim começa nascer o arauto do Senhor.
As pessoas andam aflitas
esperando algo da parte de Deus para cultivar uma vida cristã autêntica. A
pregação da Palavra ainda é o meio pelo qual o Altíssimo fala, orienta e conduz
seu povo. Por isso, no segundo capítulo de 2 Timóteo, o apóstolo Paulo condenou
os obreiros que perdem o seu tempo com aquilo que é “comezinho”, que traz
somente confusão e contenda e em nada edifica ou constrói, pelo contrário, “a
palavra desses roerá como gangrena”.
SUBSIDIOS
A RESPONSABILIDADE DO LÍDER COM ENSINO BÍBLICO.
2Tm 2.2 “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste,
confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”.
A igreja tem a responsabilidade de salvaguardar a verdadeira
e original doutrina bíblica que se acha nas Escrituras, e transmití-la aos
fiéis sem transigência nem corrupção. Fica subentendida, assim, a necessidade
do ensino bíblico na igreja.
(1) A Bíblia menciona as seguintes razões para o ensino
bíblico, ou teológico, quer no lar, na igreja ou na escola:
(a) transmitir o evangelho de Cristo a crentes fiéis, para
que conheçam (2Tm 3.15; ver Jr 2.8), guardem (2Tm 1.14), e ensinem a verdadeira
fé bíblica (1Tm 4.6,11; 2Tm 2.2) e a santidade de vida (ver Rm 6.17; 1Tm 6.3);
(b) demonstrar aos estudantes a necessidade primacial de
“batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (ver Jd 3), e dar-lhes os
meios pelos quais possam defendê-la contra todas as teologias falsas (ver At
20.31; Gl 1.9; 1Tm 4.1; 6.3-4; Tt 1.9);
(c) guiar os estudantes ao crescimento contínuo no caráter
mediante “a doutrina que é segundo a piedade” (1Tm 6.3; cf. Js 1.8; Sl 1.2,3;
119.97-100; Mt 20.28; Jo 17.14-18; 1Ts 4.1; 1Tm 1.5; 4.7,16; 2Tm 3.16);
(d) preparar os estudantes para fortalecer outros crentes e
levá-los à maturidade espiritual de modo que juntos possam refletir a imagem de
Cristo no lar, na igreja local e no corpo de Cristo em geral (Ef 4.11-16);
(e) levar os estudantes a uma compreensão e experiência mais
profunda do reino de Deus na terra e seu conflito contra o poder de Satanás (Ef
6.10-18);
(f) motivar os
estudantes através das verdades eternas do evangelho, a dedicar-se sem reservas
à evangelização dos perdidos e à pregação do evangelho a todas as nações no
poder do Espírito Santo (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20);
(g) aprofundar a experiência que os estudantes têm do amor
de Cristo, da comunhão pessoal com Ele e do dom do Espírito Santo (Jo
17.3,21,26; Ef 3.18,19), exortando-os a seguir a orientação do Espírito Santo
que neles habita (Rm 8.14), a levá-los ao batismo no Espírito Santo (ver At
2.4), e ensinando-os a orar (Mt 6.9 nota), a jejuar (Mt 6.16) e a adorar,
enquanto aguardam o bendito aparecimento de Jesus Cristo com o fervor
espiritual dos santos do NT (2Tm 4.8; Tt 2.13).
(2) Esses propósitos do ensino bíblico deixam claro que ele
deve ser administrado somente por aqueles que em tudo são leais às Escrituras
como a Palavra de Deus plenamente inspirada (2Tm 1.13,14; ver Ed 7.10), bem
como ao Espírito Santo e seu ministério de verdade, de justiça e de poder
(1.14).
(3) Note-se que o autêntico ensino bíblico enfatiza um viver
santo (i.e., conhecer a santidade, ser santo e proceder santamente), e não
apenas ter uma mera compreensão das verdades ou fatos bíblicos. As grandes
verdades reveladas nas Escrituras são verdades redentoras e não acadêmicas; são
questões que envolvem a vida ou a morte, exigem uma resposta e decisão pessoal,
tanto do mestre quanto do discípulo (Tg 2.17; ver Fp 1.9).
A CADEIA DO ENSINO
2 Timóteo 2:1-2
Aqui nos fala de duas coisas: a recepção e a transmissão da
fé cristã.
(1) A recepção da fé está fundada em duas coisas.
Fundamenta-se em ouvir. Timóteo ouviu a verdade e a graça da fé cristã pela
boca de Paulo. Mas as palavras que ouviu foram confirmadas pelo testemunho de
muitos. Havia muitos que estavam prontos para dizer: "Estas palavras,
estas promessas são certas, e eu sei, porque o tenho descoberto em minha
própria vida." Pode ser que haja muitos de nós que, não têm o dom da
expressão,e que não podem nem ensinar nem explicar e expor a fé cristã. Mas até
aqueles que não têm o dom do ensino podem ser testemunhas do poder vivente do
evangelho, e atestar que todas as promessas são certas.
(2) Mas não só é um privilégio receber a fé cristã; é um
dever transmiti-la. Todo cristão deve ver em si mesmo um vínculo entre duas
gerações. Não só recebeu a fé; deve também passá-la a outro.
E. K. Simpson escreve sobre esta passagem: "A tocha da
luz celestial deve ser transmitida sem apagar-se de uma geração a outra, e
Timóteo deve considerar-se a si mesmo como um intermediário entre a era
apostólica e as eras posteriores." O privilégio de um cristão: é receber a
fé; e transmiti-la é sua responsabilidade.
(3) Deve-se transmitir a fé a homens fiéis que também a
ensinem a outros. A Igreja cristã depende desta cadeia ininterrupta de mestres.
Quando Clemente escreveu à Igreja de Corinto, descreveu esta cadeia.
"Nossos apóstolos designaram às pessoas antes mencionadas (os anciãos) e
depois eles proveram uma continuidade, para que, se essas pessoas dormiam,
outros homens aprovados pudessem continuar seu ministério." O mestre é um
elo na cadeia viva que se estende sem rupturas do momento atual até Jesus
Cristo. A glória do ensino é que une o presente à vida terrestre de Jesus
Cristo.
Estes mestres devem ser homens fiéis. A palavra grega para
fiel, pistos, tem uma rica variedade de significados intimamente relacionados.
Um homem que é pistos é uma pessoa que crê, que é leal, que é de confiança e da
qual pode-se depender. Todos estes significados estão aqui. Falconer disse que
estes homens crentes são tais "que não se renderão nem perante a perseguição nem perante o
erro". O coração de um mestre deve estar tão fixo em Cristo que as ameaças
de perigo não o tentem a deixar a senda da lealdade, nem a sedução dos falsos
ensinos o façam apartar do caminho reto da verdade. O mestre cristão deve ser
constante tanto na vida como no pensamento.
O SOLDADO
DE CRISTO.
2 Timóteo 2:3-4
A imagem do homem como soldado e a vida como uma militância
era bem conhecida pelos romanos e os gregos. Sêneca disse: "Viver é ser um
soldado" (Sêneca, Epístolas, 96, 5). Epicteto disse: "A vida de todo
homem é uma espécie de militância, uma militância longa e variada"
(Epicteto, Discursos 3, 24, 34). Paulo tomou esta imagem e a aplicou a todos os
cristãos, mas muito especialmente aos líderes e servos destacados da Igreja.
Exorta a Timóteo a militar na boa milícia (1 Timóteo 1:18). Chama Arquipo, em
cuja casa havia reuniões da Igreja,, nosso companheiro de milícia (Filemom 2).
Chama Epafrodito, o mensageiro da Igreja de Filipos, "companheiro de
milícia" (Filipenses 2:25). Claramente Paulo via na vida do soldado uma
imagem da vida do cristão e do homem que queria servir a Cristo.
Quais eram, então, as qualidades do soldado que Paulo
gostaria de ver repetidas na vida cristã?
(1) O serviço do soldado deve ser concentrado. Uma vez que
uma pessoa se alistou na milícia não pode continuar enredando-se ou
envolvendo-se nos negócios comuns e cotidianos da vida. Deve concentrar-se em
seu serviço como soldado. O código romano de Teodósio dizia: "Proibimos
aos homens arrolados no serviço militar comprometer-se com ocupações
civis." Um soldado é um soldado e nada mais. Um cristão deve concentrar-se
em seu cristianismo. Isso não significa que não deva ver-se envolto com tarefas
ou negócios mundanos. Ainda deve viver neste mundo, e deve ganhar o pão;
mas significa que deve usar qualquer
tarefa em que esteja envolto para viver e demonstrar seu cristianismo.
(2) O soldado está condicionado pela obediência. O primeiro
treinamento que recebe um .soldado está destinado a lhe fazer obedecer as
ordens instintivamente e sem questionamentos. Pode chegar o momento em que esta
obediência rápida e instintiva salve sua vida, e a de outros. Num sentido é
certo que não é parte do dever de um soldado "conhecer as razões".
Envolto como vê-se no meio da batalha, não pode ver a totalidade da situação.
Deve deixar as decisões à comandante que vê todo o campo de batalha. O primeiro
dever de um cristão é obedecer a voz de Deus, e aceitá-la ainda que não possa
compreendê-la.
(3) O soldado está condicionado para o sacrifício. Muitas
vezes acontece que o dever de um soldado não é tanto atacar o inimigo como pôr
seu corpo como parede viva entre o inimigo e aqueles que ama. Seu dever é o de
sacrificar-se por aqueles aos que defende.
A. J. Gossip nos relata como, como capelão na Primeira
guerra mundial, foi à frente pela primeira vez. A guerra, o sangue, as feridas
e a morte eram novas para ele. Ao ir viu a beira do caminho, deixado atrás logo
depois da batalha, o corpo de um soldado vestido com o traje típico escocês. E
de algum modo surgiram em sua mente as palavras do próprio Cristo: "Isto é
meu corpo que é dado por vós." A condição essencial da vida de um soldado
é a vontade de dar sua vida por um amigo. O cristão deve estar sempre disposto
a sacrificar, seja seus requerimentos, seus desejos, sua fortuna, por Deus e
por seus semelhantes.
(4) O soldado está condicionado à fidelidade. Quando o
soldado romano se alistava no exército tomava o sacramentum, o juramento de
lealdade a seu imperador.
Alguém recolheu uma conversação entre o Marechal Foch e um
oficial durante a Primeira Guerra. "Não deve retirar-se", disse Foch,
"deve ficar a todo custo." "Então", disse o oficial,
"isso significa que devemos morrer todos." E Foch respondeu: "Precisamente!"
A virtude suprema de um soldado é ser fiel até a morte. O
cristão também deve ser fiel a Jesus Cristo, através de todas as oportunidades
e mudanças da vida, até mesmo às portas da morte.
O ATLETA DE CRISTO
2 Timóteo 2:5
Paulo acaba de usar a imagem de um soldado para representar
a um cristão e agora utiliza outras duas imagens: a do atleta e a do lavrador.
Utiliza as três imagens juntas em 1 Coríntios 9:6-7, 24-27.
Paulo diz que o atleta não ganha a coroa da vitória a não
ser que cumpra os regulamentos da competência. Há algo muito interessante na
versão grega que é muito difícil de traduzir. Nossa versão diz lutar
legitimamente. O grego é athlein nominos. Nessa realidade é a frase grega
utilizada pelos escritores posteriores para descrever a um profissional como
oposto a um atleta amador. O homem nominos era aquele que concentrava tudo em
seu luta. Sua luta não deve ser algo que só se leve a cabo nos momentos livres,
como poderia sê-lo para um amador; era a total dedicação de sua vida para aperfeiçoar-se
no tipo de competência que tinha eleito. Aqui nos encontramos, pois, com a
mesma idéia que aparece na imagem de Paulo do cristão como soldado. Mais uma
vez vemos que a vida de um cristão deve estar concentrada em seu cristianismo
assim como a vida de um atleta deve estar no tipo de competição que escolheu.
Um cristão dos momentos livres é uma contradição; toda a vida do homem deveria
ser um esforço vigoroso em viver seu cristianismo em todo momento e em cada
esfera de sua vida.
Quais são então as características de um atleta que Paulo
tem em mente?
(1) O atleta é um homem disciplinado e que se nega a si
mesmo. Deve manter seu plano de treinamento; não deve deixar que nada interfira
com isso. Haverá dias em que quererá deixar seu treinamento e relaxar seu
disciplina; não deve fazê-lo. Quererá dar-se prazeres e gostos, mas deve rechaçá-los. Haverá
momentos em que estará cansado e quererá abandonar; mas um grande atleta
moderno, Puskas, o grande jogador de futebol húngaro, aconselha que se não se
pode seguir mais, que continue outros dez minutos. O atleta que quer se
sobressair sabe que não deve deixar que nada interfira com o nível de aptidão
física que obteve. Deve haver disciplina na vida cristã. Há momentos em que não
desejamos orar; há outros momentos em que é muito atrativo o caminho fácil; há
vezes que o correto é difícil; outras em que queríamos afrouxar nossas normas.
Mas o cristão é um homem disciplinado. Deve treinar-se para não deixar de
continuar no intento permanente de fazer sua alma pura e forte.
(2) O atleta é uma pessoa que observa as regras. Logo depois
da disciplina e as regras da preparação, estão a competência e as regras do
jogo. Um atleta não pode ganhar se não competir. O cristão muitas vezes vê-se
em competição com seus semelhantes. Deve defender sua fé; deve buscar convencer
e persuadir; terá que discutir e debater; terá que defender sua própria posição
e atacar a posição de outros. Deve fazê-lo tendo em conta as regras cristãs. Um
cristão não deve esquecer sua cortesia, não importa quão ardente seja a
discussão. Não importa quão essencial seja ganhar: nunca deve deixar de ser
honesto com relação a sua própria posição e justo com a de seu oponente. O
odioum theologicum, o ódio dos teólogos, converteu-se num mote e num provérbio.
Freqüentemente não há atitude como a religiosa. Mas o verdadeiro cristão sabe
que a regra suprema da vida cristã é o amor, e levará esse amor em toda
discussão e todo debate em que se veja comprometido.
O LAVRADOR DE CRISTO
2 Timóteo 2:6-7
Para representar a vida cristã Paulo usou a imagem do
soldado, a do atleta e agora a do lavrador. Não se trata do lavrador ocioso,
mas sim do que trabalha, quem deve ser
o primeiro em receber sua parte dos frutos da colheita. É seu trabalho que lhe
dá o direito de colher e desfrutar-se. Quais eram então as características do
lavrador que Paulo queria ver na vida de um cristão?
(1) Muitas vezes o lavrador deve contentar-se, primeiro
trabalhando e logo, aguardando. Mais que qualquer outro trabalhador, o lavrador
deve aprender que não existem resultados rápidos. O cristão também deve
aprender a trabalhar e a esperar. Muitas vezes deve semear a boa semente da
Palavra nos corações e mentes dos que o escutam e não ver resultados imediatos.
Um mestre deve ensinar, e não encontrar diferenças naqueles a quem ensina. Um
pai muitas vezes deve corrigir e guiar, e não ver diferença em seus filhos. O
resultado vê-se ao passar dos anos; porque muitas vezes sucede anos mais tarde
que essa mesma pessoa jovem, já adulta, ao ter que enfrentar uma tentação
dominante, ou alguma decisão difícil, ou algum esforço intolerável, a palavra
de Deus volta a sua mente, algum telão do ensino lembrado, alguma frase que
caiu em sua memória, a disciplina tem seus frutos, e outorga honra quando sem
ela haveria falta de honra, e salvação quando sem ela haveria ruína. O lavrador
aprendeu a esperar com paciência, e assim devem fazê-lo o mestre e o pai
cristão.
(2) Uma coisa em especial caracteriza a tarefa do lavrador:
deve estar preparado para trabalhar a qualquer hora. Durante a colheita podemos
ver lavradores trabalhando em seus campos enquanto fica um raio de luz. O
camponês não conhece horários. Tampouco deve fazê-lo o cristão. Ninguém pode
subtrair tempo a seu cristianismo. O mal de muito que passa por cristianismo é
que muitas vezes é espasmódico. Mas o cristão deve ter sempre presente sua
tarefa de ser cristão do amanhecer até o entardecer.
Nestas três imagens há uma coisa em comum. O soldado vê-se
sustentado pela crença na vitória final. O atleta pela visão da coroa. O
lavrador pela esperança da colheita. Cada um deles submete-se à disciplina e ao
trabalho pela glória que obterão. O mesmo acontece com o cristão. A luta cristã não é uma luta sem
fim; não é um esforço sem meta. Sempre vai para alguma parte. E o cristão pode
estar muito seguro de que depois do esforço da vida cristã, vem a alegria do
céu; e quanto mais se lute maior será a alegria.
A LEMBRANÇA ESSENCIAL
2 Timóteo 2:8-10
Desde o começo desta Carta Paulo tratou que exortar e inspirar
a Timóteo em sua tarefa. Lembrou-lhe sua própria fé nele; lembrou-lhe seu
herança divina; mostrou-lhe a imagem do soldado, do atleta e do lavrador
cristãos. E agora vem o maior dos chamados: Lembra-te de Jesus Cristo. Falconer
chama a estas palavras: "O coração do evangelho paulino". Ainda que
qualquer outro chamado à galhardia de Timóteo fracassasse, certamente que a
lembrança de Jesus Cristo não fracassaria. Nas palavras que continuam há três
coisas envoltas que devemos lembrar.
(1) Devemos lembrar a Jesus Cristo ressuscitado dos mortos.
O tempo do verbo em grego não implica um ato levado a cabo num momento
definido, mas sim uma afirmação contínua que permanece para sempre. Paulo não
está dizendo a Timóteo: "Lembra a ressurreição real de Jesus Cristo";
em realidade está dizendo-lhe: "Lembra que Jesus ressuscitou para sempre e
está sempre presente; lembra o teu Senhor ressuscitado e presente para
sempre." Esta é a grande inspiração cristã. Não dependemos da inspiração
de uma lembrança, por maior que seja. Desfrutamos com o poder de uma presença.
Quando um cristão deve realizar uma grande tarefa, uma tarefa que não pode
senão sentir que está fora de seu alcance, deve enfrentá-la com a segurança de
que não o faz sozinho, mas sim está com ele para sempre a presença e o poder do
Senhor ressuscitado. Quando os temores ameaçam, quando assaltam as dúvidas,
quando a falta de adequação deprime, lembremos a presença do Senhor
ressuscitado.
(2) Lembremos que Jesus Cristo nasceu da linhagem de Davi.
Este é o outro lado da pergunta. "Lembra a humanidade de seu Mestre",
diz Paulo a Timóteo. Não lembramos somente a Alguém que é só Espírito, e uma
presença espiritual; lembramos a Um que andou neste caminho, e viveu esta vida,
e enfrentou esta luta, e que portanto conhece aquilo pelo que estamos passando.
Temos conosco, não só a presença de um Cristo glorificado; também temos a
presença de um Cristo que conheceu a luta desesperada por ser um homem, que
seguiu até o cruel final a vontade de Deus.
(3) Finalmente, Paulo diz, lembra o evangelho. Lembra as
boas novas. Mesmo quando o evangelho exige muito, mesmo quando leva a um
esforço que pareceria estar mais além da capacidade humana, e a um futuro que
pareceria cheio de toda classe de ameaças, lembremos que é um evangelho, que se
trata das Boas Novas; e lembremos que o mundo as está esperando. Não importa
quão dura seja a tarefa que oferece o evangelho, esse mesmo evangelho é a
mensagem de libertação do pecado e a vitória sobre as circunstâncias, para nós
e para a humanidade.
De modo que Paulo incita a Timóteo ao heroísmo ao levá-lo a
lembrar de Jesus Cristo, a contínua presença do Senhor ressuscitado, a simpatia
que flui da humanidade do Mestre, a glória do evangelho para ele mesmo e para o
mundo que nunca o escutou e que espera.
O DELINQÜENTE DE CRISTO
2 Timóteo 2:8-10 (continuação)
Quando Paulo escreveu estas palavras estava na prisão
romana, preso com uma cadeia. Isto era literalmente certo, porque durante todo
o tempo que esteve na prisão, de noite e de dia Paulo estaria encadeado ao
braço de um soldado romano. Roma não se arriscava a que escapassem seus
prisioneiros.
Paulo estava prisioneiro acusado de ser um criminoso. Parece
estranho que até um governo inimigo considerasse um cristão, especialmente a Paulo, como um delinqüente.
Havia dois aspectos nos quais Paulo podia ser considerado um delinqüente pelo
governo romano.
Em primeiro lugar, Roma possuía um império quase tão grande
como o mundo conhecido então. Era óbvio que tal império fosse sujeito a crises
e tensões. Devia-se manter a paz e todo possível centro de descontentamento e
rebelião tinha que ser iluminado. Uma das coisas que mais preocupavam a Roma
era a formação de associações. No mundo antigo havia muitas associações. Havia
clubes que organizavam comidas e seus membros se reuniam para comerem juntos.
Havia o que chamaríamos sociedades de amigos cujo fim era a caridade para com
os familiares de membros que tinham morrido. Havia sociedades sepultureiras que
cuidavam que seus membros fossem bem enterrados. Mas as autoridades romanas
eram tão especiais com relação às associações que até estas humildes e
inocentes sociedades tinham que receber uma permissão especial do imperador
antes de terem permissão para reunir-se. Os cristãos eram com efeito uma
associação ilegal; e essa é uma das razões pelas que Paulo, como dirigente de
tal associação, poderia ter estado na muito séria posição de ser um delinqüente
político.
Em segundo lugar, havia outra razão pela que Paulo podia ser
considerado um delinqüente. A primeira perseguição dos cristãos esteve
intimamente relacionada com um dos maiores desastres que tenha sofrido a cidade
de Roma. Em 19 de julho do ano 64 ao C. se desatou um grande incêndio em Roma.
O incêndio ardeu durante seis dias e sete noites e devastou a cidade. Os
altares mais sagrados e os edifícios mais famosos pereceram sob o fogo. Mas
pior ainda, destruíram-se os lares do povo. A grande maioria da população de
Roma vivia em grandes edifícios de aluguel construídos em geral de madeira, que
arderam como isca. Muitas pessoas se queimaram vivas, outras morreram ou
resultaram feridas; perderam a seus familiares e a seus seres queridos; ficaram
sem lar e na miséria. A população de Roma viu-se reduzida ao que alguém chamou
"uma vasta irmandade de miseráveis desventurados". Creu-se que
ninguém mais que Nero, o próprio imperador, era responsável pelo incêndio. Diz-se que contemplava o incêndio
da Torre de Mecenas e que tinha declarado estar encantado com "a flor e a
beleza das chamas".
Diz-se que quando o fogo dava sinais de decair, viam-se
homens com mechas ardentes acendendo-o novamente, e que esses homens eram
servos e empregados de Nero. Nero era apaixonado por edificar, e diz-se que
acendeu deliberadamente a cidade para construir sobre suas ruínas uma Roma nova
e mais nobre. Ninguém saberá jamais com segurança se a história é certa ou não;
é provável que o seja. Mas uma coisa é certa: nada podia terminar com os
rumores. Os cidadãos de Roma sem lar e na miséria, estavam seguros de que Nero
era o responsável. O governo romano tinha só uma coisa a fazer; devia buscar um
bode emissário sobre o qual fazer recair a responsabilidade e a culpa. E se
encontrou um bode emissário.
Deixemos que Tácito, o historiador romano, conte-nos como
foi: "Mas todos os esforços humanos, todos os presentes pródigos do
imperador, e as propiciações dos deuses não terminaram com a crença sinistra de
que o incêndio era o resultado de uma ordem. Conseqüentemente, para livrar-se
das acusações, Nero atribuiu a culpa e infligiu as torturas mais deliciosas a
uma classe odiada por suas abominações, a que o povo chamava cristãos"
(Tácito, Anais, 15:44).
Obviamente já circulavam calúnias com relação aos cristãos.
Sem dúvida os judeus influentes eram responsáveis pelas mesmas. E os odiados
cristãos tiveram que levar a culpa do incêndio desastroso de Roma. A primeira
perseguição surgiu desse fato e dessa acusação. Paulo era cristão. O que é
pior, era o grande líder dos cristãos. E bem poderia ser que parte da acusação
contra Paulo tenha sido que ele era um daqueles cujos seguidores eram
responsáveis pelo incêndio de Roma e da resultante miséria do povo.
De modo, pois, que Paulo estava na prisão como um criminoso,
um prisioneiro político, membro e líder de uma associação legal, e como membro
dessa odiada seita de incendiários, sobre os quais Nero tinha jogado a culpa da destruição de Roma.
Podemos ver facilmente que perante acusações como esta Paulo estava numa
situação desesperada.
LIVRE EMBORA PRESO
2 Timóteo 2:8-10 (continuação)
Apesar de estar na prisão sob acusações que faziam
impossível sua libertação, Paulo não desmaiava e estava longe de sentir-se
desesperado. Dois grandes pensamentos o sustentavam.
(1) Estava seguro de que, apesar de estar preso, nada podia
atar a palavra de Deus. André Melville foi um dos primeiros arautos da Reforma
Escocesa. Um dia o Regente Morton mandou trazê-lo e denunciou seus escritos.
Disse: "Não haverá paz neste país até que meia dúzia de homens como você
sejam enforcados ou desterrados." Melville respondeu: "Cuidado,
senhor, ameaçando a seus cortesãos dessa maneira. Para mim é o mesmo apodrecer
no ar ou na terra. A Terra pertence ao Senhor; minha pátria está em qualquer
lugar que se faça o bem. Estava preparado para dar minha vida quando nem tinha
vivido a metade dela, segundo prouvera a meu Deus. Vivi fora de sua terra dez
anos tão bem como nela. Não obstante, Deus seja louvado, não está em seu poder
enforcar ou exilar a verdade."
Pode-se exilar um homem, mas não a verdade. Pode-se
encarcerar um pregador, mas não à palavra que prega. A mensagem sempre é maior
que o homem. A verdade é sempre mais poderosa que aquele que a leva. Paulo
estava seguro de que o governo romano podia encarcerá-lo mas que nunca
encontraria uma prisão cujas grades e cadeias pudessem conter e restringir a
Palavra de Deus. Um dos fatos reais da história é o irresistível poder da
Palavra de Deus. Se o esforço humano pudesse ter detido o cristianismo, este
teria morrido faz muito tempo. Os homens não podem matar o que é imortal.
(2) Paulo estava seguro que o que estava suportando
finalmente ajudaria a outros. Seu sofrimento não era inútil e sem proveito. O
fato de que ele sofresse ia fazer possível que outros cressem. O sangue dos
mártires foi sempre a semente da Igreja; e a luz da pira sobre a qual se
queimava os cristãos foi sempre o que acendeu e avivou um fogo que não se pode
apagar jamais. Quando alguém tenha que sofrer por seu cristianismo, lembre que
seu sofrimento aplaina o caminho para algum outro que virá depois. No
sofrimento suportamos nossa pequena porção do peso da cruz de Cristo, e fazemos
nossa pequena parte para levar a salvação de Deus aos homens.
O CANTO DO MÁRTIR
2 Timóteo 2:11-13
Esta é uma passagem peculiarmente preciosa porque nela está
emoldurado um dos primeiros hinos da Igreja cristã. Nos dias da perseguição a
Igreja expressou sua fé com seu canto. Pode ser que este seja só um fragmento
de um hino mais longo. Policarpo (5:2) parece nos dar um pouco mais dele quando
escreve: "Se agradamos a Cristo no mundo presente, herdaremos o mundo
vindouro; como Ele prometeu nos ressuscitar dos mortos, e disse: 'Se andarmos
dignamente com Ele, com Ele reinaremos.
Estas são as duas interpretações possíveis das primeiras
duas estrofes: “Se morremos com ele, com ele também viveremos.” [NVI] Alguns
desejam tomar estas estrofes como uma referência ao batismo. Em Romanos 6
compara-se o batismo com a morte e a ressurreição em Cristo. “Fomos, pois,
sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em
novidade de vida” “Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com Ele
viveremos” (Romanos 6:4, 8). Sem dúvida alguma a linguagem é a mesmo; mas o
pensamento do batismo não tem vigência aqui; na mente de Paulo está o
pensamento do martírio. Lutero, numa
grande frase disse: "Ecclesia haeres crucis est." "A Igreja é a
herdeira da cruz." O cristão herda a cruz de Cristo, mas também herda sua
ressurreição. O cristão compartilha tanto a vergonha como a glória de seu
Senhor.
Assim, pois, o hino continua: "Se sofremos, também
reinaremos com Ele." Aquele que sofre até o fim será salvo. Sem a cruz não
pode haver coroa.
Logo vem o outro lado da questão: “Se o negarmos, também Ele
nos negará.” Isto é o que o próprio Jesus disse: “Portanto, todo aquele que me
confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que
está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei
diante de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 10:32-33). Jesus Cristo não
testemunhará na eternidade por um homem que negou ter que ver com Ele em seu
momento; mas será fiel ao homem que, não importa quanto tenha falhado, buscou
ser-lhe fiel.
Deus não pode fazê-lo. "Deus não é homem, para que
minta, nem filho de homem para que se arrependa" (Números 23:19). É uma
grande verdade da vida que Deus nunca falhará ao homem que buscou ser fiel, mas
nem sequer Deus pode ajudar o homem que se negou a ter que ver com Ele. Faz
muito tempo Tertuliano disse: "O homem que teme o sofrimento não pode
pertencer Àquele que sofreu" (Tertuliano, De Fuga, 14). Jesus morreu por
ser fiel à vontade de Deus; e o cristão também deve seguir a mesma vontade de
Deus, sejam quais forem as circunstâncias.
O PERIGO DAS PALAVRAS
2 Timóteo 2:14
Mais uma vez Paulo volta para ao tema do inadequado das
palavras. Devemos lembrar que as Epístolas Pastorais foram escritas tendo como
pano de fundo os gnósticos que falavam e especulavam e produziam longas frases e teorias fantásticas, e
tentavam fazer do cristianismo uma filosofia recôndita em lugar de uma aventura
de fé.
Nas palavras há tanto fascinação como perigo. As palavras
podem converter-se em substitutos dos atos. Há gente que se preocupa mais por
falar que por fazer. Se fosse possível salvar o mundo falando, o mundo já teria
sido salvado há muito tempo; e se os problemas do mundo se pudessem resolver
com a discussão, teriam sido resolvidos há muito tempo. Mas as palavras não
podem substituir os atos.
O doutor Johnson foi um dos maiores conversadores de todos
os tempos; João Wesley foi um dos maiores homens de ação de todos os tempos.
conheciam-se mutuamente, e Johnson tinha uma só queixa sobre Wesley: "A
conversação de João Wesley é boa, mas nunca está tranqüilo. Sempre está
obrigado a ir-se a uma hora determinada. Isto é muito desagradável para um
homem que gosta de cruzar as pernas e conversar, como eu." Mas o fato é
que Wesley, como homem de ação, escreveu seu nome através da Inglaterra de uma
maneira que Johnson, como orador, jamais o fez.
Nem sequer é certo que a conversação e a discussão resolvem
os problemas intelectuais. Uma das coisas mais sugestivas que Jesus disse foi:
“Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se
ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo” (João 7:17). Muitas vezes o
entendimento não se alcança falando, mas sim agindo. Na velha frase latina,
solvitur ambulando, a coisa será resolvida enquanto se caminha. Freqüentemente
acontece que a melhor maneira de compreender as coisas profundas do cristianismo
é mergulhando nos deveres inequívocos da vida cristã.
Resta dizer uma coisa mais. Há momentos em que a muita
conversação pode ser realmente perigosa. Muito bate-papo e muita discussão
podem ter duas conseqüências perigosas. Em primeiro lugar, podem dar a
impressão de que o cristianismo não é mais que uma coleção de questões para
discutir e problemas para solucionar. O círculo de discussão é um fenômeno
característico desta época, como disse uma
vez G. K. Chesterton: "Fizemos todas as perguntas possíveis. É
tempo de deixar de buscar perguntas e começar a buscar as respostas."
Em qualquer sociedade o círculo de discussão deve ser
equilibrado pela ação do grupo. Em segundo lugar, a discussão pode ser
estimulante e fortificante para aqueles cuja aproximação à fé cristã
intelectual, para aqueles que têm um pano de fundo de conhecimentos e cultura,
para aqueles que são caracteristicamente estudantes, para aqueles que têm um
verdadeiro conhecimento de teologia ou interesse em teologia. Mas às vezes ocorre
que uma pessoa de mentalidade mais simples encontra-se num grupo que comenta
heresias ou propõe perguntas sem resposta, e pode ser que a fé dessa pessoa,
longe de ver-se ajudada, seja perturbada. Pode ser que Paulo se refira a isso
quando diz que as contendas sobre palavras podem perder àqueles que as ouvem. A
palavra que normalmente se usa para referir-se ao fortalecimento de uma pessoa
na fé cristã, edificação, é a mesma palavra que literalmente se usa para
referir-se à construção de uma casa; a palavra que Paulo utiliza aqui para
perdição (katastrofe) bem pode ser usada para referir-se à demolição de uma
casa. É bem possível que a discussão sagaz, sutil, especulativa, destrutiva,
intelectualmente temerária tenha um efeito demolidor, e não construtivo, na fé
de alguma pessoa simples que resulta envolta nela. Como em todas as coisas, há
momentos para discutir e momentos para calar.
O CAMINHO DA VERDADE
E O CAMINHO DO ERRO
2 Timóteo 2:15-18
Paulo insiste com Timóteo a apresentar-se a si mesmo, entre
os falsos mestres, como um verdadeiro mestre da verdade. A palavra que Paulo
emprega para dizer apresentar-se é a palavra grega parastesai, que significa
caracteristicamente apresentar-se para o serviço. As seguintes palavras e
frases desenvolvem esta idéia de utilidade para e no serviço.
A palavra grega para aprovado é dokimos. Dokimos descreve a
tudo o que foi provado e purificado e que está preparado para o serviço. Por
exemplo, descreve o ouro ou a prata que foram purificados e limpos de toda liga
no fogo. Portanto é usada para referir-se ao dinheiro que é genuíno. É a
palavra que se usa para referir-se a uma pedra que foi cortada, provada e está
pronta para ser localizada em seu lugar num edifício. Uma pedra com uma
imperfeição se marcava com uma A maiúscula, que representava a palavra grega
adokimastos, que significa provada e encontrada com carências. Assim Timóteo
devia ser purificado e provado para que pudesse ser um instrumento adequado
para a tarefa de Cristo, e portanto um trabalhador que não tivesse do que
envergonhar-se.
Além disso, insiste-se com Timóteo, com uma frase famosa, a
que maneje bem a palavra de verdade. A palavra grega que responde a esta
tradução é muito interessante. É a palavra orthotomein, que literalmente
significa cortar bem. Contém muitas imagens. Calvino a relacionou com um pai
que divida os mantimentos durante a refeição, cortando-os de tal maneira que
cada membro da família receba a porção correta, necessária e adaptada. Beza o
relacionou com o esquartejamento de uma vítima para o sacrifício de modo que
cada parte dela fosse repartida corretamente para o altar ou para o sacerdote.
Os próprios gregos usavam a palavra, ou a frase, com três significados
distintos. Usavam-na para referir-se a traçar um caminho reto no campo; a arar
sulcos direitos na terra; para referir-se à tarefa de um pedreiro ao cortar e
dar forma a uma pedra de modo que encaixe em seu lugar correto na estrutura de
um edifício. De modo que o homem que divide corretamente, que dirige
corretamente, a palavra da verdade traça um caminho reto através da verdade e
se nega a ver-se tentado por desvios prazenteiros mas irrelevantes; ara um
sulco direito através da terra da verdade; toma cada seção da verdade e a
localiza em sua posição correta, como o faz um pedreiro com uma pedra,
impedindo que as partes usurpem um lugar que não lhes está destinado ou uma
ênfase que não lhes corresponde, de modo
que desequilibrem toda a estrutura da verdade.
Por outro lado, o falso mestre se envolve no que Paute
chamaria "profanas e vãs palavrórios". E então Paulo usa uma frase
vívida. Os gregos tinham uma palavra favorita para progredir (prokoptein).
Literalmente significa avançar de frente; significa remover os obstáculos de um
caminho de modo que se possa levar a cabo um andar progressivo, direito e
ininterrupto. Paulo diz que estes enganadores vãos progridem cada vez mais na
impiedade. Seu progresso é ao reverso. Quanto mais falam, mais se apartam de
Deus. Aqui então está a prova. Se no final de um bate-papo e uma discussão,
estamos mais perto um do outro e de Deus, está bem. Mas se no final dela,
erigimos barreiras entre nós e deixamos a Deus mais distante e nossa
perspectiva dEle se nublou, então, estamos equivocados. O fim de toda discussão
e de toda ação cristã é aproximar o homem a Deus.
A RESSURREIÇÃO
PERDIDA
2 Timóteo 2:15-18 (continuação)
Entre os falsos mestres Paulo menciona especialmente a
Himeneu e Fileto. Não sabemos quem foram estes homens. Mas obtemos uma breve
visão de seus ensinos ao menos em um de seus aspectos. Diziam que a
ressurreição já tinha ocorrido. Isto, é obvio, não se refere à ressurreição de
Jesus; refere-se à ressurreição do cristão logo após a morte. Conhecemos duas
falsas perspectivas da ressurreição do cristão que tiveram alguma influência na
Igreja primitiva.
(1) Proclamava-se que a verdadeira ressurreição do cristão
ocorria no batismo. É certo que em Romanos 6 Paulo tinha escrito vivamente a
respeito de como o cristão morre no momento do batismo e volta para a vida como
novo. Havia aqueles que ensinavam que a ressurreição ocorria nesse momento do
batismo, e que era uma ressurreição à nova vida em Cristo aqui e agora, e não
depois da morte.
(2) Havia aqueles que ensinavam que o significado da
ressurreição individual não era mais que o fato de que a pessoa continuava
vivendo em seus filhos; que achava sua ressurreição, a continuação de sua vida
nos filhos, aqueles que, por assim dizer, continuavam sua vida, e seguiam
depois dele.
O problema era que esta classe de ensinos encontrava uma
resposta e um eco tanto na ala judia como na ala grega da Igreja. Pelo lado
judeu, os fariseus criam na ressurreição do corpo, os saduceus não. Qualquer
ensino que apagasse o conceito da vida após a morte, apelaria especialmente aos
saduceus, e estaria de acordo com suas crenças. O problema com os fariseus era
que eram ricos, materialistas aristocráticos, tinham lucros e interesses tão
grandes neste mundo que não estavam interessados no mundo por vir.
Pelo lado grego, o problema era muito mais difícil. Nos
primeiros dias do cristianismo os gregos, falando em geral, criam na
imortalidade, mas não criam na ressurreição do corpo. A crença mais elevada era
a dos estóicos. Os estóicos criam que Deus era o que poderia chamar-se um
espírito de fogo. A vida do homem era uma faísca desse espírito de fogo, uma
faísca do próprio Deus, uma centelha da divindade. Mas criam que quando um
homem morria essa faísca voltava a Deus e era reabsorvida por Ele. Essa é uma
crença nobre, mas claramente elimina a sobrevivência pessoal após a morte. O que
é pior, os gregos criam que o corpo era totalmente mau. Faziam um trocadilho em
seu provérbio: "Soma Sema", "O corpo é uma tumba." A última
coisa que desejavam ou criam era a ressurreição do corpo; e portanto eles
também estavam propensos a receber qualquer ensino a respeito da ressurreição
de cada pessoa que estivesse de acordo com suas crenças.
É óbvio que o cristão não crê na ressurreição deste corpo.
Ninguém podia conceber a uma pessoa destroçada num acidente ou morta de câncer
despertando no céu com o mesmo corpo; mas o cristão crê de todo seu coração na
sobrevivência da identidade pessoal; crê vigorosamente que depois da morte cada
um seguirá sendo o que é. E qualquer
ensino que tire essa segurança da sobrevivência pessoal de cada indivíduo fere
as próprias raízes da crença cristã.
Quando Himeneu e Fileto, e outros como eles, ensinavam que
já tinha ocorrido a ressurreição, já fosse no momento do batismo ou através dos
filhos de uma pessoa, estavam ensinando algo que os saduceus judeus e os
filosóficos gregos de maneira nenhuma eram remissos em aceitar; mas também
estavam ensinando algo que minava uma das crenças centrais e essenciais da fé
cristã.
FONTE DE PESQUISA:
Comentário Bíblico Popular - Novo Testamento
Comentário Bíblico Esperança Novo Testamento
Comentário Bíblico Willian Barclay Novo Testamento
Biblia de Estudo Pentecostal
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