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quarta-feira, 17 de junho de 2015

A MORTE DE JESUS - LIÇÃO 12 COM SUBSIDIO


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SUBSIDIO ELABORADO PELO EVANGELISTA: NATALINO ALVES DOS ANJOS. PROFESSOR NA E.B.D e PESQUISADOR. MEMBRO DA ASSEMBLEIA DE DEUS MISSÃO - CAMPO DE GUIRATINGA - MATO GROSSO

Lições Bíblicas CPAD   -   Adultos
2º Trimestre de 2015

Título: Jesus, o Homem Perfeito — O Evangelho de Lucas, o médico amado
Comentarista: José Gonçalves

Lição 12: A morte de Jesus
Data: 21 de Junho de 2015

TEXTO ÁUREO
 “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou” (Lc 23.46).

VERDADE PRÁTICA
 Jesus não morreu como mártir ou herói, mas como o Salvador da humanidade.

LEITURA DIÁRIA
Segunda — Lc 22.39-46
Momentos que antecederam a crucificação de Jesus
Terça — Lc 22.2-6
Judas, por ambição, negociou com os judeus a traição do Filho de Deus
Quarta — Jo 11.47-53
O porquê da crucificação de Jesus na esfera religiosa
Quinta — Jo 18.31
O motivo da crucificação de Jesus na esfera política
Sexta — Lc 23.21-23
O método terrível de execução para os condenados à morte
 Sábado — Is 53.11
O real significado da crucificação do Senhor Jesus Cristo

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
 Lucas 23.44-50.
 44 — E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona,
45 — escurecendo-se o sol; e rasgou-se ao meio o véu do templo.
46 — E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.
47 — E o centurião, vendo o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo.
48 — E toda a multidão que se ajuntara a este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltava batendo nos peitos.
49 — E todos os seus conhecidos e as mulheres que juntamente o haviam seguido desde a Galileia estavam de longe vendo essas coisas.
50 — E eis que um homem por nome José, senador, homem de bem e justo.

HINOS SUGERIDOS
 163, 291, 382 da Harpa Cristã

OBJETIVO GERAL
 Apresentar a causa primeira que levou Jesus à cruz: os nossos pecados.
 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I. Pontuar as aflições de Cristo de caráter interno e externo.
II. Explicar a dramaticidade do relato da traição de Jesus.
III. Relacionar os dois tipos de julgamentos de Jesus, o religioso e o político.
IV. Ensinar sobre o método e o significado da crucificação e morte de Cristo.
 INTERAGINDO COM O PROFESSOR

O julgamento de Jesus foi o que há de mais covarde no pensamento humano e na prática religiosa. O método e os pressupostos do julgamento de Jesus de Nazaré demonstram o que a elite religiosa de Israel estava acostumada a fazer em sua época, isto é, burlar a lei para a manutenção dos seus próprios interesses. O julgamento de Jesus foi um grande teatro. Nada do que fosse dito ou apresentado a favor do Nazareno mudaria o cenário. A classe religiosa havia pensado pormenorizadamente nos caminhos precisos para fazerem o espetáculo jurídico mais odioso que se ouviu dizer na história dos homens. Pensar que, após humilharem o Senhor Jesus, castigar o seu corpo, crucificarem-no e matarem-no, o “clero” judaico foi celebrar a Páscoa como se nada tivesse acontecido. Imagine! Mataram uma pessoa e, logo depois, “cultuaram” a Deus. Quando a religião fecha-se em si mesma, e nos seus próprios interesses, é capaz das maiores perversidades, pensando estar a serviço de Deus. Que o Senhor guarde o nosso coração!

COMENTÁRIO
 INTRODUÇÃO
 Os momentos que antecederam à prisão e julgamento de Jesus foram extremamente difíceis e penosos para Ele e seus seguidores. As autoridades judaicas já haviam decidido, em concílio, pela sua morte, e esperavam apenas o momento oportuno para isso. Não intentavam realizar o ato durante a Páscoa, para não causar tumulto. Nesse momento surge Judas Iscariotes, um dos doze discípulos, com a proposta de entregar Jesus a esses líderes. E foi o que ele fez.
Preso, Jesus logo é submetido a um julgamento que o condenou e o entregou para ser crucificado! Pregado na cruz, Jesus, o homem perfeito, sentiu as dores dos cravos e o peso do pecado da humanidade.


PONTO CENTRAL
 Jesus Cristo foi crucificado e morto pelos pecados de toda a humanidade.

 I. AS ÚLTIMAS ADVERTÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES
 1. Aflição interior. Sabendo que era chegada a sua hora, Jesus trata de dar as últimas advertências e recomendações aos seus discípulos. Todos os evangelistas registram a advertência que Jesus fez a Pedro (Mt 26.31-35; Mc 14.27-31; Lc 22.31-34; Jo 13.36-38). Faltava pouco para o Mestre ser preso, e tanto Ele quanto seus discípulos iriam passar por um conflito interior sem precedentes. Daí a necessidade de estarem preparados espiritualmente para esse momento (Mt 26.41). Pedro é avisado de que Satanás o queria peneirar (Lc 22.31-34). No Monte das Oliveiras, pouco antes de sua prisão, Ele advertiu a todos sobre a necessidade da oração para suportar as provações que se avizinhavam (Lc 22.39-46). Podemos falhar e muitas vezes falhamos, entretanto, não é por falta de aviso.

2. Aflição exterior. O texto de Lucas 22.35-38 tem chamado a atenção dos estudiosos da Bíblia. Estaria Jesus aqui pregando a luta armada? Não! Isso pelo simples fato de que o uso da força como parte do seu Reino é frontalmente contrário aos seus ensinos (Mt 5.9; 22.38-47). Jesus cita a profecia de Isaías 53.12 como se cumprindo naquele momento, e os discípulos, solidários com a sua missão, sofreriam as suas consequências. Assim como o seu Mestre, eles também seriam afligidos exteriormente com as consequências da prisão. Deveriam, portanto, estar preparados para aquele momento. Jesus seria contado com os malfeitores e seus discípulos seriam identificados da mesma forma (Mc 14.69).



SÍNTESE DO TÓPICO (I)

Antes de ser preso, Jesus deu advertências e recomendações para seus discípulos, pois sabia das aflições internas e externas que eles padeceriam.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
 “As palavras finais de Jesus aos discípulos no cenáculo os fazem lembrar de dificuldades à frente (Lc 22.35-38). Anteriormente, Ele os tinha enviado de mãos vazias para pregar o evangelho (Lc 9.1-6; 1.3,4). Eles fizeram uma viagem curta e levaram consigo providências limitadas, mas suas necessidades tinham sido providas. Nos dias tranquilos da missão galileia, eles tinham confiado na hospitalidade das pessoas. Agora os tempos mudaram, e eles enfrentarão dificuldades como nunca antes. Logo, Jesus será executado como criminoso, e os discípulos serão vistos como comparsas no crime. Deus ainda estará com os discípulos, mas daqui em diante eles têm de tomar providências e buscar proteção para a viagem. Eles terão de se defender contra os inimigos do evangelho, contra Satanás e contra as forças das trevas. Eles devem obter uma espada.
Alguns tomam a palavra ‘espada’ literalmente, significando que os discípulos devem comprar espadas para usar em conflito físico. Mais tarde, alguns estarão preparados para defender Jesus com espadas, mas Ele detém essa tentativa antes de qualquer coisa (vv.49-51). O que Jesus realmente quer é que os discípulos provejam as próprias necessidades e se protejam sem derramar sangue. Eles se encontrarão cada vez mais lançados numa luta espiritual e cósmica. A compra de espadas serve para lembrá-los daquela batalha iminente. Empreender esse tipo de guerra requer armas especiais, inclusive ‘a espada do Espírito, que é a palavra de Deus’ (Ef 6.11-18).
Os discípulos parecem não entender (Lc 22.38). Eles informam que têm duas espadas. Jesus diz: ‘Basta’, provavelmente com a intenção de repreensão irônica por pensarem assim. Eles encetarão uma guerra cósmica; os recursos humanos nunca são suficientes para esse tipo de luta” (ARRINGTON, French L. Lucas. In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, pp.463-64).

 II. JESUS É TRAÍDO E PRESO
 1. A ambição. A traição de Jesus é um dos relatos mais dramáticos e tristes que o Novo Testamento registra. Jesus foi traído por alguém que compartilhava da sua intimidade (Sl 41.9). Judas, conforme relata Lucas, foi escolhido pelo próprio Cristo para ser um dos seus apóstolos (Lc 6.16).
O que levou, portanto, Judas a agir dessa forma? Os textos paralelos sobre o relato da traição mostram que Judas era avarento, amava o dinheiro e a ambição o levou a entregar o Senhor (Jo 12.4-6).

2. A negociação. Há muito, os líderes religiosos procuravam uma oportunidade para matar Jesus, mas além de não encontrá-la, eles ainda temiam o povo (Mt 26.3-5; Lc 22.2). Lucas mostra que o Diabo entra em cena para afastar esse obstáculo (Lc 22.3-6). O terceiro Evangelho já havia mostrado, por ocasião da tentação, que o Diabo tinha se apartado de Jesus até o momento oportuno (Lc 4.13). Sabendo que Judas estava dominado pela ambição, Satanás incita-o a procurar os líderes religiosos para vender Jesus (Lc 22.2-6). O preço foi acertado em 30 moedas de prata (Mt 26.15). Quando o responsabiliza por seu ato, a Escritura mostra que Judas não estava predestinado a ser o traidor de Jesus (Mc 14.21). Ele o fez porque não vigiou (Lc 6.13; 22.40). Quem não vigia termina vendendo ou negociando a sua fé.

SÍNTESE DO TÓPICO (II)
 A ambição de Judas fez com que ele negociasse a prisão do Mestre e, finalmente, o traísse.

III. JULGAMENTO E CONDENAÇÃO DE JESUS
 1. Na esfera religiosa. Os conflitos entre Jesus e os líderes religiosos de Israel começaram muito cedo (Mc 3.6). As libertações, as curas e autoridade com que transmitia a Palavra de Deus fez com que as multidões passassem a seguir a Jesus (Lc 5.1). Essa popularidade entre as massas provocou inveja e ciúme dos líderes religiosos que perdiam espaço a cada dia (Jo 12.19). Para esses líderes, alguma coisa deveria ser feita e com esse intuito reuniram o Sinédrio. A decisão foi pela morte de Jesus (Jo 11.47-57). O passo seguinte foi fazer um processo formal contra Jesus, onde Ele seria falsamente acusado de ser um sedicioso que fizera Israel se desviar.

2. Na esfera política. Para os líderes religiosos, Jesus era um herege, acusado de ter blasfemado, e que deveria ser tirado de cena a qualquer custo, mesmo que fosse a morte. Todavia, Israel nos dias de Jesus estava sob a dominação romana e os líderes judeus não poderiam conquistar o seu intento sem a aprovação do Império (Jo 18.31). Lucas deixa claro que a acusação dos líderes judeus feita a Jesus era tríplice: desviar a nação; proibir os judeus de pagarem impostos a Roma e afirmar que Ele, e não César, era rei (Lc 23.2,5,14). Em outras palavras, Jesus foi acusado de sedição. Desviar os judeus de sua fé não era crime para Roma, mas a sedição, fazer o povo se levantar contra o império, era! Jesus, portanto, estaria levando os seus discípulos a uma revolta política. Os romanos não toleravam nenhuma forma de levante contra o Estado e estipulavam para esse tipo de crime a pena capital.

SÍNTESE DO TÓPICO (III)
 O julgamento de Jesus deu-se em duas esferas: a religiosa e a política.

IV. A CRUCIFICAÇÃO E A MORTE DE JESUS
 1. O método. A pena capital imposta pelo Império Romano aos condenados se dava através da crucificação. Os pesquisadores são unânimes em afirmar que essa era a mais cruel e dolorosa forma de execução! Josefo, historiador judeu, informa que antes da execução, os condenados eram açoitados e submetidos a todo tipo de tortura e depois crucificados do lado oposto dos muros da cidade. Cícero, historiador romano, ao se referir à crucificação, afirmou que não havia palavra para descrever ato tão horrendo. A mensagem do Império Romano era clara — isso aconteceria com quem se levanta contra o Estado. Jesus, portanto, sofreu os horrores da cruz. De acordo com os Evangelhos, Ele foi açoitado, escarnecido, ridicularizado, blasfemado, torturado, forçado a levar a cruz e por fim crucificado (Jo 19.1-28).

2. O significado. Para muitos críticos, Jesus não passou de um mártir como foram tantos outros líderes judeus que viveram antes dEle. Todavia, a teologia lucana depõe contra essa ideia. O que se espera da morte de um mártir não pode ser encontrado na narrativa da morte de Jesus. Para Lucas, Jesus morreu vicariamente pela humanidade. A relação que Lucas faz do relato da paixão com a narrativa do Servo Sofredor de Isaías 53 mostra isso. O Servo sofredor, Jesus, justifica a muitos. O caráter universal da salvação presente em Isaías 53 aparece também em Lucas. Jesus, portanto, é o Servo Sofredor que se humilha até à morte de cruz, mas é exaltado e glorificado por Deus pela obra que realizou.

SÍNTESE DO TÓPICO (IV)
 O método usado para matar Jesus foi a crucificação, denotando que o Senhor morreu vicariamente pela humanidade.



SUBSÍDIO TEOLÓGICO
 “A figura de um cordeiro ou cabrito sacrificado como parte do drama da salvação e da redenção remonta à Páscoa (Êx 12.1-13). Deus veria o sangue aspergido e ‘passaria por cima’ daqueles que eram protegidos por sua marca. Quando o crente do Antigo Testamento colocava as suas mãos no sacrifício, o significado era muito mais que identificação (isto é: ‘Meu sacrifício’). Era um substituto sacrificial (isto é: ‘Sacrifico isto em meu lugar’).

Embora não se deva forçar demais as comparações, a figura é claramente transferida a Cristo no Novo Testamento. João Batista apresentou-o, anunciando: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo’ (Jo 1.29). Em Atos 8, Filipe aplica às boas novas a respeito de Jesus a profecia de Isaías que diz que o Servo seria levado como um cordeiro ao matadouro (Is 53.7). Paulo se refere a Cristo como ‘nossa páscoa’ (1Co 5.7). Pedro afirma que fomos redimidos ‘com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado’ (1Pe 1.19)” (HORTON, Stanley (Ed). Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.352).

 CONCLUSÃO
 É um fato histórico que Jesus foi condenado pelos líderes religiosos e executado pelas leis romanas. Todavia, devemos lembrar de que a causa primeira que levou Jesus de fato à cruz foram os nossos pecados (Is 53.5). O apóstolo Paulo também destaca esse fato: “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5.21). A cruz resolveu o problema do pecado, e todos nós finalmente pudemos desfrutar a paz com Deus (Rm 5.1). Deus seja louvado.

PARA REFLETIR
 Sobre os ensinos do Evangelho de Lucas, responda:
 Conforme a lição, que alerta Jesus fez aos discípulos antes de ser traído?
Pedro é avisado de que Satanás o queria peneirar (Lc 22.31-34). No Monte das Oliveiras, pouco antes de sua prisão, Ele advertiu a todos sobre a necessidade da oração para suportar as provações que se avizinhavam (Lc 22.39-46).

Qual foi a forma que os líderes acharam para, injustamente, entregar Jesus?
Através de Judas, os líderes religiosos compraram Jesus (Lc 22.2-6) pelo preço de 30 moedas de prata (Mt 26.15). Quanto à condenação capital, o acusaram injustamente de sedição.

Quais são as duas esferas nas quais se deu a traição de Jesus?
Religiosa e política.

Qual era o método usado pelos romanos para executar os condenados?
A pena capital imposta pelo Império Romano aos condenados se dava através da crucificação.

O que a crucificação de Jesus representa para você?
Resposta livre.

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

A morte de Jesus
 Ele era judeu, nascido em Belém da Judeia. Morador de Nazaré, norte da Galileia. Era um cidadão da Terra de Canaã, a Palestina da atualidade, o local onde está fixada a nação contemporânea de Israel. Filho de carpinteiro, do seu pai José, esposo de Maria, sua mãe, Jesus de Nazaré cresceu e desenvolveu-se como qualquer outro ser humano. Aos trinta anos ele iniciou a sua peregrinação na terra de Israel para pregar uma mensagem contundente. Ele dizia que o Reino de Deus havia chegado a Terra e este reino era diferente daquele dos homens. O Reino de Deus é uma dimensão dominada pelo o amor do Altíssimo. E o Nazareno é a plena encarnação desse amor para com a humanidade (leia João 3.16).

Por falar de amor, mansidão, humildade, perdão e altruísmo, o homem de Nazaré incomodou muita gente poderosa de sua época. Sua mensagem lhe custou a liberdade. Ele foi constrangido, perseguido, humilhado, odiado e preso. Isto mesmo. Parte da população judaica, instigada pelos seus líderes religiosos, preferiu libertar um criminoso a Jesus (Mt 27.15-17,21; 15.6,7,11,15). O Meigo Nazareno foi condenado a Cruz do Calvário, uma das piores penas capitais executadas pelo Império Romano do primeiro século da era cristã.

Jesus de Nazaré foi crucificado. Morto. Todos assistiram: sua família, particularmente a sua mãe, os seus discípulos, os judeus e os romanos. Apesar de perseguido por fazer o bem, o nosso Senhor sabia da sua missão redentora: Era preciso morrer para salvar o pecador (Lc 2.25-38). Mas os seus algozes não tinham noção dessa missão de Jesus. Por isso o bateram; rasgaram a sua carne; arrancaram a sua barba; furaram a sua cabeça com a coroa de espinho; deram-lhe uma cruz para caminhar até o calvário; o crucificaram; transpassaram uma lança em seu peito. Jesus morreu!

Perguntar ao nosso aluno se ele tem a consciência do significado da morte de Jesus Cristo é uma forma de desenvolver uma reflexão interior nele. Explique-o que o Espírito Santo pode fazê-lo experimentar o que milhares de pessoas há mais de dois mil anos experimentaram em suas vidas: o constrangimento de Jesus morrer em meu lugar. Diga que era para você e o seu aluno estar no lugar de Jesus! Sim, eu quem deveria está lá!
Jesus de Nazaré sofreu, foi humilhado e entregue nas mãos dos homens. O seu sangue derramado e o seu corpo partido na cruz foram um brado de amor pela humanidade. Por amor ele foi condenado. Foi por amor, por amor, por amor... Pense nisso!





SUBSIDIOS

A morte de Jesus na cruz – Lc 23.44-49
44 – Já era quase a hora sexta, e, escurecendo-se o sol, houve trevas sobre toda a terra até à hora nona.
45 – E rasgou-se pelo meio o véu do santuário.
46 – Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou.
47 – Vendo o centurião o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Verdadeiramente, este homem era justo.
48 – E todas as multidões reunidas para este espetáculo, vendo o que havia acontecido, retiraram-se a lamentar, batendo nos peitos.
49 – Entretanto, todos os conhecidos de Jesus e as mulheres que o tinham seguido desde a Galiléia permaneceram a contemplar de longe estas coisas.

No relato de Lucas a história da paixão é cada vez mais sucinta à medida que se precipita em direção do desfecho. Não são mencionados aqui o instante em que Jesus recomenda sua mãe a João, o lamento do crucificado e o último refrigério do moribundo. A ruptura da cortina do templo é mencionada como ocorrendo antes da morte do Senhor. De acordo com Mateus ela aconteceu um instante depois. Diante da rápida seqüência dos acontecimentos é impossível falar de um momento anterior e posterior. Lucas foi o único a registrar a última palavra do Senhor na cruz. Em vista de sua breve síntese, a relação dos sinais durante a morte de Jesus no relato de Lucas assemelha-se mais a Marcos que a Mateus. Como seus dois antecessores sinóticos, Lucas omite que as pernas dos dois criminosos executados foram quebradas e que se furou o lado do Senhor. Na descrição bastante minuciosa do sepultamento do Senhor, Lucas converge com as narrativas dos outros evangelistas.

Conforme Mc 15.25 Jesus foi crucificado na terceira hora, i. é, 9 horas da manhã. A sexta hora, por conseguinte, era por volta do meio-dia. Portanto, Jesus estava pendurado há três horas na cruz quando se iniciou a escuridão que durou três horas, até por volta das 15 horas da tarde. Os escárnios  dirigidos contra Jesus situam-se nas primeiras três horas. Jesus, que nesse período se calou diante da zombaria, interrompeu o silêncio com sua promessa ao criminoso arrependido. Com o começo das trevas provavelmente toda a zombaria silenciou. Essa escuridão em pleno meio-dia não deve ser imaginada como um eclipse solar, porque de acordo com as leis da astronomia ele não pode ocorrer na época da lua cheia, quando se celebrava a Páscoa. Mateus e Marcos não falam a respeito de um eclipse solar. Somente Lucas fala do escurecimento do sol. Trata-se de um escurecimento milagroso, uma linguagem divina nos sinais da natureza. O significado das trevas na morte de Jesus resulta da advertência com que o Senhor se despediu do povo: “Ainda por um pouco a luz está convosco. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem; e quem anda nas trevas não sabe para onde vai” (Jo 12.35). A nação judaica desprezou essa advertência. Jesus morreu porque Israel assim o quis. Pelas mãos de Israel “a luz do mundo” apagou-se para este povo, e as trevas infernais tornaram-se sua morada. A escuridão foi um sinal com que Deus interpretou a morte de seu Filho para o povo judeu.

A ruptura da cortina no templo atestou o efeito da morte de Jesus, apavorando os judeus e fortalecendo a fé dos discípulos do Senhor. Tratava-se da cortina entre o santo e o santíssimo do templo que impedia o olhar para dentro do santíssimo e encobria o acesso ao trono da graça. Uma explicação sobre o significado da ruptura dessa cortina é fornecida pela carta aos Hebreus (Hb 6.19s; 9.12; 10.19s), que apresenta a morte vicária de Cristo, o verdadeiro sumo sacerdote, como entrada para o santíssimo. Dessa maneira o novo e vivo acesso através da cortina foi preparado para nós. A ruptura da cortina no momento da morte do Senhor caracteriza sua morte como a reconciliação entre Deus e as pessoas, por meio da qual foi tirado o muro que separa o pecador de Deus. Através desse sinal Deus apresenta a morte de Jesus como morte sacrificial expiatória, atestando que o Filho do Homem entregou sua vida como resgate por muitos (Mt 20.28). É praticamente um sinal de que o culto sacrificial do AT fora suspenso, o que acarretaria a decadência do templo judeu. Rasgando-se a cortina, o templo deixava de ser a morada de Deus entre seu povo. Pela morte de Jesus o templo, portanto, foi demolido, para que, ressuscitado após três dias, edificasse o novo templo, não feito por mãos, de seu corpo transfigurado. Para os sumo sacerdotes descrentes a ruptura da cortina visava ser um sinal de Deus de que aquele que fora rejeitado por eles de fato era o Cristo e o Filho de Deus e que o templo e seu culto, ao qual defendiam fanaticamente, estava fadado ao desaparecimento.

Lucas acrescenta a esses dois episódios a última exclamação de Jesus, depois do que faleceu imediatamente. A prece “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito!” evoca o Salmo 31.5, no qual falta, porém, a interpelação “Pai”. A justificação no Sl 31 “Porque tu me redimiste, Senhor, Deus fiel!”[t.a.?] não é repetida por Jesus em sua oração. Aquele salmo expressa a confiança total em Deus, que salva do perigo de vida. Jesus, no entanto, expressa a consciência plena da unidade não turbada com o Pai no céu, a cuja proteção ele, ao morrer, confia sua vida terrena.

Lucas ainda informa acerca do impacto do sofrimento do Jesus moribundo sobre os circunstantes. Primeiramente é citado o capitão romano, depois o povo e por fim os adeptos do Senhor. Em concordância com Mateus e Marcos o presente evangelista menciona o tipo de impressão que a morte do Senhor causou sobre o capitão gentio que realizava a vigília na cruz. Conforme Lucas o gentio declarou que “Este homem era justo”, que Jesus não era um malfeitor, como se pensava. “O acontecido” visto pelo capitão não se refere apenas ao último grito do Senhor pouco antes de morrer, mas a todo o comportamento de Jesus na cruz. O capitão sabia agora que Jesus era mais que um justo. Porque na cruz Jesus havia, por duas vezes, chamado Deus de seu Pai. Em decorrência, conforme Mateus e Marcos o centurião também era capaz de testemunhar o Senhor como Filho de Deus.

Ao complementar os relatos dos demais evangelistas, Lucas cita especialmente a impressão da morte de Jesus sobre as multidões que haviam se aglomerado para esse espetáculo. O termo theoria = “espetáculo” assinala a curiosidade que atraiu a multidão. Bateram no peito e deram meia-volta quando presenciaram esses fatos.

Os mesmos acontecimentos também foram vistos por todos os conhecidos do Senhor, que estavam presentes em Jerusalém, e pelas mulheres que o haviam seguido da Galiléia. Mateus e Marcos igualmente se referem à presença das mulheres, mencionando também seus nomes. As mulheres, já citadas anteriormente por Lucas, são mencionadas por ele somente na ida até o sepulcro na manhã da ressurreição (Lc 24.10). Enquanto o povo se afastava da cruz, os amigos de Jesus aos poucos se reuniram em torno de seu corpo.

O sepultamento de Jesus – Lc 23.50-56
50 – E eis que certo homem, chamado José, membro do Sinédrio, homem bom e justo
51 – (que não tinha concordado com o desígnio e ação dos outros), natural de Arimatéia, cidade dos judeus, e que esperava o reino de Deus,
52 – tendo procurado a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus,
53 – e, tirando-o do madeiro, envolveu-o num lençol de linho, e o depositou num túmulo aberto em rocha, onde ainda ninguém havia sido sepultado.
54 – Era o dia da preparação, e começava o sábado.
55 – As mulheres que tinham vindo da Galiléia com Jesus, seguindo, viram o túmulo e como o corpo fora ali depositado. [v. 49]
56 – Então, se retiraram para preparar aromas e bálsamos. E, no sábado, descansaram, segundo o mandamento.

A introdução fundamental dessa história é trazida pelo evangelho de João. Os judeus foram os primeiros a solicitar a remoção do corpo, depois José de Arimatéia pediu pelo corpo do Senhor. Conforme João juntou-se ainda Nicodemos, que trazia ungüentos para o sepultamento. José de Arimatéia é caracterizado com mais detalhes por Marcos e Lucas que por Mateus. Dentre as mulheres Mateus salienta com maior nitidez as duas Marias, a Madalena e “a outra”. Conforme Marcos trata-se da Maria de José, que se sentou defronte à sepultura. Mateus é o único a relatar o lacre do sepulcro (Mt 27.62-66).
Lucas descreve José de Arimatéia como um homem bom e justo. Ele não era justo no sentido jurídico, mas teocrático. Bengel faz a excelente observação: “Toda pessoa boa também é justa, mas não vice-versa.” Não se afirma que José de Arimatéia tenha sido o único que discordou da decisão e do procedimento do Sinédrio.

José de Arimatéia pediu a Pilatos o corpo do Senhor. Muitas vezes os procuradores romanos concediam esses favores em troca de dinheiro. Conforme determinações da lei romana os corpos dos condenados não podiam ser negados aos conhecidos. Não é mencionada a razão pela qual Pilatos entregou o corpo de Jesus ao eminente conselheiro.

Acerca do sepulcro em que Jesus foi deitado afirma-se com grande ênfase que ninguém ainda havia sido colocado nele. A referência cronológica “dia da preparação e começo do sábado” coincide com Mc 15.42 e Jo 19.42. Isso diz respeito ao entardecer de sexta-feira por volta do pôr do sol. Por causa da proximidade do sábado foi preciso acelerar o sepultamento do corpo. As mulheres da Galiléia que haviam seguido a Jesus ainda compraram ervas e ungüentos após o sepultamento do corpo, a fim de concluir o embalsamento em si depois do sábado. O fato de Marcos informar que foram compradas especiarias apenas depois do sábado não contradiz o que Lucas escreve aqui.

Talvez possamos imaginar a situação toda da seguinte maneira: considerando que urgia o tempo por causa da proximidade do sábado, o sepultamento e a preparação do corpo só podiam ser feitos às pressas. Conforme Jo 19.40 “tomaram o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os aromas, como é de uso entre os judeus na preparação para o sepulcro” e também aconteceu com o falecido Lázaro. Baseado em Jo 19.39 cita-se Nicodemos, “que levou cerca de cem libras de um composto de mirra e aloés”. O fato de que na seqüência, nos v. 55b-56, se afirma que as mulheres contemplavam o sepulcro, observando como seu corpo era posicionado, e que depois de seu retorno à cidade aproveitaram o restante do dia da preparação para providenciar os ungüentos e perfumes – mostra que cada palavra desse relato possui um valor muito grande. – O rico estoque de mirra e aloés adquirido por Nicodemos parece não ter sido suficiente para honrarem a Jesus. Por isso planejaram completar a precipitada preparação do corpo com outra mais exaustiva e final, i. é, adquirir mais alguns ungüentos e perfumes além dos já preparados, após o sábado, visando correr de volta ao sepulcro no primeiro dia da semana, ou seja, na manhã do domingo de Páscoa, com a finalidade de arrumar e aprontar tudo da melhor forma. As mulheres não haviam corrido ao sepulcro na manhã do domingo da Páscoa para saudar o Ressuscitado, mas para terminar de embalsamar o morto.

ALI O CRUCIFICARAM
Lucas 23:32-38
Quando um criminoso chegava ao lugar da crucificação sua cruz era apoiada sobre o chão. Em geral era uma cruz em forma de "T", sem a parte de acima contra a qual a cabeça podia descansar. Era bastante baixa, de maneira que os pés do delinqüente estavam a apenas um metro ou menos do chão. Havia em Jerusalém uma companhia de mulheres piedosas que tinham como prática ir às crucificações e dar às vítimas um sorvo de vinho com alguma droga que amortecia a terrível dor. Ofereceram a Jesus essa bebida, mas ele a rechaçou (Mateus 27:34). Estava disposto a enfrentar o pior da morte com a mente limpa e os sentidos claros. Os braços da vítima eram estendidos sobre a barra horizontal e cravavam suas mãos. Os pés não se cravavam, mas sim eram atados frouxamente à cruz. Na metade da mesma havia um pedaço de madeira que sobressaía, chamado cadeira, que suportava o peso do criminoso, já que de outra maneira os pregos teriam esmigalhado suas mãos.

Depois a cruz era elevada e erigida em seu lugar. O que fazia terrível a crucificação era o seguinte: a dor desse terrível processo era tremendo, mas não era suficiente para matar a um homem, e se deixava que a vítima morresse de fome e de sede sob o forte sol do meio-dia e as geladas da noite. Sabia-se que muitos criminosos ficavam pendurados na cruz por mais de uma semana até morrer enlouquecidos.

As roupas do criminoso pertenciam aos quatro soldados entre os quais tinha marchado à cruz. Todo judeu vestia cinco objetos: a túnica interior, o manto exterior, o cinto, as sandálias e o turbante. Os soldados repartiam quatro entre si. Ficava o grande manto exterior. Este estava tecido em uma peça sem costura (João 19:23, 24). Se fosse cortado e dividido perdia o valor, de modo que os soldados brincaram com ele à sombra da cruz. Para eles não significava nada senão um criminoso a mais que estava agonizando e morrendo lentamente.
A inscrição que ficava sobre a cruz era o mesmo pôster que se levava diante do homem quando partia através das ruas ao lugar da crucificação.

Jesus disse muitas coisas maravilhosas, mas raramente disse algo mais maravilhoso que: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” O perdão cristão é assombroso. Quando Estêvão estava sendo lapidando também orou: “Senhor, não lhes imputes este pecado!” (Atos 7:60). Não há nada tão bonito nem tão raro como o perdão cristão. Quando o espírito de rancor ameace trazendo amargura a nossos corações, escutemos outra vez a nosso Senhor orando por todos aqueles que o crucificaram, e escutemos a seu servo Paulo dizendo a seus amigos: “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Efésios 4:32).

A idéia de que este fato terrível foi realizado em ignorância corre através do Novo Testamento. Tempos depois Pedro disse às pessoas: “Eu sei que o fizestes por ignorância” (Atos 3:17). Paulo disse que crucificaram a Jesus porque em realidade não o conheciam (Atos 13:27).
Marco Aurélio, o grande imperador romano e o santo estóico, costumava dizer-se a si mesmo cada manhã: "Hoje te encontrarás com todo tipo de pessoas desagradáveis; elas te machucarão; te injuriarão, e te insultarão; mas não podes viver assim; tu sabes mais porque és um homem no qual habita o espírito de Deus."

Outros podem ter em seu coração o espírito que não perdoa; outros podem pecar por ignorância, mas nós sabemos mais; somos homens e mulheres de Cristo e devemos perdoar como Ele o fez.

A PROMESSA DO PARAÍSO
Lucas 23:39-43
As autoridades crucificaram a Jesus entre dois conhecidos criminosos com propósitos estabelecidos e deliberados. Fizeram-no para humilhar a Jesus diante da multidão, e para que fosse contado entre os ladrões. A lenda se ocupou muito do ladrão arrependido. Deram-lhe vários nomes: Dimas, Demas, e Dumaco. Uma lenda o faz aparecer como um Robin Hood judeu que roubava os ricos para dar aos pobres.

A lenda mais bonita conta como a família sagrada quando fugia com o pequeno menino Jesus, de Belém ao Egito, foi atacada por ladrões. Jesus foi salvo pela misericórdia de um jovem que era filho do chefe do bando de ladrões. O pequeno Jesus era tão bonito que o jovem delinqüente não pôde pôr suas mãos sobre ele, mas sim o liberou dizendo: "Ó, o mais bendito de todos os meninos, se alguma vez chegar o momento de ser misericordioso comigo, lembre de mim e não esqueça esta hora." Assim, diz a lenda, o ladrão que salvou a Jesus quando era um bebê, encontrou-se com Ele na cruz do Calvário e desta vez Jesus o salvou.

A palavra paraíso é um termo persa que significa jardim murado. Quando um rei persa queria honrar de maneira especial a um de seus súditos o convidava a acompanhá-lo a passear pelo jardim. Jesus  prometeu ao ladrão arrependido algo mais que a imortalidade. Prometeu-lhe o honroso posto de acompanhante pelo jardim nos átrios do céu.

Sem dúvida esta história nos diz, acima de tudo, que nunca é muito tarde para voltar para Cristo. Há outras coisas das quais devemos dizer: "Já passou o momento para isso. Agora estou muito velho." Mas nunca podemos dizer isso de voltar para Cristo. O convite se mantém enquanto palpite o coração do homem. Como escreveu o poeta sobre o homem que se matou ao cair de seu cavalo que galopava:
"Entre o estribo e o chão,
Pedi misericórdia, e achei misericórdia."
Para nós é literalmente certo que enquanto há vida há esperança.

O LONGO DIA TERMINA
Lucas 23:44-49
Cada oração desta passagem tem um rico significado.

(1) Quando Jesus morreu houve uma escuridão. Foi como se o próprio Sol não suportasse olhar o que as mãos do homem tinham feito. O mundo está sempre escuro quando os homens procuram eliminar e destruir a Cristo.

(2) O véu do templo se rasgou em dois. Este véu guardava o lugar santíssimo onde morava a própria presença de Deus, ao qual ninguém podia entrar salvo o sumo sacerdote, e só uma vez ao ano no Dia da Expiação. Foi como se o caminho à presença secreta de Deus, até o momento fechado a todos os homens, fosse aberto a todos. Foi como se o coração de Deus, escondido até esse momento, despiu-se perante os homens. A chegada de Jesus, sua vida e sua morte, rasgam o véu que tinha oculto a Deus do homem. Jesus disse: “Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14:9). Na cruz os homens viram o amor de Deus, como nunca o tinham visto nem voltariam a vê-lo.

(3) Jesus clamou com uma grande voz. Três dos evangelhos nos falam a respeito deste grande grito (comp. Mateus 27:50; Marcos 15:37).
João, por outro lado, não menciona o grande clamor, mas diz que Jesus morreu dizendo: “Está consumado!” (João 19:30). Em grego e aramaico estas palavras são uma só. Portanto elas e o grande clamor são a mesma coisa. Jesus morreu com um grito de triunfo em seus lábios. Não disse: “Está consumado!” como quem foi abatido até cair de joelhos e finalmente golpeado, como alguém que admite sua derrota, disse-o como um vencedor que ganhou seu último encontro com o inimigo, como quem concluiu uma tarefa tremenda. Consumado! É o grito de Cristo, crucificado e entretanto vitorioso.

(4) Jesus morreu com uma oração em seus lábios. “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” É o salmo 31:5 com uma palavra adicionada – a palavra Pai. Esse versículo era a primeira oração que toda mãe judia ensinava a seu filho para que fosse a última coisa que dissesse de noite. Assim como nos foi ensinado, possivelmente, a dizer: "Esta noite me deito a dormir", a mãe judia ensinava a seu filho a dizer, antes de que chegasse a escuridão ameaçadora: "Em tuas mãos encomendo o meu espírito." E Jesus a tornou ainda mais bela porque começou com a palavra Pai. Até na cruz Jesus morreu como um menino que dorme nos braços de seu pai.

(5) O centurião e a multidão se comoveram profundamente ao morrer Jesus. Sua morte tinha obtido o que sua vida não tinha podido obter; tinha quebrado os duros corações dos homens. Já estava sendo cumprida sua declaração: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo” (João 12:32). O magnetismo da cruz tinha começado a obrar, já com seu último suspiro.



 JESUS E PRESO
LUCAS 22:39-71

Talvez a melhor maneira de entender as lições espirituais por trás dos acontecimentos
trágicos daquela noite seja concentrar-se nos símbolos que aparecem no relato. A Bíblia não é apenas um livro de história e de biografias, mas também um livro de imagens repletas de significado e de mensagens para nós. Nesta passagem, encontramos seis símbolos que podem nos ajudar a compreender melhor o sofrimento e a morte de Jesus. São eles: um jardim solitário,um cálice custoso, um beijo hipócrita,uma espada inútil, um galo que canta e um
trono glorioso.

1. UM JARDIM SOLITÁRIO (Lc 22:39)
O Filho do Homem deixou o cenáculo e, com os discípulos, dirigiu-se ao jardim do
Getsêmani, no monte das Oliveiras, o lugar para onde costumava se retirar quando estava
em Jerusalém (Lc 21 :37). Sabendo que Jesus estaria lá (Jo 18:1, 2), Judas conduziu o bando de soldados romanos e de guardas do templo até o jardim para prender Jesus, que se entregou voluntariamente nas mãos de seus captores.

Mas por que um jardim? A história humana começa num jardim (Gn 2:7-25). Também é lá que começa a história do pecado humano (Gn 3). Para os remidos, a história chegará ao ápice numa cidade semelhante a um jardim, onde não haverá pecado (Ap 21:1 - 22:7). Mas entre o jardim onde o homem falhou e o jardim onde Deus reinará encontra-se o Getsêmani, jardim onde Jesus aceitou o cálice das mãos do Pai. De acordo com João, quando Jesus foi para o jardim, atravessou o ribeiro de Cedrom  J0 18:1). Talvez João tivesse em mente a experiência do rei Davi, quando deixou Jerusalém fugindo de seu filho Absalão (2 Sm 15; ver especialmente o v. 23). Quando cruzaram o Cedrom, Davi e Jesus eram reis sem trono, acompanhados de seus amigos mais próximos, rejeitados pelo próprio povo. O nome Cedrom significa "sombrio, escuro", e Getsêmani quer dizer "prensa de olivas". Sem dúvida são nomes significativos.

Hoje em dia, os guias turísticos de Jerusalém levam os visitantes a quatro lugares diferentes
que arrogam o título de jardim do Getsêmani. O mais aceito e mais visitado é, provavelmente, o local que fica fora do muro oriental de Jerusalém, próximo à Igreja de Todas as Nações. As oliveiras ali são, de fato, extremamente antigas, mas é pouco provável que sejam as mesmas do tempo de Jesus, uma vez que os romanos destruíram todas as árvores quando invadiram a Judéia em 70 d.e.

A localização geográfica do Getsêmani não é tão importante quanto a mensagem espiritual acerca do que Jesus fez enquanto estava lá, quando aceitou o "cálice" das mãos do Pai. O primeiro Adão rebelou-se no jardim do Éden e introduziu no mundo o pecado e a morte, mas o Último Adão (1 Co 15:45) sujeitou-se no jardim do Getsêmani e trouxe vida e salvação a todos os que crerem.

2. UM CÁLICE CUSTOSO (Lc 22:40-46)
Jesus deixou oito de seus discípulos em alguma parte do jardim e levou consigo Pedro,
Tiago e João para orar num lugar mais retirado (Mc 14:32, 33). Essa foi a terceira vez que compartilhou uma ocasião especial com esses três discípulos. A primeira foi quando ressuscitou a filha de Jairo (Lc 8:41-56); a segunda, quando foi transfigurado diante deles (Lc 9:28-36). Tais fatos devem conter uma mensagem espiritual. O comentarista inglês G. Campbell Morgan ressalta que cada uma dessas ocasiões possui uma relação com a morte. Na casa de Jairo, Jesus provou ser vitorioso sobre a morte e, no monte da transfiguração, foi glorificado por meio da morte. (Ele, Moisés e Elias falaram de seu "êxodo" de Jerusalém. [Lc 9:31 l.)
No jardim, Jesus é entregue à morte. Tiago foi o primeiro dos apóstolos a morrer (At 12:1, 2), João foi o último, e Pedro sofreu perseguições intensas e acabou sendo crucificado. Portanto, essas três lições mostraram-se extremamente práticas para a vida deles.

Jesus é o Filho de Deus e sabia muito bem que seria ressuscitado dentre os mortos. No entanto, sua alma encheu-se de agonia ao antever o que se encontrava adiante dele. Nas horas subseqüentes, seria humilhado e insultado e sofreria vergonha e dor na cruz. Mais do que isso, seria feito pecado por nós, sendo separado de seu Pai. Jesus chamou essa experiência de "beber do cálice" (mais paralelos dessa imagem podem ser encontrados nos Si 73:10; 75:8; Is 51 :17, 22; jr 25:15-28).

Uma comparação dos relatos dos Evangelhos mostra que Jesus orou três vezes sobre o cálice e voltou três vezes para os discípulos, encontrando-os adormecidos. Não faziam idéia das provações e do perigo diante deles. Como teria sido importante para Jesus receber o apoio dos discípulos em oração ao enfrentar o Calvário (ver Hb 5:7, 8)! Lucas é o único evangelista que menciona "suor [...] como gotas de sangue". O uso de como pode sugerir que o suor caía no chão semelhante a coágulos de sangue. No entanto, existe um fenômeno físico raro chamado hematidrose em que, sob condições de grande aflição, os pequenos vasos sangüíneos dentro das glândulas sudoríparas se rompem e produzem uma mistura de suor e sangue. O primeiro Adão pecou no jardim e foi condenado a viver pelo suor de seu rosto (Gn 3:19). Jesus, o Último Adão, obedeceu ao Pai num jardim e venceu o pecado de Adão (Rm 5:12-21). Lucas também é o único autor que fala do ministério do anjo (Lc 22:43). Na verdade, tanto o Evangelho de Lucas quanto o Livro de Atos destacam a presença dos anjos na obra de Cristo. Os anjos não poderiam vir à Terra para morrer por nossos pecados, mas poderiam fortalecer nosso Salvador, enquanto aceitava corajosamente seu cálice da mão do Pai. Nas palavras de George  Morrison: "Toda vida tem seu Getsêmani e todo Getsêmani tem seu anjo". Que grande estímulo ao povo de Deus, quando está em lutas e em oração por decisões difíceis, pelas quais se deve pagar um alto preço!

3. UM BEIJO HIPÓCRITA (Lc 22:47, 48)
Alguém definiu um beijo como "uma contração da boca decorrente de uma expansão do coração". Porém, nem todos os beijos vêm de um coração amoroso, pois os beijos também podem ser enganosos. No caso de Judas, seu beijo nasceu da mais abjeta hipocrisia e traição.
Naquele tempo, os discípulos costumavam saudar os mestres com um beijo afetuoso e respeitoso. O beijo de Judas foi um sinal para mostrar aos guardas qual dos homens ali era Jesus (Mt 26:48, 49). Jesus havia ensinado no templo, dia após dia, e, no entanto, os guardas não foram capazes de reconhecê-Io!

A presença de um grupo tão grande de soldados armados mostra como, na verdade, Judas não sabia coisa alguma sobre o Senhor Jesus. Será que pensou que Jesus tentaria fugir ou, talvez, se esconder em algum lugar do jardim? É possível que Judas esperasse resistência de Jesus e dos outros discípulos, pois, de outro modo, não teria reunido tantos soldados para ajudar. Talvez temesse que Jesus realizasse um milagre; mas, se isso acontecesse, de que adiantaria
um grupo de homens armados contra o Deus Todo-Poderoso? Judas era dissimulado, um mentiroso, exatamente como Satanás que entrou nele J0 8:44; 13:27). Contaminou quase tudo o que tocou: seu nome (Judá quer dizer "louvor"), o grupo dos discípulos (Lc 6:13-16), as ofertas feitas a Cristo 00 12:1-8) e o beijo. Invadiu uma reunião de oração particular, contaminou- a com sua presença e traiu o Salvador com um beijo. "Leais são as feridas feitas
pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos" (Pv 27:6).

4. UMA ESPADA INÚTil (Le 22:49-53)
Os discípulos lembraram as palavras de Jesus sobre a espada (Lc 22:35-38), mas as  entenderam mal, de modo que perguntaram ao Mestre se deveriam usar as duas espadas.
Sem esperar pela resposta, Pedro se adiantou e atacou um homem chamado Malco, um servo do sumo sacerdote (lo 18:10, 26, 27).

O que levou Pedro a fazer isso? Em primeiro lugar, precisava agir de acordo com as palavras presunçosas que havia dito no cenáculo (Lc 22:33) e repetido a caminho do jardim (Mt 26:30-35). Pedro dormiu quando deveria orar, falou quando deveria ouvir e se vangloriou quando deveria temer. Agora, lutava quando deveria entregar-se! Pedro cometeu uma série de erros ao atacar Malco. Para começar, lutou com o inimigo errado e com a arma errada. Nossos inimigos não são de carne e de sangue e não podem ser derrotados com armas comuns (2 Co 10:3-6; Ef 6:10-18). Ao ser tentado no deserto, Jesus derrotou Satanás com a Palavra de Deus (Mt 4:1-11), e essa é a arma que devemos usar (Ef6:17; Hb 4:12). Pedro também revelou uma atitude errada e confiou no tipo errado de energia. Enquanto Jesus se entregava, Pedro declarou guerra! Para isso, dependia do "braço de carne" (2 Cr 32:8). Sua abordagem à situação não foi em nada semelhante ao caráter de Cristo (Jo 18:36) e serve de advertência a nós no presente. O mundo perdido pode proceder desse modo, mas não é assim que os servos de Deus devem agir (Mt 12:19; 2 Tm 2:24). É típico de Jesus demonstrar graça quando outros usam de malícia (SI 103:10). Demonstrou graça para com Pedro ao repreender seu pecado de presunção e reparar o estrago que havia causado. Demonstrou graça para com Malco ao curar a orelha dele e graça para com o mundo todo ao entregar-se voluntariamente à turba e ir para o Calvário. Jesus não veio para julgar, mas para salvar (Lc 19:10; Io 3:17).

O último milagre de Jesus antes da cruz não foi nada grandioso e chamativo. É bem provável que poucos homens presentes ali naquela noite sequer tenham ficado sabendo do que Pedro e Jesus fizeram. Jesus poderia ter convocado doze legiões de anjos(Mt 26:53), uma legião (seis mil soldados) para cada um de seus onze discípulos e mais uma para si mesmo, mas não o fez. Em vez de realizar um feito espetacular, realizou um gesto de amor curando a orelha de um servo desconhecido e, em seguida, apresentou suas mãos para serem atadas. É preciso decidir se passaremos a vida fingindo, como Judas; lutando, como Pedro ou nos entregando à vontade perfeita de Deus, como Jesus. O que escolheremos: o beijo, a espada ou o cálice?

5. UM GALO QUE CANTA (Le 22:54-62)
Antes de ser condenado e crucificado, Jesus passou por seis "julgamentos", sendo três deles diante dos judeus e outros três diante das autoridades romanas. Primeiro, foi levado a Anás, o antigo sumo sacerdote que ainda era um homem influente em Israel e que mantinha seu título (Jo 18:12, 13). Anás enviou Jesus a Caifás, o sumo sacerdote oficial (Mt 26:57). Por fim, quando raiou o dia, Jesus foi julgado diante do Sinédrio e declarado culpado (Lc 22:66-71).

Os judeus não tinham o direito de aplicar a pena capital (Jo 18:31, 32), de modo que, a fim de crucificar Jesus, precisaram leválo às autoridades romanas. Primeiro, foram até Pilatos (Lc 23:1-4), que tentou evitar uma decisão encaminhando o prisioneiro a Herodes (Lc 23:6-12), o qual, por sua vez, o mandou de volta para Pilatos (Lc 23:13-25)! Quando Pilatos se deu conta de que não lhe restava outra saída senão tomar uma posição, deu aos membros do Sinédrio o que pediram e condenou Jesus a morrer numa cruz romana. Foi durante o segundo "julgamento" perante os judeus, diante de Caifás, que Pedro entrou no pátio da casa do sumo sacerdote e negou Jesus três vezes. Como isso aconteceu? Para começar, Pedro não levou a sério as advertências de Jesus (Mt 26:33-35; Lc 22:31-34) e também não "vigiou e orou", conforme Jesus os havia instruído no jardim (Mc 14:37, 38). Apesar de toda sua coragem e zelo, o apóstolo estava absolutamente despreparado para os ataques de Satanás. Jesus foi levado para fora do jardim, e "Pedro seguia de longe" (Lc 22:54). Esse foi  o passo seguinte para a sua derrota. Apesar de todos os sermões pregados sobre esse texto criticando Pedro por seguir de longe, na verdade Pedro nem sequer deveria estar lá. As "ovelhas" deveriam espalhar-se e, posteriormente, se encontrar com Jesus na Galiléia (Mt 26:31). Aliás, quando foi preso, Jesus disse aos guardas: "deixai ir estes [discípulosJ" (Jo 18:8(9), um sinal claro para que não o seguissem.

Pedro e João seguiram a multidão e entraram no pátio da casa de Caifás (Jo 18:15,16). Era uma noite fria (ainda assim, Jesus havia suado!). Pedro primeiramente se aproximou do braseiro 00 18:18) e, em seguida, se assentou com os servos e guardas (Lc 22:55). Ao assentar-se em território inimigo (SI 1:1), Pedro tornou-se um alvo fácil. Enquanto pensava apenas no próprio conforto, seu mestre era insultado pelos soldados (Lc 22:63-65).
Primeiro, uma das servas do sumo sacerdote abordou Pedro, acusando-o de estar com Jesus e de ser um de seus discípulos. Pedro mentiu e disse: "Não sou discípulo dele, não o conheço e não sei do que você está falando!" Afastou-se do braseiro e foi até o alpendre (Mt 26:71), e o galo cantou pela primeira vez (Mc 14:68). Isso deveria ter servido de aviso para ele partir, mas o apóstolo deixou-se ficar por lá.

Logo, outra serva reparou em Pedro e disse aos que se encontravam por perto: "Este homem também estava com Jesus, o Nazarenol É um deles!" Pela segunda vez, Pedro mentiu e jurou não conhecer Jesus. As suspeitas do povo cresceram quando um parente de Malco apareceu e perguntou: "Não vi você no jardim com Jesus?" Outros comentaram: "Com certeza você é
um deles, pois sua maneira de falar o denuncia. Você fala como um galileu" (os galileus possuíam um dialeto distintivo). A essa altura, Pedro começou a praguejar e jurou não conhecer Jesus nem saber do que estavam falando. Então, o galo cantou novamente, e as palavras de Jesus se cumpriram(Mc 14:30). Naquele instante, quando estava sendo levado para o próximo julgamento, Jesus  voltou-se para Pedro e o fitou. O olhar do Mestre quebrantou o coração do apóstolo, que aproveitou enquanto todos observavam Jesus e se esgueirou chorando amargamente. Pode-se dizer em favor de Pedro que Jesus só precisou olhar para ele a fim de levá-lo ao arrependimento.

Sem dúvida, foi um milagre um galo cantar na hora certa, quando todas as outras aves da cidade permaneciam em silêncio. Porém, o canto do galo foi mais do que um milagre que cumpriu as palavras de Jesus; também foi uma mensagem especial a Pedro, para ajudá-lo a restaurar sua comunhão com o Senhor. De que maneira o canto do galo encorajou o apóstolo Pedro?

Em primeiro lugar, serviu para lhe garantir que, mesmo sendo um prisioneiro, atado e aparentemente indefeso diante de seus captores, Jesus Cristo continuava no controle de todas as coisas. Foi uma oportunidade para Pedro lembrar-se das ocasiões em que havia visto Jesus exercer sua autoridade sobre os peixes, o vento, as ondas e até mesmo sobre as enfermidades e a morte. Por mais sombrio que fosse aquele momento para Pedro, Jesus ainda estava no controle de tudo!

Em segundo lugar, o canto do galo foi uma garantia a Pedro de que ele poderia ser perdoado. O apóstolo não prestara a devida atenção à Palavra de Deus. Contestara e desobedecera, tendo se adiantado a ela, mas, naquele instante, se "lembrou da palavra do Senhor"(Lc 22:61). Essa lembrança deu-lhe esperança. Isso porque a palavra de advertência também foi uma promessa de restauraçãoI Pedro seria convertido e fortaleceria seus irmãos (Lc 22:32). Por fim, o milagre do galo mostrou a Pedro que um novo dia começava. Não era um novo dia para Judas nem para os inimigos de Jesus, mas era um recomeço para Pedro, que se arrependeu e chorou amargamente. "Coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus" (SI 51:1 7). Na manhã da ressurreição, o anjo enviou uma mensagem especial de ânimo a Pedro (Mc 16:7), e o próprio Jesus apareceu ao apóstojo naquele dia e restaurou a comunhão
entre eles (Lc 24:34).

Em algum momento, todos nós acabaremos por falhar com o Senhor e, então (de uma forma ou de outra), ouviremos o "canto do galo". Satanás dirá que não há mais esperança, mas essa não é a mensagem de Deus para nós. Certamente não foi o fim da linha para Pedro! Sua restauração foi tão completa que pôde dizer aos judeus: "Vós, porém, negastes o Santo e o Justo" (At 3:14). Pedro não tinha o texto de 1 João 1:9 para ler, mas sem dúvida experimentou a verdade dessas palavras no próprio coração.


SOBRE OS SOFRIMENTOS DE CRISTO
MATEUS  26.37 COMEÇOU A ENTRISTECER-SE. Os sofrimentos de Cristo, primeira fase. Os sofrimentos físicos e espirituais de Cristo começaram em Getsêmani. Seu suor  tornou-se em grandes gotas de sangue (Lc 22.44). Sob grande pressão, os pequenos vasos capilares das glândulas sudoríparas podem romper-se e dar-se a mistura de sangue com suor para a segunda fase dos seus sofrimentos, ver v. 67 nota).

MATEUS  26.39 PASSE DE MIM ESTE CÁLICE. O que Cristo quis dizer com este cálice tem sido objeto de muita discussão.
(1) É duvidoso que Cristo estivesse orando para ser poupado da morte física, pois Ele estava decidido a morrer pelo pecado da raça humana (cf. Mc 10.33,34; Lc 9.51; Jo 12.24,27; Hb 10.5-9). 

(2) É mais provável que Ele estivesse pedindo a isenção do castigo da separação do Pai, a pena máxima pelo pecado do mundo, que Ele tomaria sobre si. Cristo pediu que sua morte física fosse aceita como resgate total pelo pecado da humanidade pecadora.

Todavia, Ele disse ao Pai: Não seja como eu quero, mas como Tu queres . A seguir, Ele entregou-se para sofrer, tanto a morte física como a separação espiritual de seu Pai celestial, para assim obter a salvação de toda a humanidade (cf. 27.46). Sua oração foi ouvida, pois o Pai o fortaleceu mediante os anjos, para beber o cálice que lhe estava destinado (Lc 22.42; ver Hb 5.7).

MATEUS  26.67 CUSPIRAM-LHE... DAVAM MURROS.... Os sofrimentos de Cristo, segunda faze. Depois de sua prisão a noite e do abandono pelos seus discípulos(VV 55-557), Jesus é conduzido perante Caifas e o Sinédrio judaico. Vedam seus olhos, zombam seguidamente dEle, cospem e batem na sua face.

MATEUS  27.2 O ENTREGARAM A PILATOS. Os sofrimentos de Cristo, terceira fase. De manhã, Jesus, açoitado e exausto, é conduzido através de Jerusalém para ser interrogado por Pilatos. Soltam a Barrabás (v. 20). Jesus é novamente açoitado e entregue para ser crucificado (v. 26).

MATEUS  27.26 E TENDO MANDADO AÇOITAR A JESUS. Os sofrimentos de Cristo, quarta fase.

(1) No açoitamento romano, a vítima era despida e presa a uma coluna, ou então ela curvava-se sobre um tronco, com as mãos atadas nele. O instrumento de tortura consistia num curto cabo de madeira no qual estavam presas várias tiras de couro com pequenos pedaços de ferro ou osso, presos nas pontas. Os golpes eram aplicados às costas da vítima por dois algozes, um de cada lado da vítima. Os cortes eram tão profundos que apareciam as veias, as artérias, e, às vezes, até certos órgãos internos. Muitas vezes, a vítima morria durante o açoitamento ou flagelação.

(2) A flagelação era uma tortura pavorosa. O fato de Jesus não poder levar a cruz deve ter sido por causa do seu horrível sofrimento, resultante desse castigo (v. 32; Lc 23.26; Is 52.14). Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras fomos sarados (Is 53.5; 1 Pe 2.24).

MATEUS  27.28,29 UMA CAPA DE ESCARLATE... UMA COROA DE ESPINHOS. Os sofrimentos de Cristo, quinta fase. Desamarraram as mãos de Jesus e o puseram em meio à tropa romana (v. 27). Os soldados colocam uma capa sobre Ele, põem um caniço em sua mão e uma coroa de espinhos na sua cabeça (v. 29). Os soldados escarnecem dEle e batem no seu rosto e na cabeça, fazendo penetrar profundamente os espinhos no couro cabeludo (v. 30).

MATEUS  27.31 O LEVARAM PARA SER CRUCIFICADO. Os sofrimentos de Cristo, sexta fase. Levando a pesada cruz no ombro, Cristo lentamente inicia a caminhada para o Gólgota. O peso da cruz somado ao seu esgotamento físico o faz cair. Esforça-se para levantar-se, porém não consegue. Obrigam a Simão de Cirene a levar a cruz.

MATEUS  27.35 HAVENDO-O CRUCIFICADO. Os sofrimentos de Cristo, sétima fase. No Gólgota, põem a cruz no solo e deitam Jesus sobre ela. Estendem seus braços ao longo dos braços da cruz e pregam um cravo de ferro, quadrado e pesado, que atravessa sua mão (ou punho), primeiro a mão direita, e, em seguida, a esquerda. Os cravos penetram também na madeira. A seguir, estendem seus pés e os cravam na cruz, com cravos maiores do que os das mãos.

MATEUS  27.39 BLASFEMAVAM DELE. Os sofrimentos de Cristo, oitava fase. Agora, Jesus, cheio de ferimentos e coberto de sangue, é um espetáculo patético para o povo que assiste ao ato. As dores são atrozes em todo o seu corpo, ficando naquela posição horrível, por várias horas; os braços estão afadigados; sente grandes cãimbras nos músculos e rasga-se a pele das suas costas. Começa outra agonia uma dor insuportável no peito, causada pela compressão dos fluidos no coração. Sente uma sede abrasadora (Jo 19.28) e está consciente do sofrimento e do escárnio dos que passam junto à cruz (vv. 39-44).

MATEUS  27.46 POR QUE ME DESAMPARASTE? Os sofrimentos de Cristo, nona fase. Este brado de Cristo assinala o ponto culminante dos seus sofrimentos pelo mundo perdido. Seu brado em aramaico ( Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? ) testemunha que Ele experimentou a separação de Deus Pai, ao tornar-se substituto do pecador. Esta é a pior tristeza, angústia e dor que Ele sente. Está ferido pelas transgressões dos seres humanos (Is 53.5) e se dá em resgate de muitos (20.28; 1 Tm 2.6). Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado pela humanidade inteira (2 Co 5.21). Ele morre abandonado, para que nunca sejamos abandonados (cf. Sl 22). Assim, mediante seus sofrimentos, Cristo redime a raça humana (1 Pe 1.19).

MATEUS  27.50 JESUS, CLAMANDO OUTRA VEZ. Os sofrimentos de Cristo, décima fase. Cristo profere suas últimas palavras, bradando alto: Está consumado (Jo 19.30). Este brado significa o fim dos seus sofrimentos e a consumação da obra da redenção. Foi paga a dívida do pecado humano, e o plano da salvação cumprido. Feito isto, Ele faz uma oração final: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (Lc 23.46).

ELABORADO PELO EVANGELISTA NATALINO ALVES DOS ANJOS.
ADMINISTRADOR DO BLOG.

FONTE DE PESQUISA.
Comentário Bíblico Esperança
Comentário Bíblico Bartclay
Bíblia de Estudo Pentecostal
Comentário Bíblico WARREN W. WIERSBE – N.T






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