Lições Bíblicas CPAD - Adultos
2º Trimestre de 2015
Título: Jesus, o
Homem Perfeito — O Evangelho de Lucas, o médico amado
Comentarista: José
Gonçalves
Lição 5: Jesus escolhe
seus discípulos
Data: 3 de Maio
de 2015
TEXTO ÁUREO
“E qualquer que
não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lc
14.27).
VERDADE PRÁTICA
O chamado para a
salvação é de graça, mas o discipulado tem custos.
LEITURA DIÁRIA
Segunda
— Lc 4.15,31
Jesus, o Mestre por
excelência e nosso exemplo
Terça
— Lc 11.1-4
Jesus não somente
ensinou com palavras, mas também pelo exemplo
Quarta
— Lc 9.57-62
Jesus se utilizou
de vários métodos em seu ministério de ensino
Quinta
— Lc 14.25-27
Jesus demonstra o
alto custo do discipulado
Sexta
— Lc 9.23
O Senhor Jesus
Cristo e a preparação dos discípulos
Sábado
— Lc 9.1-12
A missão dos
discípulos era árdua, mas o Mestre estaria com eles
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Lucas
14.25-35.
25 — Ora, ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se,
disse-lhe:
26 — Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu
pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria
vida, não pode ser meu discípulo.
27 — E qualquer que não levar a sua cruz e não
vier após mim não pode ser meu discípulo.
28 — Pois qual de vós, querendo edificar uma
torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem
com que a acabar?
29 — Para que não aconteça que, depois de haver
posto os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a
escarnecer dele,
30 — dizendo: Este homem começou a edificar e
não pôde acabar.
31 — Ou qual é o rei que, indo à guerra a
pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com
dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?
32 — De outra maneira, estando o outro ainda
longe, manda embaixadores e pede condições de paz.
33 — Assim, pois, qualquer de vós que não
renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.
34 — Bom é o sal, mas, se ele degenerar, com
que se adubará?
35 — Nem presta para a terra, nem para o
monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça.
HINOS SUGERIDOS
115,
127, 132 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Mostrar
como se deu a escolha e a chamada dos primeiros discípulos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os
objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
· I. Analisar a
vida de Jesus enquanto Mestre.
· II. Explicar como
se deu o chamado dos discípulos.
· III. Saber como
foi o treinamento dos primeiros discípulos.
· IV. Analisar a
missão de Jesus e de seus discípulos.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Jesus
se tornou muito popular e por onde passava atraía multidões. Muitos apenas
seguiam o Mestre, mas não eram seus discípulos. Ser discípulo envolve um preço
e muitos não estavam dispostos a pagá-lo. Atualmente também, muitos querem ser
abençoados por Jesus, todavia, poucos querem se tornar discípulos. Ser
discípulo é abrir mão da própria vontade, de desejos pessoais e isso envolve
grande sacrifício. O discípulo não pode permitir que nada venha interferir no
seu compromisso com o Mestre. Cabe ao discípulo tomar a sua cruz e seguir o seu
Mestre.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Como crentes, temos
consciência do valor que a pregação da Palavra tem para a construção do Reino
de Deus. Todavia, quando lemos os Evangelhos, acabamos descobrindo que Jesus,
durante o seu ministério terreno, ensinou mais do que pregou. Na verdade, suas
pregações, mesmo quando proclamações, eram recheadas de conteúdo pedagógico.
Esses fatos nos mostram a importância que o ensino tem para um aprendizado
eficiente. Nesta lição, aprenderemos com o Mestre dos mestres como Ele ensinou
os seus seguidores e como, dentre eles, formou seus discípulos.
PONTO CENTRAL
Para ser discípulo de Jesus é preciso
renunciar a tudo, tomar a cruz e segui-lo.
I.
O MESTRE
1.
Seu ensino. Jesus, o homem perfeito, foi o
Mestre por excelência. A maior parte do seu ministério foi dedicada a ensinar e
a preparar os seus discípulos (Lc 4.15,31; 5.3,17; 6.6; 11.1,2; 13.10; 19.47).
Portanto, o ministério de Jesus foi centralizado no ensino. As Escrituras registram
que as pessoas ficavam maravilhadas com o ensino do Senhor (Lc 4.22). Elas já
estavam acostumadas a ouvir os mestres judeus ensinando nas sinagogas (Lc
4.20). Porém, quando ouviram Jesus ensinando, logo perceberam algo diferente!
(Mt 7.28,29) O que era? Ele as ensinava com autoridade, e não apenas
reproduzindo o que os outros disseram. A natureza de seu ensino era diferente —
seu ensino era de origem divina (Jo 7.16).
2.
Seu exemplo. Jesus ensinou seus discípulos
através do exemplo: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz,
façais vós também” (Jo 13.15). Isso o distanciou dos escribas e fariseus que
ensinavam, mas não praticavam o que ensinavam (Mt 23.3). Os discípulos se
sentiram motivados a orar quando viram seu Mestre orando (Lc 11.1-4). As
palavras de Jesus eram acompanhadas de atitudes práticas. De nada adianta a
beleza das palavras se elas não vêm acompanhadas pelas ações (Tg 1.22). O povo
se convence mais rápido pelo que vê do que pelo que ouve. Por isso, o Mestre
exortou os seus discípulos a serem exemplos (Mt 5.16).
SÍNTESE
DO TÓPICO (I)
Jesus
é o Mestre por excelência.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Discípulo era
um termo comum no século I para uma pessoa que era um seguidor compromissado de
um líder religioso, filosófico ou político. No mundo judaico, o termo era
particularmente usado para os estudantes de um rabi, o mestre religioso. Nos
Evangelhos, João Batista e os fariseus tinham grupos de discípulos (Mc 2.18; Mt
22.15,16). Esses discípulos, com frequência, eram os alunos mais promissores
que passaram pelo sistema de educação judaica — os que já tinham memorizado as
Escrituras hebraicas e demonstraram o potencial para aprender os ensinamentos
específicos dos rabis sobre a lei e os profetas a fim de que pudesse ensinar
isso a outros. Portanto, era uma grande honra e responsabilidade ser chamado
por um rabi para ser seu discípulo. Os discípulos aprenderam os ensinamentos de
seu rabi vivendo com ele e seguindo-o aonde quer que vá. Uma frase daquele
tempo descrevia os discípulos como aqueles que ‘ficavam cobertos pela poeira do
rabi’, porque, literalmente, seguiam de muito perto seus mestres” (Guia
Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD. p.69).
II.
O CHAMADO
1.
O método. Os teólogos têm observado que o
método usado por Jesus para recrutar seus discípulos é variado. De fato, a
Escritura mostra que algumas vezes a iniciativa do chamamento parte do próprio
Senhor Jesus. Enquanto pregava e ensinava, Jesus observava as pessoas a quem
iria chamar (Mc 1.16-20). Em alguns casos, o chamamento veio através da
indicação do Batista (Jo 1.35-39). Houve também pessoas que se ofereceram para
serem seguidoras de Jesus (Lc 9.57,58,61,62). E, finalmente, existiram os que
foram conduzidos até Jesus por intermédio de amigos (Jo 1.40-42,45,46). Dessa
forma, todas as classes foram alcançadas por Jesus. E foi dentre esses
seguidores que Jesus chamou doze para serem seus apóstolos (Lc 6.13-16).
2.
O custo. Jesus deixa bem claro quais são
as implicações envolvidas na vida daquele que aceitasse o chamado para ser seu
discípulo. Tornar-se discípulo é bem diferente de se tornar um simples aluno.
No discipulado, o seguidor passa a conviver com o mestre, enquanto na relação
professor-aluno essa prática não está presente. O aprendizado acontece
diuturnamente, e não apenas durante algumas aulas dadas em domicílio ou numa
sala. Quem quiser segui-lo deve, portanto, avaliar os custos. Seguir a Cristo
envolve renúncia, significa submissão total a Ele. Jesus lembrou as pessoas
desse custo, pois não queria que o seguisse apenas por empolgação (Lc
14.25-27). Muitos querem ser discípulos mas não querem renunciar nada. Às vezes
precisamos sacrificar até mesmo o nosso relacionamento religioso na família,
abrir mão de algumas coisas para seguir a Jesus. O que o Mestre está requerendo
de você?
SÍNTESE
DO TÓPICO (II)
Jesus
chamou doze discípulos para estar com Ele.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A salvação é um
presente, mas o discipulado é caro. Aqueles que seguem Jesus devem estar
propensos a pagar o alto preço. Ele quer que as pessoas se deem conta de que
considerar o custo antes de tomar uma decisão é assunto sério. Requer
arrependimento e compromisso total a Jesus ” (Comentário Bíblico
Pentecostal. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD, p.418).
III.
O TREINAMENTO
1.
Mudança de destino. No treinamento dado aos
discípulos, a cruz ocupa um lugar central nos ensinamentos do Mestre (Lc 9.23;
14.27). A cruz de Cristo aparece como um divisor de águas na vida dos
discípulos. Uma mudança de rumo ou destino. A vida com Cristo é cheia de vida,
na verdade vida em abundância (Jo 10.10). Mas por outro lado, é uma vida para a
morte! Quem não estivesse disposto a morrer, não poderia ser seu seguidor
autêntico. A cruz muda o destino daquele que se torna seguidor de Jesus. Ela
garante paz e vida eterna, mas somente para aqueles que morrerem para este
mundo.
2.
Mudança de valores. Lucas mostra Jesus instruindo
os Doze antes de enviá-los em missão evangelística (Lc 9.1-6) e,
posteriormente, enviando outros setenta após dar-lhes também instruções
detalhadas (Lc 10.1-12). Para chegar a esse ponto, muitas coisas precisaram ser
mudadas na vida desses discípulos. Uma delas, e muito importante, foi a mudança
de mentalidade dos discípulos. Jesus mudou a forma de pensar deles. Seus
discípulos não poderiam mais, por exemplo, possuir uma mente materialista como
os gentios, que não conheciam a Deus (Lc 12.22,30). Quem conhece a Jesus de
verdade não fica preocupado com o amanhã, com as coisas deste mundo, pois sabe
que Ele, o Bom Pastor, supre cada uma das nossas necessidades.
SÍNTESE
DO TÓPICO (III)
Jesus
escolheu seus discípulos e os treinou para todo trabalho na seara.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A escolha dos doze
discípulos por Jesus é relevante, considerando-se que havia inicialmente doze
tribos em Israel, provenientes dos doze filhos de Jacó (veja Gn 49). Depois do
exílio, apenas a tribo de Judá permanecera visivelmente intacta. Quando
escolheu os doze discípulos, Jesus estava anunciando a restauração do povo de
Deus, agora reconfigurado em torno do próprio Jesus.
[...] Pedro era o
mais proeminente de todos os discípulos. Mateus ou Levi, era cobrador de
impostos, um publicano, que, por essa razão, era considerado um proscrito
social por causa de seu emprego com as desprezadas autoridades romanas” (Guia
Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.70).
IV.
A MISSÃO
1.
Pregar e ensinar. Já foi dito que o ministério de
Jesus consistia no ensino da Palavra de Deus, na pregação do Evangelho do Reino
e na cura dos doentes (Mt 4.23; Lc 4.44; 8.1). No texto de Lucas 9.1,2, vemos
Jesus enviando os doze: “E, convocando os seus doze discípulos, deu-lhes
virtude e poder sobre todos os demônios e para curarem enfermidades; e
enviou-os a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos”. “Pregar” é a
tradução do verbo grego kerysso, que possui o sentido de “proclamar como um
arauto”. Jesus treinou seus discípulos com uma missão específica — serem
proclamadores da mensagem do Reino de Deus. Proclamar o Evangelho do Reino
ainda continua sendo a principal missão do Corpo de Cristo! Quando a Igreja se
esquece desse princípio, ela perde o seu foco.
2.
Libertar e curar. O Evangelho de Cristo provê
tanto a cura para a alma como também para o corpo. O Evangelho de Mateus revela
com clareza que o Senhor Jesus proveu tanto a cura como a libertação para todos
aqueles que se achegavam a Ele com fé e contrição (Mt 8.16,17). Frank Stagg,
teólogo americano, observa que embora a obra redentora de Cristo tenha o seu
centro na cruz, Ele já era redentor da doença e do pecado durante o seu
ministério terreno. Os discípulos, portanto, precisavam levar à frente essa
verdade a todos os locais.
SÍNTESE
DO TÓPICO (IV)
A
missão dos discípulos era pregar o Evangelho do Reino a todos.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“No início do seu
ministério, Jesus escolheu doze seguidores de um grupo enorme para formar um
grupo mais próximo de discípulos (Mc 3.13-19). Conforme Ele os fez recordar
posteriormente, o fato de se tornarem parte integrante desse grupo mais íntimo
devia-se ao fato de Ele os ter escolhido, e não de eles terem feito uma escolha
(Jo 15.16). Tinham dois propósitos principais: estar ‘com’ Jesus, como
seguidores, e também para que eles os ‘enviasse a pregar’, como os
representantes de Jesus (Mc 3.14). Em grego, o termo para enviar a pregar
é apostolos, e, assim, os Doze também passaram a ser conhecidos
como ‘os apóstolos’. Tinham de estar com Jesus durante todo o seu ministério
para ouvir a mensagem e aprender sua forma de viver; depois, eles foram
enviados por Jesus para as cidades e vilarejos de Israel, para disseminar a
mensagem de Jesus sobre o Reino e para demonstrar isso por intermédio dos
mesmos sinais milagrosos que Jesus usara (Mc 3.14,15). Depois da ressurreição,
esses discípulos (com exceção de Judas, que traiu Jesus) tinham de levar a mensagem
sobre Ele ao mundo (Mt 28.19)” (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª
Edição. RJ: CPAD, pp.69-70).
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta
lição sobre a importância que o ensino tem na formação do caráter cristão.
Jesus ensinou os seus discípulos, mas não os ensinou de qualquer forma nem
tampouco lhes deu qualquer coisa como conteúdo. Ele lhes ensinou a Palavra de
Deus. Mas até mesmo o ensino da Palavra de Deus, para ter eficácia, precisa ser
acompanhada pelo exemplo, valer-se de recursos didáticos eficientes, firmar-se
em valores e possuir um objetivo claro e definido. Tudo isso encontramos com
abundância nos ensinos de Jesus. Ao seguir seus ensinos, temos a garantia de
que o hiato existente entre o professor e o aluno, entre o educador e o
educando, desaparecerão. Dessa forma teremos um ensino eficiente.
PARA REFLETIR
Sobre os ensinos do Evangelho de Lucas,
responda:
No que se diferençava o ensino de Jesus
daquele praticado pelos escribas?
O que diferençava era o fato de que
Jesus ensinava com autoridade, e não apenas reproduzindo o que os outros
disseram.
Como podemos definir o método de ensino
de Jesus?
Jesus tinha como método o exemplo. Suas
palavras eram associadas a ações práticas. Jesus vivia o que ensinava.
Como Jesus treinava seus discípulos?
No treinamento dado aos discípulos, a
cruz ocupava um lugar central. Quem não estivesse disposto a morrer, não
poderia ser seu seguidor autêntico.
Em que consistia a missão dos
discípulos de Jesus?
Os discípulos tinham como missão pregar
o Reino de Deus e curar os enfermos. Jesus treinou seus discípulos com uma
missão específica — serem proclamadores da mensagem do Reino de Deus. Proclamar
o Evangelho do Reino ainda continua sendo a principal missão do Corpo de
Cristo.
Você é um discípulo de Cristo?
Resposta pessoal, porém, enfatize que
para ser discípulo é preciso renunciar a si mesmo.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Jesus
escolhe seus discípulos
Quem eram os
discípulos escolhidos por Jesus? Pessoas simples, habitantes de uma cidade sem importância
para a antiga Palestina. Pessoas que não tinham alto grau de instrução, mas que
acreditaram na mensagem do meigo nazareno. Na presente aula, devemos ressaltar
que o nosso Senhor não chamou os doze homens para serem apóstolos
objetivamente, mas, primeiramente, para discípulos. Pessoas disponíveis a
aprender, e igualmente, desaprender os equívocos aprendidos ao longo da vida
religiosa e, principalmente, ansiosos em imitar o Mestre de Nazaré.
O discipulado de
Jesus é assim. Chama pessoas, do ponto de vista humano, incapazes de
desenvolver algum projeto de vida. E mostra-lhe o maior projeto que ser humano
algum pôde imaginar: o Reino de Deus. Quando fomos chamados por Jesus a viver o
Evangelho, percebemos que não estávamos prontos a dizer “sim” para o seu
projeto. O nível do Evangelho é alto de mais para a nossa natureza caída. Mas
ao despirmo-nos de nós mesmos e procurarmos ser mais parecido com Jesus, o
Evangelho será parte da nossa vida e ficará impregnado à nossa natureza. Então
passamos a ser uma nova criação, ter outra mente e outra perspectiva de vida
que só encontramos com o meigo nazareno.
O chamado de Jesus
é um convite para não mais olhar para si mesmo, uma convocação para olhar para
o outro. Uma decisão de renunciar aos próprios anseios e uma atitude de viver a
vida que não é mais sua, mas de Deus.
A mensagem do Reino
de Deus é absolutamente oposta ao modo de o mundo comunicar seus valores às
pessoas. O Reino de Deus não faz violência para convencer alguém de alguma
ideia, enquanto que o sistema de vida mundano é violento, arrogante e
predatório em convencer o outro acerca dos seus valores. Embora saibamos que os
valores do mundo são destruidores para um projeto de vida digna, não fazemos
terrorismo ou algo do tipo. Simplesmente somos chamados a sermos pescadores de
homens, de almas, de sentimentos, de pessoas. Levar vida, onde há morte; paz,
onde reina a guerra; alegria, onde reina a tristeza; bondade, onde reina a
perversidade; esperança, onde reina a ausência dela.
Em Jesus, somos
chamados a sermos arautos do Evangelho para pessoas sem Deus, sem dignidade,
sem alegria de viver. Nele, todo dia somos estimulados a testemunhar com a vida
a verdade daquilo em que acreditamos e cremos. Sim, Jesus, a nossa razão de
ser. É o sentido último da nossa vida. Podemos dizer “sim” ao seu convite? —
Vem e segue-me!
SUBSIDIOS
Lucas 14:25-33
Quando Jesus disse isto estava em caminho a Jerusalém. Sabia
que ia em direção da cruz; mas as multidões que estavam com ele pensavam que ia
a caminho de um império. Por esta razão falou assim. Na forma mais vívida
possível disse que o homem que o seguisse não obteria poderes nem glória
terrestres, mas sim devia estar disposto a ser fiel até o sacrifício das coisas
mais apreciadas da vida, e a sofrer a agonia de um homem sobre a cruz. Não
devemos tomar as palavras de Jesus literalmente, em forma fria e sem
imaginação. A linguagem oriental é sempre tão vívida como pode ser a mente
humana. Quando Jesus nos diz que devemos odiar a nossos seres mais queridos,
não o diz em sentido literal. Quer dizer que nenhum amor da vida pode ser
comparado com o que devemos a Ele.
Há nesta passagem duas verdades muito sugestivas.
(1) É possível ser um seguidor de Jesus sem ser seu
discípulo; seguir o acampamento sem ser um soldado do rei; ser um curioso em um
grande trabalho sem fazer nada. Uma vez uma pessoa estava falando com um grande
erudito a respeito de um homem mais jovem. "Fulano me disse que foi aluno
dele", disse. A resposta do professor foi esmagadora: "Pode ser que
tenha assistido a minhas aulas, mas não foi um de meus alunos." Há um
mundo de diferença entre um estudante e outro que só vai às aulas. Uma das
grandes desvantagens da igreja é que nela há muitos seguidores de Jesus à
distância e poucos verdadeiros discípulos.
(2) O primeiro dever de um cristão é calcular o custo de
seguir a Cristo. A torre que o homem ia construir era provavelmente a torre de
uma vinha. Estas estavam equipadas com torres nas quais ficavam guardas contra
os ladrões que podiam roubar a colheita. Um edifício sem terminar sempre é
humilhante. Em todas as esferas da vida o homem é chamado a calcular o custo.
Na introdução da cerimônia de casamento, o
pastor estabelece o que é o casamento e logo diz: "Portanto, o
matrimônio não deve ser contraído por ninguém inconsideradamente, e sim com
reverência e discrição, e no amor de Deus."
Em primeiro lugar o homem e a mulher devem considerar o
custo. Nenhum homem pode converter-se em estudante a não ser que tenha em conta
o custo de sua aprendizagem. O mesmo acontece com o cristianismo. Mas se alguém
se sente desanimado pelas altas demandas de Cristo lembre-se de que não terá
que cumpri-las sozinho. Aquele que chamou o caminho difícil percorrerá com ele
cada passa do mesmo e estará ali no final para recebê-lo.
O SAL INSÍPIDO
Lucas 14:34, 35
Algumas vezes Jesus fala em tom ameaçador. Quando uma pessoa
está sempre refletindo, criticando e se queixando, sua irritação deixa de ter
significado ou efeito. Mas quando alguém cujo acento é de amor de repente lança
uma ameaça, estamos obrigados a ouvi-la. O que Jesus diz aqui é o seguinte:
quando uma coisa perde sua qualidade essencial, e deixa de cumprir a tarefa
essencial para a qual foi criada, torna-se inútil e não serve mais que para ser
desprezada. Nesta passagem Jesus utiliza o sal como um símbolo da vida cristã.
Quais são, pois, suas qualidades essenciais? Na Palestina o
sal tinha três usos característicos.
(1) Utilizava-se para preservar. O sal é um dos primeiros
elementos utilizados para conservar. Os gregos estavam acostumados a dizer que
o sal podia pôr uma alma nova nas coisas mortas. Sem sal o objeto se apodrecia
e estragava; com sal conservava sua frescura. Isto deve significar que o
verdadeiro cristianismo deve atuar como um preservativo contra a corrupção
deste mundo.
O indivíduo cristão deve ser a consciência de seus
semelhantes; e a igreja a consciência da nação. O cristão deve ser tal que em
sua presença não se utilize uma
linguagem duvidosa, nem se contem histórias questionáveis, nem se sugiram ações
desonrosas. Deve ser como um limpador anti-séptico no círculo em que se move. A
igreja deve ser tal que fale sem medo contra todos os males, e apóie
corajosamente toda boa causa. Deve ser tal que nunca fique tranqüila por medo
ou por favorecer os homens.
(2) O sal se utilizava para amadurecer. A comida sem sal
pode ser repugnantemente insípida. O cristão, pois, deve ser o homem que dê
sabor à vida. O cristianismo que atua como uma sombra de tristeza e um pano
úmido não é verdadeiro cristianismo. O cristão é o homem que, por sua coragem,
sua esperança, sua alegria e sua bondade dá um novo sabor à vida.
(3) O sal era utilizado como abono. Era usado para fazer
mais fácil o crescimento das plantas boas. O cristão deve ser tal que permita
que seja mais fácil às pessoas serem boa e mais difícil serem más.
Todos conhecemos gente em cuja companhia há coisas que nós
não faríamos nem poderíamos fazer; e igualmente conhecemos gente em cuja
companhia podemos nos rebaixar a fazer coisas que nós sozinhos não faríamos. Há
almas encantadoras em cuja companhia é fácil ser valentes e bons e estar
alegres. O cristão deve levar com ele certo hálito do céu no qual floresçam as
coisas encantadoras e se murchem as más.
Esta é a função de um cristão; se falha nela não há razão
para que continue existindo; e já vimos que na economia de Deus a inutilidade
convida ao desastre. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça.
O discipulado (14:25-35)
O custo do discipulado (14:25-33).
25. Jesus ainda está na
Sua viagem. Que grandes multidões
o acompanhavam pode ser considerado como evidência a favor do ponto de vista de
que Ele estava viajando pela Peréia, área esta que, dentro dos limites dos
nossos conhecimentos, Ele nao tinha atravessado antes. Haveria curiosidade para
ver o Mestre de Nazaré. Mas Lucas não disse onde foi dado este ensino, somente que
Jesus voltou-se (cf. 7:9; 9:55; 10:23; 22:61; 23:28) e falou às multidões.
26. O discipulado significa dar sua primeira lealdade. Não
há lugar no ensino de Jesus para o ódio literal. Mandou Seus seguidores amarem até
mesmo seus inimigos (6:27), de modo que é impossível que aqui lhes diga que
literalmente devem odiar aqueles que na terra são mais aproximados a eles (cf.
8:20-21). Mas “odiar” pode significar algo como amar menos (Gn 29:31, 33; Dt
21:15, onde o Hebraico significa literalmente “odiada”). O que Jesus quer dizer
é que o amor que o discípulo tem por Ele deve ser tão grande que o melhor amor
terrestre é ódio em comparação (cf. Mt 10:37). O alistamento dos entes queridos
mais próximos detalha este fato com solenidade. O homem nem sequer deve dar
valor demasiado à sua própria vida (cf. Jo 12:25). A devoção a Cristo não pode
ser nada menos do que devoção de todo o coração.
27. Para este dito ver Lc 9:23, onde temos a forma positiva daquilo
que é expressado de modo negativo aqui. Carregar a cruz é da essência do
discipulado.
28-30. Jesus não quer discípulos que não têm consciência dos
compromissos que assumiram. Contar o custo é importante. Jesus emprega parábolas
gêmeas (um artifício que usa freqüentemente) para inculcar a lição. Um homem
que resolve construir uma torre deve pensar primeiro. Não conseguir chegar além
dos alicerces é tornar-se objeto de zombaria. O homem deve, portanto,
assentar-se (a questão não pode ser resolvida às pressas) e calcular a despesa.
Somente então é que pode esperar sucesso.
31, 32. Uma segunda ilustração é tirada de reis na guerra.
Não é fácil com dez mil soldados derrotar quem ataca com vinte mil. Um rei em
tal posição pensa bastánte. Se não puder ver uma solução ao problema, não fica
inativo, esperando a derrota: combina a paz enquanto o inimigo está ainda
longe.
As duas parábolas são semelhantes, mas têm lições um pouco
diferentes. O que constrói a torre está livre para construir ou não, conforme sua
escolha, mas o rei está sendo invadido (ou outro vem contra ele). Ele é forçado
a fazer alguma coisa. Cf. A. M. Hunter: “Na primeira parábola, Jesus diz:
‘Senta-te e calcula se podes pagar o preço de Me seguir.” Na segunda, diz:
‘Senta-te e calcula se podes pagar o preço de recusar Minhas exigências. ” As duas maneiras de ver a
questão são importantes.
33. A lição fica clara. Jesus não deseja seguidores que se
precipitam para o discipulado sem pensar naquilo que está envolvido. E fica
claro quanto ao custo. O homem que vem a Ele deve renunciara tudo quanto tem.
Pela terceira vez, temos o refrão solene: não pode ser meu discípulo (26, 27).
Estas palavras condenam toda e qualquer tibieza. Jesus, naturalmente, não está
desencorajando o discipulado. Está advertindo contra uma ligação mal pensada e
pusilânime, a fím de que os homens possam conhecer o artigo legítimo. Quer que
os homens calculem o custo e considerem tudo como perda por amor a Ele, de modo
que possam entrar na experiência gratificante do discipulado vigoroso.
A parábola do sal (14:34, 35).
Jesus acrescenta uma pequena parábola acerca do sal. O sal é
certamente bom, embora Jesus não indique quais qualidades do sal Ele tem em
mente. Os comentaristas indicam seu
valor para preservar e para dar sabor. É, naturalmente,
impossível para o sal (cloreto de sódio) perder seu sabor, mas o sal que se
empregava na Palestina do século I era longe de ser puro. Era bem possível para
o cloreto de sódio ser lixiviado do sal impuro que comumente se empregava, de
modo que o que sobrava ficasse sem o sabor de sal. Era literalmente inútil.
Não podia fertilizar a terra nem decompor-se de modo útil
num monturo. Lançam-no fora. Há uma qualidade adstringente no discipulado. Se
um homem não a possui, então, sejam quais forem as demais qualidades que possa ter,
é considerado inútil para o discipulado.
SOBRE
CALCULAR O CUSTO
Lucas 14:25-33
Quando Jesus disse isto estava em caminho a Jerusalém. Sabia
que ia em direção da cruz; mas as multidões que estavam com ele pensavam que ia
a caminho de um império. Por esta razão falou assim. Na forma mais vívida
possível disse que o homem que o seguisse não obteria poderes nem glória
terrestres, mas sim devia estar disposto a ser fiel até o sacrifício das coisas
mais apreciadas da vida, e a sofrer a agonia de um homem sobre a cruz. Não
devemos tomar as palavras de Jesus literalmente, em forma fria e sem
imaginação. A linguagem oriental é sempre tão vívida como pode ser a mente
humana. Quando Jesus nos diz que devemos odiar a nossos seres mais queridos,
não o diz em sentido literal. Quer dizer que nenhum amor da vida pode ser
comparado com o que devemos a Ele.
Há nesta passagem duas verdades muito sugestivas.
(1) É possível ser um seguidor de Jesus sem ser seu
discípulo; seguir o acampamento sem ser um soldado do rei; ser um curioso em um
grande trabalho sem fazer nada. Uma vez uma pessoa estava falando com um grande
erudito a respeito de um homem mais jovem. "Fulano me disse que foi aluno
dele", disse. A resposta do professor foi esmagadora: "Pode ser que
tenha assistido a minhas aulas, mas não foi um de meus alunos." Há um
mundo de diferença entre um estudante e outro que só vai às aulas. Uma das
grandes desvantagens da igreja é que nela há muitos seguidores de Jesus à
distância e poucos verdadeiros discípulos.
(2) O primeiro dever de um cristão é calcular o custo de
seguir a Cristo. A torre que o homem ia construir era provavelmente a torre de
uma vinha. Estas estavam equipadas com torres nas quais ficavam guardas contra
os ladrões que podiam roubar a colheita. Um edifício sem terminar sempre é
humilhante. Em todas as esferas da vida o homem é chamado a calcular o custo.
Na introdução da cerimônia de casamento, o
pastor estabelece o que é o casamento e logo diz: "Portanto, o
matrimônio não deve ser contraído por ninguém inconsideradamente, e sim com
reverência e discrição, e no amor de Deus."
Em primeiro lugar o homem e a mulher devem considerar o
custo. Nenhum homem pode converter-se em estudante a não ser que tenha em conta
o custo de sua aprendizagem. O mesmo acontece com o cristianismo. Mas se alguém
se sente desanimado pelas altas demandas de Cristo lembre-se de que não terá
que cumpri-las sozinho. Aquele que chamou o caminho difícil percorrerá com ele
cada passa do mesmo e estará ali no final para recebê-lo.
O SAL
INSÍPIDO
Lucas 14:34, 35
Algumas vezes Jesus fala em tom ameaçador. Quando uma pessoa
está sempre refletindo, criticando e se queixando, sua irritação deixa de ter
significado ou efeito. Mas quando alguém cujo acento é de amor de repente lança
uma ameaça, estamos obrigados a ouvi-la. O que Jesus diz aqui é o seguinte:
quando uma coisa perde sua qualidade essencial, e deixa de cumprir a tarefa
essencial para a qual foi criada, torna-se inútil e não serve mais que para ser
desprezada. Nesta passagem Jesus utiliza o sal como um símbolo da vida cristã.
Quais são, pois, suas qualidades essenciais? Na Palestina o
sal tinha três usos característicos.
(1) Utilizava-se para preservar. O sal é um dos primeiros
elementos utilizados para conservar. Os gregos estavam acostumados a dizer que
o sal podia pôr uma alma nova nas coisas mortas. Sem sal o objeto se apodrecia
e estragava; com sal conservava sua frescura. Isto deve significar que o
verdadeiro cristianismo deve atuar como um preservativo contra a corrupção
deste mundo.
O indivíduo cristão deve ser a consciência de seus
semelhantes; e a igreja a consciência da nação. O cristão deve ser tal que em
sua presença não se utilize uma
linguagem duvidosa, nem se contem histórias questionáveis, nem se sugiram ações
desonrosas. Deve ser como um limpador anti-séptico no círculo em que se move. A
igreja deve ser tal que fale sem medo contra todos os males, e apóie
corajosamente toda boa causa. Deve ser tal que nunca fique tranqüila por medo
ou por favorecer os homens.
(2) O sal se utilizava para amadurecer. A comida sem sal
pode ser repugnantemente insípida. O cristão, pois, deve ser o homem que dê
sabor à vida. O cristianismo que atua como uma sombra de tristeza e um pano
úmido não é verdadeiro cristianismo. O cristão é o homem que, por sua coragem,
sua esperança, sua alegria e sua bondade dá um novo sabor à vida.
(3) O sal era utilizado como abono. Era usado para fazer
mais fácil o crescimento das plantas boas. O cristão deve ser tal que permita
que seja mais fácil às pessoas serem boa e mais difícil serem más.
Todos conhecemos gente em cuja companhia há coisas que nós
não faríamos nem poderíamos fazer; e igualmente conhecemos gente em cuja
companhia podemos nos rebaixar a fazer coisas que nós sozinhos não faríamos. Há
almas encantadoras em cuja companhia é fácil ser valentes e bons e estar
alegres. O cristão deve levar com ele certo hálito do céu no qual floresçam as
coisas encantadoras e se murchem as más.
Esta é a função de um cristão; se falha nela não há razão
para que continue existindo; e já vimos que na economia de Deus a inutilidade
convida ao desastre. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça.
Essa seção consiste de duas partes: (1) um breve sermão a
respeito do custo de seguir a Jesus (vv. 25-33) e (2) o enunciado a respeito do
sal insípido que perdeu o valor (vv. 34,35). Parte da seção que contabiliza o
custo do discipulado relaciona-se ao rei que planeja uma guerra (vv. 31,32);
isso pode prover um liame com a parábola precedente, a da grande ceia (vv.
15-24), visto que Deuteronômio 20 apresenta conceitos e paralelismos verbais
com essas passagens de Lucas (segundo Evans, p. 47-8; v. o comentário sobre 14:15-25,
acima). O ponto central dessa seção é que o candidato a discípulo de Jesus
faria bem se calculasse o custo com todo o cuidado e, de acordo com o v. 33,
precisa estar disposto a abrir mão de tudo. Como a maior parte de Lucas 14, que
já vimos e estudamos, essa seção é singular nesse evangelho. Uns poucos
versículos apenas são encontrados em Mateus, pelo que deduzimos terem sido
derivados da fonte comum de enunciados de Jesus (Lucas 14:26a = Mateus 10:37;
Lucas 14:27 = Mateus 10:38; Lucas 14:34,35 = Mateus 5:13b; v. também Marcos
9:50).
14:25-33 / O auditório de Jesus mudou. Antes eram fariseus e
comensais convidados para um jantar, em 14:1-24; agora, ia com ele grande
multidão. Parece que Jesus retomou sua viagem para Jerusalém (9:51) e agora vai
falar ao povo. O Senhor deixou claro nos vv. 1-24 que muitas outras pessoas
teriam entrada no reino, mais do que queriam admitir os fariseus legalistas (e
as pessoas mais fanáticas ainda). Agora o Senhor se dirige a essas pessoas que poderiam
entrar no reino. A entrada, no entanto, não é fácil; há um preço a ser pago.
Jesus menciona duas condições (vv. 26,27) e dois exemplos (vv. 28-32) dos
custos envolvidos no discipulado, para quem quer seguir a Jesus. Em primeiro
lugar, quem quiser ser seguidor de Jesus (vir a mim) deve amá-lo mais do que à
sua própria família; na verdade, mais do que a seu próprio pai, e mãe, as
pessoas que devemos honrar por mandamento divino (Êxodo 20:12). Trata-se de uma
exigência radical a sublinhar o lugar de preeminência que Jesus deve ocupar na
vida de qualquer pessoa desejosa de ser seu discípulo. Em segundo lugar, Jesus
exige que seu seguidor carregue sua cruz (tomar a sua cruz; v. o comentário
sobre 9:23, acima). Quem quer que siga a Jesus deve estar preparado para
suportar as provações que o próprio
Jesus suportou. Embora o Senhor deseje que suas palavras sejam consideradas com
a máxima seriedade, deve-se reconhecer que encerram uma hipérbole também (forma
de exagero que objetiva salientar determinado ponto). De acordo com o v. 26: Se
alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos...,
Jesus não está exigindo que o discípulo realmente odeie os pais e demais
parentes (isto em si mesmo contrariaria e violaria o mandamento de Êxodo
20:12), mas o exagero vívido esclarece que o amor que o discípulo nutre por
Jesus deve ultrapassar todas as demais lealdades. Sem dúvida, nem todos os
seguidores de Jesus serão sentenciados à morte, mas o compromisso de lealdade a
Jesus deve ser de tal ordem, que, se o discípulo tiver de enfrentar a morte,
ele o fará para não abandonar a Jesus.
A fim de ilustrar a necessidade de calcular o custo do discipulado
com cuidado, Jesus narra duas breves parábolas. A pessoa que deseja edificar uma
torre (ou qualquer outro empreendimento), deve primeiro calcular o custo do
projeto. Deixar de fazer isso pode redundar em constrangimento (e ruína
financeira), pois o projeto vai ficar por terminar. Igualmente insensata seria
a pessoa que declarasse sua intenção de seguir a Jesus, mas desistisse ao
descobrir que o custo de seguir a Jesus excede seu espírito de lealdade ao Senhor.
Na segunda parábola, Jesus assemelha a necessidade de calcular o custo com
cuidado a um rei que deseja guerrear outro rei,mas descobre que seu exército é
pequeno, tem a metade do tamanho de seu inimigo. O rei é prudente; ... se
assenta primeiro para calcular se ainda assim poderia ganhar a batalha. Se não
puder, pede condições de paz. A outra alternativa seria o rei sair
insensatamente contra outro rei mais forte e sofrer uma terrível derrota. Nesse
exemplo, Jesus não está dando uma aula de estratégia militar; tampouco devem as
minúcias da parábola passar por alegorização. O ponto que Jesus está
salientando é que a pessoa que se propõe realizar uma tarefa difícil (ou
perigosa), precisa antes calcular seus recursos. Nessas parábolas, o dinheiro
do construtor (na primeira parábola) ou o número de soldados do rei (na segunda
parábola) devem ser entendidos como o nível de lealdade que a pessoa dedicará a
Jesus. Caso haja pouca lealdade, a pessoa não deve assumir o compromisso de
seguir a Jesus. Antes, se a pessoa se propõe seguir a Jesus, dela se esperará
um compromisso de lealdade total, uma fidelidade que deriva de uma ponderação
feita com o máximo de cuidado.
14:34,35 / A lição sobre o sal parece estar deslocada desse
sermão a respeito do cálculo do custo do discipulado, mas na verdade existe um
elo bem definido. O seguidor de Jesus é
assemelhado ao sal, que ébom enquanto tiver sabor. Entretanto,se tornar-se
insípido, perde todo o seu valor e será lançado fora. E assim a pessoa que
deixa de calcular o custo. Começa e logo desiste. No contexto de Mateus
(5:13b), a parábola do sal aplica-se à influência que os seguidores dc Jesus exercem
sobre o mundo corrupto. Enquanto os seguidores de Jesus forem “salgados”
(justos), exercem influência benéfica, mas, a partir do momento cm que perdem a
“salinidade”, deixam de influir beneficamente sobre o mundo e, por isso, deixam
de ter utilidade no reino de Deus (v. mais sobre o assunto em Gundry, p. 75-6).
Entretanto, Lucas faz um contraste, ao aplicar a parábola do sal à necessidade
de um compromisso duradouro. Conquanto as aplicações de Mateus e de Lucas não
sejam idênticas, não se contradizem entre si. O discípulo que retém sua
“salinidade” (i.e., sua retidão) é o que persevera.
A
admoestação de Jesus para negar-se a si mesmo de forma completa – Lc 14.25-27
Ainda que não seja dito
expressamente, provavelmente trata-se aqui da lenta marcha pela Peréia até
Jerusalém (Lc 13.32s). A adesão do numeroso séqüito em sua caminhada
estimulou-o a instruir o povo acerca do que realmente faz parte do tornar-se um
verdadeiro discípulo. Estabeleceu condições para tornar-se seu discípulo, a fim
de examinar o número de seus seguidores.
A exigência de odiar os
familiares mais próximos e sua própria vida ocorre diversas vezes com variações
secundárias quanto à forma literal. Mateus cita-a na instrução aos apóstolos
(Mt 10.37-39) e nós a encontramos no anúncio de seu sofrimento (Lc 9.23s; Mc
8.34s; Mt 16.24s).
Pelo fato de que essa sentença doutrinária corresponde às
ocasiões específicas respectivas, a forma de expressão do Senhor difere nas
diversas passagens. Jesus emprega aqui a forte expressão “odiar pai, mãe,
mulher, filhos e irmãos”. Até mesmo sem a versão mais amena em Mt 10.37-39 o
leitor dessas palavras precisa convencer-se de que Jesus não visa descarrilar
aqui os mandamentos do amor ao próximo e da honra aos pais (cf. Lc 10.27;
18.20). Mas o Senhor emprega a forte expressão “odiar” a fim de revestir a
exigência de uma ênfase especial. Para entender esta palavra é preciso avaliar
o contexto, pois fixar-se na letra leva ao mal-entendido. Odiar é o
contrário de amar. No entanto, Jesus não está afirmando que o amor aos
pais e familiares e à própria vida precisa converter-se em ódio. Não! O amor ao
Senhor exige que se odeie tudo o mais no mundo no sentido de que é preciso
acabar de vez com a busca unilateral e exclusiva por outro objetivo de vida. O
discipulado de Jesus demanda a prontidão para sofrer até mesmo a morte mais cruel e
infame por amor a Jesus. Por meio dessa exigência séria e de dura conotação,
Jesus visa explicitar ao povo a entrega total do coração a ele.
Suportar sofrimentos por
causa de Jesus é descrito aqui figuradamente como carregar uma cruz. A
expressão é retirada do costume de que os condenados à morte na cruz tinham de
carregar pessoalmente sua cruz (cf. Mt 27.32). Jesus, portanto, demanda dos
discípulos que levem a cruz ao local da execução junto com ele, que andem com
ele rumo à morte.
A parábola da
construção da torre e da expedição bélica – Lc 14.28-33
Em linguagem figurada, um
discípulo do Senhor tem dois objetivos principais: construir e lutar (cf. Ne
4.17). Nenhuma das tarefas de vida deve ser assumida com empolgação carnal, mas
com sóbria cautela e modéstia (2Pe 1.5). É preciso calcular os custos da
construção e as forças para a luta. Os custos da construção e as forças para
lutar somente podem ser cobertos quando se renuncia ao próprio poder em termos
de força e capacidade. Contudo, quem abre mão da força pessoal e da capacidade
própria, agarrando a força e a capacidade do Senhor, constrói a torre com
potencial suficiente. Quem é fraco em si mesmo mas forte no Senhor consegue
conduzir bem a guerra.
A metáfora da construção de uma
torre evoca a palavra do Sermão do Monte (cf. Mt 7.24-27), embora o nexo direto
seja outro. Lá é sublinhado o lançamento de um alicerce firme, aqui porém se
fala da execução da obra. No Sermão do Monte parecia que o fundamento já
garantiria a conquista. Aqui Jesus aponta para a conclusão da obra. A execução
da construção da torre representa, em sentido figurado, não a primeira adesão
íntima ao Senhor, mas o seguir constante, o discipulado integral,
a santificação. A atividade construtiva até a conclusão não é encerrada com
tanta rapidez, porque também nesse caso é preciso superar dificuldades.
Quem tem a intenção de edificar
uma torre precisa ponderar bem desde o começo tudo o que faz parte da execução.
Um começo precipitado e superficial não chega ao alvo. Dessa forma Jesus repele
os que afluem de maneira irrefletida. Assim como somente a conclusão de uma
construção constitui a honra para o proprietário, assim é unicamente o
desfecho, e não o começo, que coroa a trajetória de um cristão. Uma obra
abandonada provoca o escárnio das pessoas.
Não perseverar e não permanecer
no discipulado acontecem devido a uma primeira falha, o amor ao mundo e à vida
própria que não foi negado, mas mantido. Como por nossa própria capacidade nem
sequer conseguimos começar, torna-se imprescindível o cálculo correto dos
custos, i. é, a sinalização de nossa própria pobreza, a fim de construir sobre
o fundamento da graça mediante negação de nós mesmos.
Assim como a primeira parábola
descreve um empreendimento leviano, assim a parábola da expedição bélica mostra
que uma grande tarefa não pode ser enfrentada sem ponderação madura. Todo rei
que tiver razão e motivo de guerrear com outro rei que dispõe de mais do dobro
de força militar do que ele próprio avalia exaustivamente a expedição.
Pergunta-se se conseguirá superá-lo com seu efetivo inferior. Quando sua
ponderação leva à resposta negativa ele apresenta o mais rapidamente possível
um pedido de paz.
Na seqüência das duas parábolas
o Senhor adverte contra uma adesão leviana a ele. Afinal, o discipulado de
Jesus demanda a renúncia a tudo.
Jesus declara que quem não
renuncia a tudo o que lhe pertence não pode ser seu discípulo. Desse modo
estabelece uma ligação com as frases finais dos v. 26s. Ser discípulo de Jesus
não é coisa das multidões.
A metáfora do sal
estragado – Lc 14.34s
Jesus emprega aqui pela
terceira vez a metáfora do sal (cf. Mt 5.13; Mc 9.50). Assim como Lucas, Marcos
também a posiciona no final da atuação de Jesus na Galiléia, ao passo que em
Mateus o dito se encontra no começo do Sermão do Monte. Aqui a palavra representa
o arremate da advertência contra a empolgação irrefletida.
O Senhor entende por sal a
profissão dos discípulos. O sal age contra o apodrecimento, purifica e confere
durabilidade ao alimento. Por causa do seu poder corrosivo e purificador, o
culto dos israelitas prescrevia o uso de sal como adição a cada oferenda. Essa
adição de sal é chamada de sal da aliança de Deus (Lv 2.13). O pacto
indissolúvel e eterno de Deus é apresentado como pacto de sal (Nm 18.19; 2Cr
13.5). O sal da oferenda é a palavra santificadora e purificadora da aliança.
Esse simbolismo forma a base da palavra bíblica do Senhor. Os discípulos devem,
como sal intelectual, preservar a humanidade da podridão moral. Os discípulos
somente conseguirão executar essa nobre vocação se o poder de sal da palavra
divina habitar neles.
Ao dizer também que o sal,
quando se torna insosso, para nada mais serve e é lançado fora, a expressão
figurada reveste-se de um significado peculiar. Faz parte da natureza do sal
que ele só pode ser utilizado para a finalidade que lhe é própria, mas que não
serve para mais nada. O sal não é usado para adubação (cf. Dt 29.23; Jz 9.45;
Sl 107.34; Jr 17.6; Sf 2.9). O povo de Deus, como também cada indivíduo, não é
útil para nenhuma outra tarefa, mesmo das mais inferiores, quando falha em sua
finalidade originalmente sublime, tornando-se completamente imprestável (cf.
Comentário Esperança, Marcos, p. 290).
A fim de recomendar ao
coração dos ouvintes a importância do que falou, o Senhor coroou sua
advertência com a palavra final: “Quem tiver ouvidos, ouça!” Os ouvintes são
convocados a refletir seriamente, porque o entendimento da palavra de Jesus não
é patente (cf. Mt 11.15; 13.9,15; Mc 4.9,23; 7.16; Lc 8.8;), ou também porque
não se pode prescindir da boa vontade ao considerar o seu discurso (cf. Ap
2.7-3.22).
LUCAS 14.26
ABORRECER A SEU PAI. A palavra aborrecer , neste versículo, significa amar
menos (cf. 14.26 com Mt 10.37; Gn 29.31; Ml 1.3). O que Jesus requer aqui é que
nossa lealdade e amor a Ele sejam superiores a todos os demais vínculos em
nossa vida, inclusive os da nossa própria família.
LUCAS 9.23 TOME CADA DIA SUA CRUZ. Aceitar Jesus
como Senhor e Salvador requer não somente crer na veracidade do evangelho, mas
também assumir o compromisso de segui-lo com abnegação (ver Mc 8.34). Cada dia, é preciso considerar
a resolução de negar-se a si mesmo, ou viver para seus próprios desejos
egoístas. Essa escolha determinará nosso destino eterno.
MARCOS 8.34 TOME A SUA CRUZ, E SIGA-ME. A cruz de
Cristo é símbolo de sofrimento (1 Pe 2.21; 4.13), morte (At 10.39), vergonha
(Hb 12.2), zombaria (Mt 27.39), rejeição (1 Pe 2.4) e renúncia pessoal (Mt 16.24). Quando o crente toma sua
cruz e segue a Cristo, ele nega-se a si mesmo (Lc 14.26,27) e decide abraçar
quatro classes de lutas e sofrimentos: (1) Lutar até o fim contra o pecado (1 Pe 4.1,2; Rm 6), crucificando suas
próprias concupiscências (1 Pe 2.11, 21-24; Gl 2.20; 6.14; Rm 6; 8.13; Tt
2.12); (2) Lutar contra Satanás e os poderes das trevas, para estender o reino de Deus (2 Co 10.4,5; 6.7; Ef 6.12; 1
Tm 6.12), e enfrentar a hostilidade do adversário e das hostes infernais (2 Co
6.3-7; 11.23-29; 1 Pe 5.8-10), bem como a perseguição que surge por resistirmos aos falsos mestres que distorcem
o verdadeiro evangelho (Mt 23.1-36; Gl 1.9; Fp 1.15-17); (3) Sofrer o opróbrio,
o ódio e o escárnio do mundo (Hb 11.25,26; Jo 15.18-25) por testificarmos, com amor, que suas obras são
más (Jo 7.7), por separarmo-nos dele moral e espiritualmente (ver o estudo A
SEPARAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE) e por rejeitarmos seus padrões e suas filosofias (1 Co 1.21-27)
LUCAS 14.28-33 O PREÇO DO DISCIPULADO. Jesus
ensina que aquele que deseja segui-lo e ser seu discípulo deve resolver
primeiro se está disposto a pagar o preço disso. O preço do discipulado verdadeiro
é abrir mão de todos os relacionamentos e posses, i.e., tudo quanto temos: bens
materiais, família, nossa própria vida, com suas ambições, planos e interesses
(v. 33). Isto não significa que devemos
abandonar tudo quanto temos, mas que tudo quanto temos deve ser colocado a
serviço de Cristo e sob sua direção (ver 13.24; Mt 7.14; cf. Jo 16.33; 2 Tm
3.12).
ELABORADO PELO EVANGELISTA;
NATALINO DOS ANJOS
PROFESSOR NA E.B.D e PESQUISADOR
FONTE DE PESQUISA;
FONTE DE PESQUISA;
Comentarios Lucas
(William Barclay)
O EVANGELHO DE LUCAS INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO Leon L. Morris,
M.Sc., M.Th., Ph.D.
Comentarios Lucas
(William Barclay)
Comentarios de Lucas - CRAIG A. EVANS - Editor do Novo Testamento: W.
Ward Gasque
EVANGELHO DE LUCAS
- COMENTÁRIO ESPERANÇA
BIBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL
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