Lições Bíblicas CPAD - Adultos
1º Trimestre de 2015
Título: A Lei de Deus
— Valores imutáveis para uma sociedade em constante mudança
Comentarista: Esequias
Soares
Lição 13: A Igreja e a
Lei de Deus
Data: 29 de
Março de 2015
TEXTO ÁUREO
“Anulamos, pois,
a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei” (Rm
3.31).
VERDADE PRÁTICA
O Senhor Jesus
definiu de maneira clara a relação entre o Antigo e o Novo Testamento, entre a
Lei e o Evangelho.
LEITURA DIÁRIA
Segunda
— Ne 10.28,29
A lei de Deus é a
mesma lei de Moisés, o servo do Senhor
Terça
— Mc 7.9-13
O Senhor Jesus
reconhecia a lei como a Palavra de Deus
Quarta
— Lc 24.44
O Senhor Jesus é o
centro e o cumprimento da lei e dos profetas
Quinta
— Mt 23.23
Nem todos os
mandamentos têm o mesmo peso para o nosso Deus
Sexta
— Rm 10.4
A lei testemunhava
de antemão a salvação em Cristo
Sábado
— Jr 31.33
Cristo imprimiu a
lei no mais profundo do coração humano
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Mateus
5.17-20; Romanos 7.7-12.
Mateus
5
17 — Não cuideis que vim destruir a lei ou os
profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.
18 — Porque em verdade vos digo que, até que o
céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja
cumprido.
19 — Qualquer, pois, que violar um destes
menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino
dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino
dos céus.
20 — Porque vos digo que, se a vossa justiça
não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos
céus.
Romanos
7
7 — Que
diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o pecado
senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse:
Não cobiçarás.
8 — Mas
o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a
concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado.
9 — E
eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e
eu morri;
10 — e o mandamento que era para vida, achei eu
que me era para morte.
11 — Porque o pecado, tomando ocasião pelo
mandamento, me enganou e, por ele, me matou.
12 — Assim, a lei é santa; e o mandamento,
santo, justo e bom.
OBJETIVO GERAL
Ressaltar
o fato de que Jesus definiu, de maneira clara, a relação entre o Antigo e o
Novo Testamento, entre a Lei e o Evangelho.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os
objetivos específicos referem-se aos que o professor deve atingir em cada
tópico.
Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
· I. Mostrar o
que significa “cumprir a lei”.
· II. Explicar que
Jesus viveu a lei.
· III. Ressaltar que
a lei não pode ser revogada.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Professor,
com a graça de Deus, chegamos ao final do trimestre. Esperamos que cada lição
tenha contribuído para o seu crescimento espiritual e de seus alunos.
É
importante que nesta última lição você enfatize que ninguém pode ser justificado
pelas obras da lei (Gl 2.16). O Decálogo nunca teve a função de salvar, mas de
conduzir as pessoas a Cristo, o único que cumpriu toda a lei (Gl 3.11, 24). A
lei veio para apontar e condenar o pecado do homem (Rm 3.20; 7.7). A única
maneira pela qual a humanidade pode ser redimida é pela fé em Jesus Cristo.
Contudo, não podemos nos esquecer de que a fé em Jesus é a chave para o
cumprimento da lei.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A “lei de Deus” no
presente estudo diz respeito a todo o Pentateuco e não apenas aos Dez
Mandamentos, pois o Decálogo é parte da lei. A lei de Moisés não consiste
apenas num compêndio religioso, pois trata de profecias, histórias, registros
genealógicos e cronológicos, regulamentos, ritos, cerimônias, exortações
morais, civis e cerimoniais, sacerdotes, sacrifícios, ofertas, festas e o
tabernáculo. Há nela a base e a estrutura social e política do Estado. É
inegável a sua contribuição na legislação de todos os povos da terra, daí a sua
influência no Estado e na Igreja.
PONTO CENTRAL
Ninguém pode ser salvo pelas obras da
lei, porém ela é para os crentes em Jesus Cristo.
I.
O QUE SIGNIFICA “CUMPRIR A LEI”?
1.
Completar a revelação. Jesus disse
que veio cumprir a lei e os profetas (5.17). O que significa isso? O verbo
grego para “cumprir” é pleroo e significa “cumprir, completar, encher”.
Devemos recordar o sentido de torah, estudado na lição 1, como instrução revelada no
Sinai. Ao longo do trimestre, vimos os aspectos teológico e ético do Decálogo.
O Antigo Testamento contém instrução e doutrina sobre Deus, o mundo e a
salvação, mas sua revelação é parcial. A manifestação do Filho de Deus tornou
explícito o que antes estava implícito, e assim o Senhor completou a revelação
(Hb 1.1,2).
2.
Cumprimento das profecias. Jesus iniciou
o seu ministério terreno dizendo: “o tempo está cumprido” (Mc 1.14,15).
Diversas vezes encontramos no Novo Testamento, a declaração como: “Isso
aconteceu para que se cumprisse a Escritura” (Jo 19.36), ou fraseologia
similar, principalmente no Evangelho de Mateus (Mt 1.22; 2.17,19; 4.14) dentre
outras citações. As profecias se cumpriram em Cristo.
3.
O centro das Escrituras. A provisão do
Antigo Testamento sobre a obra redentora de Deus em Cristo é rica em detalhes.
Os escritores do Novo Testamento reconhecem a presença de Cristo na história da
redenção. O Espírito Santo conduziu a Revelação na vida do povo israelita de
tal maneira que os apóstolos puderam observar cada pormenor na vida e no
ministério terreno do Senhor Jesus Cristo. A ideia cristológica está
completamente embutida na lei e nos profetas. Todo o pensamento bíblico gira em
torno de Jesus (Rm 1.2; 10.4). Todo o Antigo Testamento converge para o Senhor
Jesus; Ele mesmo reconhecia isso (Lc 24.44).
SÍNTESE
DO TÓPICO (I)
As
profecias se cumpriram em Cristo e, por isso, as Escrituras expôem que toda Lei
foi cumprida em Jesus.
II.
O SENHOR JESUS VIVEU A LEI
1.
Preceitos cerimoniais. Veja a
explicação dos preceitos cerimoniais, civis e morais na lição 2 e seu
cumprimento na vida e na obra de Cristo. O Senhor Jesus cumpriu o sistema
cerimonial da lei na sua morte (Mt 27.50,51; Lc 24.46). As instituições de
Israel com suas festas, os holocaustos e os diversos tipos de sacrifícios da
lei de Moisés eram tipos e figuras que se cumpriram em Cristo (Hb 5.4,5; 1Co
5.7). Assim, as cerimônias cessaram, mas o significado foi confirmado (Cl
2.17).
2.
Preceitos civis. Lutero dizia que a função civil
da lei ainda continua para manter a ordem e o bem-estar da sociedade. Segundo
Martyn Lloyd-Jones, Jesus cumpriu também o sistema jurídico da lei. Com sua
morte, Ele transferiu os privilégios de Israel para a Igreja (Êx 10.6,7; 1Pe
2.9,10). Jesus disse às autoridades judaicas que “o Reino de Deus vos será
tirado e será dado a uma nação que dê os seus frutos” (Mt 21.43). Com isso,
Israel deixou de ser um Estado Teocrático. A Igreja é a plataforma de Deus na
Terra para anunciar a verdade (1Tm 3.15).
3.
Preceitos morais. Os Dez Mandamentos são
representados pelos dois grandes mandamentos: amar a Deus acima de todas as
coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mc 12.28-33). Na verdade, toda a lei e
os profetas nisso se resumem (Mt 22.40). Trata-se de uma combinação de duas
passagens da lei (Dt 6.4,5; Lv 19.18). São preceitos que foram resgatados na
Nova Aliança e adaptados à graça, de modo que a Igreja segue a lei de Cristo, a
lei do amor, e não o sistema mosaico (Rm 6.14; 13.9,10; Gl 5.18). O Senhor
Jesus cumpriu todos esses mandamentos durante a sua vida terrena.
SÍNTESE
DO TÓPICO (II)
Jesus
Cristo viveu toda a Lei.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Para iniciar o
tópico faça a seguinte pergunta: “Jesus aboliu a lei?” Ouça os alunos e em
seguida peça que leiam Mateus 5.17,18. Em seguida, explique que esse texto
mostra a expressa e total obediência de Jesus à lei do Antigo Testamento, pois
a lei não pode ser anulada.
Mostre que a “lei
que o crente é obrigado a cumprir consiste nos princípios éticos e morais do Antigo
Testamento (Rm 3.31; Gl 5.14); bem como nos ensinamentos de Cristo e dos
apóstolos (1Co 7.19; Gl 6.2). Essas leis revelam a natureza e a vontade de Deus
para todos e continuam em vigor. As leis do Antigo Testamento destinadas à
nação de Israel, tais como as leis sacrificais, cerimoniais, sociais ou
cívicas, já não são obrigatórias (Hb 10.1-4)” (Bíblia de Estudo Pentecostal.
RJ, CPAD, p.1393).
III.
A LEI NÃO PODE SER REVOGADA
1.
Jesus revela seu pensamento sobre a lei. Talvez
o discurso de Jesus sobre as bem-aventuranças tivesse deixado dúvida sobre a
posição de Cristo a respeito da lei e dos profetas. Ele não era um reacionário;
nasceu conforme a lei e viveu de acordo com ela (Lc 2.21-24; 4.15,16; Gl 4.4).
Jesus falou de maneira direta que não veio revogar a lei e nem os profetas, mas
veio para os cumprir (Mt 5.17). Havia chegado o momento de esclarecer seu
pensamento sobre a lei.
2.
“Até que o céu e a terra passem”. Jesus
disse que “até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da
lei sem que tudo seja cumprido” (Mt 5.18). O jota é a menor letra do alfabeto
hebraico; ocupa a metade da linha na escrita, é a décima letra e se chama iode. O til é um sinal diacrítico para
distinguir uma letra da outra. Nenhuma parte da lei passará, nenhuma letra ou
parte dela ficará em desuso até que tudo se cumpra. Como disse o pastor John
Stott, “a lei tem a duração do universo”.
3.
O menor mandamento (Mt 5.19). Há
muita discussão sobre esta questão. Uns acham que Jesus se referia ao jota e ao
til; outros, aos preceitos cerimoniais. Havia longos debates entre os rabinos
da época sobre os mandamentos mais leves e mais pesados. Eles consideravam
mandamento leve não tomar a mãe com os filhotes num ninho (Dt 22.6). Parece
existir, sim, na lei, mandamento de maior ou de menor significância (Mt 23.23).
Porém, não é disso que Jesus está falando aqui, pois o enfoque é sobre o anular
a autoridade da lei e ensinar que ela pode ser ignorada. O verbo grego é lyo, cuja ideia básica é “desatar,
desamarrar, soltar”, empregado mais adiante para “anular” (Jo 10.35).
SÍNTESE
DO TÓPICO (III)
Jesus
Cristo não veio revogar a lei, pois ela não pode ser anulada.
IV.
A LEI E O EVANGELHO
1.
O papel da lei. Ninguém é justificado pelas
obras da lei (Gl 2.16). A função dela não é salvar, mas nos conduzir a Cristo
(Gl 3.11,24). Ela veio para revelar e condenar o pecado (Rm 3.20; 7.7). Deve o
cristão anular a lei? A resposta paulina é: “De maneira nenhuma! Antes,
estabelecemos a lei” (Rm 3.31). O que isso significa? Que a fé cristã não é
antinomianista, do grego anti “contra”;nomos, “lei”. Isso diz respeito aos que erroneamente
pregavam que a graça dispensa a obediência. O apóstolo refutou tal ideia a vida
inteira (Gl 5.13).
2.
Jesus e Moisés estão do mesmo lado. O
termo “lei” na língua hebraica é torá, e isso já foi estudado na lição 1. Ali aprendemos
também que esta palavra vem de um verbo que significa “instruir, ensinar”. Por
essa razão, a palavra “lei”, às vezes, refere-se às Escrituras Sagradas (1Co 14.21).
Esse parece ser o sentido aqui, pois o apóstolo Paulo estava falando do Antigo
Testamento (Rm 3.19). Porém, a possibilidade de uma aplicação ao Pentateuco não
é descartada, nesse caso, pois a frase “antes, estabelecemos a lei” (Rm 3.31b)
não significa servidão ao sistema mosaico, mas que a fé confirma a lei, visto
que o Evangelho justifica aqueles a quem a lei condena (Rm 8.4; 13.10).
3.
A justiça dos fariseus. Jesus não
está desafiando os seus discípulos a seguirem os escrúpulos legalistas dos
escribas e fariseus quando afirma: “se a vossa justiça não exceder a dos
escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt 5.20).
Antes, ensina que a vida no Espírito requer comunhão com Deus de maneira
abundante e profunda, e assim sendo, nenhum dos rabis a experimentou (Rm
8.8-11).
SÍNTESE
DO TÓPICO (IV)
A
função da lei não era salvar. O Novo Testamento mostra que sua função era
apontar para aquEle que haveria de vivê-la integralmente.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, para
iniciar o tópico faça a seguinte indagação: “Os mandamentos são para os
cristãos?”. Ouça os alunos e explique “que na verdade os Dez Mandamentos foram
especialmente dados a Israel. É também verdade que são parte de um sistema de
leis a que o Novo Testamento diz que nós, que estamos sob a graça, não estamos
mais subordinados (Rm 6.14). Nosso relacionamento com Deus não depende de
observar uma lista extra de leis, mas, em vez disso, de corresponder aos
estímulos do Espírito dentro de nós. Num sentido mais profundo, entretanto, os
Dez Mandamentos são para nós. Os mandamentos revelam Deus como uma Pessoa
profundamente moral e amável. Como poderíamos nós, que o assumimos como Pai,
não tentarmos ser como Ele?” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da
Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo.
1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.63).
CONCLUSÃO
Encerramos o
trimestre conscientes de que Jesus não revogou a lei, mas a cumpriu. Aprendemos
também que não há discrepância entre Jesus e Moisés e que a lei permanece até a
consumação dos séculos, pois a fé cristã não é antinomianista e muitos
preceitos do sistema mosaico reaparecem no Novo Testamento, mas adaptados à
graça, pois fomos libertos da lei (Rm 3.28; Gl 5.1).
PARA REFLETIR
Sobre a Lei:
O que significa cumprir a Lei?
Significa que a manifestação do Filho de
Deus tornou explícito o que antes estava implícito, e assim o Senhor completou
a revelação.
Devemos seguir a lei de Cristo, a do
amor, ou o sistema mosaico?
A lei mosaica se completa na lei de
Cristo e do amor.
Jesus não revogou a lei. Mas o que Ele
fez?
Ele viveu no seu dia a dia toda a lei.
O que é vida no Espírito?
A vida no Espírito é ter comunhão com
Deus de maneira abundante e profunda.
Fale um pouco sobre a relação da lei
com a graça.
A lei serviu para apontar o pecado e
mostrar que homem algum poderia se tornar justo diante de Deus. A graça é favor
imerecido. Éramos pecadores e não merecíamos o amor de Deus, mas Ele nos amou e
nos livrou do pecado e do jugo da condenação que estava sobre nós.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A
Igreja e a Lei de Deus
Quando Jesus de
Nazaré veio ao mundo terreno, Ele mostrou que a principal razão da sua vinda
era esta: “Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância” (Jo 10.10).
Jesus de Nazaré é a Palavra encarnada. É o cumprimento de toda a lei: “E Jesus
disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o
segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses
dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mt 22.34-40). Não podemos
fazer com a Lei de Cristo o que os escribas fizeram com os Dez Mandamentos:
Atentar para a dureza da Lei e esquecer-se do olhar amoroso que ela nos
demanda.
Mais importante que
obedecer a letra é alcançar o espírito da Lei, que é Cristo. Assim o apóstolo
Paulo ratifica: “Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não
darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo
nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz
mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.9,10). Quer
cumprir a Lei de Deus de todo coração? Ame! Contra o amor não há lei. Por quê?
O amor é o cumprimento da lei. Em vez de decorarmos uma lista de “pode não
pode”, devemos fazer tudo baseado no amor — naturalmente a Bíblia não se refere
ao amor romântico das telas de Hollywood, mas à disposição de se fazer o que
tem de ser feito em favor do outro, segundo o Evangelho —, então cumpriremos a
lei de Deus na íntegra. O nosso Senhor resumiu toda a lei ao dizer que o seu
objetivo é levar os homens à plenitude do amor. Aqui está o seu signifi cado:
“E disto demanda a Lei e os Profetas” (Mt 22.40).
Precisamos
relembrar que o Decálogo tem uma divisão natural que versa sobre o
relacionamento do homem com Deus e do homem com o seu próximo. A nossa relação
com a lei de Deus deve se dá nestes termos: vertical, amando a Deus de todo
coração e alma; horizontal, amando o próximo como a si mesmo. Mais do que
quaisquer perspectivas de interpretação, o mais importante é nos
conscientizarmos da importância dos princípios eternos de Deus revelados na sua
Palavra e interpretados pela pessoa bendita de Jesus de Nazaré. Por isso, toda
leitura do Antigo Testamento precisa e deve ser feita tendo Jesus como a chave
hermenêutica da nossa leitura e interpretação.
SUBSIDIOS
MATEUS 5.17 NÃO... VIM DESTRUIR A LEI... MAS CUMPRIR.
O propósito de Cristo é que as exigências espirituais da lei de Deus se cumpram
na vida dos seus seguidores (Rm 3.31; 8.4). O relacionamento entre o crente e a
lei de Deus envolve os seguintes aspectos:
(1) A lei que o crente é obrigado a cumprir consiste nos
princípios éticos e morais do AT (7.12; 22.36-40; Rm 3.31; Gl 5.14; bem como
nos ensinamentos de Cristo e dos apóstolos (28.20; 1 Co 7.19; Gl 6.2). Essas
leis revelam a natureza e a vontade de Deus para todos e continuam hoje em
vigor. As leis do AT destinadas diretamente à nação de Israel, tais como as
leis sacrificiais, cerimoniais, sociais ou cívicas, já não são obrigatórias (Hb
10.1-4; e.g., Lv 1.2,3; 24.10).
(2) O crente não deve considerar a lei como sistema de
mandamentos legais através do qual se pode obter mérito para o perdão e a
salvação (Gl 2.16,19). Pelo contrário, a lei deve ser vista como um código
moral para aqueles que já estão num relacionamento salvífico com Deus e que,
por meio da sua obediência à lei, expressam a vida de Cristo dentro de si
mesmos (Rm 6.15-22).
(3) A fé em Cristo é
o ponto de partida para o cumprimento da lei. Mediante a fé nEle, Deus torna-se
nosso Pai (cf. Jo 1.12). Por isso, a obediência que prestamos como crentes não
provém somente do nosso relacionamento com Deus como legislador soberano, mas
também do relacionamento de filhos para com o Pai (Gl 4.6).
(4) Mediante a fé em Cristo, o crente, pela graça de Deus
(Rm 5.21) e pelo Espírito Santo que nele habita (Gl 3.5,14; Rm 8.13), recebe o
impulso interior e o poder para cumprir a lei de Deus (Rm 16.25,26; Hb 10.16).
Nós a cumprimos, ao andarmos segundo o Espírito (Rm 8.4-14). O Espírito nos
ajuda a mortificar as ações pecaminosas do corpo e a cumprir a vontade de Deus
(Rm 8.13; ver Mt 7.21). Por isso, a conformidade externa com a lei de Deus deve
ser acompanhada pela transformação interior do nosso coração e espírito (cf. vv.
21-28).
(5) Os crentes, tendo sido libertos do poder do pecado, e
sendo agora servos de Deus (Rm 6.18-22), seguem o princípio da fé , pois estão
debaixo da lei de Cristo (1 Co 9.21). Ao fazermos assim, cumprimos a lei de
Cristo (Gl 6.2) e em nós mesmos somos fiéis à exigência da lei (ver Rm 7.4; 8.4
; Gl 3.19 nota; 5.16-25).
(6) Jesus ensinava enfaticamente que cumprir a vontade do
seu Pai celeste é uma condição permanente para a entrada no reino dos céus (ver
7.21).
MATEUS 5.19 GRANDE NO REINO. A posição do crente
no reino dos céus dependerá da sua atitude aqui, para com a lei de Deus e da
sua prática e ensino. A medida da nossa fidelidade a Deus, aqui, determinará a
medida da nossa grandeza no céu.
MATEUS 5.20 SE A VOSSA JUSTIÇA. A justiça dos
escribas e dos fariseus era exclusivamente exterior. Eles observavam muitas
regras, oravam, cantavam, jejuavam, liam as Escrituras e freqüentavam os cultos
nas sinagogas. No entanto, substituíam as atitudes interiores corretas pelas
aparências externas. Jesus declara aqui que a justiça que Deus requer do crente
vai além disso. O coração e o espírito, e não somente os atos externos, devem
conformar-se com a vontade de Deus, na fé e no amor (ver Mc 7.6, nota sobre o
legalismo).
ROMANOS 7.7 NÃO CONHECI O PECADO SENÃO PELA LEI.
Os versículos 7-25 descrevem a experiência pré-conversão de Paulo, ou de
qualquer outra pessoa que procura agradar a Deus, sem depender da sua graça,
misericórdia e poder.
(1) Nos versículos 7-12, Paulo descreve o período de
inocência do indivíduo até chegar à "idade da responsabilidade". Ele
"vive" (v. 9), i.e., sem culpa nem responsabilidade espiritual, até
que deliberadamente peca contra a lei de Deus escrita externamente ou no seu
coração (cf. 2.14,15; 7.7,9,11).
(2) Nos verículos 13-20, Paulo retrata um estado de
escravidão ao pecado, porque a Lei, uma vez conhecida, traz inconscientemente o
pecado para a consciência e, assim, o indivíduo passa a ser realmente um
transgressor. O pecado se torna seu senhor, embora ele se esforce para resistir-lhe.
(3) Nos versículos 21-25, Paulo revela o desespero total da
pessoa, à medida que o conhecimento e o poder do pecado o reduzem à miséria.
ROMANOS 7.9-11 EU, NALGUM TEMPO VIVIA... As
declarações de Paulo, "eu... vivia" (v. 9) e "o pecado... me matou"
(v. 11), apóiam a crença geral que a criança é inocente até deliberadamente
pecar contra a lei de Deus no coração (2.14,15). O ensino que diz que as
criancinhas entram no mundo afetadas pela culpa do pecado e dignas da
condenação eterna não se acha nas Escrituras.
ROMANOS 7.14 A LEI. Lembremo-nos de que Paulo, no
capítulo 7, está analisando o estado da pessoa irregenerada e sujeita à lei do
AT, mas consciente da sua incapacidade de viver uma vida agradável a Deus (cf.
v. 1). Ele descreve uma pessoa lutando sozinha contra o poder do pecado e
demostrando que não poderemos alcançar a justificação, a santidade, a bondade e
a separação do mal mediante o nosso próprio esforço para resistir ao pecado e
guardar a lei de Deus. O conflito do cristão, por outro lado, é bem diferente:
é um conflito entre uma pessoa unida a Cristo e ao Espírito Santo, de um lado,
contra o poder do pecado, de outro lado (cf. Gl 5.16-18). No capítulo 8, Paulo
descreve o caminho da vitória sobre o pecado, mediante a vida no Espírito.
ROMANOS 3.31 ESTABELECEMOS A LEI. A salvação em
Cristo não significa que a Lei perdeu o seu valor. Na realidade, a justificação
pela fé confirma a Lei, quanto ao seu propósito e função original. Mediante sua
reconciliação com Deus e a obra regeneradora do Espírito Santo, o crente é
capacitado a honrar e obedecer à Lei moral de Deus (ver 8.2-4).
LEI DO ANTIGO
TESTAMENTO
Êx 20.1,2 “Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo:
Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.”
Um dos aspectos mais importantes da experiência dos
israelitas no monte Sinai foi o de receberem a lei de Deus através do seu
líder, Moisés. A Lei Mosaica (hb. torah, que significa “ensino”), admite uma
tríplice divisão:
(a) a lei moral, que trata das regras determinadas por Deus
para um santo viver (20.1-17);
(b) a lei civil, que trata da vida jurídica e social de
Israel como nação (21.1 — 23.33);
e (c) a lei cerimonial, que trata da forma e do ritual da
adoração ao Senhor por Israel, inclusive o sistema sacrificial (24.12 — 31.18).
Note os seguintes fatos no tocante à natureza e à função da lei no Antigo
Testamento.
(1) A lei foi dada por Deus em virtude do concerto que Ele
fez com o seu povo. Ela expunha as condições do concerto a que o povo devia
obedecer por lealdade ao Senhor Deus, a quem eles pertenciam. Os israelitas
aceitaram formalmente essas obrigações do concerto (24.1-8).
(2) A obediência de Israel à lei devia fundamentar-se na
misericórdia redentora de Deus e na sua libertação do povo (19.4).
(3) A lei revelava a vontade de Deus quanto a conduta do seu
povo (19.4-6; 20.1-17; 21.1—24.8) e prescrevia os sacrifícios de sangue para a
expiação pelos seus pecados (Lv 1.5; 16.33). A lei não foi dada como um meio de
salvação para os perdidos. Ela foi destinada aos que já tinham um
relacionamento de salvação com Deus (20.2). Antes, pela lei Deus ensinou ao seu
povo como andar em retidão diante dEle como seu Redentor, e igualmente diante
do seu próximo. Os israelitas deviam obedecer à lei mediante a graça de Deus a
fim de perseverarem na fé e cultuarem também por fé, ao Senhor (Dt 28.1,2;
30.15-20).
(4) Tanto no AT quanto no NT, a total confiança em Deus e na
sua Palavra (Gn 15.6), e o amor sincero a Ele (Dt 6.5), formaram o fundamento
para a guarda dos seus mandamentos. Israel fracassou exatamente nesse ponto,
pois constantemente aquele povo não fazia da fé em Deus, do amor para com Ele
de todo o coração e do propósito de andar nos seus caminhos, o motivo de
cumprirem a sua lei. Paulo declara que Israel não alcançou a justiça que a lei
previa, porque “não foi pela fé” que a buscavam (Rm 9.32).
(5) A lei ressaltava a verdade eterna que a obediência a
Deus, partindo de um coração cheio de amor (ver Gn 2.9; Dt 6.5) levaria a uma
vida feliz e rica de bênçãos da parte do Senhor (cf. Gn 2.16 ; Dt 4.1,40; 5.33;
8.1; Sl 119.45; Rm 8.13; 1Jo 1.7).
(6) A lei expressava a natureza e o carácter de Deus, i.e.,
seu amor, bondade, justiça e repúdio ao mal. Os fiéis israelitas deviam guardar
a lei moral de Deus, pois foram criados à sua imagem (Lv 19.2).
(7) A salvação no AT jamais teve por base a perfeição
mediante a guarda de todos os mandamentos. Inerente no relacionamento entre
Deus e Israel, estava o sistema de sacríficios, mediante os quais, o
transgressor da lei obtinha o perdão, quando buscava a misericórdia de Deus,
com sinceridade, arrependimento e fé, conforme a provisão divina expiatória
mediante o sangue.
(8) A lei e o concerto do AT não eram perfeitos, nem
permanentes. A lei funcionava como um tutor temporário para o povo de Deus até
que Cristo viesse (Gl 3.22-26). O antigo concerto agora foi substituído pelo
novo concerto, no qual Deus revelou plenamente o seu plano de salvação mediante
Jesus Cristo (Rm 3.24-26; ver Gl 3.19, nota com matéria adicional sobre a
natureza e função da lei no AT).
(9) A lei foi dada por Deus e acrescentada à promessa “por
causa das transgressões” (Gl 3.19); i.e., tinha o propósito
(a) de prescrever a conduta de Israel;
(b) definir o que era pecado;
(c) revelar aos israelitas a sua tendência inerente de
transgredir a vontade de Deus e de praticar o mal, e
(d) despertar neles o sentimento da necessidade da
misericórdia, graça e redenção divinas (Rm 3.20; 5.20; 8.2).
FONTE DE PESQUISA.
BIBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL
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