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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

NÃO MATARÁS - LIÇÃO 8 - COM SUBSIDIOS



Lições Bíblicas CPAD  -    Adultos
 1º Trimestre de 2015

Título: A Lei de Deus — Valores imutáveis para uma sociedade em constante mudança
Comentarista: Esequias Soares



Lição 8: Não Matarás
Data: 22 de Fevereiro de 2015

TEXTO ÁUREO

De palavras de falsidade te afastarás e não matarás o inocente e o justo; porque não justificarei o ímpio” (Êx 23.7).

VERDADE PRÁTICA

O direito à vida é um bem pessoal e inalienável; sua preservação e proteção devem ser parte da responsabilidade do homem cristão.

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Gn 9.5,6
A vida deve ser protegida porque o homem é a imagem de Deus



Terça - Dt 19.4
Pena para o homicídio culposo, quando não há intenção de matar



Quarta - Dt 27.24,25
Pena para o homicídio doloso, quando há intenção de matar



Quinta - 1Sm 2.6
Somente Deus, o Doador da vida, tem o direito de tirá-la



Sexta - Mt 5.21,22
O Senhor Jesus condenou o assassinato e o ódio



Sábado - Jo 10.10
O Senhor Jesus veio para que todos tenham vida

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Êxodo 20.13; Números 35.16-25.

Êxodo 20
13 - Não matarás.

Números 35
16 - Porém, se a ferir com instrumento de ferro, e morrer, homicida é; certamente o homicida morrerá.
17 - Ou, se a ferir com pedra à mão, de que possa morrer, e ela morrer, homicida é; certamente o homicida morrerá.
18 - Ou, se a ferir com instrumento de madeira que tiver na mão, de que possa morrer, e ela morrer, homicida é; certamente morrerá o homicida.
19 - O vingador do sangue matará o homicida: encontrando-o, matá-lo-á.
20 - Se também a empurrar com ódio, ou com intento lançar contra ele alguma coisa, e morrer;
21 - ou por inimizade a ferir com a sua mão, e morrer, certamente morrerá o feridor; homicida é; o vingador do sangue, encontrando o homicida, o matará.
22 - Porém, se a empurrar de improviso, sem inimizade, ou contra ela lançar algum instrumento sem desígnio;
23 - ou sobre ela fizer cair alguma pedra sem o ver, de que possa morrer, e ela morrer, e ele não era seu inimigo nem procurava o seu mal,
24 - então, a congregação julgará entre o feridor e o vingador do sangue, segundo estas leis.
25 - E a congregação livrará o homicida da mão do vingador do sangue, e a congregação o fará voltar à cidade do seu refúgio onde se tinha acolhido; e ali ficará até à morte do sumo sacerdote, a quem ungiram com o santo óleo.

OBJETIVO GERAL

Apresentar o sexto mandamento, ressaltando o propósito de Deus pela proteção da vida.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Abaixo, os objetivos específicos referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico.
Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
·   I. Tratar a abrangência e o objetivo do sexto mandamento.
·   II. Ressaltar a importância da vida para Deus.
·   III. Apresentar o significado jurídico do homicídio.
·   IV. Descrever a punição do homicida.


                   INTERAGINDO COM O PROFESSOR

Vivemos em uma sociedade marcada pela violência; por isso, esta é uma oportunidade ímpar para tratar a respeito do sexto mandamento — não matarás. Para muitos que não conhecem a Deus e a sua Palavra, a vida humana parece ter perdido o seu valor. Todos os dias milhares de pessoas matam e morrem por coisas triviais. A vida é um dom de Deus e, ao cometer um homicídio, além de estar infringindo a lei dos homens, a pessoa está indo contra o próprio autor e galardoador da vida, Deus.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

O sexto mandamento manifesta o propósito de Deus pela proteção da vida. Sua vontade é que os seres humanos façam o mesmo. O tema é abrangente e complexo, razão pela qual deve ser estudado com diligência. A lei diz “não matarás”. Isso não contraria a guerra, a pena capital e o próprio pensamento cristão? Mas o assunto não se encerra por aí. Esse é o tema do presente estudo.


PONTO CENTRAL

A vida é um dom de Deus e ninguém tem o direito de tirá-la.


I. O SEXTO MANDAMENTO

1. Abrangência. Este é o primeiro mandamento que consiste em uma proibição absoluta, sem concessão, expressa de maneira simples com duas palavras: “Não matarás” (Êx 20.13; Dt 5.17). A legislação mosaica dispõe sobre o tema ao longo do Pentateuco, cuja abrangência fala contra a violência, o assassinato premeditado e o não premeditado. Temas como guerra, pena capital, suicídio, aborto e eutanásia são pertinentes ao sexto mandamento.
2. Objetivo. O sexto mandamento reflete o ensino geral do Antigo Testamento sobre o respeito à santidade da vida. O Senhor Jesus incluiu aqui o ensino sobre o amor (Mt 5.21,22). No novo concerto Ele inclui “pensamentos e palavras, ira e insultos”. O Novo Testamento considera homicida quem aborrece a seu irmão (1Jo 3.15). O objetivo deste mandamento é religioso e social, com o propósito de proteger a vida e trazer a paz entre os seres humanos (Mt 5.44; Rm 12.18).
3. Contexto. “Não matarás” já era um mandamento antigo, mas agora é introduzido de uma forma nova. O respeito à vida era conhecido na Antiguidade pelos mesopotâmios, egípcios e gregos, entre outros. O Código de Hamurabi (1750 a.C.), rei da Babilônia, é um exemplo clássico, contudo não se revestia de autoridade divina. Essa é a primeira distinção entre os códigos antigos e a revelação do Sinai. A outra é que Deus pôs sua lei no coração e na consciência dos demais povos (Rm 1.19; 2.14,15).



SÍNTESE DO TÓPICO (I)

Deus criou e deseja preservar a vida humana.



SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Não matarás (20.13). ‘Assassinar‘ é mais precioso aqui do que ‘matar’. A palavra hebraica rasah é a única sem paralelo em outras sociedades do segundo milênio a.C. Ela identifica ‘morte de pessoas’, e inclui assassinatos premeditados executados com hostil intenção e mortes acidentais ou homicídios culposos. Dentro da comunidade da aliança, precisava-se tomar um grande cuidado para que ninguém perdesse a vida, mesmo por acidente. O termo rasah não é aplicado em mortes na guerra ou em execuções judiciais” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse Capítulo por Capítulo. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.64).



II. IMPORTÂNCIA

1. Da vida. A vida é um dom de Deus e ninguém tem o direito de tirá-la (Gn 9.6). Somente Deus, que criou o homem à sua imagem, tem o direito de pôr fim à vida humana (Gn 1.26,27; Dt 32.39). Três grandes personagens da Bíblia pediram a morte e não foram atendidas: Moisés, Elias e Jonas (Nm 11.15; 1Rs 19.4; Jn 4.3). Tudo isso nos mostra que a vida pertence a Deus, e não a nós mesmos. Deus sabe a hora em que a vida humana deve cessar, Ele é o soberano de toda a existência.
2. Não matar. A proibição do sexto mandamento é não assassinar. O verbo hebraico ratsach, “matar, assassinar, destruir”, aparece 47 vezes no Antigo Testamento, em sua maior parte nos textos legais. A primeira ocorrência é nos Dez Mandamentos (Êx 20.13). A tradução mais precisa das palavras lo e tirtsach seria: “não assassinarás”, ou “não cometerás assassinato”, pois “não matarás” é uma expressão genérica. O dispositivo mosaico proíbe o homicídio premeditado, o assassinato violento de um inimigo pessoal (Êx 21.12; Lv 24.17). O termo refere-se também a homicídio culposo, aquele em que não há intenção de matar (Dt 4.42; Js 20.3).
3. Etimologia. São raros os termos correspondentes ao verbo ratsach nas línguas cognatas; só no norte da Arábia foi encontrado o verbo radaha, “quebrar em pedaços, estilhaçar”. O termo ratsach não é usado na guerra nem na administração da justiça e não aparece no contexto judicial e militar. Parece haver uma única ocorrência em que ele é aplicado à pena de morte (Nm 35.30), mas estudos mostram que originalmente a ideia do verbo era de vingança de sangue.



SÍNTESE DO TÓPICO (II)

É Deus quem dá ao homem o fôlego de vida e somente Ele tem o direito legal de pôr fim à vida.



III. PROCEDIMENTO JURÍDICO

1. Significado do homicídio. O homicídio é o maior crime que um ser humano pode cometer. A proibição do assassinato, apesar de constar dos códigos de leis anteriores ao sistema mosaico, já havia sido estabelecido pelo próprio Criador desde o limiar da raça humana: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem” (Gn 9.6). É contra Deus que o homicida está desferindo seu golpe ao tirar a vida de alguém, pois a imagem é a representação de uma pessoa ou coisa.
2. Homicídio doloso (Nm 35.16-21). Aqui são dadas instruções específicas acerca do procedimento jurídico sobre o homicídio doloso. Se alguém ferir de morte seu próximo, “com instrumento de ferro” (v.16), “com pedra à mão” (v.17) ou ainda “com instrumento de madeira” (v.17), ou por qualquer outra forma (vv.20,21), e a pessoa golpeada morrer, o autor da ação é considerado homicida. O substantivo “homicida”, rotseach, vem do verbo ratsach e aparece repetidas vezes aqui. Trata-se de homicídio doloso.
3. Homicídio culposo (Nm 35.22-25). Era o crime involuntário e acidental, razão pela qual o autor não devia morrer, e a lei estabeleceu o procedimento a ser seguido para livrar o réu da pena de morte. Ele precisava se refugiar numa das cidades de refúgio até provar que o homicídio fora acidental (Dt 19.4-6). A outra maneira de escapar das mãos do vingador do sangue era agarrar-se nas pontas do altar (Êx 21.12-14; 1Rs 1.50,51). Esses dois recursos equivalem ao habeas corpus concedido atualmente.



SÍNTESE DO TÓPICO (III)

Ao tirar a vida de alguém, o homicida está infringindo a lei dos homens e agindo diretamente contra o próprio autor da vida, Deus.



IV. PUNIÇÃO

1. O sangue de Abel. O termo “sangue” de Abel em “A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra” (Gn 4.10), está no plural, no hebraico, que segundo o Talmude, antiga literatura religiosa dos judeus, significa “sangue de sua descendência” ou seja: “todo aquele que destruir uma vida em Israel a Escritura reputa como se tivesse destruído o mundo inteiro” (Sanedrin 4.5). Tal crime interrompe para sempre a posteridade da vítima. Em Hebreus é dito que o sangue da aspersão, de Cristo, fala melhor do que o sangue de Abel (Hb 12.24). Isso porque o sangue de Jesus clama por misericórdia, mas o de Abel por vingança (Gn 4.10,11).
2. O vingador. A lei dava o direito ao “vingador do sangue” (Nm 35.19,21b), goel, em hebraico, “redentor, remidor, vingador”, de matar o assassino onde quer que o encontrasse. Vingar o sangue era, no Oriente Médio, uma questão de honra da família (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21). Era uma grande desonra para a família não vingar o assassinato de um ente querido. Isso é mantido ainda hoje nessa parte do mundo. Porém, o Senhor Jesus mandou substituir a vingança pelo perdão (Mt 5.38,39).
3. Expiação pela vida. O crime de assassinato podia ser expiado por uma das duas maneiras estabelecidas na legislação mosaica. A primeira, no caso de homicídio doloso, em que uma vida é expiada por outra (Nm 35.31), o assassino deve ser morto, ou seja, era “vida por vida” (Êx 21.23). A segunda diz respeito ao homicídio culposo, a busca de proteção em uma das cidades de refúgio. A expiação, nesse caso, é a morte do sacerdote da cidade (Nm 35.25).



SÍNTESE DO TÓPICO (IV)

Não havia expiação para homicídio doloso; já para o homicídio culposo, havia as cidades de refúgio.



SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Cidades de Refúgio — Entre as 48 cidades dadas aos levitas em Israel, seis, por ordem de Deus, foram indicadas como cidades de refúgio, ou asilo, para o ‘homicida’ (Nm 35.6,7). O próprio Moisés escolheu três delas no lado leste do rio Jordão: Bezer para os rubenitas, Ramote, em Gileade, para os gaditas; Golã, em Basã, para os manassitas (Dt 4.41-43). Mais tarde, na época de Josué, as outras três foram indicadas na parte oeste do Jordão. Elas estavam convenientemente situadas nas regiões norte, central e sul da terra que habitavam. Seriam construídas e mantidas abertas estradas para essas importantes cidades (Dt 19.3).
Em Hebreus 6.18 está indicado que as cidades de refúgio eram um tipo de Cristo. O apóstolo faz alusão a isso quando fala daqueles que fugiram procurando um refúgio, e também da esperança oferecida a eles. Nós procuramos o refúgio em Cristo, e nEle estamos a salvo do Vingador do sangue divino (Rm 5.9)” (PFEIFFER, Charles F. (Ed). Dicionário Bíblico Wycliffe. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2010, pp.417-18).



CONCLUSÃO

O Senhor Jesus vinculou o sexto mandamento à doutrina do amor ao próximo. Devemos manter nossa posição em favor da paz e da fraternização dizendo “não” à violência em suas diversas modalidades, para a glória de Deus.

VOCABULÁRIO

Homicídio culposo: Quando uma pessoa mata outra, mas sem que tivesse esta intenção.
Homicídio doloso: Quando há intenção de matar.

PARA REFLETIR

Sobre o sexto mandamento:

O homem tem o direito de tirar a vida do outro?
Não. Explique que a vida é um dom de Deus e homem algum tem o direito de tirá-la.

O que você entende por “a santidade da vida”?
Resposta livre, mas deixe claro que a vida é um dom divino e, por isso, santa.

Por que ninguém tem o direito de tirar a vida do outro?
Porque ela é um dom de Deus. Logo, somente Ele tem o direito de dar fim aos dias de uma pessoa.

Deus perdoa quem comente o assassinato?
Se houver arrependimento sincero, Ele perdoa.

Quanto ao “aborto”, a posição do crente deve ser contrária. Comente.
Sim. O aborto é o assassinato de uma vida.

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

Não matarás

Deus é o Senhor da vida! Por isso ordenou: Não matarás. Um mandamento que nem sempre o povo de Israel obedeceu. Cidades de Refúgio foram criadas em Israel para defender alguém que pudesse ser morto por causa de um assassinato por legítima defesa. Pois os criminosos que praticavam crimes hediondos pagariam com a própria vida. Não seria justo uma pessoa que matou outra para se defender pagar com o mesmo preço. Deus é justo!
Cidades de Refúgio, crimes hediondos e o próprio mandamento demonstram-nos o quanto seria duro para o povo de Israel conviver na terra de Canaã. O risco de se tornarem iguais ao Egito, mesmo longe do Egito, era iminente. O sexto mandamento defende a vida e afirma que todos têm direito a ela. É um dom de Deus que deve ser respeitado como a própria imagem dEle. A vida é um milagre!
Não é difícil esquecermos este mandamento quando nos revoltamos com os crimes hediondos e tantos outros crimes praticados nos quatro cantos do mundo, apoiando o fazer justiça com as próprias mãos. O Senhor Jesus foi vítima do mais corrupto e cruel sistema de julgamento, mas qual foi o seu comportamento nesse processo? Combatia a vingança com o perdão: “Não te digo que até sete [que se deve perdoar], mas até setenta vezes sete” (Mt 18.22). Criticava a mentalidade popular que dizia “Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo” com “Amai vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazendo bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do Pai que está nos céus” (Mt 5.43-45). E deu o maior exemplo com a própria vida enquanto os soldados romanos o crucificavam: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). Que difícil!
O “não matarás” é um mandamento para proteger a vida. Por mais que sejamos tentados a defender o “olho por olho e dente por dente”, diante de uma tremenda injustiça, precisamos fazer o exercício diário de olharmos para Jesus e nos lembrarmos de que, mesmo a sua vida esvaindo-se, o nosso Senhor exalava o perdão contra os seus algozes.


SUBSIDIOS

Lições Bíblicas CGADB 1° Trimestre de 2015    -  Jovens e adultos

LIÇÃO 8 – NÃO MATARÁ

Texto Base: Êxodo 20:13; Números 35:16-25

“De palavras de falsidade te afastarás e não matarás o inocente e o justo; porque não justificarei o ímpio” (Êx 23:7).

INTRODUÇÃO

Dando sequência ao estudo do Decálogo, vamos estudar nesta Lição o Sexto Mandamento. Este Mandamento é imperativo: “não matarás” (Êx 20:13; Dt 5:17). O homicídio doloso, pérfido, insulta a Deus, o doador da vida. A existência do ser humano é a Sua mais importante possessão. Por isso, o Senhor expressa Seu desejo de que ela seja honrada, respeitada e preservada.

I. O SEXTO MANDAMENTO

1. Abrangência. "Não matarás." Muitos especialistas em língua hebraica dizem que este texto seria melhor traduzido por “não assassinarás”. Isto explicaria algumas passagens difíceis do Antigo Testamento em que o próprio Deus permite ou mesmo ordena que algumas pessoas sejam mortas (Ex 17:14; 1Sm 15:1-3, etc).

Este mandamento proíbe o homicídio, o assassinato premeditado e o não premeditado. Temas como eutanásia, feticídio, suicídio, infanticídio, genocídio, são pertinentes ao sexto mandamento. Todavia, este mandamento não proíbe a pena capital, visto que a própria lei estipulava a pena de morte. Também se permitia a guerra, visto como o soldado atua como agente do estado. Há uma análise, a seguir, sobre estes temas.

2. Objetivo. O objetivo do Sexto Mandamento: a preservação da vida e a proibição do assassinato premeditado, ou seja, o homicídio doloso. O povo da Nova Aliança, que faz a Igreja do Senhor Jesus, que vive em um contexto completamente diferente daquele vivido pelos fiéis da Antiga Aliança, deve lutar pela defesa da vida.

Na Nova Aliança o Sexto Mandamento inclui “pensamentos e palavras, ira e insultos”. Segundo o Rev. John Stott, "os escribas e fariseus estavam evidentemente procurando restringir a aplicação do Sexto Mandamento apenas ao ato do homicídio, isto é, ao derramamento de sangue humano, mas Jesus discordou deles. A verdadeira aplicação da proibição era muito mais ampla: incluía pensamentos e palavras, além de atos; cólera e insultos, além do homicídio".

Há, então, um aspecto existencial, isto é, relacionado com o mundo interior da pessoa. Mata-se alguém não só literalmente, mas também no coração. O apóstolo João diz que é homicida quem odeia a seu irmão (1Jo 3:15). Se alguém tem ódio de uma pessoa, é como se a tivesse assassinado em seu coração. Jesus ensina que para Deus isto é tão errado e condenável como um assassinato.

É possível que haja crentes que frequentem regularmente a igreja e participam de suas atividades, mas tenham ódio de outras pessoas, quem sabe até mesmo dentro da própria igreja. Crentes que se reúnem em torno da mesa do Senhor, participam da Santa Ceia, mas com o coração carregado de ódio. Estas atitudes devem ser abandonadas pelos que pretendem ser fiéis a Jesus. A Bíblia recomenda a todos que tenham um esforço especial para viver em paz com todos os homens (Rm 12:18).

Também, a defesa da vida, que é o objetivo do Sexto Mandamento, abrange o aspecto social. Um dos deveres exigidos é confortar e socorrer os aflitos e proteger e defender os inocentes (Mt 25:35,36; Pv 31:8,9; Is 58:7). Isto é dever do Estado, mas, também da Igreja. Todo esforço cristão nesta área é válido, pois levará os não cristãos a glorificar ao Pai que está nos céus (Mt 5:16).

3. Contexto. “Não matarás”, já era um mandamento gravado na consciência de toda a humanidade, desde o primeiro ser humano, e estará gravado na consciência do último ser humano que restar na terra. Todo homem normal, sempre foi e será capaz de discernir entre ocerto e o errado, entre o ético e o antiético, entre o bem e o mal. Milhares de anos antes da Lei Moral ter sido escrita para Israel, lá no Sinai, não foi preciso Deus falar para Adão que ele tinha pecado, que ele havia cometido um ato antiético para com o seu Criador. Dentro de Adão, a sua própria consciência o acusava. Então, ouvindo a voz de Deus, escondeu-se – “E chamou Deus a Adão, e disse-lhe: onde estás? E ele disse: ouvi a tua voz soar no jardim e temi, porque estava nu, e escondi-me” (Gn 3:9-10).

Aconteceu, também, com Caim quando matou Abel. Em nenhum lugar estava escrito “não matarás”, todavia, Deus não o teve por inocente, porque a Lei Moral estava gravada em sua consciência e, por ela, o homem sabia da necessidade de valorizar a sua vida, ou do próximo. Tirar a vida de alguém é um direito tão somente do doador da vida. Assim, Deus não teve Caim por inocente – “E disse Deus: que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra, que abriu a sua boca para receber o sangue do teu irmão “(Gn 4:10).

Portanto, a Lei Moral não estava escrita, no papel, porém, já estava gravada na consciência do primeiro ser humano e na consciência dos seus descendentes (Rm 1:19; 2:14,15).

II. IMPORTÂNCIA

1. Da vida. Biblicamente a vida pertence a Deus (Dt 30:15; Sl 36:9; Lc 12:20). Deus criou, santificou e abençoou a vida humana. Ele é, pois, o Criador, o doador e o Senhor da vida. Só Ele pode tirá-la. Ao homem Ele ordenou: “Não Matarás”. Portanto, tirar a vida própria ou alheia é ofender a Deus e depreciar o Criador.

O valor da vida não depende dos anos acumulados, nem da capacidade física ou intelectual da pessoa. Antes, a vida é um bem pessoal intransferível e incalculável. Por isso, nenhum indivíduo, nenhuma organização ou sociedade, nenhum grupo de médicos e nem o próprio Estado secular podem arrogar a si o direito de legalizar a matança de seres indefesos ou classificar as pessoas, separando as que devem morrer das que podem viver.

A vida do homem é um bem inalienável. A vida pertence a Deus. Está escrito: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24:1); “...pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas” (Atos 17:25). Desta feita, ninguém pode dizer que a “vida é minha, eu faço dela o que quero”.

2. Não matar. O que significa não matar? O Sexto Mandamento é aplicável em situações de guerra? Qual a resposta bíblica diante da crescente criminalidade? O homem tem direito de morrer com dignidade e sem dores? Até quando é justo prolongar a vida por meios artificiais?

O termo hebraico, de onde se origina a palavra “matar”, expressa pela primeira vez em Êx 20:13, dá a ideia de assassinar, matar com violência, de maneira injusta e cruel. Assassinar alguém é o pior crime que uma pessoa pode cometer, e isso é um golpe contra o próprio Deus, visto que o ser humano foi feito à sua imagem (Gn 1:26,27).

O "Não matarás" é a proteção da vida. Observe que este mandamento é ratificado no Novo Testamento pelo Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos (Mt 19:18,19; Rm 13:9; Tg 2:11; 1Jo 3:15).

A valorização e proteção da vida como bem pessoal proíbe de forma categórica qualquer forma de assassinato. O “não matarás” inclui de maneira direta a proibição dos seguintes crimes: a eutanásia, o feticídio, o suicídio, o infanticídio e o genocídio. Para uma melhor compreensão vamos tecer algumas considerações gerais e individualizadas para estas situações.

a) Eutanásia e feticídio(aborto). Num primeiro momento pode parecer tratar-se de dois assuntos totalmente diferentes, porém ao se identificar cada um deles vê-se que são dois extremos de um elo comum, ou seja, dois acontecimentos que podem ocorrer um no início e outro no final de uma vida. Os dois possuem um só objetivo, a saber, a supressão ou interrupção de uma vida.

Pelo Aborto, procura-se impedir que um ser humano venha ao mundo, enquanto que pelaEutanásia, tirá-la deste mundo, sem que, pelo processo normal, se tenha chegado o tempo de Deus nos termos descritos por Salomão:” Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e tempo de morrer...” (Ec 3:1-2). Contudo, o Pós-Modernismo ignora o que diz a Palavra de Deus, defendendo, em todo o mundo, a legalização da intervenção do homem, quer para selecionar quem pode nascer, quer para determinar quem deve morrer. Em muitos países esses dois tipos de assassinatos estão legalizados, contrariando o Sexto Mandamento.

A Eutanásia é conhecida como homicídio piedoso. A Bíblia, porém, não faz diferença entre homicídio piedoso e homicídio maldoso. O que ela diz é “não matarás”. Quanto ao homicida, a Bíblia diz: “...Mas, quanto...aos homicidas...a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte” (Ap 21:8). Esta é a verdade bíblica!

b) O suicídio. O suicídio nada mais é que um autoassassinato. A Palavra de Deus não distingue entre matar a si próprio ou ao semelhante. Diz apenas o mandamento que não se deve matar, entendido aqui um ser humano, seja ele quem for, inclusive o próprio matador. A Palavra de Deus diz que os homicidas não se salvarão (Ap 21:8; 22:15).

No suicídio, o homem, além de se fazer juiz sobre a sua própria vida, o que lhe é vedado, pois já vimos que só Deus é o dono da vida – “O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela” (1Sm 2:6) -, além do mais demonstra total falta de confiança e de esperança em Deus, porquanto busca resolver seus problemas e dificuldades pondo fim à sua vida, demonstrando, com isso, que não confia em Deus. O verdadeiro cristão, pelo contrário, ainda que esteja a passar problemas e dificuldades, não vai buscar a solução no suicídio, mas em Deus. A Palavra de Deus está repleta de promessas de que o Senhor sempre estará ao nosso lado, se nos mantivermos fiéis (Is 43:1-5; Sl 91:1; Mt 28:20).

Sempre se terá no suicídio um gesto de falta de fé em Deus, uma verdadeira manifestação de orgulho e de autossuficiência do suicida. Fazendo-se semelhante a Deus, o suicida recusa ser ajudado e orientado pelo Senhor e resolve pôr fim à sua vida, dando a si uma solução que, entretanto, somente lhe criará um problema eterno – a morte eterna, a eterna separação de Deus. Com efeito, o suicida morre no seu pecado e, portanto, estará irremediavelmente perdido (Ez 18:24), a menos que tenha tempo para se arrepender, o que é difícil de acontecer.

c) Infanticídio. O infanticídio é a matança consciente e deliberada de crianças. O termo técnico não tem nada a ver com o estado da criança - se está consciente, doente, é recém-nascida, deformada ou foi judicialmente declarada morta. A Bíblia cita exemplos trágicos de infanticídio sacrificial ao deus Moloque. Moloque era venerado no vale de Cedron, e crianças eram "passadas pelo fogo" (2Rs 16.3; 17.7, 31: 21.6; 2Cr 33.6; Ez 16.21; 20.26,31). O rei Acaz (2Cr 28.3), por volta de 730 a.C, e o rei Manasses (2Rs 21.6) sacrificaram seus próprios filhos. A lei mosaica proibia essa prática severamente e prescrevia até a pena capital a quem oferecesse seu filho a Moloque (Lv 18.21; 20.2-5).

O infanticídio continua sendo praticado na modernidade com toda fúria diabólica. No Brasil, de vez em quando, vê-se nos jornais sobre crianças sacrificadas em práticas de magias negras. Embora a opinião pública e a lei condenem tais práticas, até hoje não foi possível eliminá-las totalmente.

Segundo Hans Ulrich Reifler, nos Estados Unidos, o infanticídio é praticado principalmente com crianças que sobrevivem ao aborto. Aliás, o aborto é apenas a ponta de um "iceberg", cuja profundidade ninguém pode prever. Já se tornou evidente na história humana recente que assassinato de bebês antes de seu nascimento leva ao assassinato de criancinhas depois de nascidas. Infelizmente, isto é uma realidade em nossos dias. Um dos métodos aprovados de aborto é a histerectomia, em que o embrião é abortado com vida e morto depois de nascido por afogamento, fome ou corte do fluxo de oxigênio.

Isso é uma clara transgressão do Sexto Mandamento. Certamente, aqueles que praticam tão brutal assassinato não ficarão impunes. Pagarão aqui na Terra ou no inferno, num sofrimento eterno (Ap 21:8).

d) Genocídio. Segundo Hans Ulrich Reifler, genocídio é a matança consciente e deliberada de uma raça ou um povo considerado "inimigo" pelo resto da sociedade majoritária. O genocídio sempre é o resultado trágico de racismo político, fanatismo religioso, discriminação social ou preconceito econômico, moral ou até biológico.

Moisés foi salvo do genocídio decretado por Faraó contra Israel (Ex 1.22; 2.1-6). A rainha Ester salvou seu povo do genocídio planejado por Artaxerxes (Et 1-10). O terceiro exemplo de genocídio relatado na Bíblia é o massacre dos meninos com menos de dois anos ordenado por Herodes (Mt 2:16-18).

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), mais de 6 milhões de judeus foram massacrados em câmaras de gás e campos de concentração como resultado da campanha antissemita de Hitler. Outros inúmeros genocídios recentes foram notícias. Uma clara afronta ao Sexto Mandamento.

e) Pena de Morte. Este é um dos temas mais controvertidos da atualidade. Segundo o pr. Esequias Soares, a pena capital não viola o sexto mandamento porque não se trata de assassinato malicioso e violento de um inimigo pessoal. É uma exigência da justiça para manter o bem-estar e a segurança do povo e preservar a sociedade. Seu objetivo não era restaurar a vida do assassinado ou reparar o prejuízo, pois somente Deus pode dar a vida; era conter o crime. Deus delegou aos governantes a autoridade de dirigir legitimamente o Estado. A execução de uma pena capital é determinada pelo Estado, depois de julgamentos e de todo processo legal, tendo o réu amplos direitos de defesa. A lei de Moisés exige pelo menos duas testemunhas, sem as quais o processo não terá validade legal (Nm 35.30; Dt 17.6).

Segundo Hans Ulrich Reifler, na lei de Moisés percebemos uma radicalização da pena de morte. O princípio básico era "vida por vida, olho por olho, dente por dente" (Êx 21:23,24). A pena máxima foi permitida e sancionada por Deus nos seguintes casos: assassinato premeditado (Êx 21:12-14); sequestro (Êx 21:16; Dt 24:7); adultério (Lv 20:10-21, Dt 22:22); homossexualismo (Lv 20:13); incesto (Lv 20:11,12,14); desobediência aos pais (Dt 17:12; 21:18-21); ferir ou amaldiçoar os pais (Êx 21:15; Lv 20:9); falsas profecias (Dt 13:1-10); blasfêmia (Lv 24:11-14); profanação do sábado (Êx 35:2; Nm 15:32-36); sacrifícios aos falsos deuses (Êx 22:20).

O Novo Testamento reconhece a pena de morte, mas não se trata de um mandamento cristão.Hans Ulrich Reifler cita os seguintes argumentos a favor da pena de morte no Novo Testamento, apesar de ferir o espírito de perdão, amor e misericórdia, que formam a essência do cristianismo:

Ø  O ensino de Jesus. Temos a tendência de esquecer que Jesus reafirmou o princípio da pena máxima no sermão do monte: "Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir... Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: quem matar estará sujeito a julgamento [à pena de morte]. Eu, porém, vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento" (Mt 5:17, 21,22).

Ø  Ananias e Safira. Esse casal foi condenado à morte pelas palavras apostólicas de Pedro. Eles tiveram morte imediata porque mentiram (At 5:13). Encontramos, então, claras evidências de que o Novo Testamento, mesmo na dispensação da graça, permite que homens condenem homens à morte.

Ø  O ensino de Paulo. Em Romanos 13:1,2 vemos que Deus deu a espada às autoridades humanas para protegerem a vida. O uso da espada para o bem da sociedade logicamente inclui a pena de morte em casos especiais. Mas é importante observar que a espada foi dada para o bem da sociedade e não deve ser empregada indiscriminadamente.

Ø  A morte de Jesus Cristo. Pilatos realmente teve autoridade para prescrever a pena máxima a Jesus, e Cristo Se submeteu a ela (João 19:11). Sem essa pena não gozaríamos de tão grande salvação.

Diante de todos esses argumentos, concluímos que realmente existem exemplos morais concludentes no Antigo e no Novo Testamentos, que mostram que Deus ordenou, e os homens exerciam a pena capital para delitos específicos.  

“Todos reconhecem que a pena de morte é uma lei que fere o espírito de perdão, amor e misericórdia, que formam a essência do cristianismo; no entanto, ela está presente no Novo Testamento. A diferença do Antigo Testamento é que ali a lei prescreve como parte de um sistema legal, e aqui não é mandamento, conselho ou incentivo. O Novo Testamento apenas reconhece que a pena capital existe” (Esequias Soares).

Sou partidário dos que preferem apoiar penas alternativas, como o caso da prisão perpétua, onde o criminoso tem a oportunidade de se recuperar, e até de se tornar um crente salvo em Cristo Jesus.

f) Guerras e defesa pessoal. Segundo Hans Ulrich Reifler, a questão da guerra é o segundo exemplo clássico que não se enquadra necessariamente no sexto mandamento. O povo de Israel jamais considerou que este mandamento proibisse guerras, mesmo porque o próprio Deus ordenou várias guerras: contra Amaleque (Êx 17.8-16; 1Sm 15.1-9), contra os filisteus (1Sm 7.1-14), contra os amonitas (1Sm 11:1-11), contra Jericó (Js 6.2ss.), contra a cidade de Ai (Js 8:1ss.), contra os cananeus (Js 11.19,20) e muitas outras, mencionadas principalmente nos livros históricos do Antigo Testamento.

O próprio Deus é conhecido como "homem de guerra" (Êx 15.3; Is 42.13). O título "Senhor dos Exércitos" (Êx 12.41; 1Sm 17.5; Sl 46) indica que Deus luta contra os inimigos ao lado de Seu povo. Em Números 21:14 lemos: "livro das Guerras do Senhor". O próprio Deus, na qualidade de capitão, chefiava o exército (2Cr 13.12). Na oração do rei Salomão, temos uma forte indicação de que o Senhor envia Seu povo contra os inimigos (2Cr 6.34). Ele armou emboscadas (2Cr 20.22) e ensinou o salmista a combater (Sl 144.1). Algumas vezes, Deus assumiu a batalha e combateu sozinho, enquanto o exército de Israel ficava quieto (2Cr 20.17). Qualquer guerra "convocada por Deus" estava fadada a ser vencida pelos israelitas.

Assim, qual a posição dos cristãos com respeito à guerra? Até que ponto o cristão pode envolver-se em conflitos bélicos? Existem normas ou diretrizes bíblicas para nos orientar nesta questão?

Quanto a esse problema, o cristianismo divide-se em pelo menos três correntes de pensamento, segundo Hans Ulrich.

- Primeira corrente: o ativismo. O ativismo sustenta que o cristão deve ir para todas as guerras em submissão e obediência ao governo instituído e ordenado por Deus (Rm 13.1-7). Para justificar sua posição, essa linha de pensamento opera com as seguintes referências bíblicas: Gênesis 1.28; 9.5,6; Êxodo 21.23-25; Mateus 22:21; Romanos 13.1-7; 1Timóteo 2.2; Tito 3.1; 1Pedro 2.13,14.

Como podemos justificar guerras entre nações pagãs de hoje baseados em guerras ordenadas pelo Senhor no Antigo Testamento? Nenhuma dessas nações é o povo escolhido por Deus. Diz mais Hans: o problema é a tendência de idolatrar o Estado, considerando-o infalível ou, até, idêntico à vontade de Deus. E isso, evidentemente, está muito longe da realidade.

- Segunda corrente: o pacifismo. O pacifismo argumenta que o homem nunca deve participar de guerras; ele deve poupar a vida dos outros, visto que Deus ensina que é proibido matar. Os principais argumentos do pacifismo podem ser resumidos assim: matar é sempre errado; também é errado usar a força para resistir ao mal, porque a vingança pertence a Deus (Mt 5.39; Dt 32.35); a guerra é baseada no mal da ganância; a guerra sempre resulta em muitos males; a violência gera mais violência e a guerra cria mais guerras. O pacifismo moderado (ou pacifismo cristão) opõe-se ao serviço militar armado.

- Terceira corrente: o seletivismo. O seletivismo afirma que é necessário fazer uma diferença entre guerras justas e guerras injustas, e que se deve participar de algumas delas, visto que agir de outra forma seria recusar-se a fazer o bem maior ordenado por Deus.

Os argumentos do seletivismo são:

ü  Deus sancionou a pena máxima após o dilúvio (Gn 9.6);

ü  Está de acordo com a lei de Moisés (Êx 21-26), reafirmada por Pedro (1Pe 2.13);

ü  Paulo ensina que toda autoridade procede de Deus (Rm 13.1-7);

ü  Jesus Cristo se submeteu à pena capital (Jo 19.11);

ü  Está implícito no fato de o apóstolo Paulo buscar a proteção do exército romano (At 22.25-29; 23.23): e

ü  É estimulado em Tiago 4.17: "... aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando".

Finaliza Ulrich: o seletivisia não cai num ativismo cego nem foge à responsabilidade cívica nos momentos cruciais de seu país. Ele avalia a situação, ora e depois se posiciona como ser livre e responsável.

Concordo com o Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco, quando diz que um papel que Deus requer do cristão é a de ser pacificador. Muito mais do que ativistas do pacifismo que estão surgindo nos últimos tempos pelo mundo. Pacifista é alguém que é a favor da paz e que, para que esta paz venha, muitas vezes, recorre a métodos tão condenáveis quanto a política de guerras das autoridades, como se verifica, comumente, nas chamadas "manifestações antiglobalização" em que depredações, invasões, agressões são corriqueiras e nada têm a ver com a paz. Recorrem à violência para pregar a paz. Já os pacificadores, muito pelo contrário, são contundentes, firmes em suas atitudes e convicções, mas não recorrem jamais à violência. Jesus disse no sermão do monte: "Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus"(Mt 5:9).

Mas, para sermos pacificadores de uma nação que está envolta na violência e na criminalidade, como o Brasil, é preciso, antes, sermos pacificadores no nosso lar, na nossa sala de aula, no nosso local de serviço, na nossa igreja local. Temos sido pacificadores, ou somos criadores de contenda entre os irmãos? Lembremo-nos de que o que cria contendas entre irmãos é abominado pelo Senhor! (Pv 6:16-19).

Só o cristão pode levar aos homens a verdadeira paz, que lhes foi deixada por Cristo (João 14:27), pois a paz não é a simples ausência de conflitos humanos, ausência esta que é assaz enganadora (1Ts.5:3), mas a comunhão com Deus, a única fonte de paz.

III. PROCEDIMENTO JURÍDICO

A Bíblia salienta e sustenta a inviolabilidade da vida humana. Deus proibiu de forma cabal o assassinato do ser humano, desde o limiar da raça humana. Está escrito: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem” (Gn 9:6).

A lei de Moisés traz instruções específicas sobre o procedimento jurídico do homicídio doloso, quando há intenção de matar, e do homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O capítulo 35 de Números aborda exclusivamente esse tema.

1. Homicídio doloso (Nm 35:16-21). Aqui, são dadas as instruções especificas aceca do procedimento jurídico sobre o homicídio doloso. Se alguém ferir de morte seu próximo, de forma intencional, premeditada e deliberada, e a pessoa golpeada morrer, o autor da ação é considerada homicida. Neste caso, de homicídio doloso; nem mesmo o altar de Deus serviria de refúgio para este tipo de assassino (vide o caso de Joabe – 1Rs 2:28-33).

2. Homicídio culposo (Nm 35:22-25). Se o indivíduo não armou cilada (Êx 21:13) para a vítima, então o assassino poderia fugir e se refugiar no altar de Deus; mais tarde, seriam criadas cidades de refúgio com esse propósito (Nm 35:22-28), e ali o assassino estaria seguro até que a questão fosse julgada e a verdade determinada por tribunal apropriado. Essas cidades apontavam para o refúgio que só Jesus oferece. Através do seu sangue, Ele nos mostra um lugar seguro, onde todos os que quiserem estarão protegidos para sempre do pecado e da morte. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia” (Salmo 46:1).  

Vejamos, em resumo, alguns aspectos significativos sobre as cidades de refúgio:

a) O que as cidades de refúgio representavam? As cidades de refúgio representavam, em linguagem jurídica de hoje, um "habeas corpus" a favor do homicida involuntário (crime culposo), ou cujo crime não tivesse sido apurado adequadamente. Em caso de homicídio, pela lei, caberia ao parente mais próximo do falecido a responsabilidade de aplicar a "Lei de Talião" ao homicida, e isto poderia ser feito a qualquer hora e em qualquer lugar, exceto na cidade de refúgio, onde o homicida que não matara intencionalmente poderia aguardar seu julgamento em segurança (Nm 35:11,12). O refugiado não poderia sair da cidade. Se o fizesse, correria por sua conta o que acontecesse, pois o vingador o apanharia, e não haveria apelo para ele. As cidades de refúgio eram bem fortificadas e muradas, com portas nas extremidades, que podiam ser fechadas para impedir a chegada do vingador.

b) A cidade de refúgio é um tipo perfeito de Cristo. A cidade de refúgio protegia tanto aos filhos de Israel quanto ao estrangeiro (Nm 35:15), pois se levava em consideração o princípio da inocência e não da nacionalidade, e representava para o homicida perseguido e fugitivo,segurança e descanso ao mesmo tempo, tornando-se assim um tipo perfeito de Jesus Cristo, que recebe todos quantos tiverem acesso a Ele (João 6:37). Somente estando em Jesus Cristo, o refúgio eterno, o pecador estará para sempre livre da sentença mortífera do pecado (João 5:24).

Ao determinar a construção das seis cidades de refugio, Deus Pai não estava querendo com isso proteger o assassino, mas dar um lugar de refugio àquele que cometia homicídio involuntário. Jesus é muito mais que aquelas cidades: é o refúgio para os culpados.



CONCLUSÃO



O Sexto Mandamento foi dado por Deus para proteger a vida. Por mais que sejamos tentados a defender o "olho por olho e dente por dente", diante de uma tremenda injustiça, precisamos fazer o exercício diário de olharmos para Jesus e nos lembrarmos de que, mesmo a sua vida esvaindo-se, o nosso Senhor exalava o perdão contra os seus algozes.

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 61. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Esequias Soares. Os Dez Mandamentos – Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. CPAD.

Hans Ulrich Reifler. A ética dos dez Mandamentos. Vida Nova.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

GEISLER, Norman L. Ética Cristã: alternativas e questões contemporâneas. São Paulo: Vida Nova, 1984.

Caramuru Afonso Francisco – O cristão e a guerra. PortalEBD.




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