LIÇÕES BÍBLICAS – ADULTOS CGADB
Honrarás Pai
e Mãe – lição 7
15 de fevereiro de 2015
Texto Áureo
"Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque
isto é agradável ao Senhor." (Cl 3.20)
Verdade Prática
Honrar pai e mãe vai além da simples obediência; implica
amar e respeitar de forma elevada, demonstrando espírito de consideração.
Leitura Bíblica em classe
Êxodo 20.12; Ef 6.1-3; Marcos 7.10-13
12 Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus
dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá.
Ef 6.1-3
1 Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor,
porque isto é justo.
2 Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento
com promessa,
3 para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.
Marcos 7.10-13
10 Porque Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe e: Quem
maldisser ou o pai ou a mãe deve ser punido com a morte.
11 Porém vós dizeis: Se um homem disser ao pai ou à mãe:
Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor,
12 nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe,
13 invalidando, assim, a palavra de Deus pela vossa
tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas.
INTRODUÇÃO
O quinto mandamento era originalmente uma ponte entre as
obrigações do israelita com Deus e as do israelita com seu próximo, e liga os
quatro primeiros mandamentos aos cinco seguintes. Oito dos dez mandamentos do
Decálogo são proibições e dois são positivos, o quarto e o quinto. Temos aqui o
segundo mandamento apresentado em fórmula positiva.
I. O quinto mandamento
1. Os pais biológicos.
O propósito divino aqui é a sustentabilidade da estrutura
familiar e a santificação da ordem social. Os pais são representantes de Deus
na família; honrá-los e temê-los significa fazer o mesmo em relação a Deus. São
eles que geram os filhos e são responsáveis pelo bem-estar deles, pelo seu
sustento, alimentação, vestes, saúde e educação. Não existe na vida alguém mais
importante para o filho do que o pai e a mãe, pois eles são seus heróis. Esse
relacionamento é semelhante ao de Javé com o seu povo Israel (Dt 1.31; Ml 1.6).
2. Os pais espirituais.
A expressão "o teu pai e a tua mãe" se aplica
também aos pais espirituais, que devem ser honrados e respeitados pelos filhos
na fé. Isso é visto na lei (2 Rs 2.12; 13.14) e na graça (1 Tm 1.2; 2 Tm 1.2;
2.1; Tt 1.4). A figura do governante também se assemelha à dos pais; veja como
Débora se considera mãe de Israel (Jz 5.7). Assim, o mandamento abrange as
autoridades espirituais e civis, que devemos respeitar.
3. Os pais intelectuais.
II. Obediência
1. O verbo honrar.
Honrar pai e mãe é mandamento divino, e não sugestão humana
(Êx 20.12; Dt 5.16; Mt 15.4). O verbo honrar, kaved, é um imperativo intensivo
hebraico, do qual vem o substantivo kavod, "honra, glória". A raiz
desse verbo aparece em todas as línguas semíticas, com exceção do aramaico, e o
significado é de "ser pesado", sentido figurado, cuja ideia é de ser
importante (Nm 22.15). É usado no Antigo Testamento com vários significados. Um
deles diz respeito ao temor, ao reconhecimento, responsabilidade e autoridade;
em nosso contexto, refere-se a alguém merecedor de respeito, atenção e
obediência (Lv 19.3).
2. Filho adulto.
A ordem divina é para os adultos; não se restringe à
infância e adolescência. Não importa o estado civil ou o status social, todos
devem respeitar e reverenciar de coração os pais. Em nenhum lugar da Bíblia
ensina que essa ordem seja somente para crianças e adolescentes. Quando o moço
e a moça chegam à maioridade, ou mesmo se casam, seus pais continuarão sendo os
seus genitores e os filhos devem honrá-los e respeitá-los.
3. À luz da exegese.
O termo grego usado em Efésios para "filhos" é
tekna, plural de teknon; que indica descendente imediato sem especificar sexo
ou idade. Aparece cinco vezes nesta epístola: "filhos da ira" (2.3);
"filhos amados" (5.1); "filhos da luz" (5.8). Somente 6.4
sugere criança ou adolescente. Em 6.1 parece ambíguo; seria precipitação
aplicar esse ensino apenas às crianças e adolescentes. O verbo
"obedecer" está na voz ativa, mostrando que se trata de pessoas
moralmente livres para assumir uma responsabilidade diante de Deus (Ef 6.1).
III. Sustento
1. Cuidado.
O sentido de deixar pai e mãe quando se casa (Gn 2.24) é a
construção de um novo lar, e não o abandono dos pais. Deus é justo e retribuirá
tudo o que o filho fizer com o pai e com a mãe. Quem age dessa forma está
semeando para o seu próprio futuro, pois colherá isso na velhice. Há inúmeros
exemplos no Antigo Testamento da responsabilidade do filho em cuidar do
sustento dos pais (Gn 47.12; Js 2.13,18; 6.23; 1Sm 22.3). O Senhor Jesus citou
e viveu este mandamento (Mt 15.4, 5; 19.19; Mc 7.10-12; Lc 2.51).
2. Oferta Corbã.
O termo "corbã", korban, é aramaico e significa
literalmente "sacrifício", mas o contexto aqui é algo muito triste.
Trata-se de um artifício para fugir "legalmente" do compromisso de
sustentar pai e mãe na velhice. O filho podia ser absolvido dessa
responsabilidade se fizesse uma promessa de doação em dinheiro destinada ao
Templo (Mc 7.11,12). Era uma desculpa para não ajudar os pais, pois se
consagrava a Deus tudo o que possuía. Assim, ele dizia aos pais que não podia
oferecer ajuda nem fazer nada por eles porque tudo já estava comprometido
diante de Deus.
3. Ensino de Jesus.
Deus não exige esse tipo de oferta de ninguém em sua
Palavra, por isso o Senhor Jesus foi contundente com as autoridades religiosas
de Israel. Essa doutrina dos fariseus era uma afronta a Deus e à sua Palavra
(Mc 7.13). Eles violavam a lei sob um manto de santidade, exibindo uma
religiosidade externa e falsa. Ninguém precisa sacrificar a família pela causa
do evangelho. Quem cuida do pai e da mãe já está fazendo a obra de Deus; o
cuidado da família deve ser prioritário, só depois é que vem a Igreja (1 Tm
5.8). Esse é o pensamento cristão, que muitas vezes, infelizmente, é invertido
entre nós.
IV. Entre a lei e a Graça
1. Autoridade dos pais.
Honrar e respeitar pai e mãe é um ensinamento que ocupa um
lugar de elevada consideração na Bíblia. Desobedecer aos pais é desobedecer a
Deus, pois estão investidos de autoridade divina sobre a vida dos filhos e
receberam de Deus a responsabilidade pelo bem-estar deles. A observação
"porque isto é justo" (Ef 6.1) ou "porque isto é correto",
como diz outra tradução (NTLH), significa tratar-se de uma lei natural que
existe desde o princípio do mundo. Deus já havia colocado a sua lei no coração
de todos os homens, mesmo antes de se revelar a Moisés no Sinai (Rm 1.19;
2.14,15). Essa norma existe em todas as civilizações antes e depois de Moisés,
e foi dada a Israel como revelação e mandamento divinos (Mt 15.4).
2. O sistema mosaico.
A promessa aos filhos que honram e obedecem aos pais,
descrita no Decálogo, é a longevidade: "para que se prolonguem os teus
dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá" (Êx 20.12). A passagem
paralela de Deuteronômio acrescenta o sucesso econômico: "para que te vá
bem" (Dt 5.16). Temos aqui uma prova incontestável de que originalmente
este mandamento era exclusividade de Israel, pois fala sobre herdar a terra de
Canaã.
3. Adaptado sob a graça.
O apóstolo Paulo deliberadamente combina as palavras do
quinto mandamento em ambos os textos do Decálogo, Êxodo e Deuteronômio:
"Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa,
para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra" (Ef 6.2,3). Aqui, a
Terra Prometida não é citada nem especificada como no Decálogo: "que te dá
o SENHOR, teu Deus". A Igreja, o povo de Deus do novo concerto, não tem
terra para herdar, pois a nossa herança é o céu (Fp 3.20). Somos uma congregação
de estrangeiros e peregrinos no mundo (1 Pe 2.11).
CONCLUSÃO
O quinto mandamento é de fundamental importância para
conservar uma sociedade estável. Todavia, o cristão o observa como resultado da
sua nova vida em Cristo, e não por coerção da lei, que condena à morte os
filhos rebeldes (Êx 21.15,17; Lv 20.9; Dt 21.18-21), pois na graça somos
guiados pelo Espírito Santo para as boas obras que Deus preparou para andarmos
nelas. Não desperdice, portanto, o privilégio e a oportunidade de honrar seu
pai e sua mãe, para não perder as bênçãos de Deus.
SUBSIDIOS
SUBSIDIOS
O Quinto
Mandamento: Honrar os Pais (20.12)
Honra a teu pai e a tua mãe é o primeiro mandamento em relação aos
homens e rege o primeiro relacionamento que a pessoa tem com outrem: a relação
dos filhos com os pais. Este mandamento é tão básico que é amplamente
universal. A maioria das sociedades reconhece a importância de filhos
obedientes. A melhor exegese deste versículo é a exortação de Paulo encontrada
em Efésios 6.1-3, onde ele destaca as responsabilidades de pais e filhos. Com
este mandamento ocorre uma promessa. Quem honra os pais tem a garantia de vida
longa. O propósito desta promessa visava a nação em sua permanência na
Palestina e o indivíduo que obedece. A promessa ainda vigora: a nação cujos
filhos são obedientes permanece sob a bênção de Deus, e os indivíduos
obedientes aos pais têm a promessa de vida mais longa. Haverá exceções a esta
regra, mas aqui destacamos sua aplicação geral.
Uma importante dimensão da estrutura doméstica recebe a atenção de
Paulo, qual seja, a relação entre pais e filhos. Quando há amor genuíno em
casa, prevalece a base adequada da vida saudável para todos os membros da
família. Não obstante, os deveres recaem sobre cada membro. Ao incluir estes poucos versículos, Paulo
dignifica o lugar da criança no lar e na comunidade cristã. Tal preocupação não
era a atitude do mundo antigo. O sistema romano dava ao pai poder absoluto
sobre os filhos. Ele tinha o direito de castigá-los conforme sua ira
depravadamente ditasse, vendê-los à escravidão se achasse que eles estavam
dando muitas despesas ou lhe fossem inúteis, ou, sob certas condições,
matá-los. Este poder do pai sobre os filhos predominava por toda a vida. A vida
infantil não tinha valor, conforme revela uma carta datada do ano 1 a.C.,
escrita por Hilário, um soldado romano de Alexandria, Egito, para sua esposa,
Alis. Ele ordena à esposa grávida que deixe a criança viver se for menino, mas
que a lance ao desterro se for menina. Deixar as crianças para que se arranjem
como puderem era prática comum naqueles dias. Quando Jesus chamou as
criancinhas para si, ele estava falando contra essa desvalorização da vida
humana jovem (Mt 19.14). Paulo se coloca ao lado de Jesus quando vê o valor
infinito de cada criança, fato apoiado pela descrição cuidadosa das
responsabilidades mútuas entre filhos e pais.
A Obediência dos
Filhos (6.1-3).
Paulo
encarrega: Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais (1). Martin
observa que “obediência
é termo mais forte que sujeição, estipulada como dever da esposa”. A palavra
geralmente traduzida por “obedecer” (hupakouo) é verbo composto derivado
da palavra
“ouvir” (akouo). Portanto, há em sua formação a idéia de “escutar” ou
“atender”, e daí
“obedecer”. Muita desobediência é o resultado da má vontade dos filhos em ouvir
as instruções
recebidas e as razões para essas instruções. A paráfrase de Moule é sugestiva: “com o
ouvido atento da atenção firme”. Os
filhos têm a obrigação moral, na medida em que a
concebem, de manter abertas as linhas de comunicação entre eles e os pais,
estando
prontos
para ouvir e obedecer. No Senhor é paralelo de expressões já encontradas (4.1,17;
5.22) e define a esfera na qual a obediência deve ocorrer. Salmond diz que é
“uma obediência cristã satisfeita na comunhão com Cristo”.28 Pelo que
deduzimos, Paulo está tratando
de uma situação na qual todos são cristãos, sem especificar qual deve ser a atitude quando as ordens parentais
forem contrárias à lei de Cristo. Há duas
sanções para esta determinação. A primeira é que Paulo diz que a obediência é justa
(dikaios). No vocabulário paulino, esta palavra significa
justificado. O apóstolo
não está
afirmando que a obediência é meramente adequada e correta, mas que “é agradável
ao Senhor” (Cl 3.20). O significado de justa é reforçado pela citação do
quinto mandamento.
Os justos vivem segundo as leis de Deus. Os filhos que fossem justos em sua relação com os pais deveriam
cumprir esta lei em particular.
A segunda
sanção, estreitamente relacionada com o apelo anterior, é a declaração de Paulo de
que a obediência honra os pais. O apóstolo cita Êxodo 20.12 e Deuteronômio
5.16: Honra
a teu pai e a tua mãe (2). Salmond comenta: “A obediência é o dever,
a honra
é a disposição da qual nasce a
obediência”. Não basta a prontidão em obedecer; tem de
haver a obediência efetiva para que apareça a honra aos pais. O texto também enfatiza o
fato de que este é o primeiro mandamento com promessa (2). De que modo este
é o primeiro {prote) mandamento que tem uma promessa? Esta
questão tem gerado
certas dificuldades, porque o segundo dos Dez Mandamentos também tem uma promessa
(Ex 20.4-6). A melhor explicação é que aqui Paulo usa primeiro no sentido de “primeiro em importância” para os
filhos. Paulo
combina elementos de Exodo 20.12 e Deuteronômio 5.16 para ao expor a dupla promessa.
A idéia de prosperidade — para que te vá
bem — é tirada de Deuteronômio;
ao passo que vida longa — e vivas muito tempo sobre a terra — achase em Êxodo.
Esta promessa deve ser descartada como resquício da fé israelita, ou tem pertinência
para hoje? Será que podemos tomar por certo que a prosperidade e a
longevidade
são os benefícios devidos por nossa obediência? Hoje em dia o cristianismo é oferecido
no balcão de ofertas, e o uso que tem sido feito dele é revoltante para a
igreja cristã.
Mas não devemos perder de vista a declaração bíblica de recompensas. Como escreve Theodore
Wedel: “Há recompensas que vêm para os não-crentes — recompensas não
materiais, se as analisarmos corretamente, mas não menos reais humanamente falando”. Hodge insiste que esta é “revelação de um
propósito geral de Deus, e mostra qual será
o curso habitual da providência divina”.
Contudo, isso pode não ser efetivado em todas
as pessoas. “A promessa geral cumpre-se para indivíduos, na medida em que ‘ela sirva para a glória de Deus, e
para o bem deles’ ”.
O Dever dos Pais (6.4).
A
desobediência dos filhos pode acabar com a paz do lar cristão, mas, por outro
lado, a
insensibilidade e aspereza parentais podem ser igualmente devastadoras. Paulo
tem uma
palavra para os pais e mães, representados aqui pelo pai, a quem é dada a
responsabilidade de dirigir e disciplinar a família. O dever do pai é duplo.
Primeiramente, há a responsabilidade negativa: Não provoqueis a ira a vossos
filhos. O verbo éparorgizo, e ocorre somente nas epístolas paulinas
(Rm 10.19; Ef 4.26). Aqui significa “irritar” ou “exasperar” (cf. BAB, BV,
NTLH, NVI). Paulo exorta os pais a não “excitarem as paixões ruins dos filhos
por severidade, injustiça, parcialidade ou exercício irracional de
autoridade”. Disciplina em casa é
absolutamente necessária, mas, muitas regras e regulamentos, junto com a
inevitável importunação que tal situação cria, acabam causando justa rebelião.
Phillips expressa o ponto sucintamente: “Pais, não exagerem na correção de seus
filhos nem lhes dificultem a obediência ao mandamento” (CH).
Em segundo
lugar, há a responsabilidade positiva: Criai-os na doutrina e admoestação do
Senhor. As duas palavras doutrina (paideia)
e admoestação (nouthesia) podem ser
traduzidas por “castigo físico” e “repreensão”. Esta tradução daria a impressão que Paulo
estaria promovendo a punição e a correção oral. A explicação mais racional é que paideia
é educação no sentido mais amplo, “o processo de instrução”, como
geralmente é usado na
literatura grega. Contudo, mesmo neste sentido, a ação disciplinar não está fora
de cogitação. Admoestação (Nouthesia) é simplesmente “instrução” (AEC) ou “ensino”
(CH). O uso do verbo “educar” (ektrepho) com “sustentar” (thalpo)
na construção
paralela,
em 5.29, apóia esta tradução mais positiva destas palavras. A tarefa do pai é se envolver
num programa sério e carinhoso de treinar os filhos em todas as áreas da vida para
proporcionar-lhes crescimento pessoal, social e espiritual. Toda disciplina e
instrução devem ser
feitas na mente e espírito do Senhor. Foulkes comenta: “A doutrina e
admoestação do Senhor é aquilo que o Senhor coloca na vida de uma criança,
se os pais cumprirem sua tarefa de ensiná-la e treiná-la em Sua
Palavra.”
EXODO
20.12 HONRA A TEU PAI E A TUA MÃE. Este mandamento abrange todos os
devidos atos de bondade, ajuda material, respeito e obediência aos pais (Ef
6.1-3; Cl 3.20). Abrange, também, palavras maldosas e agressão física aos pais.
(1) Em 21.15,17, Deus estabeleceu a pena de morte para quem
ferisse ou amaldiçoasse seu pai ou sua mãe. Assim fica demonstrada a grande
importância que Deus atribuiu ao respeito pelos pais.
(2) Relacionado a esse mandamento está o dever recíproco do pai e
da mãe amarem seus filhos e lhes ensinarem o temor ao Senhor e os seus caminhos
(Dt 4.9; 6.6,7; Ef 6.4).
EFÉSIOS
6.1 FILHOS, SEDE OBEDIENTES. Os filhos de crentes devem permanecer sob a
orientação dos pais, até se tornarem membros doutra unidade familiar através do
casamento. (1) As crianças pequenas devem ser ensinadas a obedecer e a honrar
os pais, mediante a criação na disciplina e doutrina do Senhor (ver 6.4 nota;
Pv 13.24; 22.6 nota; ver a nota seguinte).
(2) Os filhos mais velhos, mesmo depois de casados, devem receber
com respeito, o conselho dos pais (v. 2) e honrá-los na velhice, mediante
cuidados e ajuda financeira, conforme a necessidade (Mt 15.1-6).
(3) Os filhos que honram seus pais serão abençoados por Deus, aqui
na terra e na eternidade (v. 3).
PROVÉRBIOS 22.6 INSTRUI O MENINO NO CAMINHO EM QUE DEVE
ANDAR. Os pais devem comprometer-se a ensinar e disciplinar seus filhos
de modo agradável a Deus (cf. v. 15; 13.24; 19.18; 23.13,14; 29.17).
(1) A
palavra hebraica para "instruir" significa "dedicar". Assim
sendo, o ensino bíblico no lar tem como propósito a dedicação dos nossos filhos
a Deus, o que é possível, separando-os das influências malignas deste mundo e
instruindo-os nas coisas de Deus. A mesma palavra original também pode
significar "gostar de". Os pais devem, pois, motivar seus filhos a
buscarem a Deus, e assim desfrutarem de experiências espirituais que nunca se
esquecerão.
(2)
"Não se desviará dele". O princípio geral é que uma criança
devidamente ensinada pelos pais, nos caminhos do Senhor, não se afastará desses
caminhos. Contudo, não se trata aqui de uma garantia absoluta de que todos os
filhos de pais salvos permaneçam fiéis ao Senhor e à sua Palavra. Em meio a uma
geração ímpia como a atual, em que até dentro das igrejas deparamos com infiéis,
os filhos de crentes podem ser influenciados a ponto de pecarem e de cederem
diante das tentações (ver Ez 14.14-20, onde Deus fala de uma apostasia tão
grande que até mesmo homens justos como Noé, Daniel e Jó não preservariam seus
próprios filhos e filhas).
EFÉSIOS 6.1-4
Filhos e
Pais. 6:1-4.
O apóstolo prossegue com outro relacionamento específico, o de
pais e filhos, com obrigações impostas a ambos os lados. O grande dever dos
filhos é o de obedecer aos seus pais. A obediência compreende a reverência
interior e os atos exteriores, e em toda a época a prosperidade tem acompanhado
aqueles que distinguem-se por obedecerem aos seus pais. Os pais não devem ser
impacientes, nem ter atitudes severas e irracionais. Tratem os filhos com
prudência e sabedoria, convencendo-os em seus juízos e trabalhando na razão
deles. Criai-os bem; sob a correção apropriada e compassiva, e no conhecimento
do dever que Deus exige. Este dever é freqüentemente descuidado até entre
aqueles que professam o Evangelho.
Muitos colocam os seus filhos contra a religião, mas este fato não
escusa a desobediência dos filhos, mesmo que lamentavelmente possa ocasioná-la.
Somente Deus é capaz de transformar o coração, concede a sua bênção às boas
lições e exemplos dos pais e responde às suas orações. Aqueles que têm como
principal afã que os seus filhos sejam ricos e realizados, sem se importar com
o que aconteça com as suas almas, não devem esperar pela bênção de Deus.
Esse trecho tem o belo equilíbrio que esperamos encontrar na
Palavra de Deus: os filhos devem obedecer aos pais, e os pais devem tratar os
filhos de tal modo que estes se submetam àqueles. Os filhos devem obedecer aos
pais por amor a Cristo, mesmo que os pais não sejam cristãos. Honrar pai e mãe
é o único dos Dez Mandamentos que é seguido por uma promessa (Dt 5.16) e
respalda essa ideia. Sem dúvida, os filhos cristãos não devem fazer nada
imoral, ainda que os pais ordenem que façam. Nesse caso, os filhos devem
obedecer a Deus, e não aos homens (At 5.29). Os pais, por sua vez, não devem
ser excessivamente severos com os filhos nem ridicularizá-los: não provoqueis.
Honra teu
pai e tua mãe. Honrar significa obedecer. 0 versículo ensina que uma vida de
obediência aos pais assegura, de modo geral, uma existência mais longa. Uma
vida de desobediência e pecado geralmente conduz à morte prematura. Esse é o
primeiro mandamento que vem seguido de promessa (Ef 6:2). Ele ensina o respeito
às autoridades.
EFÉSIOS
6.1-4
Ef.6.1 Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no
Senhor, porque isto é justo.
1. Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor.
Obediência é um termo mais forte do que submissão, que foi
apresentada como a obrigação da esposa. No Senhor. "A esfera na qual ela
deve se movimentar, pois a obediência cristã é completa na comunhão com
Cristo" (Salmond). Pois isto é justo. Aqui está se mostrando que este é um
princípio eterno de Deus. No capítulo 5 aprendemos que um dos resultados de
estar cheio do Espírito é ser submisso aos outros. Vimos, por exemplo, que a
esposa cheia do Espírito é submissa ao seu marido. Agora o texto ensina que os
filhos cheios do Espírito se submetem voluntariamente aos seus pais. 0 dever
fundamental de todas os filhos é obedecer aos pais no Senhor. Não importa se os
filhos ou os pais são crentes ou não. A relação pai-filho foi ordenada para
toda a humanidade e não apenas para os crentes. 0 mandamento que determina
obedecer [...] no Senhor significa em primeiro lugar que a atitude dos filhos
deve ser tal que, obedecendo aos pais, ajam como se estivessem obedecendo ao
Senhor. Sua obediência deve ser como se fosse a Cristo. Em segundo lugar,
significa que devem obedecer em tudo o que estiver de acordo com a
vontade de Deus. Não é dito para obedecerem se seus pais mandarem cometer um
pecado. Numa situação assim devem se recusar com educação e depois sofrer as
conseqüências humildemente, sem retaliar. Em todas as demais situações devem
obedecer. Quatro razões são dadas pelas
quais os filhos devem obedecer. Em primeiro lugar, isso é justo. E um princípio
básico da vida familiar que os ainda imaturos, impulsivos e inexperientes se
submetam à autoridade dos seus pais, que são mais velhos e mais sábios.
Ef.6.2 Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro
mandamento com promessa,
2. Honra a teu pai e a tua mãe.
A segunda razão é que as Escrituras assim ensinam. Aqui Paulo cita
Êxodo 20:12: Honra a teu pai e atua mãe (cf. tb. Dt 5:16). Essa ordem para
honrar os pais é o primeiro dos Dez Mandamentos que traz uma promessa
específica de bênção. Apela aos filhos para que respeitem, amem e obedeçam seus
pais. Paulo mostra que a Lei tem a mesma injunção. Todos os Dez Mandamentos,
exceto o quarto, foram reformulados e aplicados sob a graça. É o primeiro
mandamento com promessa. Isto é, uma promessa foi dada à obediência.
Ef.6.3 para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a
terra.
3. Para que te vá bem.
A terceira razão é que o bem-estar dos filhos depende disso: para
que te vá bem. Pense no que aconteceria a um filho que nunca recebeu instrução
ou correção dos seus pais. Ele se tomaria insuportável pessoalmente e
intolerável socialmente. A quarta razão é que a obediência promove uma vida
plena: para que te vá bem. Nos dias do AT o filho que obedecia aos pais desfrutava
de uma vida longa. Hoje isso não é mais uma regra sem exceção. De fato,
obediência filial nem sempre traz longevidade. Um filho respeitoso pode morrer
jovem. Porém, de modo geral é verdade que a vida de disciplina e obediência é
mais segura, saudável e longa, enquanto a vida de rebelião e imprudência muitas
vezes termina em morte prematura. Isto deve ser uma continuação da citação da
Lei e não se aplica diretamente ao crente na presente dispensação. Embora o
princípio continue sendo verdadeiro, a próxima vinda do Senhor, mais do que uma
vida longa, é a bendita esperança do cristão.
Ef.6.4 E vós,
pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e
admoestação do Senhor.
4. E vós, pais.
Como antes, há um outro lado da responsabilidade. Primeiro ela foi
declarada negativamente e, então, afirmativamente. Mas criai-os. Cons. Dt. 6:7.
Passagem paralela é Cl. 3:20, 21. As
instruções para os filhos são agora contrabalançadas com conselhos para os
pais. Eles não devem provocar os seus filhos à ira com exigências sem sentido,
excessiva severidade ou importunações Disciplina inclui correção tanto verbal
quanto corporal. Admoestação tem o sentido de alertar, censurar e repreender. A
educação das crianças deve ser “no Senhor”, ou seja, de acordo com a sua
vontade conforme revelada na Bíblia e por meio dos representantes de Deus.
Susana
Wesley, mãe de dezessete filhos, entre eles John e Charles Wesley, escreve:
0 pai que tenta subjugar a vontade do seu filho trabalha com Deus
em prol da renovação e da salvação da sua alma. 0 pai que é indulgente diante
dela faz o serviço do Diabo, toma a religião impraticável, põe a salvação fora
do alcance da criança e faz o possível para a condenação do filho em corpo,
alma e espírito.
COMPLEMENTO
Efésios 6:1-4
Se a fé cristã fez muito pela mulher fez muito mais pelos filhos.
Sempre será verdade que em qualquer civilização ninguém pode menos que amar a
seus filhos; mas também é verdade que nas civilizações pré-cristãs e pagãs
podem existir uma dureza e uma crueldade impossíveis numa cultura em que os
princípios cristãos alcançaram a supremacia. Na civilização romana da época de
Paulo havia certas características que faziam perigosa a vida da criança.
(1) O pátrio poder romano constituía o poder do pai. Pelo pátrio
poder o pai romano tinha um poder absoluto na família. Podia vender a seus
filhos como escravos; fazê-los trabalhar em seus campos até em cadeias; podia
dispor da Lei a seu desejo, porque esta estava em suas mãos; castigar como lhe
agradasse até o extremo de infligir a pena de morte. Além disso o poder do pai
romano era vitalício e durava durante toda a vida do filho. Um filho romano
jamais chegava à maioridade mesmo quando tivesse crescido. Se viesse a ser um
magistrado da cidade ou se fosse coroado pelo estado com honras bem merecidas,
sempre estava submetido ao poder absoluto do pai.
"O grande engano" — escreve Becker — "consistia em
que o pai romano considerava o poder conferido pela natureza aos mais velhos,
de guiar e proteger a criança durante sua infância, como extensivo a sua
liberdade, incluindo vida e morte, e continuando por toda sua existência".
É verdade que raramente o poder do pai era levado a extremo porque a opinião
pública não o permitia; mas se dão exemplos rigorosamente históricos de pais
romanos que condenaram à morte a seus filhos e os executaram. A realidade é que
nos dias de Paulo o menino estava total e absolutamente sob o poder de seu pai.
(2) Existia o costume de abandonar a criança. Quando nascia uma
criança era colocada aos pés do pai; se este se inclinava e o levantava
significava que o reconhecia e queria retê-lo. Se dava meia volta e saía
significava que se negava a reconhecê-lo; a criança podia ser literalmente
descartada.
Há uma carta que data do século I a.C. que um homem chamado
Hilarion escreve à sua mulher Alis, de Alexandria, aonde tinha viajado. Escreve
sobre questões domésticas:
"Hilarion a Alis seu mulher, as mais cordiais saudações e a
meus queridos Bero e Apolinário. Tem que saber que ainda estamos em Alexandria;
não se preocupe se outros retornam enquanto eu continue em Alexandria. Peço-lhe
e suplico que tenha cuidado do filho pequeno; logo que receba o pagamento lhe
enviarei isso. Se tiver um menino — sorte para você! — deixa-o viver enquanto
seja varão; se for mulher, arroje-a. Você recomendou a Afrodisia que me
dissesse: 'Não me esqueça'. Como posso esquecer? Peço-lhe portanto que não se
preocupe."
Estamos diante de uma carta estranha: tão cheia de afeto e,
entretanto, tão dura para com um menino que vai nascer. Uma criança romana
corria sempre o risco de ser rechaçada e exposta na via pública. Na época de
Paulo este risco era maior. Vimos como o laço matrimonial estava em franca
ruína e como homens e mulheres mudavam seus consortes com rapidez assombrosa.
Em tais circunstâncias uma criança era uma desgraça. Nasciam tão poucos meninos
que o governo romano aprovou de fato uma legislação que limitava o montante da
herança de um casal sem filhos. Os filhos não desejados eram ordinariamente
abandonados no fórum romano, e se convertiam em propriedade de qualquer pessoa
que os levantasse. Era costume serem recolhidos de noite por gente que os
alimentava com a finalidade de vendê-los como escravos ou de abastecer os
prostíbulos de Roma. Tudo isto é inconcebível em nossos dias, mas não porque
haja uma civilização inteiramente cristã, mas sim porque os princípios cristãos
impregnaram que tal maneira a civilização ocidental que já não se concebem tais
práticas.
(3) A civilização antiga era desumana com respeito à criança
doente ou disforme. Sêneca escreve, como se fosse o mais comum no mundo, como
efetivamente o era: "Sacrificamos a um boi impetuoso, estrangulamos a um
cão raivoso, afundamos a faca no gado doente para que não contagie a outros,
afogamos as crianças que nascem fracas e disformes". Uma criança doentia e
disforme tinha pouca esperança de sobreviver.
Nestas circunstâncias Paulo escreve seus conselhos a filhos e
pais. Se alguém perguntar qual é o bem que o cristianismo trouxe para o mundo a
resposta inegável e absoluta é a mudança de situação da mulher e da criança.
PAIS E
FILHOS
Efésios 6:1-4 (continuação)
Paulo manda que os filhos obedeçam as ordens de seus pais e os
honrem. Diz que é o primeiro mandamento. Provavelmente queira dizer que era o
primeiro mandamento que a criança cristão tinha que aprender de cor. A honra
que Paulo exige não é uma mera honra de palavra; a única maneira de honrar aos
pais é obedecendo-lhes, respeitando-os e não lhes causando dor.
Mas Paulo se dá conta de que o problema tem outra face. Diz aos
pais que não provoquem a ira de seus filhos. Bengel responde à pergunta de por
que este mandamento dirige-se definitivamente aos pais. As mães têm uma espécie
de paciência divina, mas "os pais são mais propensos à ira". Chama a
atenção que Paulo repita suas ordens em forma um pouco mais completa em
Colossenses 3:21. "Pais", diz, "não exasperem a seus filhos para
que não se desalentem".
Bengel diz que a praga da juventude é o "espírito
quebrantado"; o desalento que pode proceder de uma crítica e censura
contínuas ou de uma disciplina muito estrita.
Davi Smith pensa que Paulo escreveu isto a partir de uma amarga
experiência pessoal. Diz: “Vibra aqui uma nota de emoção pessoal e pareceria
como se o coração do ancião cativo retornasse ao passado e lembrasse os
desafeiçoados anos de sua própria infância. Educado na atmosfera austera da
ortodoxia tradicional, experimentou pouca ternura e muita severidade e conheceu
‘essa praga da juventude: o espírito quebrantado’.”
São três
as maneiras como podemos ser injustos com nossos filhos.
(1) Podemos esquecer que as coisas têm que mudar; que os costumes
de uma geração não são os da outra. Elinor Mordaunt nos narra como deteve sua
filha pequena para que não fizesse algo, dizendo-lhe: "Quando eu tinha sua
idade não me deixavam fazer isso". E a menina respondeu: "Mas mamãe,
deve lembrar que você vivia então e eu vivo agora". Os pais podem causar
um dano imenso esquecendo que os tempos mudam e os costumes se transformam.
(2) Podemos praticar um controle tão estrito que se torne num
descrédito para a mesma educação dos filhos. Manter uma criança muito tempo em
andarilhos é confessar que não se confia nela, e isto no fundo é simplesmente
dizer que não confiam na forma em que o educaram. É melhor correr o risco de
equivocar-se confiando muito, que controlando muito.
(3) Podemos esquecer o dever de estimular. O pai de Lutero era
muito estrito, tão estrito que raiava no cruel. Lutero acostumava dizer:
"Retém a vara e arruína o menino — isto é verdade; mas junto à vara tenha
uma maçã para dá-la quando agir bem".
Benjamin West nos narra como chegou a ser pintor. Certo dia sua
mãe saiu, encarregando-lhe o cuidado de sua irmãzinha Sally. Na ausência de sua
mãe encontrou alguns frascos com tinta de cor e começou a fazer um retrato de
Sally. Ao fazê-lo causou uma considerável desordem e o manchou todo de tinta. A
mãe voltou, observou a desarrumação mas não disse nada. Tomou a parte de papel
e contemplando o desenho disse: "Como? É Sally!" E se inclinou para
beijar o menino. Depois Benjamin West costumava sempre dizer: "O beijo de
minha mãe fez de mim um pintor". O estímulo obtém mais que a recriminação.
Anna Buchan nos conta como sua avó repetia uma frase favorita
mesmo quando era de idade avançada: "Nunca se deve acovardar a
juventude".
Segundo Paulo, os filhos devem honrar a seus pais, mas os pais
nunca devem desanimar a seus filhos.
Elaborado pelo Evangelista;
Natalino dos Anjos
Professor na E.B.D. e pesquisador
Dirigente da Congregação da A.D Missão no Bairro Novo Horizonte
Guiratinga - Mato Grosso.
Presidente; Pr. Edseu Vieira.
FONTES DE PESQUISA:
Comentário Bíblico Popular V.T
Comentário Bíblico BEACON
Comentário Bíblico Matthew Henry
Comentário Bíblico :Earl
D. Radmacher ■ Ronald B. Allen ■ H. Wayne House
Bíblia de Estudo Pentecostal
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