LIÇÕES CPAD 4º
TRIMESTRE DE 2014
O Deus que Intervem na História
19 de Outubro de 2014
TEXTO ÁUREO
“Falou Daniel e disse: Seja Bendito o nome de Deus para todo
sempre, porque dele é a sabedoria e a força, ele muda os tempos e as horas; ele
remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e ciência aos
inteligentes” (Dn 1.8).
VERDADE PRÁTICA
Deus intervem na história, pois sua é a terra e os que nela
habitam.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Daniel 2.12-23
INTRODUÇÃO
O segundo capítulo do livro de Daniel revela o plano divino
para o povo judeu e o gentílico. Deus revelou seu projeto soberano para os
governos mundiais e mais uma vez confirmou o reino messiânico. Ao estudarmos
esse capítulo veremos o reina da Babilônia atuando como o "dono do
mundo" e Nabucodonosor como seu executor. Porém por volta de 604 a.C., no
período do apogeu da Babilônia, o rei teve um sonho perturbador que o deixou
insone. Por providência divina, Nabucodonosor esqueceu o sonho e, através do
Espírito Santo, Daniel o desvendou. Na terceira seção do capítulo dois (vv.
17-22) veremos Deus intervindo na vida do profeta e na de seus amigos. O
desenvolvimento desse capítulo mostrará como Deus trabalha nas circunstâncias
mais adversas. O nosso Pai atua na história humana para cumprir os seus
desígnios!
I. O SONHO PERTURBADOR DE NABUCODONOSOR
1. O tempo do sonho (v1).
O primeiro versículo demonstra um aparente conflito de
datas. A expressão "segundo ano do reinado de Nabucodonosor"
contrasta com os três anos do treinamento de Daniel e de seus companheiros
descritos no primeiro capítulo.
Segundo estudiosos do Antigo Testamento, tanto os judeus
quanto os babilônios contavam as frações de um ano como ano inteiro. Por isso,
a vigência do terceiro ano para a cultura do reino de Judá era o segundo
reinado de Nabucodonosor.
2. Habilidade dos sábios é desafiada no palácio (2.2).
Ao esquecer-se do sonho, Nabucodonosor desafiou a habilidade
dos sábios palacianos em revelar e interpretar o que ele havia sonhado. O sonho
perturbou o rei , pois Nabucodonosor suspeitava que a simbologia d que sonhara
tinha relação com o reino e com o futuro do império. Naqueles tempos, os reis
tinham a pretensão de ser privilegiados com sonhos divinamente inspirados (1 Rs
3.5-15; Gn 20.3) Quando sonhavam requeriam então o trabalho dos sacerdotes
adivinhos. Estes serviam a corte e interpretavam os sonhos de seus senhores. Os
sacerdotes adivinhos eram também chamados de magos, astrólogos, encantadores ou
apenas "caldeus" (Dn 1.4)
3. O fracasso da sabedoria pagã (2.3-13).Conforme descrito
no capítulo dois, percebemos que Nabucodonosor suspeitava da lisura e
honestidade de seus magos conselheiros. Será que esses magos se aproveitavam
das tragédias para enganar e ameaçar as pessoas com palavras vãs? Esta dúvida
deveria ser passada a limpo. Então o imperador desafiou-os a não somente
adivinhar o sonho, mas interpretá-lo. O rei decretou ainda a pena capital para
todos os sábios do palácio caso não desvendassem o sonho. Diante do desafio, os
magos revelaram-se incapazes de decifrar o sonho do rei Nabucodonosor, bem como
saberem o seu conteúdo. o problema era que, por serem nobres, Daniel e seus
amigos poderiam ser igualmente atingidos por esse decreto.
II. A ATITUDE SÁBIA DE DANIEL (2.16-30)
1. A cautela de Daniel (vv. 16-18).
Daniel entrou na presença do rei e pediu-lhe um tempo para
desvendar o sonho. O objetivo era receber a resposta de Deus acerca do conteúdo
do sonho de Nabucodonosor. O profeta Daniel não agiu isoladamente. Antes,
procurou seus amigos Ananias, Misael e Asarias para juntos orarem a Deus
pedindo-lhe orientação espiritual sobre o assunto, a fim de que eles não
perecessem com os sábios da Babilônia.
A ousadia da fé do profeta, demonstrada nesse episódio,
ilustra-nos quão essencial é para o crente viver uma vida de confiança em
inteira dependência de Deus. Há coisas na vida do crente que demandam oração
perseverante. Para obtermos respostas do Senhor, a oração ainda é o canal mais
eficaz (Mt 6.6).
2. Deus ainda revela mistérios (vv. 19-27).
Depois de Daniel e seus companheiros terem buscado a Deus em
oração, o Senhor revelou o que o rei havia sonhado e também o que o sonho
significava. Daniel exaltou e alegrou-se em Deus porque o Altíssimo interveio
na história humana. Quem pode livrar como o Senhor? Quem pode impedir a sua
ação? Sábio algum do mundo! Ninguém poderia perscrutar o pensamento e a
consciência de um homem poderoso como o rei da Babilônia. Mas o Senhor dos
Exércitos não só podia como o fez. Ele é o Criador; o homem, criatura! O mundo
está sob a providência de Deus, pois ele tem poder de mudar os tempos e as
estações do ano, de remover e estabelecer reis. Ele conduz a história humana
(v. 21; At 1.7)!
3. O caráter profético do sonho de Nabucodosor (vv. 28,29)
O que foi revelado ao profeta Daniel? Em síntese, Deus
mostrou que o sonho do rei dizia respeito a Babilônia, bem como aos
acontecimentos futuros envolvendo outros reinos. A expressão "fim dos
dias" merece ser destacada. Segundo a escatologia judaica, essa é uma
expressão do Antigo Testamento que significa espaço de tempo, desde o início do
cumprimento da profecia no império babilônico até o estabelecimento do reinado
de Cristo na Terra. Outro ponto digno de nota é que Daniel não expressa nenhum
interesse de ter os créditos da revelação. Para o profeta, a revelação do
ministério é mérito somente de Deus. A glória pertence ao Todo-poderoso que,
pela sua imensurável graça, desvenda os mistérios terrenos espirituais aos
pequeninos desse mundo.
III. DANIEL CONTA O SONHO E INTERPRETA-O (2.31-45)
1. A correta descrição do sonho (vv. 31-35).
O sonho do imperador babilônico era profético. Nabucodonosor
viu uma estátua (v. 32) constituída por uma cabeça de ouro; peito e braços de
prata; ventre e coxas de cobre; pernas de ferro (v.33); e pés de ferro e de
barro (v.33). O versículo 34 relata a "uma pedra que foi cortada, sem
mãos" a qual feriu os pés da estátua, destruindo-a completamente.
Os quatro impérios pagãos, mencionados simbolicamente na
profecia já existiram, comprovando a veracidade da visão profética. Todavia a
visão da "pedra que foi cortada, sem mãos" ainda não se cumpriu, pois
trata-se do reino universal de Jesus Cristo que ainda não foi literalmente
estabelecido.
2. A interpretação dos elementos materiais da grande estátua
(2.34-45).
a) "A cabeça de ouro" (vv.32,36-38). exemplificava
o reino da Babilônia. Nabucodonosor a governou por 41 anos e a transformou no
império mais poderoso da época.
b) "O peito e os braços de prata" (vv. 32,39).
Trata-se do império Medo-Persa. Os dois braços ligados pelo peito representam a
união dos Medos e dos Persas.
c) "ventre e os quadris" (vv. 32.39). Retrata o
império Grego. Foi Alexandre Magno que dominou o mundo inteiro constituindo
assim um dos impérios mais extensos na história da humanidade até a sua morte
prematura.
d) "Pernas de ferro" (v. 33,40-43). Refere-se ao
último império da história, o romano. Os pés de ferro e barro indicam a
fragilidade deste império. A mistura entre ferro e barro não ocorre. O império
romano, por um lado era poderoso (ferro), mas por outro, frágil e decadente
(barro)
3. "A pedra cortada, sem ajuda de mãos" (2.45).
Esta "pedra" representa o reino de Cristo
intervindo nos reinos do mundo. Cristo é a pedra cortada que desfará o poder
mundial do Anticristo (Dn 2.45; Sl 118.22; Zc 12.3). A pedra cortada vinda do
monte significa, figuradamente, a vinda do Rei esmiuçando o domínio imperial e
pagão deste século (Dn 2.44,45) Cristo é quem regerá as nações para sempre!
CONCLUSÃO
A revelação da estátua provou ao rei Nabucodonosor a
soberania dos Deus de Israel. Nação a qual o rei havia levado em cativeiro,
destruído a Cidade Santa e o seu Templo (2 Cr 36.11-23). O Deus desta nação
revelou a Daniel e aos seus companheiros o futuro dos impérios ao longo da
existência humana (Dn 2.46-49). Nabucodonosor compreendeu isto. E nós? O quanto
valorizamos e amamos o Deus soberano.
SUBSIDIOS
I - INTRODUÇÃO:
Humanamente, é impossível alguém revelar o sonho de uma
pessoa, sem que esta o conte primeiramente. Portanto, o que Nubucodonosor
exigia de seus sábios era uma loucura. Mas, mediante a oração, Deus mostrou a
Daniel a mesma visão concedida ao rei, razão por que ele e todos os entendidos
do reino foram salvos da morte.
II - O SONHO DO REI NABUCODONOSOR:
Havia-se passado algum tempo, desde que Daniel concluirá seu
treinamento na escola palaciana. Ele fora aprovado por Nabucodonosor, e ficara
"perante o rei" (Dn 1.18,19).
(1) - A crise provocada pelo sonho do rei - Nabucodonosor
teve um sonho, mas não entendeu o que presenciou. Por isso, seu espírito se
perturbou, a ponto de perder o sono, porque guardava a certeza, de que a
visão encerrava algo de suma importância (v.l).
Convocou todos os sábios de seu reino, isto é, os magos, os
encantadores, os astrólogos, os caldeus, para que lhe declarassem a revelação e
a sua interpretação. Observamos que Daniel não foi convocado, mesmo, pouco
tempo antes, tivesse sido avaliado dez vezes mais sábio que os entendidos do
reino (Dn 1.20). Talvez o consideraram muito jovem.
O rei, no princípio da conversa, prometeu uma recompensa
material (v.6), e terminou sua mensagem com a ameaça da morte de todos (v.12).
Como não puderam dar a resposta que ele exigia, este, muito irado, decretou o
extermínio de todos os sábios da Babilônia. Daniel e seus amigos foram agora
lembrados para serem mortos (v. 13). Isto mostra que eles, efetivamente,
faziam parte dos conselheiros do rei.
(2) - O pouco valor dado à vida humana - Em um momento de
capricho do rei da Babilônia, todos os sábios do reino foram condenados à
morte! Um pequeno exemplo do que o paganismo tem a oferecer a seus seguidores.
A esperança da humanidade é o Evangelho de Jesus Cristo.
Esta mensagem, divulgada e recebida entre os povos, através da obra
missionária, fez com que o poder da palavra começasse a influenciar
positivamente a atitude das pessoas frente à vida, e modificou até mesmo a
legislação de muitos países. Os "direitos humanos" são fruto do
Cristianismo.
O Evangelho trouxe também a valorização da mulher. Nos
países pagãos, ela tem pouco ou nenhum valor. Mas a Bíblia ensina: "Nisto
não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque
todos vós sois um em Cristo" (Gl 3.28). Onde a Bíblia penetra e é
praticada, a mulher tem o mesmo valor do homem.
(3) - Daniel, o homem certo, no momento apropriado - Daniel,
sabedor do decreto real, pediu que lhe fosse dado um tempo, para que pudesse
revelar e interpretar o sonho do rei (v. 16). Foi um grande passo de fé, e
mostra que ele já sabia, por experiência própria, que Deus nunca falha. Fez
saber o caso aos seus amigos e, juntos, oraram, pediram misericórdia a Jeová
quanto ao segredo, para que Daniel fosse o instrumento para a salvação não só
deles próprios, mas também dos sábios da Babilônia, naquele momento crítico para
todos (v. 17,18).
(4) - Deus responde a oração - Deus respondeu a oração, ao
revelar o segredo a Daniel, numa visão de noite (v. 19). Ele experimentou mais
uma vez que a sombra das asas do Senhor é abrigo seguro nas calamidades (SI
57.1), pois Jeová é socorro bem presente na angústia (SI 46.1), e quando
lançamos o nosso cuidado sobre o Todo-poderoso, Ele nos sustém (SI 55.22).
O louvor do profeta (vv.19-23) é um modelo de oração que
brotou de um coração quebrantado diante da soberania divina. "Invoca-me no
dia da angústia, e eu te livrarei, e tu me glorificarás" (SI 50.15).
(5) - Daniel conta o sonho ao rei - Daniel foi introduzido
na presença de Nabucodonosor que estava ansioso (v.26). O profeta confirmou o
que os sábios haviam anteriormente dito, isto é, aquilo que o rei requeria,
ninguém era capaz de descobrir. Mas o Deus dos céus revela todos os segredos
(v.28). Ele estava ali da parte do Todo-poderoso, para contar ao rei o sonho, e
dar-lhe a devida interpretação (vv. 31-36).
III - DANIEL REVELOU E INTERPRETOU O SONHO:
O sonho é um resumo profético dos acontecimentos que vão
desde o cativeiro babilônico, até a vinda de Cristo em glória, no término da
Grande Tribulação.
Inteirar-se do significado desta visão é de suma importância
para nós que vivemos às portas do Arrebatamento da Igreja, pois esta visão
ajuda a compreender globalmente a palavra profética.
(1) - A cabeça de ouro, o reino babilônico (625 a 538 a.C.,
vv. 37,38) - "Tu és a cabeça de ouro", disse Daniel ao rei,
"porque Deus te tem dado o reino, o poder, e a força, e a majestade".
Babilônia, nos dias de Nabucodonosor, detinha a hegemonia
mundial, após ter derrotado a Assíria, em 612 a.C. No ano 587 a.C. Jerusalém
foi destruída, e o povo feito cativo, para cumprir-se o que Deus falara por
Jeremias : "...e os farei tornar a esta cidade, e pelejarão contra ela, e
a tomarão, e a queimarão a fogo" (Jr 34.22).
Depois da morte de Nabucodonosor, encontramos entre os seus
sucessores o rei Nabonido (556-538 a.C.). Belsazar, seu filho, estava como
corregente na cidade da Babilônia, quando o Império Caldeu ruiu derrotado por
Ciro, rei da Pérsia.
(2) - O peito e os braços de prata, o reino medo-persa (538
a 330 a.C., v.39) - Ciro, o grande, logo no início de seu reinado, fez a famosa
proclamação que permitiu aos judeus de seu reino retornarem a Judá e
reconstruírem o templo de Jerusalém que Nabucodonosor havia destruído (Ed
1.1-3). Desta forma, cumpriu-se a palavra de Isaías acerca de Ciro, proferida
200 anos antes (Is 44.26-28; 45.1).
Enquanto grande número deles voltou a Jerusalém, muitos
permaneceram na Babilônia, agora sob o domínio persa. Neste contexto
político-histórico, inserem-se os fatos relatados no livro de Ester.
O reino medo-persa foi conquistado por Alexandre, o Grande,
rei da Grécia.
(3) - O ventre e as coxas de cobre, o reino grego (330 a 167
a.C., v.39) - A respeito deste reino, Daniel disse: "Terá domínio sobre
toda a terra" (v.39).
O rei Alexandre morreu aos 33 anos, sem deixar herdeiros, e
o império foi dividido entre seus quatro principais generais.
(4) - As pernas de ferro, o império romano (167 a.C. a 476
d.C, v.40) - Quando Jesus nasceu, a Palestina estava sob o domínio de Roma.
Pilatos, um governante romano, ratificou a sentença de morte de Cristo.
Depois que o império romano foi derrotado em 476 d.C., não
surgiu mais outro reino mundial.
(5) - Pés com dedos de ferro, misturado com barro, um
conjunto de reinos (vv.41-43) - O versículo 44 mostra que estes dedos
representam reis. Esta profecia relaciona-se com as visões proféticas que João
teve na ilha de Patmos.
Lemos, em Apocalipse 13.1, que ele viu uma besta, a qual
tinha sete cabeças e dez chifres. Eles, conforme Apocalipse 17.12, também
representam dez reis.
Vemos, assim, que no fim da presente dispensação, surgirá um
conjunto de reinos que dará apoio político ao Anticristo.
(6) - Uma pedra cortada sem mão - Esta parte da visão fala
da derrota do reino do Anticristo, que acontecerá como resultado da
intervenção divina (v.34).
A Bíblia usa várias vezes o vocábulo "pedra",
como símbolo de Cristo. Exemplos: "Chegando-vos a ele, pedra
viva..."(l Pé 2.4); "eis que ponho em Sião a pedra principal de
esquina..." (l Pé 2.6); "sobre esta pedra edificarei a minha
igreja" (Mt 16.18); "bebiam da pedra espiritual que os seguia, e a
pedra era Cristo" (l Co 10.3); etc.
Ela feriu a estátua nos seus pés, isto é, destruiu o
conjunto de reinos que apoiavam o Anticristo. Não só eles serão vencidos, mas
também as duas bestas serão presas e lançadas no lago de fogo (Ap. 19.20).
(7) - "Fez-se um grande monte, e encheu toda a
terra" (v.35) - Esta parte da visão fala da vinda de Cristo em glória,
para estabelecer um reino mundial de paz. Ele terá como rei o próprio Senhor
Jesus, e abrangerá toda a Terra.
IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A interpretação do sonho de Nabucodonosor fala da
Onisciência e da Soberania de Deus. Para o Senhor, um dia é como mil anos, e
mil anos como um dia (2 Pé 3.8). Ele se mostra nesta revelação como o Soberano
de todos os tempos e povos. A história secular confirma que todas as previsões
divinas, acerca dos reinos mundiais, cumpriram-se integralmente. E aquelas que
falam de tempos, os quais estão por vir, com absoluta certeza, terão fiel
cumprimento. Cristo aniquilará o reinado do Anticristo e estabelecerá um reino
de paz que jamais será destruído: "Será estabelecido para sempre"
(v.44).
E todos nós, que temos o privilégio de chamar este
maravilhoso Deus de nosso Pai, pronunciamos de coração a oração que Jesus
ensinou: "Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome. VENHA
TEU REINO!".
FONTE DE CONSULTA E PESQUISA:
Lições da CPAD - 3º Trimestre de 1995 - Comentarista: Eurico
Bergsten
SUBSIDIOS.
O Deus que
Intervém na História
Deus intervém na história para que os seus servos não sejam
humilhados e para a glorificação do seu nome.
capítulo dois do livro de Daniel se constitui da revelação
do plano divino para com o povo judeu e os povos gentios, para os quais Deus
revela a sua soberania sobre os governos mundiais e o estabelecimento do reino
messiânico. Deus intervém na história para fazer valer seus desígnios na vida
da humanidade. Neste capítulo, a Babilônia aparece como dona do mundo e
Nabucodonosor é o grande rei. Aproximadamente em 604 a.C., num período em que a
Babilônia atingiu o seu apogeu, quando, de repente, a tranquilidade de Nabucodonosor
foi ameaçada por um sonho perturbador que o deixou sem dormir. Por providência
divina, o rei esqueceu o sonho para que os desígnios divinos fossem revelados
ao profeta visionário Daniel. Na primeira parte do capítulo 2 temos a
intervenção divina para salvar Daniel e seus amigos. A ordem do texto ajudará a
entender como Deus trabalha nas circunstâncias adversas.
I - O SONHO PERTURBADOR DE NABUCODONOSOR (2.1-15)
O tempo do sonho (v.1)
“E no segundo ano do reinado de Nabucodonosor” (2.1). Daniel
volta aos primeiros anos de sua vida no Palácio da Babilônia entre os anos 603
e 602 a.C., e relata a experiência que teve com Nabucodonosor quando o mesmo
teve um sonho. O texto apresenta um aparente conflito de datas quando fala do
“segundo ano do reinado de Nabucodonosor”, porque no primeiro capítulo nos
deparamos com os três anos de treinamento de Daniel e seus companheiros.
Segundo os historiadores, tanto os judeus quanto os babilônios contavam as
frações de um ano como um ano inteiro, por isso, a vigência do terceiro ano,
obedecia a cronologia do calendário da Babilônia. Os estudiosos procuram
aclarar essa cronologia em que explicam o seguinte: No ano 605 a 604 a.C.,
Nabucodonosor torna-se rei. Era seu primeiro ano de reinado, quando Daniel e
seus companheiros tiveram o seu primeiro treinamento palaciano. Em 604-603
a.C., no segundo ano de Nabucodonosor, foi quando o mesmo teve o sonho e ficou
perturbado pela lembrança e os detalhes do mesmo. Já era o terceiro ano de
treinamento de Daniel e seus companheiros, quando deveriam se apresentar diante
do rei.
“Nabucodonosor teve sonhos” (2.1). Entre os muitos modos de
Deus falar e revelar a sua vontade aos homens estão os sonhos. É uma via
especial pela qual Deus revela sua vontade. Segundo o Dicionário Aurélio, “sonho
pode ser “sequência de fenômenos psíquicos com imagens, atos, figuras e ideias
que, involuntariamente ocorrem durante sono de uma pessoa”. Pode ser a
sequência de pensamentos, de ideias vagas, mais ou menos agradáveis, mais ou
menos incoerentes, às quais o espírito se entrega em estado de vigília.
Naturalmente, temos que entender que nem todo sonho é alguma revelação.
Sabe-se, também, que os sonhos podem advir de imagens que o subconsciente
absorve durante o dia e que se manifestam durante o sono. As vezes,
incompreensíveis e fantasiosos e, outras vezes, com sequência de imagens que se
formam na mente e expressam a preocupação que está na mente da pessoa. No campo
espiritual, Deus se utiliza desses recursos da natureza humana para falar aos
seus servos. Não existe uma regra que favoreça a ideia de que Deus tenha que
falar por meios de sonhos e visões. E apenas um modo pelo qual Deus se revela,
tanto a crentes como a não crentes. Nabucodonosor era um rei pagão que servia a
outros deuses, mas o Deus de Daniel usou uma via indireta de revelar a esse rei
o seu próprio futuro e o das nações do mundo.
“e o seu espírito se perturbou, e passou-lhe o sono” (2.1).
Não foi a primeira vez que Deus falou a pessoas que não lhe serviam nem o
reconheciam como Deus. Nos tempos de Faraó do Egito, quando a família de Israel
ainda se formava, para ser o grande povo, posteriormente, Jeová deu sonhos a
Faraó. José, como escravo no Egito, e vendido por seus irmãos, foi o homem que
Deus escolheu para aparecer diante de Faraó e revelar-lhe os detalhes do seu
sonho (Gn 41). O sonho de Faraó tinha a ver com o seu próprio reino no Egito.
Porém, a Nabucodonosor, rei da Babilônia, Deus revelou em sonho a política
mundial a partir do seu próprio império. Naturalmente, o seu sonho era fruto de
sua preocupação com o futuro do seu império. Ele se perturbou em espírito
porque precisava entender do que se tratava aquele sonho. Deus intervém de modo
espetacular para honrar os seus servos que viviam naquele palácio e Daniel foi
lembrado como alguém que sabia interpretar sonhos.
A habilidade dos sábios do palácio é desafiada
“o rei mandou chamar” (2.2). O rei desafiou a habilidade
desse grupo de sábios, magos, adivinhos e encantadores dentro do palácio para
que revelassem o seu sonho e dessem a interpretação. Nabucodonosor ficou
agitado pelo sonho, mas o esqueceu. Entretanto, o rei sabia que o sonho era
importante e que trazia uma simbologia relacionada com o seu reino e o seu
futuro. Naqueles tempos os reis tinham a pretensão de serem privilegiados com
sonhos divinamente inspirados (1 Rs 3.5-14; Gn 20.3). Porém, quando não podiam
interpretá-los, convocava os sacerdotes caldeus que serviam na corte para que
adivinhassem e interpretassem os sonhos (1.4).
"magos, os astrólogos, os encantadores e os caldeus”
(2.2). O Império Babilónico tinha uma mescla de culturas e religiões. Essa
casta de “magos, astrólogos, encantadores e caldeus (sábios)” serviam no
palácio para prescreverem, adivinharem, promoverem encantamentos e os caldeus
eram próprios da Babilônia. Os magos possuíam conhecimentos nas ciências
ocultas; os astrólogos procuravam ler os corpos
celestes para predizerem eventos futuros; os encantadores realizavam
exorcismos e invocavam os espíritos malignos e dos mortos; 05 caldeus
pertenciam a uma casta de sacerdotes dentro do Palácio que lidavam com
mistérios e códigos próprios para adivinharem e interpretarem sonhos. Neste
contexto, Daniel e seus companheiros ainda não faziam parte oficialmente dos
que se apresentavam diante do Rei, porque estavam no período do treinamento
imposto pelo Rei. Porém, a ira de Nabucodonosor se acendeu de tal modo que não
escaparia ninguém que estivesse dentro do palácio sem sofrer a pena do rei.
O fracasso da sabedoria pagã (2.3-13)
“E os caldeus disseram ao rei em aramaico” (2.4). É
interessante destacar que o aramaico era a língua dos caldeus que se originou
na Mesopotâmia e se estendeu até o Ocidente. Como o aramaico era a língua
oficial do império, Daniel, conhecedor da língua, não só falava o aramaico, mas
a partir de Daniel 2.4 até ao final do capítulo 7 do seu livro, Daniel escreveu
somente em aramaico, que era a língua popular imposta pela Babilônia.
Posteriormente, o povo judeu adotou o aramaico como língua do dia a dia judaico
até a chegada do domínio grego. A língua grega foi adotada pelo povo judeu,
mesmo que não tivessem abandonado o hebraico tradicional do povo judeu.
dificuldade dos caldeus e seus magos para trazerem à tona 0
sonho do rei (2.4). Nabucodonosor suspeita que os seus magos e encantadores se
aproveitavam da situação para quererem usar de engano com vãs palavras e os
ameaça com pena de morte (2.13). Essa casta de sábios, magos e encantadores era
mantida pelo palácio para prestarem serviços especiais ao Rei. Porém, diante do
desafio, eles foram incapazes e inoperantes para revelarem o sonho do rei. Pof
isso, o rei deu o decreto segundo o qual deviam ser mortos todos os sábios do
palácio, uma vez que não podiam resolver o problema do rei.
O conflitivo diálogo do Rei com os sábios e magos do palácio
(2.5- 9). Nenhum homem das castas sacerdotais e dos sábios conseguiu descobrir
o sonho do rei. A tensão palaciana provocou a ira do rei que esperava daqueles homens respostas
que eles não podiam dar. Nenhum deles pode trazer à lembrança o sonho do rei. O
rei ameaçou com a pena de morte para aqueles sábios e magos que viviam à custa
do palácio e não podiam resolver o problema do rei. Estava entre os sábios do
palácio, Daniel e seus companheiros, ainda não oficialmente apresentados diante
do rei, acabaram por correr o risco de morte com os outros sábios do palácio.
O desespero dos caldeus e sábios do palácio (2.10,11). Os
caldeus e todos os sábios do palácio, desesperados ante a ameaça de Na-
bucodonosor, apenas disseram ao rei: “Não há ninguém sobre a terra que possa
declarar a palavra ao rei” (2.10). No versículo 11 está escrito assim: “Porque
o assunto que o rei requer é difícil; e ninguém há que o possa declarar diante
do rei”. Ora, esses sábios e magos do palácio não só confessavam sua
incapacidade de revelar o sonho, mas admitiam que, apesar de suas pretensões de
comunicação com os espíritos, reconheciam que havia algo mais poderoso que eles
referem-se a “deuses cuja morada não é com a carne” (v. 11). Todos os demais
sábios do palácio eram politeístas. Somente Daniel e seus amigos eram
monoteístas. Quando Daniel teve a oportunidade de se apresentar diante do Rei,
disse-lhe: “Há um Deus no céu, o qual revela os mistérios” (2.28).
II - A INTERVENÇÃO DIVINA NO MOMENTO CERTO (2.14-18)
Deus não pode errar. A contagem do tempo de Deus não falha.
No exato momento em que se precisa da sua ação, Ele age. A sua Palavra diz:
“Operando eu, quem impedirá?” (Is 43.13). Havia um propósito divino para o
exílio dos seus servos e Deus não deixaria se escarnecer perante o mundo pagão.
A atitude de Daniel que adiou a sentença de morte dos sábios
da Babilônia
Daniel “falou avisada e prudentemente com Arioque, o capitão
da guarda do rei” (2.14). Quando o chefe da Guarda do rei recebeu ordens para
matar a todos os sábios da Babilônia, inclusive a Daniel e seus companheiros, Deu entrou em ação
interferindo naquele episódio. Ele deu inteligência a Daniel para falar com
Arioque e pedir-lhe tempo para a execução ordenada pelo rei. Arioque deu a
entender que não poderia adiar o mandado do rei (2.15). Daniel pediu que
Arioque pedisse ao rei para ser ouvido e foi-lhe concedida a audiência com o
Rei. Daniel achou graça diante de Arioque porque Deus amenizou seu coração para
que a soberana vontade de Deus prevalecesse naquele situação. Foi-lhe concedida
a oportunidade de se apresentar diante do Rei e ele, com respeito ao Rei e com
palavras prudentes se identificou e pediu tempo ao rei para trazer,
posteriormente, a revelação do sonho.
Daniel pede tempo ao Rei para trazer a revelação (2.16).
Daniel foi ousado com a iniciativa de entrar na presença do rei e pedir-lhe
tempo a fim de poder trazer-lhe a revelação do sonho. Sua ousadia não era
essencialmente dele, porque Daniel tinha algo muito mais forte que era a sua fé
no seu Deus, o Deus de Israel. Daniel conhecia o seu Deus e havia entendido que
nada há que não possa ser revelado por Ele. Daniel convidou seus amigos para
orarem ao Senhor com eficiência, até porque suas vidas estavam sob a mesma pena
emitida pelo rei contra todos os sábios do palácio. Ele não agiu isoladamente,
mas procurou seus amigos Ananias, Misael e Azarias para orarem a Deus e obterem
a resposta divina. Ele sabia que o mistério do sonho do rei só poderia ser
revelado através da oração. Ele sabia que a oração é o canal mais eficaz de
obter respostas de Deus às nossas necessidades (2.17,18). Os sonhos são um dos
modos de Deus falar com o homem e revelar sua vontade.
A revelação dos mistérios de Deus pela oração (2.18,19)
“Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite”
(2.19). No versículo 18 está escrito que “Daniel foi para a sua casa” que era o
lugar da sua intimidade com Deus, onde ninguém mais o perturbaria. Foi na sua
casa que ele pediu ao Pai que revelasse aquele mistério a fim de salvar a sua
própria vida e a dos seus amigos hebreus, bem como dos demais sábios do
palácio. Sua intimidade com Deus lhe propiciou a graça divina para receber a
revelação do sonho do rei em visão de noite. Uma prova indiscutível de que Deus
se utiliza desses meios para revelar a sua glória aos seus servos.
Daniel oferece a Deus sua ação de Graças pela revelação
(2.20-23)
Daniel exalta a Deus reconhecendo que Ele tem todo o poder e
sabedoria acima do poder de Nabucodonosor e de todos os sábios e poderosos do
mundo. Só Ele poderia revelar, por sua onisciência, as coisas obscuras ao homem
comum. A resposta veio a Daniel em sonho pelo qual ele bendisse ao Senhor (w.
19,20). Como Criador do universo, a terra estava sob o seu controle e
providência, porque só Ele tem o poder de mudar o tempo e as estações do ano
(v. 21;At 1.7).
Daniel teve a revelação e imediatamente foi procurar o homem
responsável por cumprir a ordem do rei. Contou-lhe o que Deus lhe revelara e
pediu que o mais depressa possível o introduzisse à presença do rei para contar-lhe
a revelação do sonho real. A semelhança do que Deus revelou a José no Egito (Gn
41), Daniel foi agraciado por Deus pela revelação .
Daniel revela ao rei que o sonho tinha um caráter profético
e escatológico (2.26-29)
“Podes tu jazer-me saber o sonho que tive e a sua
interpretação? ” (2.26). O rei Nabucodonosor está ainda incrédulo de que aquele
jovem ousado pudesse trazer a revelação do seu sonho. Ele não conhecia o poder
do Deus de Daniel. Deus não se deixaria zombar por um rei pagão, adorador de deuses
fictícios existentes na Babilônia. Daniel não se engrandece nem ostenta
qualquer virtude própria capaz de revelar segredos. Daniel foi objetivo e
demonstrou sua audácia diante do rei, não se apressando em dar a revelação do
sonho antes de dizer ao rei que ele não era mais sábio que os demais,
destacando o fato de que a revelação devia-se unicamente ao seu Deus, ao Deus
de Israel, cujo propósito era o de tornar conhecidos os seus planos ao rei da
Babilônia.
“Há um Deus no céu, o qual revela os mistérios” (2.27).
Daniel fez questão de dizer ao rei que o mistério do seu sonho “nem sábios, nem
astrólogos, nem adivinhos o podem declarar ao rei” (v. 27), mas fez questão de
ressaltar que “há um Deus no céu o qual revela os mistérios” (v. 28). O sonho
do rei dizia respeito ao próprio reino da Babilônia, mas continha uma visão
futura dos próximos reinos que haveriam de suceder ao reino da Babilônia.
Daniel usou a expressão “fim dos dias” (v.28) que é escatológica e não
significa simplesmente a sucessão dos impérios representados no texto. Segundo
a escatologia judaica do Antigo Testamento “o fim dos dias” pode significar
todo o espaço de tempo desde o começo do cumprimento da profecia até a
inauguração do reino messiânico na terra.
A preocupação do Rei com o seu reino no futuro (2.29)
No sonho do rei, ainda que ele tenha tido dificuldades para
entender o seu significado, estava revelado o porquê do sonho, ou seja, causa
ou o motivo do sonho que dizia respeito à preocupação do rei quanto ao seu
futuro e o futuro do seu reino. Na verdade, Deus usou um ímpio para algo
especial acerca do futuro do povo de Israel e das nações do mundo. O
esquecimento do rei acerca do seu sonho e a inquietação acerca do mesmo por não
ter se lembrado tinha o dedo de Deus para revelar a sua glória através do seu
servo Daniel.
“a mim me foi revelado esse mistério” (2.30). Não havia
presunção ou vaidade no coração de Daniel quando atribui a si a revelação do
mistério, mas era uma demonstração da sua humildade e reconhecimento pela
soberania do seu Deus. Daniel professa solenemente que não há nenhum mérito seu
na revelação do mistério, mas a glória pertence ao Deus que revelou a ele, por
sua imensurável graça e poder.
III - DANIEL CONTA O SONHO E DÁ A SUA INTERPRETAÇÃO
(2.31-45) A correta descrição do sonho (2.31 -35)
O sonho de Nabucodonosor tinha uma estrutura de uma mensagem
profética. Os estudiosos veem o capítulo 2 apenas numa perspectiva histórica, porque os quatro
impérios pagãos que a visão anunciava já passaram. Porém, a visão tinha também
um sentido escatológico, porque estabelece ao final o reino universal de
Cristo. É algo que Deus tem preparado para o futuro. A visão contém quatro
divisões principais.
A imagem da grande estátua (2.31 -33)
A estátua que Nabucodonosor viu tinha uma cabeça de ouro
(v.32); o peito e os braços eram de prata (v.32); o ventre e as coxas da
estátua eram de cobre (v.32); as pernas eram de ferro (v.33) e os pés da
estátua continham ferro e barro (v.33). No versículo 34 temos “uma pedra que
foi cortada, sem mãos”, a qual feriu a estátua nos pés destruindo-a
completamente. Naqueles tempos, o misticismo e a utilização de figuras de
representação faziam parte das crendices existentes na cultura pagã. Na mente
de Nabucodonosor havia essa cultura e Deus aproveita para revelar realidades
presentes e futuras daquele império através de sonhos. Todavia o rei esqueceu o
sonho mas sabia que havia sonhado algo importante que tinha algum significado
para si mesmo e para o seu império.
A interpretação dos elementos materiais da grande estátua
(2.34-45)
Em primeiro lugar, “a cabeça de ouro” (w.32,36-38)
representava o próprio Rei Nabucodonosor, o rei mais poderoso da terra na
época. Sua palavra era lei e governou por 41 anos e transformou a Babilônia no
maior império do mundo. Obteve grandes conquistas e alargou suas fronteiras e
domínio tomando posse das riquezas das nações conquistadas, inclusive dos
reinos de Judá e de Israel. Em segundo lugar, “o peito e os braços de prata”
(vv.32,39) simbolizavam o império que sucedeu a Nabucodonosor, o Império
Medo-persa. Os dois braços ligados pelo peito simbolizam a união dos medos e
dos persas. Nesse tempo prevaleceu muito mais as leis instituídas que a
autoridade dos reis desses povos. Em terceiro lugar, Daniel fala do “ventre e
os quadris” da estátua (vv.32,39) que eram de cobre e representavam o terceiro
reino que sucedeu ao medo-persa, o
Império Grego. Foi Alexandre Magno, o grande rei e general, que dominou o mundo
inteiro até desintegrar-se com a sua morte. Em quarto lugar, aparece as “pernas
de ferro” (v.33,40-43) que representavam o último império dessa visão, o
Império Romano. Esta interpretação baseia-se na visão política de um rei pagão.
Em quinto lugar, "os pés de ferro e barro ” indicavam a fragilidade dessa
grande estátua. A mistura de ferro e barro não dá liga, nem sustenta aquele
império que viria, o Romano. Ainda que não seja citado o Império Romano, o
contexto histórico e profético denuncia que se tratava desse império. As pernas
de ferro indicavam a dureza do poder militar que tornou Roma muito forte, mas
diluiu-se moralmente demonstrando a fragilidade do barro. Os elementos
constitutivos da estátua são materiais porque indicam esta visão política para
a compreensão de Nabucodonosor.
A intervenção divina com “a pedra cortada, sem ajuda de
mãos” (2.45)
Os reinos descritos de cima para baixo representados na
grande estátua revelam a progressiva decadência dos reinos desse mundo, pois
começam no ouro e terminam no barro. Esta “pedra” representa o reino que virá
que é o Reino messiânico de Cristo intervindo no poder dos reinos do mundo. Ele
é a pedra cortada que virá para desfazer no último tempo o poder mundial do
Anticristo (Dn 2.45; SI 118.22; Zc 12.3). O sentido da pedra cortada vinda do
monte indica figuradamente a vinda de Cristo que esmiuçará o domínio
configurado dos 10 dedos dos pés da estátua, formando um grande montão (Dn
2.44,45).
CONCLUSÃO
Essa revelação provou ao rei Nabucodonosor que o Deus dos
quatro jovens hebreus era o único Deus que podia intervir na história das
nações diante de todo o império (Dn 2.46-49).
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