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terça-feira, 28 de outubro de 2014

DEUS ABOMINA A SOBERBA - LIÇÃO 05 COM SUBSIDIOS

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Lições Bíblicas CPAD   Jovens e Adultos

 4º Trimestre de 2014

Título: Integridade Moral e Espiritual — O legado do livro de Daniel para a Igreja de hoje
Comentarista: Elienai Cabral

 Lição 5: Deus abomina a soberba
Data: 2 de Novembro de 2014

TEXTO ÁUREO

Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço, e glorifico ao Rei dos céus; porque todas as suas obras são verdades; e os seus caminhos, juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba” (Dn 4.37).

VERDADE PRÁTICA

A soberba é o pecado que mais afronta a soberania divina.

HINOS SUGERIDOS

46, 244, 306.

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Pv 8.13 Deus aborrece a soberba
Terça - Pv 11.2  A soberba é afronta
Quarta - Mc 7.20-22  A soberba é o pecado do coração
Quinta - 1Jo 2.16  A soberba da vida não é de Deus
Sexta - Gn 17.1; Jó 11.7  Nenhuma soberba resiste a Deus
Sábado - 2Cr 26.3-21  O rei Uzias e a soberba

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Daniel 4.10-18.

10 - Eram assim as visões da minha cabeça, na minha cama: eu estava olhando e vi uma árvore no meio da terra, cuja altura era grande;
11 - crescia essa árvore e se fazia forte, de maneira que a sua altura chegava até ao céu; e foi vista até aos confins da terra.
12 - A sua folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela, os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e toda carne se mantinha dela.
13 - Estava vendo isso nas visões da minha cabeça, na minha cama; e eis que um vigia, um santo, descia do céu,
14 - clamando fortemente e dizendo assim: Derribai a árvore, e cortai-lhe os ramos, e sacudi as suas folhas, e espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela e as aves dos seus ramos.
15 - Mas o tronco, com as suas raízes, deixai na terra e, com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais na grama da terra.
16 - Seja mudado o seu coração, para que não seja mais coração de homem, e seja-lhe dado coração de animal; e passem sobre ele sete tempos.
17 - Esta sentença é por decreto dos vigiadores, e esta ordem, por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens; e os dá a quem quer e até ao mais baixo dos homens constitui sobre eles.
18 - Isso em sonho eu, rei Nabucodonosor, vi; tu, pois, Beltessazar, dize a interpretação; todos os sábios do meu reino não puderam fazer-me saber a interpretação, mas tu podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos.

INTERAÇÃO

Deus abomina a soberba. Este sentimento pernicioso é um prenúncio da queda (Pv 16.18). As conquistas de muitos impérios e o enriquecimento contribuíram para que Nabucodonosor se tornasse soberbo e altivo. Então Deus decidiu lhe ensinar uma importante lição, assim como havia ensinado ao seu povo. O rei perdeu sua consciência e ficou durante um período de tempo se comportando como um animal. Depois deste período tão difícil, Nabucodonosor aprendeu que o Altíssimo está acima de todo reino e poder humano. O Senhor é soberano, Ele remove os reis e os estabelece.
Que a soberba não encontre guarida em nossos corações, nos fazendo agir como tolos. Que sejamos humildes, honrando a Deus em toda a nossa maneira de viver.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·   Analisar a soberania divina na vida de Nabucodonosor.
·   Saber que Deus falou com Nabucodonosor por intermédio dos sonhos.
·   Compreender a fidelidade da pregação de Daniel para o rei.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Professor, para introduzir a lição reproduza o quadro abaixo para seus alunos. Utilizando o quadro, enfatize os pontos fortes de Nabucodonosor e as suas fraquezas. Explique que este rei foi chamado, segundo o profeta Jeremias, de “servo do Senhor” (Jr 25.9). Deus usou Nabucodonosor para punir seu povo. O Senhor é soberano, Ele exalta e também abate. Porém, o coração do rei se tornou soberbo e ele então experimentou o juízo de Deus. Leia Provérbios 16.18 e conclua enfatizando os perigos da soberba.


COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

Palavra Chave
Soberba: Comportamento excessivamente orgulhoso; arrogância, presunção.

Na aula de hoje estudaremos o capítulo quatro de Daniel, cujo conteúdo consiste de um testemunho pessoal do rei Nabucodonosor. Ele foi submetido a um estado de loucura, resultante de sua soberba, que o levou a viver como um animal do campo por “sete tempos”, até que Deus o tirou daquela condição. Ao final desse período, Nabucodonosor reconheceu a soberania do Deus dos cativos de Judá.
A história revela o que ocorre com os que se exaltam e se tornam soberbos ante a majestade do Todo-Poderoso. A trajetória de Nabucodonosor demonstra a soberania divina sobre toda a criação, pois nenhuma criatura pode usurpar a glória de Deus. O episódio ilustra também que a misericórdia e a justiça divinas são capazes de salvar o homem arrependido.

I. A PROVA DA SOBERANIA DIVINA (Dn 4.1-3)

1. Nabucodonosor, chamado por Deus para um desígnio especial (Jr 25.9). Segundo a história, Nabucodonosor reinou na Babilônia no período de 605 a 562 a.C. Foi um rei que Deus, dominador de todas as nações do mundo, levantou para um desígnio especial, permitindo que o seu reino prosperasse e crescesse em extensão. O profeta Jeremias diz que Deus chamou a Nabucodonosor de “meu servo” (Jr 25.9). Na verdade, Nabucodonosor foi o instrumento divino de punição do povo de Deus. Israel foi castigado por ter abandonado o Senhor e tomado o caminho da idolatria e dos costumes pagãos.

2. A soberba de Nabucodonosor. Apesar de ser um “instrumento” usado pelo Senhor, segundo o pastor Matthew Henry, “Nabudonosor foi o rival mais ousado da soberania do Deus Supremo do que qualquer outro mortal jamais pudesse ter sido”. Traspassado pela presunção, Nabucodonosor ficou longos “sete tempos” numa situação irracional à semelhança dos animais do campo (Dn 4.28-33). Só assim o soberano caldeu viu que o Altíssimo está acima dele.

3. Nabucodonosor proclama a soberania de Deus (Dn 4.1-3). Depois de ter experimentado a punição de sua soberba, Nabucodonosor se arrependeu do seu pecado e foi restaurado de sua demência. Isso o levou a fazer uma proclamação acerca do eterno domínio de Deus (Dn 4.34-37). O rei babilônio aprendeu que o Senhor, em sua soberania, é aquele “que muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis” (Dn 2.21).


SINOPSE DO TÓPICO (I)

Nabucodonosor foi chamado por Deus para uma missão especial, todavia ele deixou que a soberba dominasse seu coração.


II. DEUS FALA NOVAMENTE A NABUCODONOSOR POR MEIO DE SONHOS (Dn 4.4-9)

1. Deus adverte Nabucodonosor através de um sonho. Tanto no Antigo como em o Novo Testamento os sonhos eram um dos canais de comunicação entre Deus e o homem. No caso do sonho que teve Nabucodonosor, seus sábios e adivinhos nada puderam revelar. O rei, então, se lembrou de Daniel, o único capaz de trazer a revelação do sonho que certa vez ele tivera (Dn 2.1-45; 4.8). Obviamente, não se tratava de um sonho comum, pois era uma revelação divina acerca do futuro de Nabucodonosor. Apesar da narrativa, é importante frisar que hoje temos a Palavra de Deus como o canal revelador da vontade de Deus aos homens.

2. Daniel é convocado (Dn 4.8). Interpretar sonhos era uma habilidade espiritual de Daniel reconhecida desde quando ele entrou na Babilônia (Dn 1.17). Por isso, Nabucodonosor contou-lhe o sonho que tivera e solicitou-lhe a interpretação. Daniel ouviu atentamente o relato do rei e pediu-lhe um tempo, pois estava atônito e sem coragem para revelar a verdade do sonho (Dn 4.19).

3. Daniel ouve o sonho e dá a sua interpretação (Dn 4.19-26). Dos versículos 9 a 18, Nabucodonosor conta a Daniel todo o seu sonho. O rei viu uma grande árvore de dimensões enormes que produzia belos frutos e que era visível em toda a terra. Os animais do campo se abrigavam debaixo dela e os pássaros faziam ninhos em seus ramos (vv.10-12). O monarca caldeu “viu” também descer do céu “um vigia, um santo” (v.13). Esse vigia clamava forte: “Derribai a árvore e cortai-lhe os ramos” (v.14).
a) Uma árvore majestosa (vv.11,12). A árvore indicava a formosura, a grandeza, o poder e a riqueza do reino de Nabucodonosor. Ninguém na terra havia alcançado todo esse poder antes dele. Daniel declarou que aquela árvore que seria cortada era o rei babilônio (Dn 4.22). Assim é a glória dos homens, como uma árvore que cresce e se torna frondosa e, de repente, é derribada. Da mesma forma, Deus destrói os soberbos.
b) Juízo e misericórdia são demonstrações da soberania divina. O texto do versículo 15 diz que a ordem divina era que “o tronco com suas raízes seriam deixadas na terra”, indicando que a intenção não era destruir a Nabucodonosor, e sim dar-lhe a oportunidade de se converter e reconhecer a glória de Deus. O rei foi tirado do meio dos homens e ficou completamente louco, indo conviver com os animais do campo por “sete tempos” (Dn 4.25). Depois, Nabucodonosor voltou ao normal, mas logo em seguida seu reino foi sucedido por Belsazar que, por profanar as coisas de Deus, perdeu o trono para Dario, o rei dos medos (Dn 5.1-31).
c) O papel dos anjos nos desígnios divinos. No sonho do rei, ele viu “um vigia” que descia do céu com a missão de proclamar os juízos de Deus (vv.14,15). No Antigo Testamento, os anjos tinham uma atividade mais presente na vida do povo de Deus. Em o Novo Testamento, eles continuaram suas atividades em obediência ao Criador, porém, para a orientação da igreja de Cristo, Deus concedeu o Espírito Santo que a assiste em tudo.


SINOPSE DO TÓPICO (II)

Deus, por intermédio de um sonho, falou com Nabucodonosor e o advertiu de sua soberba.


III. A PREGAÇÃO DE DANIEL

1. A pregação de Daniel. Apesar de inicialmente ter sentido certo temor após interpretar o sonho, Daniel deu um conselho a Nabucodonosor que lembra a mensagem neotestamentária de Cristo à Igreja de Éfeso (Dn 4.27 cf. Ap 2.5). Será que temos coragem de fazer o mesmo diante dos poderosos dessa terra?

2. O pecado de Nabucodonosor em relação aos pobres. Daniel diz ao rei que ele deveria desfazer os seus pecados praticando a justiça, “usando de misericórdia para com os pobres” (Dn 4.27). Em outras palavras, antes do pecado pessoal da soberba, o rei estava pecando social e estruturalmente em relação aos menos favorecidos do reino. A atualidade desse ponto é tão verdadeira que a mesma recomendação de cuidado aparece em o Novo Testamento, no contexto da igreja (Gl 2.10).


SINOPSE DO TÓPICO (III)

Deus usa seu servo Daniel para revelar o sonho de Nabucodonosor e aconselhá-lo a respeito do seu pecado.


CONCLUSÃO

Que Deus nos livre da soberba, pois ela é como uma doença contagiosa que se aloja no coração do homem e faz com que ele perca o senso de autocrítica, passando a agir irracionalmente (Sl 101.5; 2Cr 26.16). Estejamos atentos, pois a Palavra de Deus nos mostra que a soberba nos cega (1Tm 3.6; 6.4), nos afasta de Deus e traz ruína.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

ZUCK, Roy B. (Ed). Teologia do Antigo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2013.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I

Subsídio Bibliográfico

“Cumprimento e Destronização (4.28-33)
A falha de Nabucodonosor em prestar atenção e voltar-se para Deus por meio de um arrependimento genuíno é um reflexo ilustrativo da fraqueza e da perversidade humana. Doze meses se passaram e a visão apavorante desvaneceu-se. Talvez a visão não viesse a se tornar realidade. Certo dia, em um momento de glorificação própria, o rei começou a se exultar pelas suas grandes realizações. Enquanto caminhava pelo ‘terraço do palácio real’, debaixo dos seus pés estava o edifício mais esplêndido que a Babilônia já tinha visto, adornado em ouro com ladrilhos lustrosos de cores brilhantes. Próximo do palácio ficava a montanha artificial e os jardins suspensos construídos para a sua rainha das montanhas da Média. Esta era a grande Babilônia. De uma pequena cidade de um lado do rio Eufrates o rei havia dobrado sua área para os dois lados do rio. Ele havia enchido com novas construções e templos com uma arquitetura distinta. Ele a havia cercado com muros conhecidos pela altura e largura.
Com esse tipo de visão enchendo a mente, podemos imaginar a soberba do rei” (Comentário Bíblico Beacon. 1ª Edição. Volume 4. RJ: CPAD, 2006, p.514).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II

Subsídio Teológico

“A loucura e a restauração (4.33-37)
Demente, o rei nivela-se a um animal, e passa a viver ao desabrigo, em uma área onde a temperatura variava de 50 graus positivos no verão, a abaixo de zero, no inverno. Recuperado, o rei finalmente responde adequadamente ao Senhor. Nabucodonosor, então: 1) glorifica a Deus; 2) o honra como o Rei supremo do Universo; 3) expressa sua total dependência da vontade de Deus e, 4) reconhece que tudo o que ele faz é correto ‘e pode humilhar os que andam na soberba’” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.516).

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

Deus abomina a soberba

Imagine um rei que controla as vidas das pessoas e decide se elas vivem ou morrem, mas de repente, de uma hora para outra se tornar um louco, um lunático e um irracional? Este rei foi Nabucodonosor. O capítulo 4 de Daniel traz a imagem de uma árvore florescente representando a figura de Nabucodonosor, o imperador da Babilônia. Num belo dia o rei olhou para todas as criações do seu império e, consigo mesmo, viveu a síndrome de Narciso: pensou que era o responsável por todas as realizações do império babilônico. Na imagem apresentada a Nabucodonosor um homem anuncia que a árvore seria cortada e ficariam apenas as raízes. Esta árvore era o rei Nabucodonosor. Daniel foi corajoso em anunciar isso a ele!

O conceito de soberba
O relato do quarto capítulo de Daniel demonstra o sutil, mas desastroso, efeito da soberba. Um comportamento excessivamente orgulhoso, arrogante e presunçoso caracteriza o sentimento da soberba. A ideia de poder sobre os outros por si só é uma loucura. Segundo a psicóloga Rosemeire Zago, “a soberba leva o homem a desprezar os superiores e a desobedecer as leis. Ela nada mais é que o desejo distorcido de grandeza” e completa: “a pessoa que manifesta a soberba atribui apenas a si próprio os bens que possui. Tem ligação direta com a ambição desmedida, a vanglória, a hipocrisia, a ostentação, a presunção, a arrogância, a altivez, a vaidade, e o orgulho excessivo, com conceito elevado ou exagerado de si próprio”. Nabucodonosor concentrou todas estas características perdendo-se em si mesmo no mundo obscuro do orgulho.

Não percamos a lucidez
Quantas vezes sentimos a síndrome de narciso como a que se abateu sobre Nabucodonosor? Pretendemos usar o nosso raio de influência para fazer um pequeno império onde nós determinamos, impomos e mandamos sobre o “destino” das pessoas. Por isso que Tomás de Aquino atribuiu a soberba um pecado específico, embora, como bem retratou a psicóloga Rosemeire Zago, num artigo publicado no UOL, a soberba apareça em outros pecados. A soberba adoece a alma. Não fomos chamados para ser irracionais ou lunáticos no exercício das nossas funções humanas. Por isso, o verdadeiro antídoto contra as ambições das nossas almas é Jesus de Nazaré, o homem “manso e humilde de coração”.


SUBSIDIOS


I - INTRODUÇÃO:
Diz a Bíblia: "Caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós porque pecamos" (Lm 5.16). Veremos nesta lição alguns exemplos de pessoas, mencionadas nas Escrituras, que perderam a sua coroa. Começamos pelo caso do rei Nabucodonosor.

II - O EXEMPLO DO REI NABUCODONOSOR:
Dn 4 - O rei Nabucodonosor teve um sonho que muito o perturbou (v.5). Fez chegar a sua presença os magos, astrólogos, caldeus e adivinhadores, mas ninguém conseguiu interpretar a revelação (v.7). Finalmente, foi convocado Daniel, e este, ao ouvir do rei o relato, ficou perturbado, e disse: "O sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação para os teus inimigos" (v. 19).

(1) - A interpretação de Daniel:
(a) - No sonho, o rei viu uma grande árvore cuja altura chegava até o céu, observada por todos os povos, cujas folhas eram formosas, e cujo fruto abundante. Ela representava o rei Nabucodonosor, que cresceu e se fez forte, e estendeu o seu domínio até as extremidades da Terra.
(b) - No sonho, foi visto um vigia, um santo, que descia do Céu, e dizia: "Cortai a árvore, e destruí-a, mas o tronco com as suas raízes deixai na terra, e com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu,e a sua porção seja com os animais do campo, até que passem sobre ele sete tempos" (v.23).
(c) - Daniel aproveitou a oportunidade, para, amorosamente, aconselhar o rei a levar a sério o aviso de Deus, através do sonho. Livrasse-se também dos seus pecados, e usasse de misericórdia para com os pobres (v.27).

(2) - O cumprimento do sonho do rei - Ao fim de doze meses, no dia em que o rei passeava em seu palácio, ele disse: "Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência? (vv.29,30).
No mesmo momento, ouviu-se uma voz do céu: "A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: passou de ti o reino. Serás tirado de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens, e os dá a quem quer" (w.31,32).
A palavra teve cumprimento imediato. Nabucodonosor morou com os animais, comeu erva como boi, e seu corpo foi molhado pelo orvalho.

(3) - O rei entendeu que tudo aconteceu, por causa de seu orgulho - Depois de restabelecido, Nabucodonosor declarou: "Agora eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço o Altíssimo, ao rei do céu; porque todas as suas obras são verdade,e os seus caminhos juízo, e pode humilhar os que andam na soberba" (v.37).
Ele aprendeu que Deus não aceita o orgulho, uma forma de insubordinação contra o Senhor. Também é uma manifestação da natureza caída do homem. A Bíblia expressa isto em Romanos 8.7: "A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, e nem em verdade o pode ser".

(4) - A Bíblia dá exemplo de outros reis que caíram nesta fraqueza:
(a) - O rei Herodes discursou, assentado no tribunal, e o povo, que o ouvia, exclamou: "Voz de Deus, e não de homem" (At 12.21,22). Na mesma hora, um anjo o feriu, porque não deu glória a Deus, e comido de bichos expirou (At 12.23).
(b) - O rei Uzias, soberano de Judá nos anos 757 a 697 a.C., era temente a Deus, e a bênção do Senhor fê-lo prosperar grandemente. Mas, após fortificar-se, exaltou-se o seu coração, e transgrediu contra o Todo-Poderoso. Entrou no Templo, para queimar o incenso. Foi repreendido pelo sacerdote Azarias, porque não lhe competia aquele ofício, uma vez que era atribuição exclusiva dos levitas. O monarca não aceitou a repreensão, e indignou-se contra o oficiante. Na mesma hora, a lepra lhe saiu à testa e, apressadamente, saiu do recinto sagrado. Ficou leproso até o dia da sua morte, e morou em casa separada (2 Cr 26.3-21).

(5) - Todos devemos ter cuidado, para que o orgulho não nos domine - A Bíblia relata a queda de Lúcifer, o querubim ungido (Ez 28.14), que se tornou o Diabo. Ele disse em seu coração: "Subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo" (Is 14.14). E, com esta mesma arrogância, conseguiu derrubar Eva, no jardim do Éden. Satanás lhe disse: "...sereis como Deus" (Gn 3.5). O conselho da Bíblia é válido para todos os tempos: "Andes humildemente com teu Deus" (Mq 6.8).

III - O EXEMPLO DO REI SAUL:
Saul, benjamita de família respeitada, teve um bom início. O profeta Samuel transmitiu-lhe a chamada de Deus para o cargo de rei, e ungiu-o para esta função. Foi bem recebido pelo povo (l Sm 9.26; 10.1).
Logo no início de seu governo, Deus lhe ordenou que executasse o castigo divino sobre Amaleque (l Sm 15.2,3). A ordem era destruir tudo, mas ele poupou o melhor das ovelhas e das vacas (l Sm 15.9). O Senhor considerou a desobediência de Saul como rebelião (l Sm 15.23). Ele foi repreendido pelo profeta Samuel: "Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti para que não sejas rei" (l Sm 15.23).
Logo depois, o profeta recebeu de Jeová a incumbência de ungir Davi rei sobre Israel (l Sm 16.1).
Todos corremos o risco de tomar algo que Deus condenou ou rejeitou. A palavra divina diz: "Saí do meio deles, e apartai-vos diz o Senhor, e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei" (2 Co 6.17).
Recebemos, pela salvação, uma nova natureza (2 Pe 1.4), que só deseja aquilo aprovado por Deus. A Bíblia diz: "Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos" (Hb 10.16).
O crente vitorioso é aquele que admite em sua vida o que é aceito por Deus. E quando, por algum descuido, algo errado acontece, imediatamente sua consciência acusa a falta cometida. Ele, então pede perdão, e afasta-se do mal. Deste modo, a paz e a comunhão com Deus continuam inalteradas.
Se, porém, este pronto rompimento com o erro não ocorrer, a comunhão com o Senhor fica impedida, e a coroa corre perigo de ser perdida.

IV - O EXEMPLO DA RAINHA VASTI:
Assuero, rei persa sobre 127 províncias, convocou todos os príncipes e os maiorais do seu reino, para, por um período de cento e oitenta dias, exibir as riquezas de sua glória (Et l.3,4).
No final daquele período, deu um banquete com uma semana de duração e, no último dia, ordenou que a rainha Vasti viesse a sua na presença, para mostrar a todos a sua formosura (Et 1.10,11).
Ela, porém, recusou-se a comparecer. O motivo da rejeição não está na Bíblia.
O soberano sentiu-se muito humilhado perante seus súditos. Receoso de que o exemplo de Vasti fosse seguido em todo o vasto império, o rei, após ouvir seus conselheiros, decretou que ela não mais fosse rainha, e que, para seu lugar, fosse escolhida uma outra jovem (Et 1.13-19).
A rainha perdeu sua coroa, por ter desobedecido ao seu esposo. Se a desobediência a um rei terrestre trouxe tão sérias consequências, quanto mais, se não atendermos ao Rei dos reis e Senhor dos senhores! "É melhor obedecer do que sacrificar" (l Sm l5.22).
Aqueles que foram resgatados pelo sangue de Cristo, purificam as suas almas na submissão à
verdade. A operação do Espírito nas nossas vidas está vinculada à obediência (At 5.32).Ajude-nos o Senhor a sempre vivermos cm sujeição a Cristo (2 Co 10.5), para garantimos assim a nossa coroa.

V - "GUARDA O QUE TENS, PARA QUE NINGUÉM TOME A TUA COROA":
O mais precioso que o crente tem para guardar é a salvação. É Jesus em nós: "Cristo vive em mim" (Gl 2.20); "Cristo em nós, esperança da glória" (Cl 1.27). E, para esta comunhão com o Filho, somos chamados por Deus, que é fiel (l Co 1.9).
Quatro forças querem nos derrubar, mas podemos vencê-las por Jesus Cristo:
(a) - O pecado - "O pecado jaz à porta, para ti é o seu desejo, e tu sobre ele dominarás" (Gn 4.7). Somos participantes da vitória de Jesus sobre o pecado (Rm 6.3-5). Por isso, "não reine o pecado em vosso corpo
mortal" (Rm 6.12). Ele não terá domínio sobre nós, pois que estamos debaixo da graça (Rm 6.14).
(b) - A carne - É a nossa velha natureza da qual nos despimos no ato da nossa conversão (Ef 4.22). Pela salvação, o Espírito passa a habitar em nós (l Co 6.19). Se andarmos em Espírito, não cumpriremos as concupiscências da carne (Gl 5.16).
(c) - O mundo - Precisa ser dominado em nós (l Jo 2.15-17). Pela salvação, o mundo fica crucificado para nós, e todos para ele (Gl 6.14). Quando o vencemos, acontece o que diz a Bíblia: "Tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles" (Jr 15.19).
(d) - O Diabo - Precisa ser dominado pelo crente. Jesus já venceu o Diabo (Cl 2.15). Cristo nos dá a sua vitória (l Co 15.57). Pela fé em Jesus, lhe resistimos e ele foge de nós (l Pe 5.9; Tg 4.7). O nome de Jesus faz com que os demônios se nos sujeitem (Lc 10.17).

A vitória sobre estes quatro inimigos não é mérito nosso. Somos fracos, mas em Cristo somos mais do que vencedores (Rm 8.37).

VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Jamais esqueçamos que a humildade é uma virtude imprescindível na vida do cristão. Se desejamos viver vitoriosamente, tenhamos muito cuidado, para não sermos contagiados pelo orgulho, que tem levado muitos à queda, pois Deus abate os soberbos e eleva os humildes.

FONTE DE PESQUISA E CONSULTA:

Lições Bíblicas CPAD - 3º TRIMESTRE DE 1995 - Comentarista: Eurico Bergsten


COMPLEMENTO 
Deus Abomina a Soberba

A soberba é um dos pecados do espirito humano que afeta diretamente a soberania de Deus. Dn 4.1-37.
Aproximadamente 25 anos depois da sua ascensão e volta ao trono da Babilônia, Nabucodonosor teve mais um sonho perturbador que requereu a presença dos sábios do Palácio para o interpretarem. Sete anos se passaram desde o stado de loucura do rei, quando Deus o restaurou ao trono da Babilônia. Na sua volta ao Trono, ele dá um testemunho pessoal da experiência com o Deus de Daniel e reconhece a soberania desse Deus dos exilados e cativos de judá. Ele reconhece que sua loucura era resultante de sua soberba, que o levou a viver como um animal do campo por sete anos, até que Deus o tirou daquela condição. E a história que mostra o que acontece com os que se exaltam e se tornam soberbos ante a majestade do Todo-Poderoso Deus de Israel. E uma história que revela a soberania de Deus sobre toda a criação e que nenhuma criatura sua usurpa a glória que lhe pertence. Ao mesmo tempo, Deus revela sua misericórdia e justiça capazes de salvar um homem arrependido. Nos desígnios divinos, Nabucodonosor preenchia o propósito de Deus para o mundo de então. Não há nada que diga que esse rei tenha se convertido. Entretanto, seu testemunho pessoal acerca do Deus de Israel, depois de toda a humilhação que passou, o levou a reconhecer e proclamar a todo o mundo que o senhorio dos reinos do mundo não era dele, mas pertencia ao Deus Altíssimo.

I - O TESTEMUNHO DA SOBERANIA DE DEUS (Dn 4.1-3)
Nabucodonosor não foi obrigado a servir ao Deus de Israel, mas não pode fugir a humilhação a que foi submetido por querer usurpar a glória que só pertence ao Deus Altíssimo e a nenhum outro deus. Não há dúvida que ele foi submetido a um desígnio especial do Deus do Céu, o Deus de Daniel, Ananias, Misael e Azarias. Segundo a história, Nabucodonosor foi rei da Babilônia no período de 605 a 462 a.C. Mesmo sendo um rei pagão cumpria um desígnio especial de correção divina aos reis de Israel e de Judá, por terem se corrompido com o sistema mundano que havia entrado em Israel. Ora, Deus tem o cetro do domínio de todos os reinos do mundo, e tinha poder para fazer com que aquele homem pagão, por um desígnio especial, se tornasse próspero em seu reino e crescesse em extensão, a ponto de se autodenominar “rei de reis”. O profeta Jeremias, contemporâneo do período do exílio de Israel e Judá na Babilônia, diz que Deus chamou a Nabucodonosor de “meu servo”( Jr 25.9). Na verdade, Nabucodonosor foi a vara de Deus de punição ao seu povo por ter abandonado o Senhor e tomado o caminho da idolatria e dos costumes pagãos. Aprendemos que Deus, em sua soberania é Aquele “que muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis” (Dn 2.21).
Nabucodonosor proclama a Soberania de Deus (Dn 4.1 -3)

Antes de contar o seu segundo sonho, Nabucodonosor em seu discurso fez uma proclamação na forma de um edito real que reconhecia os sinais e milagres que o Deus Altíssimo havia realizado, especialmente, na vida do rei. Ele diz no versículo 2: “pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo”. Nesta proclamação Nabucodonosor deseja fazer pública a experiência que teve com o Deus dos judeus.

“Quão grandes são os seus sinais” (4.3). A ideia teológica de um “sinal ou sinais” pode significar um dos meios pelos quais Deus  comunica seu pensamento aos homens e indica a sua vontade. “Sinais” podem significar demonstrações espirituais que não podem ser produzidas pelo homem. Na língua hebraica “sinal” é môpheth no sentido de algo que dá notabilidade. Podia significar ou indicar “um milagre” que se distinga. Os sinais de Deus são, acima de tudo, sobrenaturais, porque Deus é o Criador e Senhor dos céus e da terra. O rei Nabucodonosor podia lembrar o livramento dos jovens hebreus na fornalha ardente sem se queimarem. Ele entendeu, também, que o Deus dos judeus tinha um modo especial de revelar coisas futuras através de sonhos que os homens comuns não podem interpretá-los. Ele quis que fosse comunicado a todos os povos sob sua liderança que o Deus dos judeus não se assemelhava a nenhum deus dos súditos do seu império. Ele era quem tinha o Domínio e o cetro de governo sobre toda a terra. Nabucodonosor, depois de ter experimentado a punição pela sua soberba e ter-se arrependido da mesma, foi restaurado de sua demência, sob a qual ficou longos sete anos num nível irracional como os animais do campo. Matthew Henry disse em seu comentário que “Nabucodonosor foi o rival mais ousado da soberania do Deus Supremo do que qualquer outro mortal jamais pudesse ter sido”. Porém, foi vencido por essa presunção e teve que reconhecer que o Deus Altíssimo estava acima dele.

II - SONHOS - UMA VIA DAS REVELAÇÕES DE DEUS (Dn 4.4-9)
Deus fala por meio de sonhos e visões.

Sonhos e visões são vias pelas quais Deus se comunica com o homem. No campo das manifestações espirituais, os sonhos e visões são um modo de comunicação, não uma regra espiritual.
Os sonhos, segundo a Enciclopédia Bíblica de Merrill C. Tenney, “um sonho é uma série de pensamentos, imagens, ou emoções que ocorrem durante o sono; qualquer semelhança com a realidade que ocorre durante o sono; uma sequência de imagens, mais ou menos coerente que ocorre durante o sono”. No campo da psicologia, entende-se que os sonhos são impressões reavivadas e  ajuntadas ao acaso no subconsciente e que se manifestam em imagens durante o sono. As vezes, ideias, imagens e eventos presentes no sonho podem ser interpretados como símbolos de ansiedades reprimidas, medos ou desejos. No campo espiritual e na experiência de homens e mulheres bíblicos, os sonhos podem ser naturais (Ec 5.3), mas também, podem ter origem divina (Gn 28.12), através dos quais Deus revela acerca de eventos futuros e presentes. Os sonhos podem, também, ter origem maligna (Dt 13.1,2;Jr 23.32). Podemos entender, portanto, que da parte de Deus, os sonhos são um modo de Deus falar profeticamente aos seus servos. Por exemplo: os sonhos de José (Gn 37.5-11; 40.5-22; 41.1-32).

As visões fazem parte dos meios que Deus se utiliza para comunicar a sua palavra aos homens. Na Bíblia, essas manifestações divinas acontecem através de sonhos, revelações, oráculos e visões. Ora, uma visão pode ser uma revelação especial e sobrenatural que Deus utiliza para se comunicar com as pessoas, independente de ser um sonho. Por exemplo homens como Abraão (Gn 15.1); Isaías (Is
6.1-8); Ezequiel (Ez 1.1); Daniel (Dn 1.17). No Novo Testamento, temos Mt 17.9;At 9.10,12; 10.3,17,19; 11.5; 12.9; 16,9,10. Daniel era agraciado por Deus com a revelação divina através de visões. Não há dúvida, que ainda hoje, Deus fala por meio de visões, mas Ele não revelará nada além do que já está revelado na sua Palavra.

“Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa eflorescente no meu palácio” (4.4). As grandes conquistas militares haviam sido feitas em tempos anteriores. Aquele era, naquele momento, quando “ele estava sossegado” em sua casa, um tempo de inatividade militar e sem maiores preocupações. Seus projetos arquitetônicos eram os mais extraordinários pois havia progresso e o acúmulo de riquezas era uma realidade. Ele estava satisfeito e sentia-se senhor de tudo a ponto de, mais uma vez, se permitir dominar por uma arrogância inconcebível.

“tive um sonho” (4.5). À semelhança do capítulo dois quando teve o sonho da grande estátua representando seu reino e os reinos que o sucederiam, no capítulo quatro, mais uma vez Deus fala com Nabucodonosor. Mais uma vez ele ficou aflito por não entender o seu significado. E interessante perceber que o modo como Deus  falava com os homens nos antigos tempos era diverso. Ele utilizava de canais possíveis para se fazer inteligível aos seus servos. Pelo fato dos antigos, especialmente, os caldeus darem muita importância aos sonhos e a sua interpretação, Deus usou esse canal de comunicação para revelar o significado das imagens do sonho na cabeça do rei. É claro que esse modo de falar e revelar a sua vontade não seja o único modo da comunicação divina. Portanto, essa via de comunicação não era e não é uma regra que obrigue Deus ter que falar somente por meio de sonhos. Mas Ele o fez, porque os antigos acreditavam piamente que os sonhos tinham um sentido divino. Hoje, temos a Palavra de Deus como o canal revelador da fala de Deus aos homens. E bom que se diga que não existe dom de sonhar como afirmam alguns cristãos. Mas é certo que Deus pode usar esse meio e outros mais para revelar a sua vontade soberana aos seus servos. E interessante notar o contraste entre o sonho do capítulo 2 e o sonho do capítulo 4. O primeiro sonho foi esquecido pelo rei, mas o segundo sonho ele não o esqueceu (2.1,6 e 4.10-17).

Como da vez passada (capítulo 2), todos os sábios da Babilônia, com seus magos, astrólogos, caldeus e os adivinhadores foram convocados à presença do Rei para darem a interpretação do sonho e, mais uma vez, falharam (4.6,7).

III - DANIEL VOLTA AO CENÁRIO PROFÉTICO
O detalhe desse capítulo é que o próprio rei está contando o sonho. Os seus sábios, astrólogos e caldeus o decepcionaram, e ele lembrou-se de que havia apenas um homem no palácio em que a ciência de Deus era demonstrada e o único que podia revelar os mistérios do sonho que tanto o perturbaram. O próprio rei reconhecia que o Deus de Daniel era superior a todos os deuses da Babilônia. Ele mesmo reconhece que havia sido arrogante e Deus o adverte e revela seu futuro num sonho que ele não conseguia entender. Não se tratava de um sonho comum, mas uma revelação divina acerca do futuro de Nabucodonosor.

Daniel é convocado a entrar na presença do Rei (4.8). Nabucodonosor contou-lhe o sonho e queria que Daniel lhe desse a interpretação. Daniel ouviu atentamente o sonho do rei e pediu-lhe tempo porque, por quase uma hora, Daniel esteve atônito e sem coragem para revelar a verdade do sonho. Interpretar sonhos era uma habilidade espiritual de Daniel reconhecido desde quando entrou no palácio da Babilônia conforme está escrito: "Ora, a esses quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda visão e sonhos”(Dn 1.17).

“Beltessazar,príncipe dos magos” (4.9). Como aceitar esse aspecto na vida de Daniel? E bom que se diga, que o nome Beltessazar era um nome dado a Daniel e que ele não podia evitar, porque vinha da parte do rei. Entretanto, o seu papel de liderança e de chefia sobre os “sábios e magos do palácio” implicava em que Daniel cumpria sua função oficial sem se envolver com a magia daqueles homens que ele não podia mudar. Ele continua a ser Daniel, fiel e temente a Deus.
Daniel ouve o sonho e dá a sua interpretação (Dn 4.10-18).

O Rei conta a Daniel todo o seu sonho. O rei viu uma grande árvore de dimensões enormes que produzia belos frutos e que era visível em toda a terra. Os animais do campo se abrigavam debaixo dela e os pássaros faziam seus ninhos nos seus ramos (Dn 4.10-12). O rei viu descer do céu “um vigia, um santo” (v. 13) e esse vigia clamava forte: “Derribai a árvore e cortai-lhe os ramos” (v. 14).
A árvore majestosa (w. 11,12). O texto diz que era “uma árvore no meio da terra” (4.10). Isto é, a árvore chamava a atenção porque tinha uma posição central, para simbolizar o Império Babilónico naqueles dias. A Babilônia destacava-se por concentrar todo o poder conquistado por Nabucodonosor na capital, uma figura simbólica da Babilônia escatológica que aparece em Apocalipse nos capítulos 17 e 18. A “árvore” do sonho de Nabucodonosor era formosa e bela. A visão esplêndida dessa árvore indicava a formosura, a grandeza, o poder e a riqueza que representavam a glória de Nabucodonosor. Ninguém na terra havia alcançado todo esse poder antes dele. Daniel declarou ao rei que aquela árvore que seria cortada era o próprio rei e disse: “Es Tu, ó Rei” (Dn 4.22).

Imaginemos a tristeza de Nabucodonosor ao ouvir esta declaração. Como resignar-se serenamente ante um fato inevitável revelado pelo Deus de Daniel. Assim é a glória dos homens, como uma árvore que cresce e se torna frondosa e, de repente, é derribada. Assim Deus destrói os soberbos.
“um vigia, um santo, descia do céu” (4.13). A linguagem figurada para falar do papel dos anjos designados por Deus para executarem a sua vontade é o termo “vigia” ou “um santo” vindo do céu. Não há dúvida de que os anjos de Deus trabalham com missão delegada para proteger e para cumprir as ordens de Deus. Na visão do rei, ele viu “um vigia” que descia do céu com a missão de proclamar os juízos de Deus (Dn 4.14,15). No Antigo Testamento, os anjos tinham uma atividade mais presente na vida do povo de Deus. No Novo Testamento, eles continuam suas atividades em obediência a Deus, mas hoje a igreja de Cristo tem o Espírito Santo que vive na igreja e a orienta em tudo. Alguns teólogos creem numa teofania, referindo-se ao próprio Deus como “o vigia, o santo”. Alguns estudiosos interpretam como sendo o Senhor Jesus Cristo, uma vez que Ele se apresenta em outros eventos bíblicos numa teofania especial. Entretanto, ainda que mereça apreciação esta ideia é discutível na sua interpretação. Preferimos a ideia de que se trata de um anjo da parte de Deus com poder delegado para fazer juízo contra esta árvore.

Juízo e misericórdia são demonstrações da Soberania de Deus (4.14,15). No versículo 14 a ordem delegada de Deus ao seu anjo de juízo era o de derribar a árvore, seus ramos e suas folhas. O texto do versículo 15 deixa claro que Deus não queria destruir tudo daquela árvore, mas ele deu ordem ao seu anjo para que “o tronco com suas raízes” fossem deixadas na terra. A intenção divina não era destruir Nabucodonosor sem dar-lhe a oportunidade de se converter e reconhecer a glória de Deus. Mas o próprio rei testemunhou que foi inevitável a consequência de sua arrogância. Ele foi tirado do meio dos homens e ficou completamente louco, indo conviver com os animais do campo por sete anos (Dn 4.25). Depois de sete anos, Nabucodonosor voltou ao normal, mas o seu reino logo depois foi sucedido por Belsazar que fez cair o reino nas mãos de Dario, o persa.
Daniel dá a interpretação do sonho (4.19-26).

“Então Daniel,... esteve atônito quase uma hora” (4.19). Mais uma vez, o servo de Deus tinha uma missão difícil e ficou perplexo porque a revelação era forte e havia dificuldade para entender o sonho. O tempo que levou para interpretar significava que ele ficou amedrontado em contar ao rei a verdade da revelação. De certo modo, Daniel gozava da confiança do rei como conselheiro e preferia, como homem, que as revelações do sonho não atingissem a pessoa do rei. Mas Daniel não pôde evitar, porque o próprio rei, percebendo a perplexidade de Daniel, o instou a que não tivesse medo e contasse exatamente o que o seu Deus havia revelado.

“Respondeu Beltessazar e disse: Senhor meu, o sonho seja contra o que te tem ódio, e a sua interpretação para os teus inimigos” (4.19). Daniel reconhecia que o rei havia sido bondoso e complacente com ele e seus amigos e, por isso, preferia que o juízo fosse contra os inimigos do rei. Daniel sabia que havia dentro do palácio complôs contra o rei e, por isso, ele preferia que o juízo fosse para punir os inimigos do monarca. Mas Daniel não pôde evitar falar a verdade.
“Es tu, ó rei” (v. 22). Daniel foi incisivo e objetivo em informar ao rei que ele mesmo era, simbolicamente, a árvore frondosa do sonho, mas não evitaria a tragédia moral e espiritual do seu reino. Ele perderia a grandeza que tinha durante os “sete tempos” (sete anos). No versículo 26, a revelação assegurava ao rei a sua restauração, mas para que isso acontecesse, ele deveria dar sinais de arrependimento e provar a si mesmo e ao seu império a mudança interior na sua vida.
Daniel aconselha ao rei que reconheça os seus pecados e mude de atitude para que a misericórdia divina o alcance (4.27-38). Passaram-se um ano (doze meses) e houve, até certo ponto, um prolongamento da tranquilidade de Nabucodonosor. Mas ele não se humilhou e não mudou de atitude. Pelo contrário, se empolgou com a beleza de suas construções e seus jardins suspensos para agradar a sua esposa, segundo escreveu o historiador Josefo. Nos versículos 34 a 37, depois dos sete anos de insanidade, ele recuperou seu entendimento e acordou para a realidade quando louvou a Deus. Aprendemos com esta história que o orgulho é sempre insano e inaceitável diante de Deus e que a mais sóbria atitude é reconhecer a soberania de Deus e louvá-lo.

III - A LIÇÃO QUE A HISTÓRIA NOS DEIXA
Exemplos negativos de pessoas que se tornaram soberbas.
A Bíblia não conta apenas as vitórias e conquistas dos homens, mas revela suas fraquezas e derrotas para que se aprenda lições que envolvem nossas relações com Deus e com as pessoas.
Nabucodonosor é o grande exemplo do perigo da arrogância. Por esta causa ele perdeu seu trono e seu reino. A soberba é um dos pecados do espírito humano que afeta diretamente a soberania de Deus. Por causa da sua arrogância contra o Cetro do Deus Altíssimo, Nabucodonosor, assim como a árvore do sonho, foi cortado até a raiz (v. 18). A profecia cumpriu-se integralmente na vida de Nabucodonosor, e ele, depois de humilhado, perdeu a capacidade moral de pensar e decidir porque seu coração foi mudado, de “coração de homem”(v. 16) para “um coração de animal”. A punição levaria “sete tempos” (v. 16). Na linguagem bíblica, sete tempos equivalem a sete anos em que o monarca da Babilônia estaria agindo como um animal do campo em total demência racional. A estupidez da experiência amarga de Nabucodonosor foi demonstrada por uma licantropia, ou seja, ele foi dominado por uma insanidade sem precedente. Passou a agir como um animal do campo, tendo o seu corpo molhado pelo orvalho do céu e com um comportamento irracional, comendo a erva do campo (Dn 4.25). Esse estado de decadência do rei foi resultado de sua soberba que o levou a perder o reino e o trono e a Babilônia esteve em decadência política.

O Rei Hewdes é outro personagem que se destaca na Bíblia por sua soberba. Ele era neto de Herodes, o Grande, e seu nome era Agripa I que governou a Palestina nos anos 37-44 d.C., mas foi o imperador de Roma que lhe deu o título de rei sobre Israel. Ele não gozava de aprovação entre os judeus, porque era um homem altivo, presunçoso e teve um fim triste para a sua história. Em Atos dos Apóstolos está registrado que ele mandou  matar Tiago, irmão de João, um dos apóstolos de Jesus Cristo para ganhar o coração de judeus inimigos dos cristãos naqueles primeiros dias da Igreja (At 12.1,2). Depois, percebendo que isto agradaria os judeus que não o recebiam bem, mandou prender outros cristãos e, principalmente Pedro, mandando-o para a prisão (At 12.3-11) quando foi libertado pelo anjo do Senhor de modo excepcional. Herodes não conseguiu matar Pedro. Mais tarde, a soberba de Herodes lhe rendeu desprezo do próprio povo (At 12.21,22). Para que todos entendessem que Deus não aceita que se zombe da sua soberania e justiça, enviou o seu anjo que “feriu-o..., porque não deu glória a Deus e, comido de bichos, expirou” (At 12.23). Ninguém usurpa a glória que só pertence a Deus, a glória de sua soberania.

O Rei Saul é outro exemplo negativo do significado da soberba. Foi o primeiro rei de Israel. Saul começou bem o seu reinado, até que se deixou dominar por inveja, ciúmes e, então, começou a agir irracionalmente. A presunção de se achar superior a tudo, o levou a agir com atitudes arbitrárias dentro do Palácio e nos assuntos do reino. Foram atitudes que feriam princípios morais, políticos e espirituais de Israel. Sua arrogância o fez praticar ações que não competiam à sua alçada e, por isso, foi lhe tirado a graça de Deus na sua vida. Então passou a agir irrefletidamente dominado pela soberba que fez Deus rejeitá-lo, porque sua desobediência era fruto da soberba (1 Sm 9.26; 10.1; 15.2,3,9; 15.23).

A soberba é como vírus contagiante.
A soberba é o orgulho excessivo que uma pessoa demonstra e não tem nenhum senso de autocrítica. A soberba é como uma doença contagiosa que se aloja no coração do homem e ele perde a capacidade de admitir que para viver no mundo dos homens ele precisa lembrar que o outro existe. A falta do senso de autocrítica
o faz agir irracionalmente (SI 101.5; 2 Cr 26.16). A soberba é contagiosa porque contamina todo o homem (Mc 7.21-23). A Bíblia nos mostra que a soberba torna os olhos altivos (Pv 21.4) e cega a vista (1 Tm 3.6; 6.4).

A soberba foi o pecado de Lúcifer.
A história de Lúcifer infere-se em dois textos proféticos de Isaías e Ezequiel nos quais, encontramos em linguagem metafórica, a história literal da queda de Lúcifer, perdendo sua posição na presença de Deus. Ele é identificado na Bíblia como Diabo, Satanás (Is 14.13-16; Ez 28.14,16). Essas duas escrituras revelam que Lúcifer perdeu seu status celestial na presença de Deus por causa da sua soberba. Por isso, a soberba é um pecado do espírito humano, que afeta diretamente as relações verticais do homem com Deus.

CONCLUSÃO
Que Deus nos livre da soberba!




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