4º Trimestre de 2014
Título: Integridade
Moral e Espiritual — O legado do livro de Daniel para a Igreja de hoje
Comentarista: Elienai
Cabral
Lição 5: Deus abomina
a soberba
Data: 2 de
Novembro de 2014
TEXTO ÁUREO
“Agora, pois, eu, Nabucodonosor,
louvo, e exalço, e glorifico ao Rei dos céus; porque todas as suas obras são
verdades; e os seus caminhos, juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba” (Dn
4.37).
VERDADE PRÁTICA
A soberba é o pecado que mais afronta
a soberania divina.
HINOS SUGERIDOS
46, 244, 306.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Pv 8.13 Deus aborrece a soberba
Terça - Pv 11.2 A soberba é afronta
Quarta - Mc 7.20-22 A soberba é o pecado do coração
Quinta - 1Jo 2.16 A soberba da vida não é de Deus
Sexta - Gn 17.1; Jó 11.7 Nenhuma soberba resiste a Deus
Sábado - 2Cr 26.3-21 O rei Uzias e a soberba
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE
Daniel 4.10-18.
10 - Eram
assim as visões da minha cabeça, na minha cama: eu estava olhando e vi uma
árvore no meio da terra, cuja altura era grande;
11 - crescia
essa árvore e se fazia forte, de maneira que a sua altura chegava até ao céu; e
foi vista até aos confins da terra.
12 - A
sua folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e havia nela sustento para
todos; debaixo dela, os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu
faziam morada nos seus ramos, e toda carne se mantinha dela.
13 - Estava
vendo isso nas visões da minha cabeça, na minha cama; e eis que um vigia, um santo,
descia do céu,
14 - clamando
fortemente e dizendo assim: Derribai a árvore, e cortai-lhe os ramos, e sacudi
as suas folhas, e espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela
e as aves dos seus ramos.
15 - Mas
o tronco, com as suas raízes, deixai na terra e, com cadeias de ferro e de
bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja
com os animais na grama da terra.
16 - Seja
mudado o seu coração, para que não seja mais coração de homem, e seja-lhe dado
coração de animal; e passem sobre ele sete tempos.
17 - Esta
sentença é por decreto dos vigiadores, e esta ordem, por mandado dos santos; a
fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos
homens; e os dá a quem quer e até ao mais baixo dos homens constitui sobre
eles.
18 - Isso
em sonho eu, rei Nabucodonosor, vi; tu, pois, Beltessazar, dize a
interpretação; todos os sábios do meu reino não puderam fazer-me saber a
interpretação, mas tu podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos.
INTERAÇÃO
Deus abomina a soberba. Este
sentimento pernicioso é um prenúncio da queda (Pv 16.18). As conquistas de
muitos impérios e o enriquecimento contribuíram para que Nabucodonosor se
tornasse soberbo e altivo. Então Deus decidiu lhe ensinar uma importante lição,
assim como havia ensinado ao seu povo. O rei perdeu sua consciência e ficou
durante um período de tempo se comportando como um animal. Depois deste período
tão difícil, Nabucodonosor aprendeu que o Altíssimo está acima de todo reino e
poder humano. O Senhor é soberano, Ele remove os reis e os estabelece.
Que a soberba não encontre guarida em
nossos corações, nos fazendo agir como tolos. Que sejamos humildes, honrando a
Deus em toda a nossa maneira de viver.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar
apto a:
· Analisar a
soberania divina na vida de Nabucodonosor.
· Saber que
Deus falou com Nabucodonosor por intermédio dos sonhos.
· Compreender a
fidelidade da pregação de Daniel para o rei.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Professor, para introduzir a lição
reproduza o quadro abaixo para seus alunos. Utilizando o quadro, enfatize os
pontos fortes de Nabucodonosor e as suas fraquezas. Explique que este rei foi
chamado, segundo o profeta Jeremias, de “servo do Senhor” (Jr 25.9). Deus usou
Nabucodonosor para punir seu povo. O Senhor é soberano, Ele exalta e também
abate. Porém, o coração do rei se tornou soberbo e ele então experimentou o
juízo de Deus. Leia Provérbios 16.18 e conclua enfatizando os perigos da
soberba.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Soberba: Comportamento
excessivamente orgulhoso; arrogância, presunção.
Na aula de hoje estudaremos o
capítulo quatro de Daniel, cujo conteúdo consiste de um testemunho pessoal do
rei Nabucodonosor. Ele foi submetido a um estado de loucura, resultante de sua
soberba, que o levou a viver como um animal do campo por “sete tempos”, até que
Deus o tirou daquela condição. Ao final desse período, Nabucodonosor reconheceu
a soberania do Deus dos cativos de Judá.
A história revela o que ocorre com os
que se exaltam e se tornam soberbos ante a majestade do Todo-Poderoso. A
trajetória de Nabucodonosor demonstra a soberania divina sobre toda a criação,
pois nenhuma criatura pode usurpar a glória de Deus. O episódio ilustra também
que a misericórdia e a justiça divinas são capazes de salvar o homem
arrependido.
I. A PROVA DA SOBERANIA DIVINA (Dn 4.1-3)
1. Nabucodonosor, chamado por Deus
para um desígnio especial (Jr 25.9). Segundo
a história, Nabucodonosor reinou na Babilônia no período de 605 a 562 a.C. Foi
um rei que Deus, dominador de todas as nações do mundo, levantou para um
desígnio especial, permitindo que o seu reino prosperasse e crescesse em
extensão. O profeta Jeremias diz que Deus chamou a Nabucodonosor de “meu servo”
(Jr 25.9). Na verdade, Nabucodonosor foi o instrumento divino de punição do
povo de Deus. Israel foi castigado por ter abandonado o Senhor e tomado o
caminho da idolatria e dos costumes pagãos.
2. A soberba de Nabucodonosor. Apesar de ser um “instrumento” usado pelo Senhor, segundo o pastor Matthew Henry, “Nabudonosor foi o rival mais ousado da soberania do Deus Supremo do que qualquer outro mortal jamais pudesse ter sido”. Traspassado pela presunção, Nabucodonosor ficou longos “sete tempos” numa situação irracional à semelhança dos animais do campo (Dn 4.28-33). Só assim o soberano caldeu viu que o Altíssimo está acima dele.
3. Nabucodonosor proclama a soberania de Deus (Dn 4.1-3). Depois de ter experimentado a punição de sua soberba, Nabucodonosor se arrependeu do seu pecado e foi restaurado de sua demência. Isso o levou a fazer uma proclamação acerca do eterno domínio de Deus (Dn 4.34-37). O rei babilônio aprendeu que o Senhor, em sua soberania, é aquele “que muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis” (Dn 2.21).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Nabucodonosor foi chamado por Deus para
uma missão especial, todavia ele deixou que a soberba dominasse seu coração.
II. DEUS FALA NOVAMENTE A NABUCODONOSOR POR MEIO DE SONHOS (Dn 4.4-9)
1. Deus adverte Nabucodonosor através
de um sonho. Tanto no Antigo como em o Novo
Testamento os sonhos eram um dos canais de comunicação entre Deus e o homem. No
caso do sonho que teve Nabucodonosor, seus sábios e adivinhos nada puderam
revelar. O rei, então, se lembrou de Daniel, o único capaz de trazer a
revelação do sonho que certa vez ele tivera (Dn 2.1-45; 4.8). Obviamente, não
se tratava de um sonho comum, pois era uma revelação divina acerca do futuro de
Nabucodonosor. Apesar da narrativa, é importante frisar que hoje temos a
Palavra de Deus como o canal revelador da vontade de Deus aos homens.
2. Daniel é convocado (Dn 4.8). Interpretar sonhos era uma habilidade espiritual de Daniel reconhecida desde quando ele entrou na Babilônia (Dn 1.17). Por isso, Nabucodonosor contou-lhe o sonho que tivera e solicitou-lhe a interpretação. Daniel ouviu atentamente o relato do rei e pediu-lhe um tempo, pois estava atônito e sem coragem para revelar a verdade do sonho (Dn 4.19).
3. Daniel ouve o sonho e dá a sua interpretação (Dn 4.19-26). Dos versículos 9 a 18, Nabucodonosor conta a Daniel todo o seu sonho. O rei viu uma grande árvore de dimensões enormes que produzia belos frutos e que era visível em toda a terra. Os animais do campo se abrigavam debaixo dela e os pássaros faziam ninhos em seus ramos (vv.10-12). O monarca caldeu “viu” também descer do céu “um vigia, um santo” (v.13). Esse vigia clamava forte: “Derribai a árvore e cortai-lhe os ramos” (v.14).
a) Uma árvore majestosa (vv.11,12). A árvore indicava a formosura, a grandeza, o
poder e a riqueza do reino de Nabucodonosor. Ninguém na terra havia alcançado
todo esse poder antes dele. Daniel declarou que aquela árvore que seria cortada
era o rei babilônio (Dn 4.22). Assim é a glória dos homens, como uma árvore que
cresce e se torna frondosa e, de repente, é derribada. Da mesma forma, Deus
destrói os soberbos.
b) Juízo e misericórdia são
demonstrações da soberania divina. O
texto do versículo 15 diz que a ordem divina era que “o tronco com suas raízes
seriam deixadas na terra”, indicando que a intenção não era destruir a
Nabucodonosor, e sim dar-lhe a oportunidade de se converter e reconhecer a
glória de Deus. O rei foi tirado do meio dos homens e ficou completamente
louco, indo conviver com os animais do campo por “sete tempos” (Dn 4.25).
Depois, Nabucodonosor voltou ao normal, mas logo em seguida seu reino foi sucedido
por Belsazar que, por profanar as coisas de Deus, perdeu o trono para Dario, o
rei dos medos (Dn 5.1-31).
c) O papel dos anjos nos desígnios
divinos. No sonho do rei, ele viu “um
vigia” que descia do céu com a missão de proclamar os juízos de Deus (vv.14,15).
No Antigo Testamento, os anjos tinham uma atividade mais presente na vida do
povo de Deus. Em o Novo Testamento, eles continuaram suas atividades em
obediência ao Criador, porém, para a orientação da igreja de Cristo, Deus
concedeu o Espírito Santo que a assiste em tudo.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Deus, por intermédio de um sonho, falou
com Nabucodonosor e o advertiu de sua soberba.
III. A PREGAÇÃO DE DANIEL
1. A pregação de Daniel. Apesar de inicialmente ter sentido certo
temor após interpretar o sonho, Daniel deu um conselho a Nabucodonosor que
lembra a mensagem neotestamentária de Cristo à Igreja de Éfeso (Dn 4.27 cf. Ap
2.5). Será que temos coragem de fazer o mesmo diante dos poderosos dessa terra?
2. O pecado de Nabucodonosor em relação aos pobres. Daniel diz ao rei que ele deveria desfazer os seus pecados praticando a justiça, “usando de misericórdia para com os pobres” (Dn 4.27). Em outras palavras, antes do pecado pessoal da soberba, o rei estava pecando social e estruturalmente em relação aos menos favorecidos do reino. A atualidade desse ponto é tão verdadeira que a mesma recomendação de cuidado aparece em o Novo Testamento, no contexto da igreja (Gl 2.10).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Deus usa seu servo Daniel para revelar o
sonho de Nabucodonosor e aconselhá-lo a respeito do seu pecado.
CONCLUSÃO
Que Deus nos livre da soberba, pois
ela é como uma doença contagiosa que se aloja no coração do homem e faz com que
ele perca o senso de autocrítica, passando a agir irracionalmente (Sl 101.5;
2Cr 26.16). Estejamos atentos, pois a Palavra de Deus nos mostra que a soberba
nos cega (1Tm 3.6; 6.4), nos afasta de Deus e traz ruína.
BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
ZUCK, Roy B. (Ed). Teologia do Antigo
Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2013.
LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2013.
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Bibliográfico
“Cumprimento e Destronização
(4.28-33)
A falha de Nabucodonosor em prestar
atenção e voltar-se para Deus por meio de um arrependimento genuíno é um
reflexo ilustrativo da fraqueza e da perversidade humana. Doze meses se
passaram e a visão apavorante desvaneceu-se. Talvez a visão não viesse a se
tornar realidade. Certo dia, em um momento de glorificação própria, o rei
começou a se exultar pelas suas grandes realizações. Enquanto caminhava pelo
‘terraço do palácio real’, debaixo dos seus pés estava o edifício mais
esplêndido que a Babilônia já tinha visto, adornado em ouro com ladrilhos
lustrosos de cores brilhantes. Próximo do palácio ficava a montanha artificial
e os jardins suspensos construídos para a sua rainha das montanhas da Média.
Esta era a grande Babilônia. De uma pequena cidade de um lado do rio Eufrates o
rei havia dobrado sua área para os dois lados do rio. Ele havia enchido com
novas construções e templos com uma arquitetura distinta. Ele a havia cercado
com muros conhecidos pela altura e largura.
Com esse tipo de visão enchendo a mente,
podemos imaginar a soberba do rei” (Comentário Bíblico Beacon. 1ª
Edição. Volume 4. RJ: CPAD, 2006, p.514).
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Teológico
“A loucura e a restauração (4.33-37)
Demente, o rei nivela-se a um animal,
e passa a viver ao desabrigo, em uma área onde a temperatura variava de 50
graus positivos no verão, a abaixo de zero, no inverno. Recuperado, o rei
finalmente responde adequadamente ao Senhor. Nabucodonosor, então: 1) glorifica
a Deus; 2) o honra como o Rei supremo do Universo; 3) expressa sua total
dependência da vontade de Deus e, 4) reconhece que tudo o que ele faz é correto
‘e pode humilhar os que andam na soberba’” (RICHARDS, Lawrence O. Guia
do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo
por capítulo. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.516).
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
Deus abomina a soberba
Imagine um rei que controla as vidas
das pessoas e decide se elas vivem ou morrem, mas de repente, de uma hora para
outra se tornar um louco, um lunático e um irracional? Este rei foi
Nabucodonosor. O capítulo 4 de Daniel traz a imagem de uma árvore florescente
representando a figura de Nabucodonosor, o imperador da Babilônia. Num belo dia
o rei olhou para todas as criações do seu império e, consigo mesmo, viveu a síndrome
de Narciso: pensou que era o responsável por todas as realizações do império
babilônico. Na imagem apresentada a Nabucodonosor um homem anuncia que a árvore
seria cortada e ficariam apenas as raízes. Esta árvore era o rei Nabucodonosor.
Daniel foi corajoso em anunciar isso a ele!
O conceito de soberba
O relato do quarto capítulo de Daniel
demonstra o sutil, mas desastroso, efeito da soberba. Um comportamento
excessivamente orgulhoso, arrogante e presunçoso caracteriza o sentimento da
soberba. A ideia de poder sobre os outros por si só é uma loucura. Segundo a
psicóloga Rosemeire Zago, “a soberba leva o homem a desprezar os superiores e a
desobedecer as leis. Ela nada mais é que o desejo distorcido de grandeza” e
completa: “a pessoa que manifesta a soberba atribui apenas a si próprio os bens
que possui. Tem ligação direta com a ambição desmedida, a vanglória, a
hipocrisia, a ostentação, a presunção, a arrogância, a altivez, a vaidade, e o
orgulho excessivo, com conceito elevado ou exagerado de si próprio”.
Nabucodonosor concentrou todas estas características perdendo-se em si mesmo no
mundo obscuro do orgulho.
Não percamos a lucidez
Quantas vezes sentimos a síndrome de
narciso como a que se abateu sobre Nabucodonosor? Pretendemos usar o nosso raio
de influência para fazer um pequeno império onde nós determinamos, impomos e
mandamos sobre o “destino” das pessoas. Por isso que Tomás de Aquino atribuiu a
soberba um pecado específico, embora, como bem retratou a psicóloga Rosemeire
Zago, num artigo publicado no UOL, a soberba apareça em outros pecados. A
soberba adoece a alma. Não fomos chamados para ser irracionais ou lunáticos no
exercício das nossas funções humanas. Por isso, o verdadeiro antídoto contra as
ambições das nossas almas é Jesus de Nazaré, o homem “manso e humilde de
coração”.
SUBSIDIOS
SUBSIDIOS
I - INTRODUÇÃO:
Diz a Bíblia: "Caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós
porque pecamos" (Lm 5.16). Veremos nesta lição alguns exemplos de pessoas,
mencionadas nas Escrituras, que perderam a sua coroa. Começamos pelo caso do
rei Nabucodonosor.
II - O EXEMPLO DO REI NABUCODONOSOR:
Dn 4 - O rei Nabucodonosor teve um sonho que muito o
perturbou (v.5). Fez chegar a sua presença os magos, astrólogos, caldeus e
adivinhadores, mas ninguém conseguiu interpretar a revelação (v.7). Finalmente,
foi convocado Daniel, e este, ao ouvir do rei o relato, ficou perturbado, e
disse: "O sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação para
os teus inimigos" (v. 19).
(1) - A interpretação de Daniel:
(a) - No sonho, o rei viu uma grande árvore cuja altura
chegava até o céu, observada por todos os povos, cujas folhas eram formosas, e
cujo fruto abundante. Ela representava o rei Nabucodonosor, que cresceu e se
fez forte, e estendeu o seu domínio até as extremidades da Terra.
(b) - No sonho, foi visto um vigia, um santo, que descia do
Céu, e dizia: "Cortai a árvore, e destruí-a, mas o tronco com as suas
raízes deixai na terra, e com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e
seja molhado do orvalho do céu,e a sua porção seja com os animais do campo, até
que passem sobre ele sete tempos" (v.23).
(c) - Daniel aproveitou a oportunidade, para, amorosamente,
aconselhar o rei a levar a sério o aviso de Deus, através do sonho. Livrasse-se
também dos seus pecados, e usasse de misericórdia para com os pobres (v.27).
(2) - O cumprimento do sonho do rei - Ao fim de doze meses,
no dia em que o rei passeava em seu palácio, ele disse: "Não é esta a
grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e
para glória da minha magnificência? (vv.29,30).
No mesmo momento, ouviu-se uma voz do céu: "A ti se
diz, ó rei Nabucodonosor: passou de ti o reino. Serás tirado de entre os
homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como
os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo
tem domínio sobre os reinos dos homens, e os dá a quem quer" (w.31,32).
A palavra teve cumprimento imediato. Nabucodonosor morou com
os animais, comeu erva como boi, e seu corpo foi molhado pelo orvalho.
(3) - O rei entendeu que tudo aconteceu, por causa de seu
orgulho - Depois de restabelecido, Nabucodonosor declarou: "Agora eu,
Nabucodonosor, louvo, e exalço o Altíssimo, ao rei do céu; porque todas as suas
obras são verdade,e os seus caminhos juízo, e pode humilhar os que andam na
soberba" (v.37).
Ele aprendeu que Deus não aceita o orgulho, uma forma de
insubordinação contra o Senhor. Também é uma manifestação da natureza caída do
homem. A Bíblia expressa isto em Romanos 8.7: "A inclinação da carne é
inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, e nem em verdade o
pode ser".
(4) - A Bíblia dá exemplo de outros reis que caíram nesta
fraqueza:
(a) - O rei Herodes discursou, assentado no tribunal, e o
povo, que o ouvia, exclamou: "Voz de Deus, e não de homem" (At
12.21,22). Na mesma hora, um anjo o feriu, porque não deu glória a Deus, e
comido de bichos expirou (At 12.23).
(b) - O rei Uzias, soberano de Judá nos anos 757 a 697 a.C.,
era temente a Deus, e a bênção do Senhor fê-lo prosperar grandemente. Mas, após
fortificar-se, exaltou-se o seu coração, e transgrediu contra o Todo-Poderoso.
Entrou no Templo, para queimar o incenso. Foi repreendido pelo sacerdote
Azarias, porque não lhe competia aquele ofício, uma vez que era atribuição
exclusiva dos levitas. O monarca não aceitou a repreensão, e indignou-se contra
o oficiante. Na mesma hora, a lepra lhe saiu à testa e, apressadamente, saiu do
recinto sagrado. Ficou leproso até o dia da sua morte, e morou em casa separada
(2 Cr 26.3-21).
(5) - Todos devemos ter cuidado, para que o orgulho não nos
domine - A Bíblia relata a queda de Lúcifer, o querubim ungido (Ez 28.14), que
se tornou o Diabo. Ele disse em seu coração: "Subirei acima das mais altas
nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo" (Is 14.14). E, com esta mesma
arrogância, conseguiu derrubar Eva, no jardim do Éden. Satanás lhe disse:
"...sereis como Deus" (Gn 3.5). O conselho da Bíblia é válido para
todos os tempos: "Andes humildemente com teu Deus" (Mq 6.8).
III - O EXEMPLO DO REI SAUL:
Saul, benjamita de família respeitada, teve um bom início. O
profeta Samuel transmitiu-lhe a chamada de Deus para o cargo de rei, e ungiu-o
para esta função. Foi bem recebido pelo povo (l Sm 9.26; 10.1).
Logo no início de seu governo, Deus lhe ordenou que
executasse o castigo divino sobre Amaleque (l Sm 15.2,3). A ordem era destruir
tudo, mas ele poupou o melhor das ovelhas e das vacas (l Sm 15.9). O Senhor
considerou a desobediência de Saul como rebelião (l Sm 15.23). Ele foi
repreendido pelo profeta Samuel: "Porquanto tu rejeitaste a palavra do
Senhor, ele também te rejeitou a ti para que não sejas rei" (l Sm 15.23).
Logo depois, o profeta recebeu de Jeová a incumbência de
ungir Davi rei sobre Israel (l Sm 16.1).
Todos corremos o risco de tomar algo que Deus condenou ou
rejeitou. A palavra divina diz: "Saí do meio deles, e apartai-vos diz o
Senhor, e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei" (2 Co 6.17).
Recebemos, pela salvação, uma nova natureza (2 Pe 1.4), que
só deseja aquilo aprovado por Deus. A Bíblia diz: "Porei as minhas leis em
seus corações, e as escreverei em seus entendimentos" (Hb 10.16).
O crente vitorioso é aquele que admite em sua vida o que é
aceito por Deus. E quando, por algum descuido, algo errado acontece,
imediatamente sua consciência acusa a falta cometida. Ele, então pede perdão, e
afasta-se do mal. Deste modo, a paz e a comunhão com Deus continuam
inalteradas.
Se, porém, este pronto rompimento com o erro não ocorrer, a
comunhão com o Senhor fica impedida, e a coroa corre perigo de ser perdida.
IV - O EXEMPLO DA RAINHA VASTI:
Assuero, rei persa sobre 127 províncias, convocou todos os
príncipes e os maiorais do seu reino, para, por um período de cento e oitenta dias,
exibir as riquezas de sua glória (Et l.3,4).
No final daquele período, deu um banquete com uma semana de
duração e, no último dia, ordenou que a rainha Vasti viesse a sua na presença,
para mostrar a todos a sua formosura (Et 1.10,11).
Ela, porém, recusou-se a comparecer. O motivo da rejeição
não está na Bíblia.
O soberano sentiu-se muito humilhado perante seus súditos.
Receoso de que o exemplo de Vasti fosse seguido em todo o vasto império, o rei,
após ouvir seus conselheiros, decretou que ela não mais fosse rainha, e que,
para seu lugar, fosse escolhida uma outra jovem (Et 1.13-19).
A rainha perdeu sua coroa, por ter desobedecido ao seu
esposo. Se a desobediência a um rei terrestre trouxe tão sérias consequências,
quanto mais, se não atendermos ao Rei dos reis e Senhor dos senhores! "É
melhor obedecer do que sacrificar" (l Sm l5.22).
Aqueles que foram resgatados pelo sangue de Cristo,
purificam as suas almas na submissão à
verdade. A operação do Espírito nas nossas vidas está vinculada
à obediência (At 5.32).Ajude-nos o Senhor a sempre vivermos cm sujeição a
Cristo (2 Co 10.5), para garantimos assim a nossa coroa.
V - "GUARDA O QUE TENS, PARA QUE NINGUÉM TOME A TUA
COROA":
O mais precioso que o crente tem para guardar é a salvação.
É Jesus em nós: "Cristo vive em mim" (Gl 2.20); "Cristo em nós,
esperança da glória" (Cl 1.27). E, para esta comunhão com o Filho, somos
chamados por Deus, que é fiel (l Co 1.9).
Quatro forças querem nos derrubar, mas podemos vencê-las por
Jesus Cristo:
(a) - O pecado - "O pecado jaz à porta, para ti é o seu
desejo, e tu sobre ele dominarás" (Gn 4.7). Somos participantes da vitória
de Jesus sobre o pecado (Rm 6.3-5). Por isso, "não reine o pecado em vosso
corpo
mortal" (Rm 6.12). Ele não terá domínio sobre nós, pois
que estamos debaixo da graça (Rm 6.14).
(b) - A carne - É a nossa velha natureza da qual nos
despimos no ato da nossa conversão (Ef 4.22). Pela salvação, o Espírito passa a
habitar em nós (l Co 6.19). Se andarmos em Espírito, não cumpriremos as
concupiscências da carne (Gl 5.16).
(c) - O mundo - Precisa ser dominado em nós (l Jo 2.15-17).
Pela salvação, o mundo fica crucificado para nós, e todos para ele (Gl 6.14).
Quando o vencemos, acontece o que diz a Bíblia: "Tornem-se eles para ti,
mas não voltes tu para eles" (Jr 15.19).
(d) - O Diabo - Precisa ser dominado pelo crente. Jesus já
venceu o Diabo (Cl 2.15). Cristo nos dá a sua vitória (l Co 15.57). Pela fé em
Jesus, lhe resistimos e ele foge de nós (l Pe 5.9; Tg 4.7). O nome de Jesus faz
com que os demônios se nos sujeitem (Lc 10.17).
A vitória sobre estes quatro inimigos não é mérito nosso.
Somos fracos, mas em Cristo somos mais do que vencedores (Rm 8.37).
VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Jamais esqueçamos que a humildade é uma virtude
imprescindível na vida do cristão. Se desejamos viver vitoriosamente, tenhamos
muito cuidado, para não sermos contagiados pelo orgulho, que tem levado muitos
à queda, pois Deus abate os soberbos e eleva os humildes.
FONTE DE PESQUISA E CONSULTA:
Lições Bíblicas CPAD - 3º TRIMESTRE DE 1995 - Comentarista:
Eurico Bergsten
COMPLEMENTO
Deus Abomina a Soberba
A soberba é um dos pecados do espirito humano que afeta
diretamente a soberania de Deus. Dn 4.1-37.
Aproximadamente 25 anos depois da sua ascensão e volta ao
trono da Babilônia, Nabucodonosor teve mais um sonho perturbador que requereu a
presença dos sábios do Palácio para o interpretarem. Sete anos se passaram
desde o stado de loucura do rei, quando Deus o restaurou ao trono da Babilônia.
Na sua volta ao Trono, ele dá um testemunho pessoal da experiência com o Deus
de Daniel e reconhece a soberania desse Deus dos exilados e cativos de judá. Ele
reconhece que sua loucura era resultante de sua soberba, que o levou a viver
como um animal do campo por sete anos, até que Deus o tirou daquela condição. E
a história que mostra o que acontece com os que se exaltam e se tornam soberbos
ante a majestade do Todo-Poderoso Deus de Israel. E uma história que revela a soberania
de Deus sobre toda a criação e que nenhuma criatura sua usurpa a glória que lhe
pertence. Ao mesmo tempo, Deus revela sua misericórdia e justiça capazes de
salvar um homem arrependido. Nos desígnios divinos, Nabucodonosor preenchia o
propósito de Deus para o mundo de então. Não há nada que diga que esse rei
tenha se convertido. Entretanto, seu testemunho pessoal acerca do Deus de
Israel, depois de toda a humilhação que passou, o levou a reconhecer e
proclamar a todo o mundo que o senhorio dos reinos do mundo não era dele, mas
pertencia ao Deus Altíssimo.
I - O TESTEMUNHO DA SOBERANIA DE DEUS (Dn 4.1-3)
Nabucodonosor não foi obrigado a servir ao Deus de Israel,
mas não pode fugir a humilhação a que foi submetido por querer usurpar a glória
que só pertence ao Deus Altíssimo e a nenhum outro deus. Não há dúvida que ele
foi submetido a um desígnio especial do Deus do Céu, o Deus de Daniel, Ananias,
Misael e Azarias. Segundo a história, Nabucodonosor foi rei da Babilônia no
período de 605 a 462 a.C. Mesmo sendo um rei pagão cumpria um desígnio especial
de correção divina aos reis de Israel e de Judá, por terem se corrompido com o
sistema mundano que havia entrado em Israel. Ora, Deus tem o cetro do domínio
de todos os reinos do mundo, e tinha poder para fazer com que aquele homem
pagão, por um desígnio especial, se tornasse próspero em seu reino e crescesse
em extensão, a ponto de se autodenominar “rei de reis”. O profeta Jeremias,
contemporâneo do período do exílio de Israel e Judá na Babilônia, diz que Deus
chamou a Nabucodonosor de “meu servo”( Jr 25.9). Na verdade, Nabucodonosor foi
a vara de Deus de punição ao seu povo por ter abandonado o Senhor e tomado o
caminho da idolatria e dos costumes pagãos. Aprendemos que Deus, em sua
soberania é Aquele “que muda os tempos e as horas; ele remove os reis e
estabelece os reis” (Dn 2.21).
Nabucodonosor proclama a Soberania de Deus (Dn 4.1 -3)
Antes de contar o seu segundo sonho, Nabucodonosor em seu
discurso fez uma proclamação na forma de um edito real que reconhecia os sinais
e milagres que o Deus Altíssimo havia realizado, especialmente, na vida do rei.
Ele diz no versículo 2: “pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas
que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo”. Nesta proclamação Nabucodonosor deseja
fazer pública a experiência que teve com o Deus dos judeus.
“Quão grandes são os seus sinais” (4.3). A ideia teológica
de um “sinal ou sinais” pode significar um dos meios pelos quais Deus comunica seu pensamento aos homens e indica a
sua vontade. “Sinais” podem significar demonstrações espirituais que não podem
ser produzidas pelo homem. Na língua hebraica “sinal” é môpheth no sentido de
algo que dá notabilidade. Podia significar ou indicar “um milagre” que se
distinga. Os sinais de Deus são, acima de tudo, sobrenaturais, porque Deus é o
Criador e Senhor dos céus e da terra. O rei Nabucodonosor podia lembrar o
livramento dos jovens hebreus na fornalha ardente sem se queimarem. Ele
entendeu, também, que o Deus dos judeus tinha um modo especial de revelar
coisas futuras através de sonhos que os homens comuns não podem interpretá-los.
Ele quis que fosse comunicado a todos os povos sob sua liderança que o Deus dos
judeus não se assemelhava a nenhum deus dos súditos do seu império. Ele era
quem tinha o Domínio e o cetro de governo sobre toda a terra. Nabucodonosor,
depois de ter experimentado a punição pela sua soberba e ter-se arrependido da
mesma, foi restaurado de sua demência, sob a qual ficou longos sete anos num
nível irracional como os animais do campo. Matthew Henry disse em seu
comentário que “Nabucodonosor foi o rival mais ousado da soberania do Deus
Supremo do que qualquer outro mortal jamais pudesse ter sido”. Porém, foi
vencido por essa presunção e teve que reconhecer que o Deus Altíssimo estava acima
dele.
II - SONHOS - UMA VIA DAS REVELAÇÕES DE DEUS (Dn 4.4-9)
Deus fala por meio de sonhos e visões.
Sonhos e visões são vias pelas quais Deus se comunica com o
homem. No campo das manifestações espirituais, os sonhos e visões são um modo
de comunicação, não uma regra espiritual.
Os sonhos, segundo a Enciclopédia Bíblica de Merrill C.
Tenney, “um sonho é uma série de pensamentos, imagens, ou emoções que ocorrem
durante o sono; qualquer semelhança com a realidade que ocorre durante o sono;
uma sequência de imagens, mais ou menos coerente que ocorre durante o sono”. No
campo da psicologia, entende-se que os sonhos são impressões reavivadas e ajuntadas ao acaso no subconsciente e que se
manifestam em imagens durante o sono. As vezes, ideias, imagens e eventos
presentes no sonho podem ser interpretados como símbolos de ansiedades
reprimidas, medos ou desejos. No campo espiritual e na experiência de homens e
mulheres bíblicos, os sonhos podem ser naturais (Ec 5.3), mas também, podem ter
origem divina (Gn 28.12), através dos quais Deus revela acerca de eventos
futuros e presentes. Os sonhos podem, também, ter origem maligna (Dt 13.1,2;Jr
23.32). Podemos entender, portanto, que da parte de Deus, os sonhos são um modo
de Deus falar profeticamente aos seus servos. Por exemplo: os sonhos de José
(Gn 37.5-11; 40.5-22; 41.1-32).
As visões fazem parte dos meios que Deus se utiliza para
comunicar a sua palavra aos homens. Na Bíblia, essas manifestações divinas
acontecem através de sonhos, revelações, oráculos e visões. Ora, uma visão pode
ser uma revelação especial e sobrenatural que Deus utiliza para se comunicar
com as pessoas, independente de ser um sonho. Por exemplo homens como Abraão
(Gn 15.1); Isaías (Is
6.1-8); Ezequiel (Ez 1.1); Daniel (Dn 1.17). No Novo Testamento,
temos Mt 17.9;At 9.10,12; 10.3,17,19; 11.5; 12.9; 16,9,10. Daniel era agraciado
por Deus com a revelação divina através de visões. Não há dúvida, que ainda
hoje, Deus fala por meio de visões, mas Ele não revelará nada além do que já
está revelado na sua Palavra.
“Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa
eflorescente no meu palácio” (4.4). As grandes conquistas militares haviam sido
feitas em tempos anteriores. Aquele era, naquele momento, quando “ele estava
sossegado” em sua casa, um tempo de inatividade militar e sem maiores
preocupações. Seus projetos arquitetônicos eram os mais extraordinários pois
havia progresso e o acúmulo de riquezas era uma realidade. Ele estava
satisfeito e sentia-se senhor de tudo a ponto de, mais uma vez, se permitir
dominar por uma arrogância inconcebível.
“tive um sonho” (4.5). À semelhança do capítulo dois quando
teve o sonho da grande estátua representando seu reino e os reinos que o
sucederiam, no capítulo quatro, mais uma vez Deus fala com Nabucodonosor. Mais
uma vez ele ficou aflito por não entender o seu significado. E interessante
perceber que o modo como Deus falava com
os homens nos antigos tempos era diverso. Ele utilizava de canais possíveis
para se fazer inteligível aos seus servos. Pelo fato dos antigos,
especialmente, os caldeus darem muita importância aos sonhos e a sua
interpretação, Deus usou esse canal de comunicação para revelar o significado
das imagens do sonho na cabeça do rei. É claro que esse modo de falar e revelar
a sua vontade não seja o único modo da comunicação divina. Portanto, essa via
de comunicação não era e não é uma regra que obrigue Deus ter que falar somente
por meio de sonhos. Mas Ele o fez, porque os antigos acreditavam piamente que
os sonhos tinham um sentido divino. Hoje, temos a Palavra de Deus como o canal
revelador da fala de Deus aos homens. E bom que se diga que não existe dom de
sonhar como afirmam alguns cristãos. Mas é certo que Deus pode usar esse meio e
outros mais para revelar a sua vontade soberana aos seus servos. E interessante
notar o contraste entre o sonho do capítulo 2 e o sonho do capítulo 4. O
primeiro sonho foi esquecido pelo rei, mas o segundo sonho ele não o esqueceu
(2.1,6 e 4.10-17).
Como da vez passada (capítulo 2), todos os sábios da
Babilônia, com seus magos, astrólogos, caldeus e os adivinhadores foram
convocados à presença do Rei para darem a interpretação do sonho e, mais uma
vez, falharam (4.6,7).
III - DANIEL VOLTA AO CENÁRIO PROFÉTICO
O detalhe desse capítulo é que o próprio rei está contando o
sonho. Os seus sábios, astrólogos e caldeus o decepcionaram, e ele lembrou-se
de que havia apenas um homem no palácio em que a ciência de Deus era
demonstrada e o único que podia revelar os mistérios do sonho que tanto o
perturbaram. O próprio rei reconhecia que o Deus de Daniel era superior a todos
os deuses da Babilônia. Ele mesmo reconhece que havia sido arrogante e Deus o
adverte e revela seu futuro num sonho que ele não conseguia entender. Não se
tratava de um sonho comum, mas uma revelação divina acerca do futuro de
Nabucodonosor.
Daniel é convocado a entrar na presença do Rei (4.8).
Nabucodonosor contou-lhe o sonho e queria que Daniel lhe desse a interpretação.
Daniel ouviu atentamente o sonho do rei e pediu-lhe tempo porque, por quase uma
hora, Daniel esteve atônito e sem coragem para revelar a verdade do sonho.
Interpretar sonhos era uma habilidade espiritual de Daniel reconhecido desde
quando entrou no palácio da Babilônia conforme está escrito: "Ora, a esses
quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e
sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda visão e sonhos”(Dn 1.17).
“Beltessazar,príncipe dos magos” (4.9). Como aceitar esse
aspecto na vida de Daniel? E bom que se diga, que o nome Beltessazar era um
nome dado a Daniel e que ele não podia evitar, porque vinha da parte do rei.
Entretanto, o seu papel de liderança e de chefia sobre os “sábios e magos do
palácio” implicava em que Daniel cumpria sua função oficial sem se envolver com
a magia daqueles homens que ele não podia mudar. Ele continua a ser Daniel,
fiel e temente a Deus.
Daniel ouve o sonho e dá a sua interpretação (Dn 4.10-18).
O Rei conta a Daniel todo o seu sonho. O rei viu uma grande
árvore de dimensões enormes que produzia belos frutos e que era visível em toda
a terra. Os animais do campo se abrigavam debaixo dela e os pássaros faziam
seus ninhos nos seus ramos (Dn 4.10-12). O rei viu descer do céu “um vigia, um
santo” (v. 13) e esse vigia clamava forte: “Derribai a árvore e cortai-lhe os
ramos” (v. 14).
A árvore majestosa (w. 11,12). O texto diz que era “uma
árvore no meio da terra” (4.10). Isto é, a árvore chamava a atenção porque
tinha uma posição central, para simbolizar o Império Babilónico naqueles dias.
A Babilônia destacava-se por concentrar todo o poder conquistado por
Nabucodonosor na capital, uma figura simbólica da Babilônia escatológica que
aparece em Apocalipse nos capítulos 17 e 18. A “árvore” do sonho de
Nabucodonosor era formosa e bela. A visão esplêndida dessa árvore indicava a
formosura, a grandeza, o poder e a riqueza que representavam a glória de
Nabucodonosor. Ninguém na terra havia alcançado todo esse poder antes dele.
Daniel declarou ao rei que aquela árvore que seria cortada era o próprio rei e
disse: “Es Tu, ó Rei” (Dn 4.22).
Imaginemos a tristeza de Nabucodonosor ao ouvir esta
declaração. Como resignar-se serenamente ante um fato inevitável revelado pelo
Deus de Daniel. Assim é a glória dos homens, como uma árvore que cresce e se
torna frondosa e, de repente, é derribada. Assim Deus destrói os soberbos.
“um vigia, um santo, descia do céu” (4.13). A linguagem
figurada para falar do papel dos anjos designados por Deus para executarem a
sua vontade é o termo “vigia” ou “um santo” vindo do céu. Não há dúvida de que
os anjos de Deus trabalham com missão delegada para proteger e para cumprir as
ordens de Deus. Na visão do rei, ele viu “um vigia” que descia do céu com a
missão de proclamar os juízos de Deus (Dn 4.14,15). No Antigo Testamento, os
anjos tinham uma atividade mais presente na vida do povo de Deus. No Novo
Testamento, eles continuam suas atividades em obediência a Deus, mas hoje a
igreja de Cristo tem o Espírito Santo que vive na igreja e a orienta em tudo.
Alguns teólogos creem numa teofania, referindo-se ao próprio Deus como “o
vigia, o santo”. Alguns estudiosos interpretam como sendo o Senhor Jesus
Cristo, uma vez que Ele se apresenta em outros eventos bíblicos numa teofania
especial. Entretanto, ainda que mereça apreciação esta ideia é discutível na
sua interpretação. Preferimos a ideia de que se trata de um anjo da parte de
Deus com poder delegado para fazer juízo contra esta árvore.
Juízo e misericórdia são demonstrações da Soberania de Deus
(4.14,15). No versículo 14 a ordem delegada de Deus ao seu anjo de juízo era o
de derribar a árvore, seus ramos e suas folhas. O texto do versículo 15 deixa
claro que Deus não queria destruir tudo daquela árvore, mas ele deu ordem ao
seu anjo para que “o tronco com suas raízes” fossem deixadas na terra. A
intenção divina não era destruir Nabucodonosor sem dar-lhe a oportunidade de se
converter e reconhecer a glória de Deus. Mas o próprio rei testemunhou que foi
inevitável a consequência de sua arrogância. Ele foi tirado do meio dos homens
e ficou completamente louco, indo conviver com os animais do campo por sete
anos (Dn 4.25). Depois de sete anos, Nabucodonosor voltou ao normal, mas o seu
reino logo depois foi sucedido por Belsazar que fez cair o reino nas mãos de
Dario, o persa.
Daniel dá a interpretação do sonho (4.19-26).
“Então Daniel,... esteve atônito quase uma hora” (4.19).
Mais uma vez, o servo de Deus tinha uma missão difícil e ficou perplexo porque
a revelação era forte e havia dificuldade para entender o sonho. O tempo que
levou para interpretar significava que ele ficou amedrontado em contar ao rei a
verdade da revelação. De certo modo, Daniel gozava da confiança do rei como
conselheiro e preferia, como homem, que as revelações do sonho não atingissem a
pessoa do rei. Mas Daniel não pôde evitar, porque o próprio rei, percebendo a
perplexidade de Daniel, o instou a que não tivesse medo e contasse exatamente o
que o seu Deus havia revelado.
“Respondeu Beltessazar e disse: Senhor meu, o sonho seja
contra o que te tem ódio, e a sua interpretação para os teus inimigos” (4.19).
Daniel reconhecia que o rei havia sido bondoso e complacente com ele e seus
amigos e, por isso, preferia que o juízo fosse contra os inimigos do rei.
Daniel sabia que havia dentro do palácio complôs contra o rei e, por isso, ele
preferia que o juízo fosse para punir os inimigos do monarca. Mas Daniel não
pôde evitar falar a verdade.
“Es tu, ó rei” (v. 22). Daniel foi incisivo e objetivo em
informar ao rei que ele mesmo era, simbolicamente, a árvore frondosa do sonho,
mas não evitaria a tragédia moral e espiritual do seu reino. Ele perderia a
grandeza que tinha durante os “sete tempos” (sete anos). No versículo 26, a
revelação assegurava ao rei a sua restauração, mas para que isso acontecesse,
ele deveria dar sinais de arrependimento e provar a si mesmo e ao seu império a
mudança interior na sua vida.
Daniel aconselha ao rei que reconheça os seus pecados e mude
de atitude para que a misericórdia divina o alcance (4.27-38). Passaram-se um
ano (doze meses) e houve, até certo ponto, um prolongamento da tranquilidade de
Nabucodonosor. Mas ele não se humilhou e não mudou de atitude. Pelo contrário,
se empolgou com a beleza de suas construções e seus jardins suspensos para
agradar a sua esposa, segundo escreveu o historiador Josefo. Nos versículos 34
a 37, depois dos sete anos de insanidade, ele recuperou seu entendimento e
acordou para a realidade quando louvou a Deus. Aprendemos com esta história que
o orgulho é sempre insano e inaceitável diante de Deus e que a mais sóbria
atitude é reconhecer a soberania de Deus e louvá-lo.
III - A LIÇÃO QUE A HISTÓRIA NOS DEIXA
Exemplos negativos de pessoas que se tornaram soberbas.
A Bíblia não conta apenas as vitórias e conquistas dos
homens, mas revela suas fraquezas e derrotas para que se aprenda lições que
envolvem nossas relações com Deus e com as pessoas.
Nabucodonosor é o grande exemplo do perigo da arrogância.
Por esta causa ele perdeu seu trono e seu reino. A soberba é um dos pecados do
espírito humano que afeta diretamente a soberania de Deus. Por causa da sua
arrogância contra o Cetro do Deus Altíssimo, Nabucodonosor, assim como a árvore
do sonho, foi cortado até a raiz (v. 18). A profecia cumpriu-se integralmente
na vida de Nabucodonosor, e ele, depois de humilhado, perdeu a capacidade moral
de pensar e decidir porque seu coração foi mudado, de “coração de homem”(v. 16)
para “um coração de animal”. A punição levaria “sete tempos” (v. 16). Na
linguagem bíblica, sete tempos equivalem a sete anos em que o monarca da
Babilônia estaria agindo como um animal do campo em total demência racional. A
estupidez da experiência amarga de Nabucodonosor foi demonstrada por uma
licantropia, ou seja, ele foi dominado por uma insanidade sem precedente.
Passou a agir como um animal do campo, tendo o seu corpo molhado pelo orvalho
do céu e com um comportamento irracional, comendo a erva do campo (Dn 4.25).
Esse estado de decadência do rei foi resultado de sua soberba que o levou a
perder o reino e o trono e a Babilônia esteve em decadência política.
O Rei Hewdes é outro personagem que se destaca na Bíblia por
sua soberba. Ele era neto de Herodes, o Grande, e seu nome era Agripa I que
governou a Palestina nos anos 37-44 d.C., mas foi o imperador de Roma que lhe
deu o título de rei sobre Israel. Ele não gozava de aprovação entre os judeus,
porque era um homem altivo, presunçoso e teve um fim triste para a sua
história. Em Atos dos Apóstolos está registrado que ele mandou matar Tiago, irmão de João, um dos apóstolos
de Jesus Cristo para ganhar o coração de judeus inimigos dos cristãos naqueles
primeiros dias da Igreja (At 12.1,2). Depois, percebendo que isto agradaria os
judeus que não o recebiam bem, mandou prender outros cristãos e, principalmente
Pedro, mandando-o para a prisão (At 12.3-11) quando foi libertado pelo anjo do
Senhor de modo excepcional. Herodes não conseguiu matar Pedro. Mais tarde, a
soberba de Herodes lhe rendeu desprezo do próprio povo (At 12.21,22). Para que
todos entendessem que Deus não aceita que se zombe da sua soberania e justiça,
enviou o seu anjo que “feriu-o..., porque não deu glória a Deus e, comido de
bichos, expirou” (At 12.23). Ninguém usurpa a glória que só pertence a Deus, a
glória de sua soberania.
O Rei Saul é outro exemplo negativo do significado da
soberba. Foi o primeiro rei de Israel. Saul começou bem o seu reinado, até que
se deixou dominar por inveja, ciúmes e, então, começou a agir irracionalmente.
A presunção de se achar superior a tudo, o levou a agir com atitudes
arbitrárias dentro do Palácio e nos assuntos do reino. Foram atitudes que
feriam princípios morais, políticos e espirituais de Israel. Sua arrogância o
fez praticar ações que não competiam à sua alçada e, por isso, foi lhe tirado a
graça de Deus na sua vida. Então passou a agir irrefletidamente dominado pela
soberba que fez Deus rejeitá-lo, porque sua desobediência era fruto da soberba
(1 Sm 9.26; 10.1; 15.2,3,9; 15.23).
A soberba é como vírus contagiante.
A soberba é o orgulho excessivo que uma pessoa demonstra e
não tem nenhum senso de autocrítica. A soberba é como uma doença contagiosa que
se aloja no coração do homem e ele perde a capacidade de admitir que para viver
no mundo dos homens ele precisa lembrar que o outro existe. A falta do senso de
autocrítica
o faz agir irracionalmente (SI 101.5; 2 Cr 26.16). A soberba
é contagiosa porque contamina todo o homem (Mc 7.21-23). A Bíblia nos mostra
que a soberba torna os olhos altivos (Pv 21.4) e cega a vista (1 Tm 3.6; 6.4).
A soberba foi o pecado de Lúcifer.
A história de Lúcifer infere-se em dois textos proféticos de
Isaías e Ezequiel nos quais, encontramos em linguagem metafórica, a história
literal da queda de Lúcifer, perdendo sua posição na presença de Deus. Ele é
identificado na Bíblia como Diabo, Satanás (Is 14.13-16; Ez 28.14,16). Essas
duas escrituras revelam que Lúcifer perdeu seu status celestial na presença de
Deus por causa da sua soberba. Por isso, a soberba é um pecado do espírito
humano, que afeta diretamente as relações verticais do homem com Deus.
CONCLUSÃO
Que Deus nos livre da soberba!
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