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quarta-feira, 23 de julho de 2014

GERADOS PELA PALAVRA DA VERDADE - LIÇÃO 04 COM SUBSIDIOS

Lições Bíblicas CPAD   -   Jovens e Adultos
3º Trimestre de 2014
Título: Fé e Obras — Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica

Comentarista: Eliezer de Lira e Silva
 Lição 4: Gerados pela Palavra da Verdade
Data: 27 de Julho de 2014

TEXTO ÁUREO
 “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1Pe 1.23).

VERDADE PRÁTICA
 Somente aqueles que foram gerados pela Palavra da Verdade são guiados pelo Espírito Santo.

LEITURA DIÁRIA
 Segunda - 1Pe 4.12,13 Alegrai-vos com a provação
 Terça - Lm 5.21 Nossa oração pelo perdão
 Quarta - Jo 3.3 Novo nascimento e Reino de Deus
 Quinta - 1Jo 5.4 A vitória sobre o mundo
 Sexta - 2Co 6.2 Hoje é dia de salvação
 Sábado - 1Tm 2.4 Deus a todos quer salvar

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
 Tiago 1.9-11,16-18.
 9 - Mas glorie-se o irmão abatido na sua exaltação,
10 - E o rico em seu abatimento; porque ele passará como a flor da erva.
11 - Porque sai o sol com ardor, e a erva seca, e a sua flor cai, e a formosa aparência do seu aspecto perece; assim se murchará também o rico em seus caminhos.
16 - Não erreis, meus amados irmãos.
17 - Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação.
18 - Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas.

INTERAÇÃO
 Deus pode fazer o mal? O contexto da epístola de Tiago mostra que Ele é bom e, portanto, a sua sabedoria só pode fazer o bem, jamais o mal. Nele, não há variação de bondade e malignidade; de luz ou trevas. O nosso Pai Celestial decidiu de uma vez por todas, em Jesus, fazer o bem para reconciliar o mundo consigo mesmo. Por isso, a sabedoria de Deus é pura, bondosa, benigna, humilde, cordata, temperante, etc. Porque Ele é bom! Prezado professor, que a bondade de Deus inunde a sua vida e a dos seus alunos. Que eles decidam amar o próximo como o nosso Pai o ama.

OBJETIVOS
 Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Analisar a relação entre os pobres e os ricos da igreja.
Defender a verdade que Deus só faz o bem.
Compreender que os filhos de Deus são as primícias dentre as criaturas.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Prezado professor, para concluir o primeiro tópico da lição sugerimos mais uma leitura dos versículos 9-11 do primeiro capítulo de Tiago. Logo em seguida, explique aos alunos que à luz das Escrituras, apesar de o pobre ser marginalizado pela sociedade cuja cultura predominante é a de “ter” e não de “ser”, ele é convidado a gloriar-se em Cristo pela sua nova posição de filho de Deus. Enquanto o rico, no encontro com o Evangelho de Cristo, é convidado por Cristo a se humilhar para compreender a natureza passageira da sua riqueza. Sabendo assim acerca da sua missão de suprir o pobre necessitado. Conclua o tópico afirmando que Deus é o Senhor dos pobres e dos ricos.

COMENTÁRIO
 INTRODUÇÃO
 Palavra Chave
Verdade: Propriedade de está conforme os fatos ou a realidade.
 Na lição de hoje vamos estudar acerca da qualidade relacional da igreja nos diversos níveis de interação entre pessoas geradas pela Palavra. Veremos a Epístola de Tiago apontando as distorções sociais que podem existir em um ambiente eclesiástico ou de convivência entre irmãos. A nossa perspectiva é a de que possamos nos relacionar com o outro independente da sua condição econômica e social. Ligados, sobretudo, pelo Evangelho.

I. A RELAÇÃO ENTRE OS POBRES E OS RICOS DA IGREJA (Tg 1.9-11)
 1. Os pobres na Igreja do primeiro século. Do ponto de vista social, a pobreza exclui o ser humano dos direitos básicos necessários à sua subsistência. Não é difícil reconhecer que a Igreja do primeiro século era constituída por duas classes sociais: a dos pobres e a dos ricos, tendo evidentemente mais pobres em sua composição. Uma vez que não podemos fazer acepção de pessoas (Rm 2.11; Cl 3.11), os pobres daquela época, que foram gerados pela Palavra e inseridos no corpo de Cristo — a Igreja — tinham motivos de alegrar-se no Senhor, pois além do novo nascimento, eles eram acolhidos pela igreja local (Gl 2.10).

2. Os ricos na Igreja Antiga. Por vezes, os ricos são identificados na Bíblia como judeus proprietários de muitos bens e que negligenciavam as obrigações que pesam sobre os que desfrutam de tal condição (Lv 19.10; 23.22,35-55; Dt 15.1-18; Is 1.15-17; Mq 6.9-16; 1Tm 6.9,17-19). Por cuja razão, e pelas suas atitudes, eles eram frequentemente repreendidos pelas Escrituras (Am 3.10; Pv 11.28; 1Tm 6.17-19; Lc 6.24; 18.24,25). Os ricos e abastados têm a tendência a desenvolverem a arrogância, a autossuficiência e a postura de senhores poderosos, que pensam poder comprar as pessoas a qualquer preço. As Escrituras são claras em afirmar que o Reino de Deus não pode ser comprado por dinheiro algum. É possível o irmão rico ser gerado pela Palavra e tornar-se um filho de Deus? Sim, claro (Lc 18.25-26). Porém, ele pode encontrar maior dificuldade para desprender-se de suas riquezas (Mt 19.23-26, cf. v.11). É imprescindível que os mais abastados compreendam que após entregarem-se a Cristo, obedecerão ao mesmo Evangelho a que os irmãos pobres submetem-se. Aqui, torna-se ainda mais clara a verdade bíblica: para Deus não há acepção de pessoas (Rm 2.11; Cl 3.11).

3. Perante Deus, pobres e ricos são iguais. A igreja local deve receber a todos no espírito do Evangelho, isto é, como membros da família de Deus, pois através da salvação em Cristo, independentemente da condição social, todos têm a Deus como Pai (Rm 8.14), e a Jesus como irmão (Lc 8.21). Somos coerdeiros, juntamente com Cristo, de uma herança eterna (1Pe 1.4), pertencentes à santa família de Deus (Ef 2.19) e cidadãos de um reino imutável (Hb 12.28). Na família de Deus há lugar para todo ser humano justificado por Cristo. Portanto, o irmão pobre e o irmão rico não devem se envergonhar de suas condições sociais. Se o Evangelho alcançou seus corações, o rico saberá biblicamente o que fazer com a sua riqueza. E o pobre, de igual forma, como viverá sua pobreza. O importante é que Cristo em tudo seja exaltado!

 SINOPSE DO TÓPICO (I)
 Na igreja do primeiro século, pobres e ricos eram acolhidos em amor.

II. DEUS SÓ FAZ O BEM (Tg 1.16,17)
 1. Não erreis (v.16). Com essa advertência o meio-irmão do Senhor não está afirmando a doutrina da “santidade plena” ou perfeccionista: a de que o homem, uma vez remido, não mais pecará. Tal palavra tem como propósito conclamar o crente a não dar ouvidos à “voz” da concupiscência carnal. Recapitulando a mensagem dos versículos 12 a 15, que tratam do tema da tentação, os versículos 9 a 11 formam uma introdução ao tema da tentação, ao passo o que versículo 16 é uma advertência para os crentes não se curvarem aos desejos imorais e infames do mundo, pois Deus é a fonte de tudo o que é bom. Logo, não podemos dar crédito àquilo que é mau.

2. Todo dom e boa dádiva vêm de Deus. Um dom de Deus, como a sabedoria que torna uma pessoa espiritualmente madura (v.4), não pode ser recebido pelo crente através de esforço humano. Quem o distribui é Deus. Este dom é fruto da graça do Pai para nós. Num tempo onde o ascetismo religioso tende a tirar o foco da glória de Deus e da sua benignidade, tornando o ser humano “digno” do céu, precisamos lembrar que a nossa vida espiritual não depende de disciplinas humanas para receber dádivas de Deus. Depende de um relacionamento livre, espontâneo e sincero com o Pai das Luzes mediante o seu Filho, Jesus Cristo, e na força do Espírito Santo.

3. A origem de tudo o que é bom está no Pai das Luzes. Ao escrever que “toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto”, Tiago declara que apenas as boas virtudes vêm de Deus. Não há sombra de variação no Pai das Luzes, isto é, nEle não há momentos de trevas e outros de luzes. Só há luz. Ele não muda e é bom! Não faz o mal aos seus filhos (Lc 11.11-13). Infelizmente, muitos têm uma visão turva de Deus como se Ele fosse um carrasco pronto a castigar-nos na primeira oportunidade. Não devemos falar sobre o Pai desta maneira, lembremo-nos do ensinamento joanino que fala sobre sermos defendidos e advogados por Jesus, o Filho de Deus (1Jo 2.1,2).

SINOPSE DO TÓPICO (II)
 Tudo o que é bom vem de Deus, pois nEle não há momento de bondade e maldade. Ele é sempre bom!


 III. PRIMÍCIAS DE DEUS ENTRE AS CRIATURAS (Tg 1.18)
 1. Algo que somente Deus faz. A regeneração é um milagre proveniente do Pai das Luzes, segundo a sua vontade (v.17). Foi Ele que nos gerou pela Palavra da Verdade. Ser gerado de novo é uma ação realizada exclusivamente pelo Pai das Luzes através do Santo Espírito. Ele limpa o homem dos seus pecados (Is 1.18), dando-lhe perdão e implantando-lhe um novo caráter. Aqui, acontece o que o nosso Senhor falou aos seus discípulos: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.23). O Pai é a fonte de nossa vida espiritual (Jo 1.12,13).

2. A Palavra da Verdade. Naqueles dias, parte da igreja estava dispersa, sofrendo muitas tribulações. Para superá-las era preciso uma inabalável convicção de que, apesar das lutas, ela não havia deixado de ser as primícias do Senhor entre as criaturas. Por esse motivo, Tiago enfatiza a expressão “Palavra da Verdade”. Fomos gerados e enxertados pela Palavra que salva a nossa alma (v.21). Assim, a despeito de todas as circunstâncias difíceis da vida, podemos aplicar essa verdade afirmando que somos filhos de Deus, as primícias entre as criaturas do Senhor.

3. O propósito de Deus. A salvação é a maior bênção de Deus para a humanidade. O propósito divino não é primeiramente abençoar o crente com bênçãos materiais, mas fazer dele primícias de suas criaturas: os salvos pela graça mediante a fé (Ef 2.8). No Antigo Testamento, as primícias eram a colheita do melhor fruto (Lv 23.10,11 cf. Êx 23.19; Dt 18.4). Ao referir-se às primícias, Tiago dizia aos primeiros irmãos, notadamente judeus, que eles foram escolhidos como primícias do Evangelho. Os primeiros de muitos outros que Deus havia começado a colher. Alegre-se no Senhor! Você faz parte das primícias da sua geração. Escolhido por Deus e nomeado por Ele para proclamar as virtudes do Senhor neste mundo.

SINOPSE DO TÓPICO (III)
 A partir da promessa da salvação, Deus colhe as suas primícias (os salvos) dentre as criaturas.

CONCLUSÃO
 Inseridos no processo de aperfeiçoamento espiritual, sofremos os mais diversos tipos de provações, independentemente de nossa posição social, econômica e cultural. Tais situações aperfeiçoam-nos e amadurecem-nos como pessoas. Quando alguém é gerado pela Palavra da Verdade, ele é chamado pelo Pai a viver o Evangelho em fidelidade. Não podemos nos esquecer do nosso maior desafio: fazer o Evangelho falar num mundo dominado por relacionamentos distorcidos. Somos o Corpo de Cristo, a Igreja de Deus: a coluna e firmeza da verdade (1Tm 3.15).

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
 PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2009.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição, RJ: CPAD, 2007.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
 Subsídio Histórico-Cultural
 “Mas glorie-se o irmão abatido na sua exaltação, e o rico, em seu abatimento (1.9,10). A primeira palavra é hypsos, ‘exaltação’. A segunda é tapeinosis, ‘humildade/humilhação’. O perigo da pobreza é que uma pessoa pode invejar os ricos e sentir-se inferior, ao passo que o perigo da riqueza é que uma pessoa pode tornar-se orgulhosa e arrogante. Cada perigo é equilibrado pela perspectiva da vida, que é modelada pela fé. O pobre encontra conforto e identidade na percepção de que em Cristo ele foi exaltado até a posição de um filho de Deus. O rico recupera a humildade ao contemplar o fato de que a riqueza material é passageira, e que para vir até o Senhor ele abandonou a dependência de suas posses, aproximando-se de Deus como um homem necessitado, procurando a salvação que está enraizada na graça” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição, RJ: CPAD, 2007, p.513).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
 Subsídio Teológico
 “O Nascimento através da Palavra (1.17-18).
Nesse capítulo de abertura, ao insistir que ‘Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto’ (v.17), Tiago está realçando dois pontos cruciais de seu argumento.
Deixa claro que um ‘dom perfeito’, tal como a sabedoria, necessário para tornar uma pessoa ‘madura’ (‘madura’ em 1.4 e ‘perfeita’ em 1.17 são traduções da mesma palavra grega, teleios), não pode ser recebido através do esforço humano, pois este vem somente de Deus.
Ao afirmar que ‘todos’ esses dons têm sua origem em Deus, Tiago está também declarando sua convicção de que somente bons dons vêm de Deus. Quando diz que Deus é o ‘Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação’, está provavelmente fazendo uma alusão a fenômenos astronômicos, tais como eclipses lunares ou solares, ou às fases da lua. Pode-se confiar que cada dom de Deus será bom e não resultará em qualquer tentação ou provação (1.13 e comentários).
A vontade de Deus difere da humana não só em sua perfeita bondade, mas também em seus efeitos. Enquanto a vontade humana, pela sua inclinação ao mal, originária de nossa natureza pecaminosa, leva a ações que irão ao final resultar em morte, a vontade de Deus leva à vida. Na verdade, Tiago estabelece o contraste desses diferentes resultados por meio de paralelos entre os processos de três estágios que se iniciam com a vontade humana e a divina” (STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2ª Edição, RJ: CPAD, 2004, p.1666).

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
 Gerados pela Palavra da Verdade
 Qual o contexto social em que a sua igreja local está localizada? Trata-se de uma cidade nobre? Ou da periferia? Quem são os seus alunos? Como se dá a relação social entre os seus alunos? O professor não pode planejar essa lição sem antes fazer estas perguntas e respondê-las com sinceridade.
Inicie a aula descrevendo as classes sociais da Igreja do Primeiro Século. Para isso, use o Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, pois na seção bíblica de Tiago [Orgulhando-se da “Coroa da Vida” (1.9-12)], o teólogo Timothy B. Cargal procura responder como era, ou deveria ser, a relação dos crentes oriundos de distintos contextos sociais, isto é, entre os ricos e os pobres da igreja. A conclusão que o teólogo chega nesta seção da carta é que os “leitores estavam muito conscientes de sua posição, e nem sempre se aproveitavam das oportunidades para demonstrar a preocupação de Deus por aqueles que estavam necessitados (2.14-17). Já se orgulhavam de sua elevada posição, talvez por considerarem ‘ricos’, moralmente superiores, mesmo quando se identificavam com as armadilhas das posições elevadas e do poder. Até mesmo pensavam a respeito de sua salvação utilizando a imagem da sua posição social, isto é, a coroa da vida” (p.1665).
Um desastre que pode ocorrer ao crente economicamente bem sucedido é quando ele interpreta as ocorrências cotidianas da vida como “acontecimentos espirituais”. Ele faz uma teologia particular sem se importar com os outros ao redor. Por exemplo, é comum um crente atribuir a Deus a compra de um bem material dizendo “foi Deus quem me deu!”. Mas ele não pode esquecer o contexto desta aquisição. Ora, estamos num país economicamente equilibrado e que, por isso, lhe proporcionou uma linha de crédito para esse fim. Se nós não considerarmos tais realidades poderemos entrar em questões bem difíceis, tais como: Por que Deus deu um bem para um irmão e não deu ao outro? Ambos não são salvos? É preciso explicar o mal que uma teologia individualista, como a da prosperidade, pode causar a uma igreja local. Não podemos ignorar o ensino da Palavra: a de que o rico deve suprir o necessitado, e este, deve se alegrar por se achar o filho escolhido por Deus.


SUBSIDIOS.

Elaboração: Escriba Digital

 Palavra Chave

Verdade: Propriedade do que é real; que se conforma com a realidade. Genuíno. Nesta epístola a Palavra de Deus é identificada como a verdade.

INTRODUÇÃO
 O ensino de Tiago sobre esse assunto é aplicado para uma comunidade que está passando por problemas econômicos sérios. Há diversas classes de pobres na comunidade de Tiago: aqueles que estão desamparados e negligenciados sem culpa própria — viúvas e órfãos; aqueles vitimados economicamente — trabalhadores cujo estado deplorável ocorria em virtude da ganância e indiferença dos empregadores; e ainda aqueles que foram reduzidos a necessidades medonhas de pobreza e miséria, talvez por não terem direitos legais.
A pobreza e a riqueza, independentemente de suas origens, são fatos comuns à realidade da existência humana. Evidentemente que nunca foi propósito de Deus que uns poucos tivessem consigo tanta fortuna, enquanto que a maioria das pessoas vive uma vida que abeira a extrema miséria. Então, de acordo com o ensino de Tiago, qual deve ser a relação entre pobres e ricos? Tentaremos responder esta questão analisando-a no contexto da igreja.

I. A RELAÇÃO ENTRE OS POBRES E OS RICOS DA IGREJA (Tg 1.9-11)
 1. Os pobres na Igreja do primeiro século. Tiago sabia que muitos irmãos estavam vivendo em profunda pobreza e ocupavam os cargos de menor remuneração na sociedade. Essas pessoas precisavam de palavras de encorajamento, pois as condições econômicas eram opressivas e difíceis de entender. No entanto ele afirma que irmão cristão (v.9) pode regozijar-se mesmo debaixo da opressão da pobreza. Ele não tem prazer nas suas privações, mas possui a fonte da verdadeira alegria que eleva o seu espírito acima das limitações materiais. A exaltação é o que a comunhão com Cristo faz pelo sentimento de dignidade de uma pessoa diante de Deus. Quando um homem sabe que pertence a Cristo e aprendeu a valorizar os valores espirituais da vida, não precisa de muitas vantagens materiais para ser um homem satisfeito e alegre (Cf. Fp 4.10-13).
A pobreza é uma adversidade externa. Mas o cristão pobre deve se regozijar em seu novo estado em Jesus Cristo. Este relacionamento deu-lhe verdadeira riqueza. Ele é um herdeiro de Deus e um co-herdeiro com Jesus Cristo! Desta forma todo cristão pobre é estimulado não apenas a saber de sua posição elevada mas também a orgulhar-se dela. É com orgulho que aponta para seu Pai celeste e seu irmão, Jesus Cristo.

2. Os ricos na Igreja Antiga. Tiago não está preocupado com as riquezas, mas com a pessoa que as possui. Concluo, portanto, que o homem rico ou não vivia em comunhão com Deus ou não é um cristão. Como pode uma pessoa rica “orgulhar-se de sua posição inferior”? O pobre orgulha-se de suas riquezas espirituais, mas o homem rico que não vive em comunhão com o Senhor ou que rejeita Deus é espiritualmente cego e incapaz de ver seu “abatimento”. Ele se gloria de sua riqueza material, mas a riqueza terrena “passará como a flor da erva”. Os bens terrenos podem ser comparados às marés: eles vêm e vão.
Em uma única frase o autor descreve as condições climáticas de Israel. A principal causa da seca é o calor ardente do sol que se levanta, especialmente quando acompanhado do vento causticante do deserto. Essa combinação faz as plantas murcharem rapidamente e sua flor e beleza desaparecem em questão de horas. Quando o vento chamado siroco sopra dia e noite vindo do leste, o aspecto da paisagem transforma-se drasticamente.
“Assim se murchará também o rico em seus caminhos”. Certamente as posses terrenas do homem podem desaparecer num tempo incrivelmente curto, mas o texto não diz que as riquezas desaparecerão. Afirma que o “rico murchará”. Em forma poética, esta é a descrição do ser humano encontrada no Salmo 103.
A grande verdade que Tiago procura mostrar é que a vida do rico chega ao fim enquanto ele se ocupa em ganhar dinheiro. Suas riquezas não são capazes de prolongar sua vida, pois ele parte deixando para trás as suas posses.

3. Perante Deus, pobres e ricos são iguais. Teria o sábio realmente vantagem sobre o tolo, ou isso seria apenas um conceito humano? Seria o pobre qualificado para ter um espaço na sociedade, ou somente os ricos estariam qualificados? Nos seus questionamentos irônicos, Salomão, com todo seu conhecimento, parece deixar claro que a superioridade do conhecimento e de uma boa qualificação social não nos faz superior a ninguém.
O mundo e a igreja estão cheios de pessoas que, por terem uma condição financeira ou uma posição social melhor, se acham superiores às outras, e elas vivem a vida julgando-se mais especiais. Deus não faz diferença, não discrimina, nem privilegia seus filhos isoladamente. Para Ele todos são iguais, todos têm o mesmo amor, todos são seus filhos e merecem a mesma luz, a mesma proteção. Não importa a raça, o sexo, o nível cultural, se rico, ou pobre, se novo ou velho; todos são iguais para os Seus olhos: “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).
Falar dessa igualdade significa reconhecer que Deus foi tão justo na sua criação que criou o homem Sua imagem e semelhança, nos dando a igualdade como uma condição primeira do homem como sua criatura. Se somos todos iguais aos olhos de Deus, por que o homem se faz diferente, criando indiferenças com o irmão? Sejamos sim, todos iguais. Façamos dessa semelhança com o Criador a nossa perfeição para uma convivência fraterna com o nosso irmão, nosso semelhante. Reconheçamos essa igualdade aos olhos de Deus e nos tornemos um ser perfeito, assim como perfeita foi sua Criação.
Deus nos criou a Sua imagem e semelhança (Gn 1.26), mas o pecado vem desqualificando essa igualdade que Deus colocou nos seres humanos. Desde que o pecado entrou no mundo, as comparações e discriminações se tornaram algo evidente na vida dos seres humanos. Na luta incontida pela sobrevivência, nós queremos saber quem é o melhor e o maior.

II. DEUS SÓ FAZ O BEM (Tg 1.16,17)
 1. Não erreis (v.16). Não tirem conclusões falsas por meio de uma lógica aparente (consciente ou inconsciente). O ser humano que tenta se afirmar contra Deus empenha de múltiplas maneiras sua capacidade mental para justificar essa atitude errada. Ver a situação corretamente constitui o primeiro passo para que possamos obter auxílio.
Não vagueiam tanto no seu pensamento a ponto de acreditar que qualquer provação ou tentação, com um propósito mal, vem de Deus. Ele tem medo de que esses crentes possam cair no erro da dúvida quanto à bondade de Deus, o que poderia ser fatal à fé. Isso é um argumento com base na ideia oposta; pois assim como Deus é o autor de todo o bem, assim também é absurda a suposição que ele é o autor do mal. A Ele pertence fazer o bem; e de acordo com a Sua natureza, e da parte dEle, todas as coisas boas chegam até nós. Portanto, qualquer maldade que exista não concorda com a Sua natureza.
Ainda hoje alguns cristãos que são provados e testados perdem a perspectiva correta e questionam a providência divina. Se Deus é Todo-Poderoso, por que Ele não evita as tragédias e calamidades? O homem pode multiplicar as acusações verbais e não-verbais contra Deus, mas não deve fazê-lo.

2. Todo dom e boa dádiva vêm de Deus. Deus é a personificação da bondade, a fonte de tudo o que é bom, pois a bondade se origina dEle. Deus dá por meio da criação do céu e da terra; Deus dá quando envia seu Filho; Deus dá ao derramar seu Espírito. As dádivas que Deus coloca à disposição de Seu povo são boas e perfeitas — cada uma delas. Elas incluem dádivas espirituais e materiais.
Todas as coisas nos são dadas pelas mãos de Deus, pois recebemos dEle tanto a prosperidade quanto a adversidade. Deus dá ao seu povo provações e testes que, por vezes, tomam a forma de calamidades. Assim diz o profeta Amós para o povo de Israel: “Sucederá algum mal à cidade sem que o Senhor o tenha feito?” (3.6 — ARA).
Deus está completamente no controle de cada situação e sabe o que é melhor para seus filhos. “Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhos pedirem?” (Mt 7.11; comparar com Lc 11.13).

3. A origem de tudo o que é bom está no Pai das Luzes. Olhe ao redor e considere a bondade de Deus (1.17). Quando Satanás tentou Eva no jardim do Éden e Jesus no deserto, ele questionou o amor de Deus. A bondade de Deus é o grande escudo contra a tentação do diabo. Quando sabemos que Deus é bom, não precisamos cair nas armadilhas do diabo para suprir nossas necessidades. E melhor estar faminto dentro da vontade de Deus do que estar farto e cheio fora da vontade de Deus (Dt 6.10-15). Jesus foi categórico com Satanás: “...Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4). Uma coisa é ser tentado, outra coisa é ceder à tentação. Não é pecado ser tentado, mas sim ceder à tentação. Lutero costumava dizer: “Você não pode impedir que um pássaro voe sobre a sua cabeça, mas você pode impedir que ele faça ninho em sua cabeça”.
Tiago apresenta três fatos sobre a bondade de Deus: Deus dá somente boas dádivas. Tudo o que Deus dá é bom, até as provas. O espinho na carne de Paulo foi um dom estranho, mas foi uma grande bênção para ele (2Co 12.1-10). Deus dá constantemente. O verbo “descendo” é um presente particípio, cujo significado é: continua sempre descendo. Deus não dá seus dons apenas ocasionalmente, mas constantemente. Deus não muda. Deus não pode mudar para pior porque Ele é santo. Ele não pode mudar para melhor porque Ele é perfeito. O primeiro escudo contra a tentação é o julgamento de Deus. O segundo é a bondade de Deus.
Tudo o que Deus nos dá é bom. Toda boa dádiva procede das Suas mãos. Ele, muitas vezes, nos dá não o que pedimos, mas o que precisamos. Seríamos destruídos se Deus deferisse todas nossas orações. Muitas vezes pedimos uma pedra, pensando que estamos pedindo um pão; pedimos uma serpente, pensando que estamos pedindo um peixe. Deus, então, é tão bondoso, que não nos dá o que pedimos, mas o que necessitamos.

III. PRIMÍCIAS DE DEUS ENTRE AS CRIATURAS (Tg 1.18)
 1. Algo que somente Deus faz. Tiago afirma que “Ele nos gerou”. A regeneração expressa a experiência do recebimento da nova vida, da vida eterna. Isso acontece quando o homem se encontra com Deus na busca da salvação. Por isso só Ele faz isso.
O novo nascimento significa a entrada do homem no Reino de Deus (Jo 3.3). Ninguém pode ser contado como cidadão antes de nascer. Do mesmo modo, ninguém pode pertencer ao Reino de Deus antes de nascer de novo. A Bíblia diz: “O Senhor, ao fazer descrição dos povos, dirá: Este é nascido ali” (Sl 87.6). São os nascidos de novo que são inscritos no Livro da Vida (Lc 10.20).
Essa nova natureza é Cristo em nós (cf. Cl 3.4). Qualquer que é de novo gerado, é gerado de “uma herança incorruptível” (1Pe 1.23), “a sua semente [de Deus] permanece nele” (1Jo 3.9). O crente nasceu de novo pela semente divina e, por isso, é participante da divina natureza (cf. 2Pe 1.4), e também participa da santidade de Deus (Hb 12.10). Cumpre-se o milagre que Ezequiel predisse: “E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis” (Ez 36.26,27). Quando a vara é enxertada na árvore, ela se torna participante, não só da raiz e da seiva (Rm 11.17), mas também da natureza da árvore, o que se verifica na qualidade do fruto que essa vara agora produz (Jo 15.1-5). Assim também acontece com aqueles em cujas vidas, pelo novo nascimento, operou a influência divina. Essa influência os impulsiona andar nos caminhos do Senhor: “Ou dizeis que a árvore é boa e o seu fruto, bom, ou dizeis que a árvore é má e o seu fruto, mau” (Mt 12.33-35). Que milagre! Que maravilha é o novo nascimento! Por meio dessa operação da graça divina, Deus restaura a imagem da sua semelhança moral no homem, pois para isso o criou (Gn 1.26,27).
Ele, antes, estava escravizado pela própria carne. Agora, pelo novo nascimento, tornou-se um filho de Deus (Jo 1.12), um ser livre, um súdito do Reino de Deus (Jo 3.5; Ef 2.19). Tudo aconteceu porque o Espírito Santo agora habita nele (1Co 3.16; 6.19; Rm 8.9), e exerce domínio sobre ele de modo total, o que deu origem à transformação da sua personalidade. O homem recebe pois, pela regeneração, tanto uma nova direção sobre sua vida, como poder de Deus para seguir essa direção. O homem regenerado sente que, agora:
   •    Seu pensamento mudou; ele pensa diferentemente, de conformidade com a vontade de Deus (Cl 3.10; Fp 4.7).
   •    Seu entendimento se abriu para as coisas de Deus, pois antes não as entendia (1Co 2.15; 2Co 4.6) e Deus o renova para o conhecimento (Cl 3.10).
   •    O seu sentimento registra o gozo pela presença de Deus (cf. Sl 16.11); agora ele ama a Deus (1Jo 4.19) e aos irmãos (1Jo 3.14).
   •    A sua vontade, que antes era escravizada pela carne (Ef 2.2,3; Is 53.6), conforma-se com a vontade de Deus (Mt 6.10; 1Pe 1.22; 4.2; At 13.22).
   •    A sua consciência, agora purificada (Hb 9.14), torna-se sensível à direção de Deus (Rm 2.15).
   •    Não está mais debaixo da carne, mas do Espírito (Rm 8.9). A sua carne, a sua velha natureza, não foi aniquilada, pois ele a possui ainda, porém ela está dominada pela nova natureza e foi entregue à morte (Gl 5.16,17; Rm 8.12,13), a cruz (Gl 2.20).
“Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1Jo 5.4,5). O que nasceu de novo vive e se move em Jesus (At 17.28). Jesus disse: “Estai em mim, e eu, em vós” (Jo 15.4). Por Jesus estar em nós, “o homem velho”, a nossa natureza caída que antes atendia às tentações do mundo (Ef 2.2,3) agora está crucificada (Rm 6.8) e despida (Ef 4.22), com o que ficamos livres da lei da morte (Rm 8.2). Cristo está em nós, é a nossa força (Fp 4.13). Por isso, aquele que é nascido de Deus vence o mundo. Essa transformação interna que a regeneração nos oferece por Cristo viver em nós, também opera uma transformação radical na nossa vida exterior — não mais nos conformamos com o mundo (Rm 12.2). A Bíblia diz: “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado” (1Jo 3.9). Isso significa que não mais podemos viver em pecado, isto é, continuamente pecando. Se surgir algum problema, se chegarmos a pecar, nossa nova natureza imediatamente nos impulsiona a buscar perdão, restauração, renovação da íntima comunhão com Deus, que, pelo pecado, ficara interrompida (1Jo 2.1,2). Assim poderemos continuar vencendo o mundo.

2. A Palavra da verdade. O conceito da “verdade” vem desafiando a humanidade por milhares de anos. Filósofos da antiga Grécia debatiam a natureza da verdade. Eles discutiam se ela era real e absoluta, ou relativa e ilusória. Suas dúvidas podem ter sido refletidas numa questão de Pilatos: “Que é a verdade?” (Jo 18.38).
Os humanos podem andar em dúvida e incerteza, mas Jesus é inequívoco. Ele fala sobre a verdade como algo exato e objetivo. Em outra parte ele nos fala que a verdade é a Palavra de Deus revelada. Quando ele falou com seu Pai (Jo 17.17), ele disse: “tua palavra é a verdade”. Quando Jesus falou sobre a verdade, ele não estava falando sobre uma vaga abstração resultante de um intenso pensamento humano, meditação, lógica ou de um debate. Ele não definiu a verdade em termos subjetivos como uma coisa qualquer que as pessoas escolheriam acreditar. Jesus definiu a verdade como um fato revelado e eterno! A palavra de Deus é verdadeira independentemente do fato de eu concordar com isso, de eu aceitar e obedecer, ou rejeitar e contestar.
Outros que escreveram o Novo Testamento fizeram similares afirmações sobre a palavra de Deus, achada nas Escrituras. Em 2 Timóteo 3.16-17, Paulo disse: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (ARA). Paulo também disse que seu ensinamento não tinha palavras de sabedoria humana, e sim palavras reveladas pelo Espírito Santo (veja 1Co 2.9-13).
Deus revelou a verdade como certa e absoluta. Deus não nos deu meramente ideias subjetivas para serem moldadas de modo a se ajustarem às nossas situações. Ele não aprova distorções ou modificações das Escrituras para que se ajustem aos nossos caprichos. Deus certamente não nos deixou num mar de dúvidas onde nada podemos saber com certeza.
Devemos escolher como responder a esta revelação de Deus. Nós podemos obedecê-la ou rejeitá-la. Temos a liberdade de aceitar tudo o que Deus disse, ou somente as partes que nos interessam. Mas quando decidirmos como responder a ela, devemos lembrar de que nada o que fizermos irá mudar a veracidade de suas palavras. Aproximadamente três mil anos atrás o escritor de Salmos disse: “A tua palavra, Senhor, para sempre está firmada nos céus.” (Sl 119.89 — NVI).

3. O propósito de Deus. Deus intencionalmente gerou novas criaturas com o propósito definido de fazer delas as primícias de suas criaturas. “Primícias” é termo judaico, que seria muito bem entendido pelos leitores judeus cristãos. Representa aquilo que era separado para Deus, antes que o restante fosse usado para qualquer coisa, como a melhor parte de uma colheita ou as melhores ovelhas de um rebanho. Eram os “primeiros frutos” (NVI). No Novo Testamento o termo é usado para se referir aos cristãos, que têm as primícias do Espírito (Rm 8.23), aos judeus, que foram as primícias da massa (Igreja) (Rm 11.6), a cristãos individuais que foram os primeiros a se converter em uma região (Rm 16.5; 1Co 16.15), a Cristo, como a primeira parte da ressurreição dos mortos (1Co 15.20,23). Tiago provavelmente usa a expressão para se referir ao fato de que os regenerados são o ápice da criação de Deus, aquela parte das suas criaturas que Deus intentou tomar para si, para que se tornassem santos para o Senhor, assim como os primeiros frutos eram consagrados a Ele. É nesse sentido que o termo ocorre em Apocalipse 14.4: “Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro”.
Deus deseja uma geração que seja exclusiva para si, separada para si, consagrada para si. E esse anseio do coração de Deus se revela em toda Bíblia. É um cuidado da parte de Deus com os seus escolhidos. Sem a santidade, ninguém verá o Senhor, isto é, não entrará no Reino de Deus. A santidade não pode ser protelada para se buscar nos momentos de agonia, de sofrimento na vida. Quem não se preparar e tiver vida santa na terra, não terá santidade na Eternidade. A santidade é requerida na vida presente. Todo aquele que crê em um Deus Santo deve buscar ser santo. Ser santo não é sugestão, mas imperativo para todo aquele que se tornou filho de Deus.

CONCLUSÃO

Como igreja de Jesus Cristo, o SENHOR nos fez e nos comprou a todos. Não há diferenças em Cristo Jesus. Temos a mesma salvação, a mesma esperança, as mesmas dificuldades e a mesma expectativa futura. Deve haver amor mútuo, respeito e alegria em cada um e para com os outros. Qualquer outra atitude, como inveja, lutas ou ressentimento, é do inferno. Que a igreja de Jesus Cristo possa prosperar através do amor, e sem qualquer acepção de pessoas.
Amados, não importa o quão pobre ou rico você é nas coisas deste mundo, o Senhor o escolheu em Seu abençoado Filho para a vida e as riquezas eternas. Ele escreveu o seu nome no Livro da Vida, e Ele o predestinou para a glória e a riqueza eterna. Deveríamos ser capazes de cantar os Seus louvores para sempre, pois o nosso céu no futuro excede em muito as riquezas vazias neste mundo perverso. Portanto, o nosso cântico deve ser sempre: Santidade ao Senhor!


A REGENERAÇÃO
Jo 3.3: “Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver  o Reino de Deus.”

Em 3.1-8, Jesus trata de uma das doutrinas fundamentais da fé cristã: a regeneração (Tt 3.5), ou o nascimento espiritual. Sem o novo nascimento, ninguém poderá ver o reino de Deus, i.e., receber a vida eterna e a salvação mediante Jesus Cristo. Apresentamos a seguir, importantes fatos a respeito do novo nascimento.

(1) A regeneração é a nova criação e transformação da pessoa (Rm 12.2; Ef 4.23,24), efetuadas por Deus e o Espírito Santo (3.6; Tt 3.5). Por esta operação, a vida eterna da parte do próprio Deus é outorgada ao crente (3.16; 2Pe 1.4; 1Jo 5.11), e este se torna um filho de Deus (1.12; Rm 8.16,17; Gl 3.26) e uma nova criatura (2Co 5.17; Cl 3.10). Já não se conforma com este mundo (Rm 12.2), mas é criado segundo Deus “em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24).

(2) A regeneração é necessária porque, à parte de Cristo, todo ser humano, pela sua natureza inerente e pecadora, é incapaz de obedecer a Deus e de agradar-lhe (Sl 51.5; 58.3; Rm 8.7,8; 5.12; 1Co 2.14).

(3) A regeneração tem lugar naquele que se arrepende dos seus pecados, volta-se para Deus (Mt 3.2) e coloca a sua fé pessoal em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador (ver 1.12).

(4) A regeneração envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de obediência a Jesus Cristo (2Co 5.17; Ef 4.23,24; Cl 3.10). Aquele que realmente nasceu de novo está liberto da escravidão do pecado (ver 8.36 nota; Rm 6.14-23), e passa a ter desejo e disposição espiritual de obedecer a Deus e de seguir a direção do Espírito (Rm 8.13,14). Vive uma vida de retidão (1Jo 2.29), ama aos demais crentes (1Jo 4.7), evita uma vida de pecado (1Jo 3.9; 5.18) e não ama o mundo ( 1Jo 2.15,16).

(5) Quem é nascido de Deus não pode fazer do pecado uma prática habitual na sua vida (ver 1Jo 3.9). Não é possível permanecer nascido de novo sem o desejo sincero e o esforço vitorioso de agradar a Deus e de evitar o mal (1Jo 2.3-11, 15-17, 24-29; 3.6-24; 4.7,8, 20; 5.1), mediante uma comunhão profunda com Cristo (ver 15.4 nota) e a dependência do Espírito Santo (Rm 8.2-14).
(6) Aqueles que continuam vivendo na imoralidade e nos caminhos pecaminosos do mundo, seja qual for a religião que professam, demonstram que ainda não nasceram de novo (1Jo 3.6,7).

(7) Assim como uma pessoa nasce do Espírito ao receber a vida de Deus, também pode extinguir essa vida ao enveredar pelo mal e viver em iniquidade. As Escrituras afirmam: “se viverdes segundo a carne, morrereis” (Rm 8.13). Ver também Gl 5.19-21, atentando para a expressão “como já antes vos disse” (v. 21).

(8) O novo nascimento não pode ser equiparado ao nascimento físico, pois o relacionamento entre Deus e o salvo é questão do espírito e não da carne (3.6). Logo, embora a ligação física entre um pai e um filho nunca possa ser desfeita, o relacionamento de pai para filho, que Deus quer manter conosco, é voluntário e dissolúvel durante nosso período probatório na terra (ver Rm 8.13). Nosso relacionamento com Deus é condicionado pela nossa fé em Cristo durante nossa vida terrena; fé esta demonstrada numa vida de obediência e amor sinceros (Hb 5.9; 2Tm 2.12).


Lc 18.24,25: “E, vendo Jesus que ele ficara muito triste, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! Porque é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus.”
Uma das declarações mais surpreendentes feitas por nosso Senhor é que é muito difícil um rico entrar no reino de Deus. Este, porém, é apenas um dos seus ensinos sobre o assunto da riqueza e da pobreza. Esta sua perspectiva é repetida pelos apóstolos em várias epístolas do NT.

RIQUEZA.
(1) Predominava entre os judeus daqueles tempos a idéia de que as riquezas eram um sinal do favor especial de Deus, e que a pobreza era um sinal de falta de fé e do desagrado de Deus. Os fariseus, por exemplo, adotavam essa crença e escarneciam de Jesus por causa da sua pobreza (16.14). Essa idéia falsa é firmemente repelida por Cristo (ver 6.20; 16.13; 18.24,25).

(2) A Bíblia identifica a busca insaciável e avarenta pelas riquezas como idolatria, a qual é demoníaca (cf. 1Co 10.19,20; Cl 3.5). Por causa da influência demoníaca associada à riqueza, a ambição por ela e a sua busca freqüentemente escravizam as pessoas (cf. Mt 6.24).

(3) As riquezas são, na perspectiva de Jesus, um obstáculo, tanto à salvação como ao discipulado (Mt 19.24; 13.22). Transmitem um falso senso de segurança (12.15ss.), enganam (Mt 13.22) e exigem total lealdade do coração (Mt 6.21). Quase sempre os ricos vivem como quem não precisa de Deus. Na sua luta para acumular riquezas, os ricos sufocam sua vida espiritual (8.14), caem em tentação e sucumbem aos desejos nocivos (1Tm 6.9), e daí abandonam a fé (1Tm 6.10). Geralmente os ricos exploram os pobres (Tg 2.5,6). O cristão não deve, pois, ter a ambição de ficar rico (1Tm 6.9-11).

(4) O amontoar egoísta de bens materiais é uma indicação de que a vida já não é conside-rada do ponto de vista da eternidade (Cl 3.1). O egoísta e cobiçoso já não centraliza em Deus o seu alvo e a sua realização, mas, sim, em si mesmo e nas suas possessões. O fato de a esposa de Ló pôr todo seu coração numa cidade terrena e seus prazeres, e não na cidade celestial, resultou na sua tragédia (Gn 19.16,26; Lc 17.28-33; Hb 11.8-10).

(5) Para o cristão, as verdadeiras riquezas consistem na fé e no amor que se expressam na abnegação e em seguir fielmente a Jesus (1Co 13.4-7; Fp 2.3-5).

(6) Quanto à atitude correta em relação a bens e o seu usufruto, o crente tem a obrigação de ser fiel (16.11). O cristão não deve apegar-se às riquezas como um tesouro ou garantia pessoal; pelo contrário, deve abrir mão delas, colocando-as nas mãos de Deus para uso no seu reino, promoção da causa de Cristo na terra, salvação dos perdidos e atendimento de necessidadesdo próximo. Portanto, quem possui riquezas e bens não deve julgar-se rico em si, e sim administrador dos bens de Deus
(12.31-48). Os tais devem ser generosos, prontos a ajudar o carente, e serem ricos em boas obras (Ef 4.28; 1Tm 6.17-19).

(7) Cada cristão deve examinar seu próprio coração e desejos: sou uma pessoa cobiçosa? Sou egoísta? Aflijo-me para ser rico? Tenho forte desejo de honrarias, prestígio, poder e posição, o que muitas vezes depende da posse de muita riqueza?

POBREZA.
Uma das atividades que Jesus avocou na sua missão dirigida pelo Espírito Santo foi “evangelizar os pobres” (4.18; cf. Is 61.1). Noutras palavras, o evangelho de Cristo pode ser definido como um evangelho dos pobres (Mt 5.3; 11.5; Lc 7.22; Tg 2.5).

(1) Os “pobres” (gr. ptochos) são os humildes e aflitos deste mundo, os quais clamam a Deus em grande necessidade, buscando socorro. Ao mesmo tempo, são fiéis a Deus e aguardam a plena redenção do povo de Deus, do pecado, sofrimento, fome e ódio, que prevalecem aqui no mundo. Sua riqueza e sua vida não consistem em coisas deste mundo (ver Sl 22.26; 72.2, 12,13; 147.6; Is 11.4; 29.19; Lc 6.20; Jo 14.3 nota).

(2) A libertação do sofrimento, da opressão, da injustiça e da pobreza, com certeza virá aos pobres de Deus (Lc 6.21).


COMENTÁRIO BÍBLICO DO TEXTO DA LIÇÃO.
TIAGO
1:9 / Um dos sinais da confiança em Deus é a capacidade de ver além das circunstâncias atuais. Aqui Tiago volta a um tema discutido no versículo 2, que ele agora concretiza ao dizer: Glorie-se o irmão de condição humilde... Deve tratar-se de um irmão, visto que só o cristão tem recursos para enxergar além das atuais circunstâncias. O crente é um membro da comunidade pertencente à era vindoura, mas também é membro da comunidade dos pobres, na era presente. O termo condição humilde indica não apenas uma pessoa a quem faltam bens materiais e, por isso, leva uma existência da mão-à-boca, lutando a fim de conseguir o mínimo necessário para continuar vivendo (e às vezes incapaz de conseguir esse mínimo), mas refere-se também ao socialmente desprezado. Esse crente é uma pessoa cuja sorte na vida deixou-o humilhado. O crente deve gloriar-se na sua alta posição. Tal exortação visa a fazer o crente exultar ou gloriar-se (sentir orgulho) em sua situação. Que contraste com sua situação social visível! Em que tal pessoa poderia gloriar-se? A resposta é: “na sua alta posição”. Isso não significa que Deus levantará o crente no futuro, mas que já o levantou. Aqui está um pobre crente que sabe que é herdeiro do universo (Mateus 5:3, 5; Tiago 2:5). Eis o regozijo de Maria, que viu Deus encher de bens os famintos e elevar os humildes na pessoa dela mesma (Lucas 1:52-53). Tal pessoa percebe que as circunstâncias externas humildes não constituem a essência da situação. Esse indivíduo não é meramente uma pessoa rica, tampouco um dos poderosos da Palestina, mas um filho de Deus, herdeiro do Senhor, que receberá um reino de amplitude mundial. O crente tem muito de que orgulhar-se — ou gloriar-se — mas só se toma visível aos que têm fé e confiança.

1:10 / O rico, no entanto, dificilmente ocupa essa posição gloriosa. É certo que os ricos estão numa situação em que se podem gloriar. Afinal, não sofrem privação material alguma, a fome não os acossa, seus filhos são bem alimentados e sadios, são poderosos na cidade, recebem respeito de todos os que os rodeiam (cf. Salmo 73). Não deveriam os ricos regozijar-se em sua prosperidade, como se ela fora uma dádiva de Deus? Não, diz Tiago; em vez disso, glorie-se o rico na sua insignificância.
Dois comentários podem esclarecer esse raciocínio. Primeiro, o rico. Não seja o leitor levado a supor que pode inserir a palavra “cristão” (a qual não aparece no texto grego) para qualificar “o rico”. Em Tiago, “rico” é sempre aquele de fora da comunidade cristã, incrédulo. Na verdade, os ricos são os opressores da comunidade (2:6; 5:1-6).
Em segundo lugar, a convocação às pessoas para que “se gloriem” é irônica em dois sentidos. Por um lado, quando os ricos se convertem, compartilham seus bens, identificando-se com a “escória” pobre que antes desprezavam e perseguiam. Tomam-se um com o grupo que a si mesmo se chama pobre, mas é exaltado por Deus, embora desprezado pela sociedade. Aqui há, realmente, algo em que podemos gloriar-nos; todavia, é exatamente no fato de perder o “status” de rico, e em ser “rebaixado” ao nível humilde da igreja, que o rico pode gloriar-se. Por outro lado, visto que Tiago não espera que os ricos em sua maioria se convertam,
mas que caiam no julgamento de Deus, há grande ironia em exortá-los a que se gloriem, visto que aquilo de que tanto se orgulham hoje, na verdade, é sua maior humilhação. Como 5:1-6 esclarece, são as evidências que os condenarão; as evidências lhes devorarão as carnes no Dia do Julgamento. São como crianças que se regozijam nas traquinagens, não sabendo que o pai está chegando e que aquilo que agora constitui motivo de gozo, as evidências de suas desobediências, serão sua maior humilhação dentro de alguns segundos São ricos — ricos loucos (Lucas 12:13-21).
O fato é que o rico... passará como a flor da erva. Impressiona-nos a riqueza, e o rico nos parece muito importante agora, mas, se pudéssemos vê-lo da perspectiva de Deus, entenderíamos que a aparência de grandeza é semelhante a uma bolha de sabão. Eis que a morte se aproxima e a riqueza desaparecerá; o rico desnudado descerá destituído de seus bens às profundezas do inferno (como vemos em Jó 15:30 e Provérbios 2:8, no Antigo Testamento; nos Apócrifos, Siraque 14:11- 19; 2 Baruque 82:3-9; e no Novo Testamento, Mateus 6:19-21). Reitera-se a perspectiva adequada, bastante crítica. Somente mediante a perspectiva de Deus a da era vindoura podemos reconhecer essa verdade e a amarga ironia nela comida.
1:11 / O quadro que Tiago usa a fim de imprimir essa idéia na mente de seus leitores é o de um fenômeno dramático, observado na Palestina. As anêmonas e as ciclamens florescem maravilhosamente pela manhã, mas, à medida que o sol vai subindo e o dia se torna mais quente, elas vão pendendo, murcham e acabam morrendo. No final da tarde as flores que havia pouco estavam em pleno viço agora não mais existem, e não renascerão. É provável que esse quadro tenha sido tirado de Isaías 40:6-8 (também é empregado em 1 Pedro 1:24), mas o sentido é singularmente de Tiago. O rico é a flor cuja aparência é tão impressionante. Contudo, da perspectiva dos céus, a situação desse rico é precária na verdade. Logo sobrevirá algum problema, alguma doença, e onde estará depois o rico? Em face da morte, as riquezas são absolutamente insignificantes (cf. Jó 15:30; Provérbios 2:8; Salmos 73; Mateus 6:19-21). O rico murchará também enquanto vai andando em seus caminhos. A memória que dos ricos restará não será eterna, cheia de glória, como imaginavam que fosse, mas dissolver-se-á no pó, à semelhança de qualquer mortal, e logo seus monumentos e a própria lembrança deles se desfarão, desaparecendo no esquecimento. Isso era tudo que o rico teve, visto que, diferentemente do pobre, que havia sido “levantado” e, dessa maneira, veio a gozar de um lugar eterno junto a Deus, o rico recebeu toda sua consolação aqui na terra, pelo que mergulhou para sempre nas trevas e no esquecimento, cortado bem no meio de seus caminhos.
Nesse momento Tiago inicia a segunda parte da sua declaração de abertura. Embora verse sobre os mesmos temas, não é repetitivo, pois cada tema é ampliado. Trata-se aí das causas interiores do fracasso nas provações e não dos benefícios gerais advindos da provação. Debate-se a boa dádiva de Deus em relação ao problema do diálogo e não em relação à oração e à sabedoria. Agora focaliza-se a prática da fé (que significa repartir com generosidade), e não o debate da situação real do rico e do pobre. Todos esses temas acabarão por fundir-se nos debates de maior monta da conclusão.

1:16 / Não vos enganeis, meus amados irmãos. Não vos enganeis a respeito do quê? Seria o parágrafo anterior encerrado por este versículo, e teria relação com alguma crença segundo a qual a pessoa poderia lançar a culpa sobre Deus, ou abrigar a concupiscência, ou o pecado, sem que sobreviessem as más conseqüências? Ou será que esse versículo se refere ao engano sobre de onde vêm as provações (1:13)? Ou será que esse versículo é cabeçalho do parágrafo seguinte, referindo- se à falha em perceber que Deus nos dá o bem e nos traz salvação? Estruturalmente, a terceira opção é a preferível, porquanto o termo que designa os destinatários da carta, meus amados irmãos normalmente introduz um novo parágrafo. Todavia, aqui funciona como versículo-dobradiça: ser enganado quanto a um daqueles itens é o mesmo que ser enganado em todos, visto que o parágrafo seguinte é apenas a negação do parágrafo anterior. Se alguém lançar a culpa em Deus quanto a uma provação, essa pessoa está imergindo no pecado e negando a bondade de Deus. Tiago acredita que seus leitores são crentes verdadeiros (irmãos), mas teme que se desviem da fé, o que fica implícito na exortação não vos enganeis; ele tem medo de que esses crentes possam cair no erro da dúvida quanto à bondade de Deus, o que poderia ser fatal à fé.

1:17 / Em contraste com o ponto de vista de Deus como emissário de provações e tentações, está a perspectiva de que Deus nos dá boas coisas: Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto. Trata-se de frase poética, e pode ser citação de algum provérbio bem conhecido, alterado por Tiago a fim de enfatizar a expressão lá do alto. Dizer que Deus dá essas boas dádivas naturalmente significa negar que dá coisas más, uma vez que são incompatíveis. No entanto, Tiago pretende passar uma verdade mais profunda que “Deus é bom”. Jó afirmou que Deus dá liberalmente a todos que lhe pedirem (1:5). O bem maior a ser pedido, dentro daquele contexto, é a sabedoria, que voltará a ser mencionada em 3:15, dessa vez empregando a mesma expressão que ocorre aqui (do alto). Assim é que a melhor dádiva de todas, a que Tiago reiteradamente faz referência, é a sabedoria, que ajuda o crente na provação. Portanto, aqui está a mensagem mais importante: não é Deus quem envia a provação; ele envia o maravilhoso dom da sabedoria que nos capacita a resistir durante a provação. Deus nos dá o antídoto, não o veneno. Além do mais, o caráter de Deus não está sujeito a mudanças. Ele é o Pai das luzes. Trata-se de uma referência à criação, e indica a extensão da bondade de Deus (enquanto o versículo seguinte refere-se à nova criação). Os luminares de Gênesis 1:18, a saber, o sol e a lua, foram colocados ali para o bem da humanidade.
Todavia, esse fato por sua vez sugere um contraste. O sol e a luz são notórios pela mudança, mas Tiago refere-se a Deus dizendo que nele não há mudança nem sombra de variação. O texto, embora a linguagem de Tiago seja um tanto obscura, trata-se de uma declaração de natureza astronômica, em referência à falta de constância dos “luminares” celestes. Deus, todavia, em contraposição a essas luminárias celestes, não tem eclipse, não se ergue para logo sumir no horizonte, não tem fases e nenhuma obscuridade devida a nuvens. O caráter de Deus é absolutamente constante, digno de confiança, em quem se pode depositar toda a fé.

1:18 / Como prova da boa vontade de Deus — como se a criação não fossesuficiente — assim diz Tiago: Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas.
Em primeiro lugar, o que Deus fez, ele o fez por sua decisão. A ação de Deus não foi acidental, nem resposta a uma necessidade. Ele fez tudo segundo sua vontade, sua decisão, pelo que sua ação demonstra a essência de seu caráter.

Em segundo lugar, ele nos gerou. Por um lado, esta ação é criadora. O Pai das luzes também é o Pai da Humanidade, e foi seu desejo que toda a vida humana existisse. Por outro lado, Deus não só providenciou a criação, mas a nova criação também: foi ele quem trouxe o novo nascimento ou a redenção a todos os crentes (João 3:3-8; Romanos 12:2; Efésios 1:5; Tito 3:5; 1 Pedro 1:3, 23; 1 João 3:9). Essa declaração produz um contraste espantoso: a concupiscência conduz ao nascimento, mas traz consigo o pecado e a morte; Deus conduz ao nascimento e traz consigo redenção e vida.

Em terceiro lugar, Deus realiza esse novo ato criador pela palavra da verdade. À primeira vista, alguém poderia pensar que esta expressão seja uma referência à palavra criativa de Deus (Gênesis 1), ou à veracidade de tudo quanto o Senhor diz (e.g., Salmo 119:43), mas é certo que nesta passagem essa expressão significa algo mais. Que palavra na era do Novo Testamento é mais “palavra da verdade” do que o evangelho? Esta expressão é semi-técnica e designa a proclamação da ação de Deus em Cristo (2 Coríntios 6:7; Efésios 1:18; Colossenses 1:5; 2 Timóteo 2:15; 1 Pedro 1:25). Deus, de propósito, pôs em ação sua segunda criação, ou sua nova criação, ao enviar ao mundo a palavra do evangelho.
 O resultado desse ato criador também é beneficente, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. “Nós somos uma colheita,” diz Tiago, “somos os primeiros frutos maduros da nova criação de Deus, uma promessa da grande colheita que virá.” À semelhança de Paulo, Tiago acredita que Deus vai redimir toda a criação, não apenas a humanidade (Romanos 8:18-25). O presente renascimento de crentes promete mais bênçãos vindouras. Todavia, os primeiros são os melhores, pois constituem a porção santificada de modo especial. E assim éque Tiago sublinha a boa dádiva e intenção de Deus nas vidas dos crentes.

FONTE DE PESQUISA.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL
COMENTÁRIO BÍBLICO CONTEMPORANEO - TIAGO
ESCRIBA DIGITAL.

ELABORADO PELO EVANGELISTA; NATALINO DOS ANJOS.
PROFESSOR DA E.B.D e PESQUISADOR.
DIRIGENTE DA A.D.(MISSÃO) - NO BAIRRO NOVO HORIZONTE
CAMPO DE GUIRATINGA - MATO GROSSO
PASTOR PRESIDENTE; Pr EDSEU VIEIRA.

















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