GÊNESIS 4
1 Conheceu Adão a Eva, sua mulher;
ela concebeu e, tendo dado à luz a Caim, disse: Alcancei do Senhor um varão.
4.1 Eva encheu-se de
alegria com o nascimento do seu filho. Ela exclamou: "Obtive um homem".
Caim. Seu nome pode significar “adquirir, obter, possuir”. Se é
assim, então ele é uma prefiguração de suas inclinações primárias.
Com o auxílio do
SENHOR dei à luz. A mulher é a primeira a usar o nome pactual (ver na
introdução, “composição e Autoria”). Entretanto, embora reconhecendo aqui o
papel do Senhor na procriação, dar nome revela sinergismo (Deus faz sua parte;
eu, a minha).59 Em essência, Eva diz: “Eu tenho feito isto.” O leitor é levado
a esperar problemas na vida e linhagem de Caim.
Um homem. O termo
hebraico se refere a um homem maduro, não um bebê. O termo inesperado pode ter
sido escolhido como um eco de 2.23. A mulher
originalmente veio do homem; agora o homem se origina da mulher. Os
sexos são mutuamente dependentes um do outro, e ambos são dependentes de Deus
(ver 1Co 11.8-12).
2 Tornou a dar à luz a um filho-a
seu irmão Abel. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.
4.2 Abel (Hebel).
O nome dado ao segundo filho indica "um hálito fugaz" ou "um
vapor". Aplu, a palavra acadiana cognata, significa filho. Abel deu origem
à vida pastoral, enquanto Caim seguiu a seu pai na agricultura. A batalha
profetizada entre a semente da serpente e a semente da mulher já é evidente em
sua prole. Ainda quando Adão e Eva tenham sido restaurados para Deus, têm duas
sementes distintas mesmo no seio do lar pactual. O princípio da primogenitura,
o favoritismo do primeiro, é rejeitado. Isso dá início a um importante tema
deste livro.
Abel. A ausência
de comentário da parte de Eva (cf. Caim) procede à luz de seu nome, que significa
“vapor, hálito”, e é usado metaforicamente para o que é carente de substância e
efêmero. Aqui também no nome está uma prefiguração sinistra de sua vida.
Rebanhos ... solo.
A despeito da queda, os humanos ainda levam a bom termo o mandato cultural de
administrar os recursos da terra (1.26, 28).
3 Ao cabo de dias trouxe Caim do
fruto da terra uma oferta ao Senhor.
Oferta . Esta é a
palavra hebraica comum para “tributo”, normalmente, na lei mosaica, a oferenda
de cereal, as primícias. Com essa oferenda, o doador reconhece a superioridade
ou governo do receptor (Lv 2.14; 1Sm 10.27; 1Rs 10.25). Caim e Abel,
respectivamente, trazem uma oferta. Ambos vêm como sacerdotes, adoram o mesmo
Deus e esperam a aceitação divina, porém só Abel traz o tributo aceitável.
4 Abel também trouxe dos
primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora, atentou o Senhor para
Abel e para a sua oferta,
4.4a Uma oferta
(minhâ). Cada homem trouxe um presente especial ou uma oferta a Jeová. Não
se faz nenhuma menção de altar ou lugar de culto religioso. Minhâ, como os
antigos o conheciam, servia para expressar gratidão, o efeito da reconciliação
com o Senhor, e para adoração. Esta narrativa descreve o primeiro ato de
adoração registrado na história humana. Em cada exemplo o adorador trouxe algo
que era seu como oblação ao Senhor.
4b Agradou-se o
Senhor (shei'â). O presente oferecido por Caim não foi recebido pelo
Senhor. Aqui não se explica o porquê da rejeição. E as Escrituras não nos
contam como Deus indicou a Sua desaprovação. Talvez fogo caísse do céu e
consumisse a oferta que foi aceita, mas deixasse a outra intocada. Há quem
pense que a oferta de Caim foi rejeitada porque Caim deixou de realizar o
ritual adequado. Outros têm explicado que a natureza das ofertas é que fez a
diferença - uma sendo de carne e envolvendo morte e derramamento de sangue, e a
outra de vegetais, sem derramamento de sangue (cons. Hb. 9:22). O adorador e
sua oferta são inseparáveis.
O autor da Epístola aos hebreus dá-nos uma explicação
inspirada da diferença entre as duas ofertas: "Pela fé Abel ofereceu a
Deus maior sacrifício do que Caim . . , dando Deus testemunho dos seus dons
" (Hb. 11:4). Esta explicação centraliza-se sobre a diferença do espírito
manifestado pelos dois homens. Sendo Abel um homem de fé, veio com o espírito
correto e adorou de maneira agradável a Deus. Não temos motivos para crer que
Abel tinha algum conhecimento de sua necessidade da expiação substitutiva.
Pelas aparências ambas as ofertas expressavam gratidão, ação de graças e
devoção a Deus. Mas o homem que tinha falta de fé genuína no seu coração não
podia agradar a Deus, embora sua oferta material fosse imaculada. Deus não se
agradou de Caim porque já olhara para ele e vira o que havia no seu coração.
Abel veio a Deus com a atitude certa de um coração disposto a adorar e pela
única maneira em que os homens pecadores podem se aproximar de um Deus santo.
Caim não.
5 mas para Caim e para a sua oferta
não atentou. Pelo que irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.
4.5b A ira incontida de Caim exibiu-se
imediatamente. Sua fúria logo se acendeu, revelando o espírito que se
aliava em seu coração. Caim tornou-se um inimigo de Deus e hostil para com seu
irmão. Assim, o orgulho ferido produziu a inveja e o espírito de vingança. E
estes deram à luz ao ódio consumidor e à violência que torna possível o
homicídio. Por que Deus rejeitou um sacrifício e não o outro? Duas
interpretações comuns sugerem que Caim não tinha fé ou seu sacrifício não tinha
sangue. Na realidade, a chave para o fracasso de Caim se encontra nas
cuidadosas descrições do narrador do tributo de Caim e Abel. Caim traz “alguns
dos frutos”. Não há indicação que estes sejam os primeiros e os melhores. Abel
traz o melhor, o mais gordo de “o primogênito”. O pecado de Caim é a
superficialidade. Ele parece religioso, porém seu coração não é totalmente
dependente de Deus, não é sincero nem grato.
6 Então o Senhor perguntou a Caim:
Por que te iraste? e por que está descaído o teu semblante?
4.6. Por que?
Como antes, Deus começa sua admoestação com uma indagação que se destina a
permitir que o ouvinte confesse seu fracasso (cf. 3.9).
7 Porventura se procederes bem, não
se há de levantar o teu semblante? e se não procederes bem, o pecado jaz à
porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar.
4.6,7a Descaiu o teu
semblante . . . serás aceito. O ódio que o queimava por dentro fez descair
o seu semblante. Produziu um espírito taciturno, desagradável e mal-humorado.
Com gentileza e paciência Deus lidou com Caim, tentando salvar o pecador
rebelde. Assegurou-lhe que caso se arrependesse sinceramente, readquiriria sua
alegria e seria aceito por Deus. Neisei, "levantar", empresta a idéia
de perdão. Jeová misericordiosamente estendeu, assim, a Caim a esperança do
perdão e da vitória diante de sua decisão momentosa.
4.7b Pecado (hatt'at)
jaz (reibas). Logo em cima da promessa animadora. Jeová pronunciou uma
advertência severa, insistindo com o pecador a que controlasse seu gênio e
tomasse cuidado para que uma besta pronta a saltar sobre ele (o pecado) não o
devorasse. O perigo era real. A besta mortal estava exatamente naquele momento
pronta a dominá-lo. A palavra de Deus exigia ação imediata e forte esforço para
repelir o provável conquistador. Caim não devia permitir que esses pensamentos
agitados e esses impulsos o conduzissem a atitudes ruinosas. Deus apelou
fortemente para a vontade de Caim. A vontade tinha de ser posta em ação para se
obter a vitória completa sobre o pecado (hatt'at). Dependia do próprio Caim
vencer o pecado em si mesmo, para controlar e não ser controlado. O seu destino
estava em suas mãos. Não era tarde demais para escolher o caminho de Deus. Se você fizer o que é certo. Esta
narrativa ilustra o pecado original. Caim tem a consciência divina do certo e
errado, porém se rebela contra ela.
8 Falou Caim com o seu irmão Abel.
E, estando eles no campo, Caim se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou.
4.8. Então Caim disse.
A resposta de Caim ao questionamento divino não é registrada em suas palavras
dirigidas a Deus, mas em suas palavras e ações dirigidas a seu irmão.
A seu irmão. A
palavra-chave, irmão, ocorre sete vezes em Gênesis 4.2-11. Esta é a emergência
de rivalidade entre irmãos, um problema que grassará como uma praga atingindo a
cada uma das famílias piedosas do Gênesis. Ao exteriorizar seu ódio, Caim
começa a primeira guerra religiosa. Uma vez que ele renuncia a Deus, também
renuncia sua imagem.
Atacou ... matou.
A indisposição de Caim contra Deus extravasou no comportamento irracional e num
furioso zelo injustificável contra seu irmão. O rompimento do laço familiar,
iniciado no capítulo 3, aqui atinge o fratricídio em apenas uma geração.
9 Perguntou, pois, o Senhor a Caim:
Onde está Abel, teu irmão? Respondeu ele: Não sei; sou eu o guarda do meu
irmão?
4.9 Onde está Abel,
teu irmão? Falhando no domínio do selvagem monstro, Caim logo encontrou-se
à mercê de uma força que o controlou completamente. Quase imediatamente um dos
filhos veio a ser um homicida e o outro um mártir. Rapidamente Jeová confrontou
o homicida com uma pergunta. Ao que parece, Ele quis obter uma confissão de
culpa que preparasse o caminho para a misericórdia e o perdão completo. Embora
Caim tivesse cometido o pecado de livre e espontânea vontade, descobriu-se
perseguido por um Deus amoroso, rico em graça. Sou eu tutor de meu irmão?
(shomer). Que resposta desavergonhada para a pergunta de um Pai amoroso!
Petulantemente, desafiadoramente, Caim deu a sua resposta. O pecado já o tinha
agarrado em seu domínio. Ele renunciava os direitos demandantes da
fraternidade. Recusou-se a demonstrar respeito ao Deus eterno. Descaradamente
apoiou-se em sua rebeldia egoísta e falou coisas que ninguém teria coragem de
pronunciar.
Sou eu o guardador de
meu irmão? Sua pergunta é absurda. Tendo-se desfeito de seu irmão, ele
agora nega qualquer responsabilidade. Ao dramatizar sua inocência, ele repete a
tentativa de seu pai de ocultar.
10 E disse Deus: Que fizeste? A voz
do sangue de teu irmão está clamando a mim desde a terra.
4.10 A voz (qôl) do
sangue do teu irmão clama (sô'qim) da terra a mim. Sangue derramado por um
homicida, embora coberto pela terra, estava clamando a Deus. Jeová podia
ouvi-lo, e Ele compreendia o significado do grito, pois Ele conhecia a culpa de
Caim. Com que melancolia aquele sangue gritava por vingança! O autor de Hebreus
refere-se a esta experiência na frase "o sangue da aspersão, que fala
melhor do que o de Abel" (12:24). O
que você fez? Uma vez mais, Deus investiga. O ultraje divino é evidente.
11 Agora maldito és tu desde a
terra, que abriu a sua boca para da tua mão receber o sangue de teu irmão.
4.11. maldito.
Deus agora irmana Caim à serpente em seu estado maldito (3.14).
12 Quando lavrares a terra, não te
dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.
4.12 Fugitivo (nei')
e errante (neid). A maldição pronunciada sobre o homicida envolvia banimento
do solo produtivo para o deserto estéril. O solo, disse Deus, seria hostil para
o homicida, de modo que ele não conseguiria obter sustento do cultivo do solo.
Em busca do sustento ele se tornaria um beduíno nas terras desertas, vagando
cansado e desesperado. Insegurança, inquietação, luta, culpa e temores seriam
seus "companheiros" constantes. A palavra fugitivo dá idéia de alguém
cambaleando, andando em ziguezague, tropeçando, sem segurança, em busca
infrutífera de uma satisfação. Era um projeto lúgubre e desencorajador. Caim
alienou-se de seu irmão e de Deus, por isso Deus alienará Caim do solo
cultivável. Ele será um nômade sem lar e sem segurança. Uma vez mais, a
ecologia da terra sofre o impacto da moralidade humana (ver 3.17).
13 Então disse Caim ao Senhor: É
maior a minha punição do que a que eu possa suportar.
4.13 O meu castigo
('awon). Embora a vida de Caim fosse poupada, ele tremia sob o peso do seu
pecado, da sua culpa, do seu castigo e das conseqüências infinitas que
assomavam diante dele. A palavra hebraica 'awon’ refere-se literalmente a sua
iniqüidade, mas também contém um pensamento das conseqüências do seu pecado.
Caim estava muito mais preocupado com sua sentença do que com o seu pecado. Já
não posso suportá-lo. Seu grito amargo dirigido a Deus chamava atenção para o
peso insuportável do seu castigo. Era mais pesado do que podia levantar e
carregar. A palavra neisa dá a idéia de "remover" (perdão) e
"levantar" (expiação). Novamente, parece claro que o apavorado
homicida estava pensando no castigo que estava para ser executado sobre ele.
14 Eis que hoje me lanças da face da
terra; também da tua presença ficarei escondido; serei fugitivo e vagabundo na
terra; e qualquer que me encontrar matar-me-á.
4.14b Quem... me
matará. Terror e desalento começaram a acabrunhar o pecador quando pensava
nos perigos do deserto. Imaginava que cruéis inimigos se deleitariam em
matá-lo. Já sentia o hálito quente do vingador em sua nuca. Sua consciência
ativa já estava em ação. No seu temor, tinha certeza de que a destruição estava
a sua espera, pois sentia que estava completamente fora do círculo do cuidado
divino. O narrador deixa em branco o tempo entre a expulsão e a procriação. Por
exemplo, de quem Caim tem medo, ou onde Caim conseguiu suas esposas? Obviamente,
esta informação pode ser inferida da referência a seus irmãos e irmãs e a seus
descendentes (4.17, 25, 26; 5.4). Entretanto, o foco do narrador está na
condição humana, não na história em si mesma. Me matará. Ironicamente, ninguém será “seu guardador”. O assassino
teme a morte (cf. Nm 35.19).
15 O Senhor, porém, lhe disse:
Portanto quem matar a Caim, sete vezes sobre ele cairá a vingança. E pôs o
Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse quem quer que o encontrasse.
4.15 Um sinal ('ot)
em Caim. Mas Jeová, em sua misericórdia, assegurou a Caim que a Sua
presença seria contínua e Sua proteção infinita. Colocou um sinal sobre ele
evidentemente um sinal ou indicação de que Caim pertencia ao Senhor Deus e
devia ser fisicamente poupado. Não há nenhuma evidência de que o "sinal de
Caim" fosse um sinal para avisar o mundo de que ele era um homicida. Era,
antes, um sinal especial de cuidado amoroso e proteção. Caim continuaria sempre
dentro da proteção da aliança divina. Embora um assassino, era um recipiente
dos favores divinos.
16 Então saiu Caim da presença do
Senhor, e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden.
4.16 Terra de Node
(nôd). Literalmente, terra da peregrinação ou fuga (cons. 4:12, 14). Não há
meio de localizarmos esta área geograficamente, exceto em falarmos dela como
situada ao oriente do Éden. Caim apenas cumpriu a predição que Deus fez quanto
a sua futura existência. Pateticamente e estoicamente ele partiu para os ermos
sem trilhas. A idéia de "fuga" e "miséria" são discerníveis
na palavra hebraica para retirou-se. Terra
de Node. Este nome simbólico significa “errante”. A pessoa alienada de Deus
é alguém sem um lugar permanente.
17 Conheceu Caim a sua mulher, a
qual concebeu, e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade, e lhe deu o nome
do filho, Enoque.
4.17 Sua mulher
('ishtô). O livro de Gênesis não responde a tão freqüente pergunta: Onde
Caim arranjou uma esposa? Está claro que Adão e Eva tiveram muitos outros
filhos e filhas. Antes de Caim se casar, um lapso de muitos anos se passou
(talvez centenas deles). Uma vez que toda a vida veio pelo casal humano
divinamente criado, é preciso concluir que num certo período da história irmãos
e irmãs casaram-se entre si. Na ocasião quando Caim estava pronto a estabelecer
um lar, Adão e Eva tinham numerosos descendentes. Não é preciso que imaginemos
uma outra raça de pessoas já estabelecida no mundo. A esposa de Caim foi alguém
da família de Adão e Eva. Na graça comum de Deus, a vida familiar é desfrutada
tanto por incrédulos quanto por crentes. Nenhuma lei ainda proibia o casamento
com uma irmã (ver 5.4)
18 A Enoque nasceu Irade, e Irade
gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael, e Metusael gerou a Lameque.
4.18 Caim ... Enoque
... Irade ... Meujael ... Metusael ... Lameque. Os nomes são semelhantes
àqueles de Gênesis 5, não para representar variações da mesma fonte, mas para
formar paralelo e contraste com as duas progênies de Adão. O sétimo, de Adão a
Caim e a Sete, respectivamente, o ímpio Lameque (4.19-24) e o santo Enoque
(5.24), se põem em agudo contraste entre si. O primeiro sofre a morte; o último
não morre.
19 Lameque tomou para si duas
mulheres: o nome duma era Ada, e o nome da outra Zila.
4.19. Lameque.
Lameque representa tanto o endurecimento progressivo no pecado – poligamia (cf.
2.24; Mt 19.5, 6) e a vingança grosseiramente injusta – quanto a extensão do
mandato cultural desde a agricultura animal (Gn 4.20) às artes (4.21) e às
ciências (4.22). Duas mulheres. A
escalada do pecado agora se estende à relação conjugal. Poligamia é uma
rejeição do plano conjugal de Deus (2.24).
20 E Ada deu à luz a Jabal; este foi
o pai dos que habitam em tendas e possuem gado.
21 O nome do seu irmão era Jubal;
este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta.
22 A Zila também nasceu um filho, Tubal-Caim,
fabricante de todo instrumento cortante de cobre e de ferro; e a irmã de
Tubal-Caim foi Naamá.
4.21, 22. Jubal ...
Tubal-Caim ... Naamá. O nome Jubal é conectado com ser produtivo; Naamá,
aprazível. Esta linhagem familiar é uma trágica imagem da distorção e
destruição que o pecado causa. As artes e as ciências, extensões apropriadas do
mandato cultural divino, são aqui expressas numa cultura depravada como meio de
auto-afirmação e violência, que culmina com o cântico de Lameque que expressa
tirania. Harpa e flauta. Embora
inventadas por ímpios, são usadas pelos santos no louvor do Senhor (1Sm 16.23).
23 Disse Lameque a suas mulheres:
Ada e Zila, ouvi a minha voz; escutai, mulheres de Lameque, as minhas palavras;
pois matei um homem por me ferir, e um mancebo por me pisar.
4.23. escutem minhas
palavras. A seção termina com um poema: o cântico de vingança de Lameque.
Os descendentes de Caim adotam violência e vingança ainda maiores. Enquanto
Caim temeu a autoridade de Deus, Lameque destemidamente assume autoridade para
seu lucro pessoal.
24 Se Caim há de ser vingado sete
vezes, com certeza Lameque o será setenta e sete vezes.
4.24. setenta vezes sete. A fórmula deste número representa
violência
ilimitada. Caim flagrante e abusivamente defende a reputação
com retaliação; daí, a identidade de Caim, que se casara com a violência,
engendra a identidade de sua progênie, que se caracteriza pela violência.
25 Tornou Adão a conhecer sua
mulher, e ela deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Sete; porque, disse ela,
Deus me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou.
4.25 Sete (Shêt).
A narrativa divina preservou o nome de Sete como o do terceiro filho da
linhagem de Adão. A palavra hebraica tem marcada semelhança à palavra shât,
traduzida para "destinado" ou "estabelecido". Na realidade,
Sete veio a ser aquele de quem Deus pôde depender para o estabelecimento da
pedra fundamental de Sua família. Ele foi "estabelecido" ou
"destinado" a assumir o trabalho e a missão de Abel. Caim perdeu o
seu direito de levar adiante a sublime esperança divina. Sete assumiria a
responsabilidade e o privilégio sobre os seus ombros. Através de sua linhagem
Deus realizaria Suas promessas.
26 A Sete também nasceu um filho, a
quem pôs o nome de Enos. Foi nesse tempo, que os homens começaram a invocar o
nome do Senhor.
4.26 Daí se começou a
invocar o nome do Senhor. Foi uma experiência para nunca mais ser
esquecida, quando, sob o estímulo de Enos, os homens começaram a invocar o nome
de Jeová, o Deus da aliança. Enos, que se destacou na linhagem de Sete, foi o
originador da oração pública e da adoração espiritual. Nela se usava o inefável
nome do Deus eterno. Através dos descendentes de Sete havia uma esperança para
dias melhores.
Elaborado pelo Evangelista;
Natalino dos Anjos.
Com pesquisas em comentários bíblicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário