Lições Bíblicas CPAD Jovens
e Adultos
3º Trimestre de 2013
Título: Filipenses — A humildade de Cristo como exemplo para
a Igreja
Comentarista: Elienai Cabral
Lição 12: A reciprocidade do Amor Cristão
Data: 22 de Setembro de 2013
TEXTO ÁUREO
“Posso todas as
coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13).
VERDADE PRÁTICA
A igreja de Cristo
deve zelar pelo bem-estar dos que a servem, a fim de que não haja necessitados
entre os filhos de Deus.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Jo 10.10 Vida
cristã transbordante
Terça - Fp 4.19 Deus
supre as necessidades
Quarta - Mt 6.19-21,31-34 A confiança nos bens gera ansiedade
Quinta - 1Tm 5.17,18 A igreja cuidando de seus líderes
Sexta - Rm 15.25-27 Socorro material como prova de amor
Sábado - Fp 4.10-13 A fonte da nossa suficiência
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Filipenses 4.10-13.
10 - Ora, muito me regozijei no Senhor por, finalmente,
reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis
tido oportunidade.
11 - Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a
contentar-me com o que tenho.
12 - Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda
a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter
fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade.
13 - Posso todas as coisas naquele que me fortalece.
INTERAÇÃO
Professor, você tem sido generoso para com aqueles que
servem a Deus e a igreja? Então não terá dificuldade alguma em ensinar a
respeito do tema proposto para a aula de hoje: a generosidade da igreja para
com aqueles que a servem. Os irmãos de Filipos eram bem generosos. Eles
enviaram os recursos que Paulo necessitava para sobreviver na prisão (4.10-20).
Vivemos em uma sociedade marcada pelo egoísmo, todavia o crente tem em seu
coração o amor de Cristo e este amor o leva a ajudar aqueles que necessitam de
socorro. Nossa oferta de amor para aqueles que realizam a obra de Deus revelam
a graça do Todo-Poderoso em nossas vidas. Ofertamos não para recebermos algo em
troca, mas o fazemos de coração porque já temos experimentado das dádivas
divinas. Que não venhamos nos esquecer que “mais bem-aventurada coisa é dar do
que receber” (At 20.35).
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Saber que as dádivas dos filipenses era resultado da
providência divina.
Compreender que o cristão tem o contentamento de Cristo em
qualquer situação.
Explicar a respeito da principal fonte de contentamento do
cristão.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, reproduza no quadro de giz os dois tópicos
abaixo. Utilize-os para introduzir a lição. Discuta com os alunos estes
princípios. Explique que estas duas regras devem nortear a nossa doação em
favor daqueles que trabalham na obra do Senhor:
• “Ao entregar uma
oferta o valor não é o mais importante, mas sim a disposição de contribuir para
o Reino”.
• “A doação deve ser
como resposta a Cristo, e não pelas vantagens que podemos ter por fazê-lo. O
modo como doamos reflete a nossa devoção ao Senhor” (Bíblia de Aplicação
Pessoal, CPAD, p.1620).
COMENTÁRIO
introdução
Palavra Chave
Generosidade: Virtude daquele que se dispõe a sacrificar os
próprios interesses em benefício de outrem; magnanimidade, ato generoso;
bondade.
Na lição de hoje, aprenderemos a importância da generosidade
da igreja para com aqueles que a servem. Dependente das ofertas dos irmãos para
sobreviver no cárcere romano, Paulo expressava uma profunda gratidão à igreja
de Filipos pelos recursos enviados por intermédio de Epafrodito (4.10-20).
O apóstolo estava agradecido aos filipenses pelo amor que
lhe haviam demonstrado. Ele, porém, destaca que sempre confiou à providência
divina o seu sustento, e que sua alegria maior estava não nas ofertas
recebidas, e sim no fato de os filipenses terem se lembrado dele.
I. AS OFERTAS DOS FILIPENSES COMO PROVIDÊNCIA DIVINA
1. Paulo agradece aos
filipenses. A igreja em Filipos já vinha contribuindo com o ministério de Paulo
desde o seu início (v.15). Agora, o apóstolo fora surpreendido pela segunda
oferta enviada a ele, exatamente quando estava preso em Roma. Por isso,
agradece e regozija-se pela lembrança dos irmãos (v.10).
Ele declara ainda que a oferta dos filipenses era o fruto da
providência divina em seu ministério, pois confiava plenamente em Deus, em
qualquer situação.
2. Reciprocidade entre o apóstolo e a igreja. Paulo amava a
igreja em Filipos. Esta cidade foi a primeira da Europa a receber a mensagem do
Evangelho. Ali, Paulo enfrentou perseguições, prisão e muito sofrimento. Porém,
agora a igreja, firmada em Cristo, demonstra sua gratidão ao apóstolo cuidando
dele e ajudando-o em suas necessidades (vv.10,11,15-18).
3. A igreja deve cuidar dos seus obreiros. Nenhum obreiro
deve fazer de sua missão um meio de ganhar dinheiro. Todavia, a igreja precisa
prover sustento digno àqueles que a servem. Paulo muito sofreu com a falta de
sensibilidade da igreja em Corinto (v.15). Por outro lado, a igreja em Filipos
procurou ajudar o apóstolo.
A Palavra de Deus nos exorta quanto ao sustento daqueles que
labutam na seara do Senhor: “Não amordaces o boi, quando pisa o trigo” (1Tm
5.18 — ARA). No mesmo versículo, o apóstolo completa que “digno é o obreiro do
seu salário”. Por isso, a igreja deve apoiar devidamente àqueles que são
verdadeiramente obreiros, ajudando-os em suas necessidades (1Tm 5.17).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Nenhum obreiro deve
fazer de sua missão um meio de ganhar dinheiro, todavia a igreja precisa
oferecer sustento digno àqueles que a servem.
II. O CONTENTAMENTO EM CRISTO EM QUALQUER SITUAÇÃO
1. O contentamento de
Paulo. O apóstolo aprendeu a contentar-se em toda e qualquer situação. Seu
contentamento estava alicerçado no fato de que Deus cuida dos seus servos e
ensina-os a viver de forma confiante. Aos coríntios, Paulo escreveu: “não que
sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a
nossa capacidade vem de Deus” (2Co 3.5).
Paulo deu o crédito de sua força e contentamento a Deus.
Muitos se gabam de sua robustez, coragem e até espiritualidade, esquecendo-se
de que a nossa capacidade vem do Senhor. Para agirmos de forma adequada em meio
às provações e privações é preciso reconhecer que dependemos integralmente do
Senhor.
2. “Sei estar abatido” (v.12). Paulo inicia o versículo doze
dizendo: “Sei estar abatido e também ter abundância”. Ele estava convicto do
cuidado de Deus. Por isso, aceitava as privações sem se envergonhar ou mesmo
entristecer-se. Precisamos acreditar na provisão divina e aprender a
contentar-nos em toda e qualquer situação.
Talvez você esteja passando por dificuldades. Não permita,
porém, que elas o abatam. Confie no cuidado e na bondade do Pai Celeste. Ele é
o nosso provedor. Para que o Evangelho chegasse aos confins da terra, muitos
homens e mulheres, às vezes sem qualquer sustento oficial, deixaram suas
famílias e saíram pregando a Palavra de Deus e fundando igrejas. Esses
pioneiros não desistiram, e os resultados ainda podem ser vistos. Hoje, as
igrejas, em sua maioria, possuem recursos para enviar obreiros e missionários a
outras nações e ali sustentá-los, e devem fazê-lo. Cumpramos, pois, o nosso
dever conforme a Bíblia nos recomenda.
3. O contentamento desfaz os extremismos. Apesar de o
exemplo paulino e de a Bíblia ensinar-nos acerca do contentamento, é necessário
abordar o perigo da adoção dos extremismos nessa questão. Muitos servos de Deus
são obrigados, pela falta de compromisso de suas igrejas, a abandonar a obra de
Deus. Para que isso não aconteceça, sejamos fiéis no sustento daqueles que estão
servindo a causa do Mestre (1Tm 5.18).
Os obreiros, por sua parte, não podem deixar-se dominar pela
avareza e pela ganância. Paulo nos dá uma importante lição quando afirma:
“Aprendi a contentar-me com o que tenho” (v.11). O culto ao Senhor não pode ser
transformado em uma fonte de renda. É o próprio apóstolo Paulo quem ensina a
nos apartar daqueles que não se conformam “com as sãs palavras de nosso Senhor
Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a piedade”. Isto porque, os tais
apreciam “contendas de homens corruptos de entendimento e privados da verdade,
cuidando que a piedade seja causa de ganho” (1Tm 6.5). O ensino paulino
demonstra que a piedade, com contentamento, já é, por si mesma, um “grande
ganho” (1Tm 6.6).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
O crente pode
contentar-se em toda e qualquer situação, pois seu contentamento está no fato
de que Deus cuida dos seus servos e ensina-os a viver de forma confiante.
III. A PRINCIPAL FONTE DO CONTENTAMENTO (4.13)
1. Cristo é quem
fortalece. Paulo nos ensina, com a declaração do versículo 13, que sua
suficiência sempre esteve em Cristo. O que fez com que Paulo suportasse tantas
adversidades? Havia algum segredo? Não! O que fez do apóstolo um vencedor foi a
sua fé em Jesus Cristo, aquele que tudo pode. A força do seu ministério era o
Senhor. Você quer forças para vencer os obstáculos em seu ministério? Confie
plenamente no Senhor!
2. Cristo é a razão do contentamento. Nossa alegria e força
vêm do Senhor Jesus. Segundo Matthew Henry, “temos necessidade de obter forças
de Cristo, para sermos capacitados a realizar não somente as obrigações
puramente cristãs. Precisamos da força dEle para nos ensinar a como ficar
contente em cada condição”. Busque ao Senhor e permita que a alegria divina
preencha a sua alma (Ne 8.10).
3. O cumprimento da missão como fonte de contentamento. Uma
vez que o objetivo de Paulo era pregar o Evangelho em toda parte, nada lhe era
mais importante que ganhar almas para o Reino de Deus. Nenhuma dificuldade
financeira roubaria a visão missionária do apóstolo.
Ele não se angustiava pela privação material e social. Pelo
contrário, a alegria do Senhor era a sua força. Paulo regozijava-se com a
suficiência que tinha de Cristo. O descontentamento é como uma planta má que
faz brotar a avareza (Hb 13.5,6), o roubo (Lc 3.14) e a preocupação com as
coisas materiais (Mt 6.25-34). Por isso, contente-se em Cristo! Ele tomará
conta de nós.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Cristo é a razão do
contentamento, nossa alegria e força vêm dEle.
CONCLUSÃO
Aprendemos na lição
de hoje, que a igreja de Cristo deve zelar pelo bem-estar dos seus obreiros, a
fim de que não venham a passar privações. Todavia, a real motivação para
servirmos à igreja de Deus jamais devem ser as recompensas materiais. Confiemos
na provisão divina, pois assim seremos felizes em toda e qualquer situação.
Nosso contentamento em meio às adversidades é resultado da
nossa fé e comunhão com o Senhor Jesus. Que estejamos na dependência do Senhor,
para que Ele nos conceda alegria e força a fim de vencermos as vicissitudes e
tribulações da vida.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RICHARDS, L. O. Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2007.
PEARLMAN, M. Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas
Cristãs. 1 ed., RJ: CPAD, 1998.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
“Graças pelo dom e
comunhão deles. A principal razão para Paulo escrever a essa igreja e de estar
agradecido por esses irmãos é a expressão concreta deles de apoio a ele
(4.1-18). Essa igreja enviou um presente em dinheiro para auxiliar Paulo
enquanto estava na prisão (4.10-18). Paulo chama esse presente de ‘comunic[ar]
com ele, usando a forma verbal (ekoinõsen, v.15) da palavra grega para comunhão
(koinonia). Eles comungam com ele ao participar de seu ministério por meio
dessa expressão concreta de amor e de preocupação. Paulo não esperava nem
pretendia esse auxílio. Paulo aprendeu a se contentar seja qual fosse sua
situação, quer na pobreza quer na abundância. Na verdade, quando Paulo escreve
que pode todas as coisas por intermédio de Cristo que o fortalece (4.13), ele
quer dizer que pode enfrentar todo tipo de circunstância ou situação financeira
sem perder de vista o propósito de Deus para ele. Por isso, recebe o presente
deles com gratidão, no qual ele diz ser ‘oferta de aroma suave’ a Deus (4.18 —
NVI). A preocupação deles faz com que lhes assegure que Deus também cuida deles
(4.19)’” (ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2008,
p.365).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Teológico
“Nos versos 15 e 16,
Paulo alegremente relembra o apoio que os filipenses lhe ofereceram. Relembra
os dias anteriores, quando o evangelho foi proclamado pela primeira vez em
Filipos (At 16.4). Quando o apóstolo passou pela Macedônia até a Acaia, em sua
segunda viagem missionária, a igreja em Filipos foi a única a sustentar seus
esforços. Na linguagem emprestada do mundo comercial, o apóstolo considerou sua
parceria como uma questão de ‘dar e receber’ (termos aproximadamente
equivalente aos conceitos de débito e crédito). Paulo ‘deu’ o evangelho aos
filipenses e ‘recebeu’ seu apoio. De fato, o verso 16 indica que por mais de
uma vez enviaram sua assistência a Paulo antes que deixasse a Macedônia,
enquanto ainda estava na cidade vizinha de Tessalônica (At 17.1-9). Os
filipenses, por sua vez, ‘deram’ seu apoio material e moral a Paulo, tendo
recebido a mensagem das boas novas e agido de acordo com esta.
No versículo 17, Paulo reitera a pureza de seus motivos em
sua expressão de gratidão aos cristãos de Filipos. Não está procurando
‘dádivas’ ou agradecendo de alguma maneira que venha a ser a base para favores
futuros. Sua motivação visa o benefício deles. Sua descrição da recompensa que
terão por associarem-se a ele na obra de Deus é expressa em termos financeiros.
Sua participação no Evangelho produzirá juros ou dividendos (literalmente
‘fruto’), o que resultará no ‘aumento da conta’ deles” (ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD,
R. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 4 ed., RJ: CPAD,
2004. p.510).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A reciprocidade do
Amor Cristão
“Amarás, pois, ao
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
entendimento, e de todas as tuas forças; [...] Amarás o teu próximo como a ti
mesmo” (Mc 12.30,31). Estes dois mandamentos eram o estrado da prática cristã
na Igreja do Primeiro Século. Eles aparecem implicitamente na porção escrita
pelo apóstolo Paulo. Antes o apóstolo havia ordenado aos filipenses a
regozijarem-se, mas agora ele é quem se regozija em Deus pela atitude amorosa
dos irmãos para com a sua vida. Esses crentes, através das ofertas, supriram a
necessidade do apóstolo dos gentios.
O amor mútuo e profundo dos irmãos filipenses pelo o
apóstolo Paulo era forjado nas raias do sofrimento. A alegria de Paulo não se
deu pelo valor da oferta, mas por aquilo que ela significava. Não era uma
oferta negociada pelas regras comerciais e de mercado, mas geradas pelo amor
recíproco da comunidade de Filipos para com seu pai na fé. Este ato de amor faz
o apóstolo reviver reminiscências entre ele e os filipenses. Como sofreram
juntos pelo o amor do Evangelho! Caminharam dia e noite objetivando demonstrar
a verdade que gera vida. Ao receber a oferta de amor da igreja tais recordações
explodiram como bomba no coração do apóstolo.
O apóstolo não se turbava porque através da demonstração de
amor dos seus filhos na fé, ele compreendia que o próprio Cristo o fortalecera
no amor partilhado pelos seus irmãos. Paulo vivia uma vida de grande
contentamento em Deus, pois no amor recíproco ele sente-se recompensado por
Deus em tudo. O contentamento de Paulo o faz jamais elevar a sua voz para
murmurar das circunstâncias que lhe rodeavam. Ele compreende e aceita a vocação
de padecer por amor ao Evangelho.
Interessante ressaltar que, apesar de Paulo receber ofertas
dos irmãos de Filipos, a sua confiança não está nelas, pois o apóstolo estava
instruído em tudo, seja no abatimento, seja na abundância; a ter fartura como a
passar fome. Esta experiência não o permitia a dissimular e ser avarento. O
apóstolo tinha decidido há muito deixar o conforto do farisaísmo para padecer
por Cristo. Ele bem sabia o que isto representava. Por isso, Paulo tinha outro
olhar quando recebia a oferta de amor dos filipenses. Não para o dinheiro, mas
para motivação amorosa que se escondia por de trás daquele ato filipense.
SUBSIDIOS
Aula 12 – A RECIPROCIDADE DO AMOR CRISTÃO
3º Trimestre/2013
Texto Básico: Fp 4:10-13
“Posso todas as
coisas naquele que me fortalece” (Fp 4:13)
INTRODUÇÃO
Nesta Aula, trataremos acerca da generosidade da igreja em
Filipos para com o apóstolo Paulo. Ela enviara os recursos que Paulo
necessitava para suprir suas necessidades na prisão em Roma. Paulo regozija-se
em Deus pela atitude amorosa dos irmãos para com a sua vida. O princípio da
generosidade está fundamentado na ideia de doar e não de ter. Para que a
generosidade seja manifesta exteriormente, o coração deve antes estar
enriquecido de amor e compaixão sinceros para com aqueles que servem a Igreja.
Dar de nós mesmos, e daquilo que temos, resulta em: suprimir as necessidades
dos nossos irmãos obreiros que servem a igreja com abnegação e integridade;
louvor e ações de graça a Deus(2Co 9:12); e amor recíproco da parte daqueles
que recebem a ajuda(2Co 9:14). "Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo
o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas
as tuas forças; [...] Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mc 12:30,31).
Estes mandamentos eram o estrado da prática cristã na Igreja do primeiro
século. E precisa ser, também, da igreja hodierna; caso contrário, ela perderá,
indubitavelmente, a sua identidade como igreja local de Cristo.
I. AS OFERTAS DOS FILIPENSES COMO PROVIDÊNCIA DIVINA
2. Reciprocidade entre o apóstolo e a igreja. O amor mútuo e
profundo dos irmãos filipenses pelo apóstolo Paulo era forjado nas raias do
sofrimento. O apóstolo tinha decidido há muito deixar o conforto do farisaísmo
para padecer por Cristo. Ele bem sabia o que isto representava. Por isso, Paulo
tinha outro olhar quando recebia a oferta de amor dos da igreja de Filipos: não
para o dinheiro, mas para motivação amorosa que se escondia por detrás daquele
ato genuinamente cristão da igreja de Cristo em Filipos. Este ato amoroso era o
motivo da sua grande alegria; não era o valor da oferta recebida, mas aquilo
que ela representava, pois essa não era uma oferta negociada pelas regras
comerciais e de mercado, mas gerada pelo amor recíproco da comunidade de Filipos
para com seu pai na fé. Paulo compreendia que, através da demonstração de amor
dos seus filhos na fé, o próprio Cristo o fortalecera no amor partilhado pelos
seus irmãos. Paulo vivia uma vida de grande contentamento em Deus, pois no amor
recíproco ele sente-se recompensado por Deus em tudo. O contentamento de Paulo
o faz jamais elevar a sua voz para murmurar das circunstâncias que lhe
rodeavam. Ele compreende e aceita a vocação de padecer por amor ao Evangelho.
3. A igreja deve cuidar dos seus obreiros. Em 1Co 9:11-18,
Paulo escreveu que ele não aceitava ofertas da igreja coríntia porque ele não
queria ser acusado de pregar somente para ganhar dinheiro. Mas Paulo ensinou
que era uma responsabilidade da igreja sustentar os ministros de Deus, os
missionários e os pastores que exercem com dedicação plena a liderança do
rebanho de Deus – “Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem
do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar participam do
altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do
evangelho” (1Co 9:13,14).
Não há qualquer fundamento para que se diga, como alguns, na
atualidade, que não há qualquer necessidade de uma contribuição financeira na
Igreja. O texto bíblico mostra, claramente, que devemos contribuir para a
manutenção e sustento da obra de Deus e que esta obra envolve despesas e a
necessidade de sustento daqueles que se dedicam integralmente a ela. Acredito
que a maior atitude de amor que uma igreja demonstra é aplicar recursos na obra
do Senhor, sustentando com dignidade os obreiros que dedicam com amor a obra do
Senhor.
Em nossos dias, dias de “amor ao dinheiro” (1Tm 6:10), vemos
dois fenômenos totalmente inadmissíveis para o povo de Deus:
- Primeiro, a “mercantilização da fé”. Muitos,
aproveitando-se dos mandamentos bíblicos referentes à contribuição financeira,
estão a tornar as igrejas locais em verdadeiras “empresas religiosas”, onde há
uma sede de arrecadação que tem em vista tão somente a formação de impérios
empresariais travestidos de organizações ou empreendimentos eclesiásticos e a
nutrição de uma vida nababesca de poucos, que não estão nem um pouco
preocupados com a obra de Deus, que se fazem cercar de um sem-número de
“parasitas”, aproveitadores das “migalhas” que caem das mesas desses
“mercenários”.
- Segundo, o “consumismo desenfreado”. Este fenômeno,
característico do pós-modernismo, tem tomado conta dos corações de muitos
crentes que direcionam os seus recursos para a satisfação de seus desejos e
prazeres incontidos, com o desvio dos recursos que deveriam ser destinados à
obra de Deus, e que servem apenas para a satisfação dos interesses materiais e
mundanos dos que cristãos se dizem ser, e que fazem com que muito do que poderia
ser utilizado na obra de Deus seja destinado para “mercenários” e para pessoas
totalmente descompromissadas com o Evangelho.
Quando há compromisso com a Palavra de Deus, também
comprometemos o nosso patrimônio com as “coisas de cima”, com aquilo que contribuirá
para a salvação das almas e a glorificação do nome do Senhor. Pensemos nisto!
II. O CONTENTAMENTO EM CRISTO EM QUALQUER SITUAÇÃO
É importante que os crentes percebam que o “contentamento”
bíblico não significa uma acomodação em relação aos desafios da vida, nem
tampouco um desinteresse por melhorar o crescimento profissional, educacional,
etc. Trata-se de um estado de alma, que possuímos em Cristo tudo quanto nos é
necessário para nossa alegria, paz e comunhão com Deus e os homens.
Para Paulo, o contentamento que experimentava na riqueza e
pobreza, na fartura ou miséria, eram reflexos de uma mesma realidade vivida na
presença de Deus. A certeza de que Deus estava nele, que havia concedido a ele
o seu Reino, transcendia suas experiências pessoais e as colocava num universo
eterno. Penso que foi isso que Jesus experimentou. Sua vida não foi sempre um
arranjo de fatos agradáveis. Experimentou o abandono, angústia, tristeza,
traição, alegria e exultação, e todas essas experiências fizeram parte do Reino
que havia sido entregue.
O contentamento não será encontrado na próxima curva, na
visita ao shopping center, no novo emprego ou nas coisas simples e rotineiras,
mas nas experiências que a graça de Deus nos concede dia a dia. Contentamento
não significa não passar pelos vales sombrios da morte, mas gozar a plenitude
do Reino, do amor, da justiça e da paz.
Para ter o verdadeiro contentamento, lembre-se de que tudo
pertence a Deus e que aquilo que temos nos foi dado por Ele. Sejamos
agradecidos pelo que temos, não cobiçando o que os outros possuem. Peçamos
sabedoria para usarmos sabiamente o que temos. Oremos pedindo ao Senhor a graça
necessária para abandonarmos o desejo exasperado pelo que não temos. Confiemos
que Deus suprirá as nossas necessidades.
Muitas pessoas que se dizem cristãs têm sido fiéis e leais
ao Senhor Jesus enquanto as condições permitem, isto é, enquanto tudo está bem,
quando os ventos são favoráveis, quando não falta dinheiro, quando a família
está com saúde. Porém, vindo as aflições, perseguições, carência de dinheiro,
etc., deixam de olhar para o Autor e Consumador da fé (Hb 12:2), e começam a
murmurar e a questionar a Deus pela situação que está atravessando. Daí começa
o descontentamento, a tristeza, e em seguida partem para a infidelidade, que é
um sinal de desconfiança e incerteza. É fácil ser fiel quando tudo vai bem.
Quando as coisas vão mal, a fidelidade é um “sacrifício”. O que o Espírito
Santo deposita dentro de nós através da fidelidade atravessa qualquer barreira,
transpondo todos os obstáculos contrários à fé. E Deus sempre está provando a
nossa fidelidade para com Ele. Devemos estar cônscios de que os desertos não
são apenas os momentos difíceis por que passamos aqui, não! Os “desertos” são a
trajetória de nossa jornada rumo ao Céu. Pense nisso!
2. “Sei estar abatido” (Fp 4:12). Paulo sabia “estar
abatido” ou “humilhado” (ARA), isto é, quando não tinha suprimento para as
necessidades básicas da vida, e também sabia “ser honrado”, ou seja, quando
recebia mais do que necessitava. “Em todas as circunstâncias”, já tinha
experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de
escassez. Como Paulo aprendeu tal lição? Simplesmente porque tinha a certeza de
estar na vontade de Deus onde quer que estivesse, fossem quais fossem as
circunstâncias. Sabia que estava ali pela vontade de Deus. Assim, se passasse
fome, era porque Deus queria que ele passasse fome. Se estivesse fartura, era
porque Deus planejou que fosse assim. Estando ocupado fielmente no serviço do
Rei, ele podia dizer: “Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado”. Portanto,
quer Paulo tivesse muito ou pouco, ele era capaz de manter a vida em equilíbrio
por causa do contentamento. Que lição importante para todos os crentes, das
igrejas locais de hoje, aprenderem!
III. A PRINCIPAL FONTE DE CONTENTAMENTO (Fp 4:13)
1. Cristo é quem fortalece. “Posso todas as coisas naquele
que me fortalece”. Esta expressão, obviamente, não significa todas as coisas no
sentido pleno; Paulo não se tornara onipotente. Paulo não pode tudo; ele pode
todas as coisas dentro da vontade de Deus. Ele pode todas as coisas em Cristo,
e não à parte de Cristo. A razão da “fortaleza” do apóstolo Paulo não é a sua
experiência, a sua força, o seu conhecimento, a sua influência ou os seus ricos
dons e talentos, mas Cristo. Ele tudo pode porque o Todo-Poderoso Filho de Deus
é quem o fortalece. Ele é como uma máquina ligada na fonte de energia, a força
do seu trabalho vem não dele mesmo, mas do poder que vem de Cristo. É Cristo
quem fortalece.
“Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Este versículo pode ser dividido em duas
partes:
- Primeira parte: “Posso todas as coisas”. Parar aí e tirar
as palavras de seu próprio contexto poderia sugerir a ideia de autoconfiança e
presunção. É o tipo de mensagem que frequentemente ouvimos de oradores motivacionais,
aqueles que são pagos para animar auditório, entreter o povo: “Você pode fazer
tudo o que quiser se colocar a sua mente nisto”. Mas isto não é o que o
versículo diz.
- A segunda parte: “naquele que me fortalece”. Esta parte
revela a fonte da nossa força: Cristo. Deus quer que realizemos muito para Ele
neste mundo, mas somente através de Cristo. Em vez de confiarmos em nossa
própria força e habilidades, devemos confiar em Cristo e em seu poder. Pense
nisso!
As palavras confiantes de Paulo podem ser pronunciadas por
todos os cristãos. O poder que recebemos quando estamos em união com Cristo é
suficiente para que tenhamos condições de fazer a sua vontade e enfrentemos os
desafios que surgem do nosso compromisso de fazê-la.
2. Cristo é a razão do contentamento. O contentamento de
Paulo não veio de uma auto-disciplina estóica. Antes, ele veio de Cristo. Este
é a razão do contentamento. No contexto, a frase “todas as coisas” (ARA)
refere-se à lista contida em Fp 4:11,12. Em cada circunstância possível, Paulo
podia estar verdadeiramente contente, porque ele não deixava que as
circunstâncias adversas determinassem a sua atitude. Cristo o estava
fortalecendo, para que o apóstolo pudesse dar continuidade ao seu ministério e
à obra de anunciar o Evangelho, quer ele tivesse abundância ou padecesse
necessidades. Paulo tinha a completa confiança de que, a despeito das
circunstâncias, Cristo lhe daria a força necessária para vencer qualquer
adversidade.
3. O cumprimento da missão como fonte de contentamento. Para
Paulo, o cumprimento da missão que Jesus lhe tinha investido era fonte de seu
contentamento. Pregar o Evangelho em toda parte era o seu objetivo precípuo;
nenhuma dificuldade financeira, política ou social roubaria a sua visão
missionária, o impediria de ganhar almas para o Reino de Deus – “Mas em nada
tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha
carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do
evangelho da graça de Deus” (At 20:24). Paulo era um obreiro destemido e
determinado, não se angustiava pela privação material e social, porque tinha
plena confiança no provimento divino. A alegria do Senhor era a sua força (Ne
8:10).
CONCLUSÃO
-----
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD –
Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog:
http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William
Macdonald.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 55 – CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
Filipenses – A alegria triunfante no meio das provas – Rev.
Hernandes Dias Lopes.
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