LIÇÃO 12 - ELISEU E A ESCOLA DOS PROFETAS
domingo, 17 de março de 2013
24 de Março de 2013
Eliseu e a Escola dos Profetas
TEXTO ÁUREO
"Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em
Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a
homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros" (2 Tm 2.1,2).
VERDADE PRÁTICA
A escola de profetas objetivava a transmissão dos valores
morais e espirituais que Deus havia entregado a Israel através de sua Palavra.
HINOS SUGERIDOS 127, 186, 259
LEITURA DIÁRIA
Segunda - 2 Rs 6.1 Educação e instituição
Terça - 2 Rs 6.3 Educação e função
Quarta - 1 Rs 9.1 Educação e treinamento
Quinta - 2 Rs 6.6 Educação e encorajamento
Sexta - 2 Rs 4.36,37 Educação e experimento
Sábado - 2 Rs 5.26 Educação e exemplo
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
2 Reis 6.1-7
1 E disseram os
filhos dos profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos diante da tua
face nos é estreito.
2 Vamos, pois, até ao Jordão, e tomemos de lá, cada um de
nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar, para habitar ali. E disse ele: Ide.
3 E disse um: Serve-te de ires com os teus servos. E disse:
Eu irei.
4 E foi com eles; e, chegando eles ao Jordão, cortaram
madeira.
5 E sucedeu que, derribando um deles uma viga, o ferro caiu
na água; e clamou e disse: Ai! Meu senhor! Porque era emprestado.
6 E disse o homem de Deus: Onde caiu? E, mostrando-lhe ele o
lugar, cortou um pau, e o lançou ali, e fez nadar o ferro.
7 E disse: Levanta-o. Então, ele estendeu a sua mão e o tomou.
INTERAÇÃO
Professor, já no Antigo Testamento podemos perceber que a
educação religiosa tinha um lugar de destaque entre os israelitas. As Escolas
de Profetas são uma prova desta verdade. Estas instituições não tinham como
propósito ensinar os alunos a profetizarem. A profecia é um dom divino, por
isso, somente o Senhor pode ensinar os seus servos quanto ao profetizar.
Todavia, um dos objetivos era passar às gerações mais novas a herança cultural
e espiritual da nação. Na lição de hoje, estudaremos acerca da Escola de
Profetas sob quatro perspectivas: a instituição, os objetivos, o currículo e a
metodologia. Boa aula!
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
* Compreender o real propósito das escolas de profetas.
* Saber a respeito do currículo da escola de profetas.
* Relacionar alguns dos métodos utilizados nas escolas de
profetas
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, reproduza o quadro abaixo no quadro de giz.
Utilize-o na introdução da lição. Explique aos alunos que as Escolas de
Profetas tinham como objetivo a transmissão dos valores morais e espirituais
que Deus havia entregado a Israel através de sua Palavra. Conclua afirmando que
os autênticos cristãos empenham-se no estudo e no ensino das Sagradas
Escrituras, pois o crente que não recebe instrução na Palavra está sujeito a
ser levado por todo vento de apostasia (Ef 4.14).
ESCOLAS DE PROFETAS
OBJETIVOS
A transmissão dos valores morais e espirituais que Deus
havia entregado a Israel através de sua Palavra.
CURRÍCULO
Em especial o livro de Deuteronômio, pois especificava que
princípios e preceitos regiam a aliança de Jeová com o seu povo; aprendizado
prático.
METODOLOGIA
Ensino através do exemplo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Por diversas vezes, vemos a expressão "filhos dos
profetas" aparecer nos livros de Reis. Os filhos, ou discípulos, dos
profetas estavam radicados em Betel, Jericó e Gilgal (2 Rs 2.3,5,7,15; 4.38). O
contexto dessas passagens não deixa dúvidas de que esta expressão pode ser
entendida como sinônimo para escola de profetas.O fato serve para mostrar que a
educação religiosa, ou formal, já recebia destaque no antigo Israel.
Ressalvamos que as escolas de profetas não tinham como propósito ensinar a
profetizar. Isso é uma atribuição divina. Todavia, eram um testemunho vivo de
que o povo de Deus, em um passado tão distante, preocupava-se em passar às
gerações mais novas sua herança cultural e espiritual. Por isso, vejamos nessa
lição, a Escola de Profetas sob quatro perspectivas
I. A INSTITUIÇÃO DAS ESCOLAS DE PROFETAS
1. Noção de organização e forma. O texto de 2 Reis 6.1
mostra que essas Escolas de Profetas possuíam uma estrutura física. Eles viviam
em comunidade e, portanto, careciam de espaço físico não somente para habitar,
mas também onde pudessem ser instruídos: "Eis que o lugar em que habitamos
diante da tua face nos é estreito. Vamos, pois, até ao Jordão, e tomemos de lá,
cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar, para habitar ali".
Observa-se nesse texto que a estrutura acabou ficando inadequada e um espaço
maior foi reclamado. Para que se tenha uma educação de qualidade necessita-se
de uma estrutura adequada. Não podemos educar sem primeiro estruturar!
2. Noção de organismo e função. As escolas de profetas
estavam sob uma supervisão e, portanto, possuíam um líder espiritual que lhes
dava orientação. Os estudiosos acreditam que as escolas de profetas surgiram
com Samuel (1 Sm 10.5,10; 19.20) e, posteriormente, consolidaram-se com a
monarquia nos ministérios de Elias e Eliseu. No texto de 2 Reis 6.1,
verificamos que os discípulos dos profetas estavam sob a orientação de Eliseu e
era com este profeta que buscavam instrução. Eliseu não era apenas um homem com
dons sobrenaturais capaz de prever o futuro ou operar grandes milagres, mas
também um profeta que possuía uma missão pedagógica.
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
Eliseu não era apenas
um homem com dons sobrenaturais, mas também um profeta que possuía uma missão
pedagógica.
II. OS OBJETIVOS DAS ESCOLAS DE PROFETAS
1. Treinamento. O texto de 2 Reis 2.15,16 mostra que fazia
parte do treinamento das escolas dos profetas trabalhar sob as ordens do líder,
obtendo assim permissão para a execução de cada tarefa. Em outras situações
observamos que os filhos dos profetas, quando já treinados, podiam agir por conta
própria em determinadas situações (1 Rs 20.35). Na igreja o discipulado ocorre
quando aquele que foi ensinado compartilha com outro o seu aprendizado.
2. Encorajamento. Os expositores bíblicos observam que
Eliseu não limitava o seu ministério à pregação itinerante e a operação de
milagres, mas agia também como um supervisor das escolas de profetas. Ele
fornecia instrução e encorajamento aos jovens que ali estavam. O contexto de 1
e 2 Reis não deixa dúvidas de que Elias e Eliseu muito preocuparam-se em transmitir
às gerações mais novas o que haviam aprendido do Senhor. Nessas escolas,
portanto, esses alunos eram encorajados a buscar uma melhor compreensão da
Palavra de Deus. Não há objetivo maior
para um educador do que encorajar o educando a buscar a excelência no ensino.
SINÓPSE DO TÓPICO (2)
As Escolas de
Profetas forneciam instrução e encorajamento aos alunos a fim de que eles
buscassem uma melhor compreensão da Palavra de Deus.
III. O CURRÍCULO DAS
ESCOLAS DE PROFETAS
1. A Escritura. Acompanhando o ministério de Elias, vemos
que a Palavra de Deus fazia parte do conteúdo ensinado nas escolas de profetas.
Dele, Eliseu recebeu essa herança. Quando se encontrava no monte Sinai, Elias
queixou-se de que os israelitas haviam abandonado a aliança divina, destruído
os locais do verdadeiro culto e matado os profetas do Senhor (1 Rs 19.10). A
Palavra de Deus, em especial o livro de Deuteronômio, especificava que
princípios e preceitos regiam a aliança de Jeová com o seu povo. A Palavra de
Deus era e é essa aliança! Assim como Elias, Eliseu também estava familiarizado
com as implicações do concerto divino. Era a Palavra de Deus que ele ensinava
aos seus discípulos. É a Palavra de Deus que nós também devemos ensinar hoje.
2. A experiência. Elias e Eliseu eram homens experientes e
partilhavam com os outros o que haviam aprendido do Senhor (2 Rs 2.15, 19-22;
4.1-7, 42-44). No entanto, no contexto bíblico, a experiência não está acima da
revelação divina conforme se encontra registrada na Bíblia. A Palavra de Deus é
quem julga a experiência e não o contrário. Elias, por exemplo, afirmou que
suas experiências tiveram como fundamento a Palavra de Deus (1 Rs 18.36). Os
mais jovens devem ter a humildade de aprender com os mais experientes e os mais
experientes não devem desprezar os saberes dos mais jovens. O aprendizado se dá
através do processo de interação e a experiência faz parte desse processo.
SINÓPSE DO TÓPICO (3)
O currículo da Escola
de Profetas era em especial o livro de Deuteronômio, pois especificava os
princípios e preceitos que regiam a aliança de Jeová com o seu povo
IV. A METODOLOGIA DA
ESCOLA DE PROFETAS
1. Ensino através do exemplo. As Escolas de Profetas seguiam
o idealismo hebreu concernente à educação. Havia uma relação entre professor e
aluno na comunidade onde viviam. A educação acontecia também na sua forma oral
e o exemplo era um desses métodos adotados no processo educativo. Não há como
negar que Eliseu ensinava através do exemplo. Há vários relatos sobre os milagres
de Eliseu, nos quais se percebe que o aprendizado acontecia através da
observação das ações do profeta. Geazi, discípulo de Eliseu, sabia que seu
mestre era um exemplo de honestidade. Em o Novo Testamento, Jesus Cristo
colocou-se como o exemplo máximo a ser seguido e Paulo se pôs como um modelo a
ser imitado (Mt 9.9; 1 Co 11.1).
2. Ensino através da Palavra. Eliseu não deixou nada
escrito. O que sabemos dele é através do cronista sagrado. Mas esse fato não
significa que o profeta não usasse a Palavra de Deus em sua vida devocional e
também como instrumento de instrução nas Escolas de Profetas. A forma como
Eliseu julgava o comportamento dos reis, aprovando-os, ou reprovando-os, não
deixa dúvidas de que usava a Palavra de Deus escrita para discipular os alunos
das Escolas de Profetas. Eliseu, por exemplo, mediu a iniquidade de Acabe
através da piedade de Josafá. Acabe era um rei mau porque não andava conforme a
Palavra de Deus, enquanto Josafá era estimado por fazer o caminho inverso.
SINÓPSE DO TÓPICO (4)
As Escolas de Profetas seguiam o idealismo hebreu
concernente à educação.
CONCLUSÃO
Através do ministério de Eliseu, observamos que as Escolas
de Profetas eram dedicadas ao ensino formal. Ali era ensinada a Palavra de
Deus. Esse fato, por si só, é de grande relevância para nós, porque demonstra a
preocupação do homem de Deus em passar a outros o conhecimento correto sobre o
Deus único e verdadeiro. Os tempos mudam e a cultura também. Hoje, sabemos que
a educação secular possui grande importância e, infelizmente para muitos, é a
única forma de educação existente. Não podemos negligenciar a educação secular,
mas não podemos de forma alguma perder de vista a dimensão espiritual do
conhecimento divino, que se encontra na Bíblia Sagrada.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio Bibliográfico
"Escolas Hebraicas[...]
Os profetas prestaram uma assistência à instrução religiosa
do povo através de suas pregações públicas. As referências a um grupo de
profeta em Ramá sob o comando de Samuel, e possivelmente em Gibeá, mesmo tendo
sido chamadas de escolas de profetas não devem ser consideradas como as mais
recentes escolas de escribas que caracterizavam o judaísmo.
Estas foram ocasionadas em sua maior parte pelo declínio do
sacerdócio sob o comando de Eli e seus filhos, e novamente durante a monarquia (1 Sm 10.5,10; 19.20), e também da
necessidade que o povo tinha de receber a instrução religiosa.Estas associações
de profetas não devem ser consideradas como monásticas, mas, na verdade,
existiram com o propósito de trazer à tona uma maior influência religiosa sobre
sua época.
Presume-se que, no tempo de Esdras, as instituições
religiosas tenham sido um esforço escolástico entre os judeus (Ed 7.10).
Associadas ao crescimento das sinagogas e outras instituições pós-exílicas, a educação
primária, como um padrão de ensino, viria a tornar-se compulsória, conforme
revelado no Talmude" (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1. ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2009, p. 665).
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
LEBAR, Lois E. Educação que é Cristã. 1. ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2009.
ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. 1. ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2009.
SAIBA MAIS CPAD, n°52, p.42.
Revista Encenador Cristão
Os profetas não eram
pessoas preguiçosas. Eles decidiram ampliar o local em que estavam vivendo, e
para isso, não se puseram a orar e profetizar em nome do Senhor: eles se
puseram a trabalhar. Não é certo que uma pessoa que detenha um dom espiritual
se utilize dele para não trabalhar, não ter uma vida produtiva, ou para ficar
dependendo de terceiros para sua subsistência. Dons são dados para a edificação
da igreja e não para estabelecer distinções entre quem tem e quem não tem. Os
profetas que cercavam Eliseu colocaram "a mão na massa" e foram
trabalhar para que tivessem um espaço maior para viverem. E foi em um momento
desses, em que esses homens estavam trabalhando, que Deus fez um grande milagre
por intermédio de Eliseu: fez flutuar o ferro de um machado, que um dos alunos
daquela escola deixou cair sem querer no rio.
Não podemos prever que tipos de adversidades podem ocorrer
quando estamos trabalhando para o Senhor, mas podemos ter a certeza de que Deus
estará sempre com conosco. Fazer flutuar o ferro de um machado não foi um ato
de demonstração de poder com objetivos pessoais, mas uma oportunidade de
mostrar o quanto Deus honra a fé de seus servos.
Geazi e Eliseu. Eliseu demonstrou o poder de Deus com
milagres realizados, mas também ensinou pelo seu próprio exemplo. Geazi era seu
aluno, e convivia com o profeta, vendo milagres. Não é exagero dizer que Eliseu
aprendeu muitas coisas com o convívio que teve com Elias, e Geazi também
observou os atos de Eliseu. Mas aqui cabe uma observação: Ao passo que Eliseu
aprendeu coisas com Elias e teve um ministério frutífero, Geazi optou pelo
caminho oposto. Na ocasião em que esteve com o capitão siro Naamã, Geazi
demonstrou que não estava apto para o ministério profético pois foi seduzido
pelos presentes que Naamã, já curado, ofereceu a Eliseu. Nessa ocasião, vendo
Geazi que Eliseu rejeitou os presentes de Naamã, cobiçou-os e foi atrás do
siro, contando-lhe uma história piedosa:
Porque Deus julgou Geazi de forma tão severa? Primeiro,
porque ele foi um homem cobiçoso. Segundo, porque ficou indignado de ver Naamã
ser curado e não pagar nada pela cura que recebeu. Terceiro, porque Geazi
mentiu para obter os presentes que Naamã daria a Eliseu. Quarto, não podemos
usar os dons que Deus nos concede para lucrar de forma pessoal. Que essas
observações nos sirvam de exemplo, para que não sejamos julgados por Deus por
conta de tais manifestações de infidelidade.
SUBSÍDIOS EXTRAS
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Esse fato serve para nos mostrar que a educação religiosa ou
formal já recebia destaque no Antigo Israel. Deve ser lembrado que essas
escolas de profetas não tinham como propósito ensinar a profetizar. Isso é uma
atribuição divina. Todavia a Escola de Profetas é um testemunho vivo de que o
povo de Deus em um passado tão distante se preocupava em passar às gerações
posteriores sua herança cultural e espiritual.
Entender os princípios que fundamentavam a Escola de
Profetas é de suma importância para a Educação Cristã do século XXI, pois
através deles é possível fazer um contraste entre o ensino bíblico e o
paradigma educacional emergente. E fato que o paradigma educacional da cultura
ocidental vem sofrendo mudanças radicais nos últimos anos. Esse fato tem
provocado o espanto de especialistas que demonstram preocupação diante dos
novos desafios impostos por essa reviravolta no mundo dos valores. Mas não é
somente a cultura secular que tem refletido os efeitos dessas mudanças de
valores na educação. A igreja evangélica como uma instituição formadora de
valores também espelha essas mudanças.
O que a igreja deve saber sobre esse novo modelo ou
paradigma educacional emergente e como agir diante dele? O que a Escola de
Profetas, liderada pelo profeta Eliseu, tem a nos ensinar? É a pergunta que nos
proporemos a responder aqui.
Antes de estudarmos a Escola de Profetas como uma entidade
dedicada à instrução religiosa, procurarei dar uma visão panorâmica sobre o
novo modelo educacional, também denominado de Paradigma Educacional Emergente.
ESCOLAS
DOS PROFETAS
Ao que parece, as primeiras escolas teol6gicas foram
organizadas por Samuel (I Sam, 10:5; 19:20); e então foram mais firmemente
estabelecidas por Elias e Eliseu, no reino do norte, das dez tribos (11 Reis
2:3,5; 4:38; 6:1). Essas escolas seguiam o modelo do ideal hebreu da relação
entre professor e aluno. Eles viviam em comunidades e o ensinamento era bíblico
místico e através do exemplo pessoal. É indubitável que os profetas eram homens
dotados de .dons espirituais, que haviam despertado em si mesmos poderes
espirituais e psíquicos. Eles transmitiam a seus discípulos esses poderes, não
meramente instruções. Sabemos pela experiência com os poderes carismáticos que
usualmente isso ê transmitido da parte de quem já é dotado para aqueles que
buscam essas manifestações. Alguma forma de energia está envolvida no processo,
a qual opera melhor quando há um transmissor. Ver o artigo geral sobre o Movimento
Carismático, onde são destacados aspectos positivos e negativos do mesmo.
Escolas de profetas foram estabelecidas em Ramá e
provavelmente, Gibeá (I Sam. 19 : 20; 10:5,10): Também havia centros desse tipo
de atividade em Gilgal, Betel e Jericó (11 Reis 4:38; 2:3,5,7,15; 4:1; 9:1).
Cerca de cem estudantes teológicos (chamados «filhos», isto é. discípulos dos
profetas) acompanhavam Eliseu, nas refeições em Gilgal (11 Reis 4:38,42,43).
Cinquenta desses discípulos achavam-se com Elias e Eliseu, quando eles foram
até o rio Jordão (11 Reis 2:7,16,17). Aparentemente, eles viviam em uma casa
comum, na companhia dos profetas, ou, pelo menos em uma mesma comuna ( 1 Reis
6. 1).
Alguns deles eram casados, e tinham os seus próprios lares
(11 Reis 4:1). A profecia e seus poderes acompanhantes, e o ministério, eram
dádivas da parte de Deus. Não precisamos supor que todos esses estudantes eram
assim espiritualmente dotados, mas é indiscutível que todos eles tiravam
proveito de sua associação com grandes homens de Deus. Há alguma indicação de
que havia música sacra e poesia, envolvida no currículo, ou, pelo menos, que
pessoas habilidosas nesses campos, associavam-se com os estudantes de teologia
(I Sam. 10:5). A música espiritual de boa qualidade tem efeitos benéficos sobre
o espirito dos homens, da mesma maneira que a música de má qualidade corrompe.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e
Filosofia. pag. 445, 446.
I. A INSTITUIÇÃO DAS
ESCOLAS DE PROFETAS
1. Noção de organização e forma.
6.1 o lugar em que habitamos. Alguns entendem o termo
"habitar" no sentido de "viver". Isso leva a conclusão de
que os discípulos dos profetas, aqueles orientados especificamente por Eliseu,
vivam juntos num alojamento comunitário. Entretanto, o termo
"habitar" também pode ser entendido como "assentar-se
diante". Esse termo foi usado com esse sentido quando Davi sentou-se
diante do Senhor para adora-lo (2Sm 7.18) e quando os anciãos se sentaram
diante de Ezequiel para ouvir o seu conselho (Ez 8.1; 14;1). Portanto, o
"lugar" aqui se refere ao dormitório onde Eliseu também orientava os
discípulos dos profetas. O crescente numero de homens que desejavam ser
ensinados criou a necessidade de um edifício maior.
2. Noção de organismo e função.
Algumas dessas escolas eram dirigidas por profetas
autênticos; mas outras haviam entrado em decadência. Com música alta e danças,
lançavam-se em um frenesi cerebral que, presumiam, podia produzir profecias. O paralelo
ao moderno movimento carismático é próximo demais para que 0 percamos de vista.
Ver sobre esse assunto na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Estudos
modernos mostram que um cérebro altamente atiçado pela música alta e pelo ruído
pode produzir certas manifestações psíquicas tais como línguas, profecias etc.
Entretanto, não podemos atribuir todo 0 movimento carismático moderno a isso.
Antes, devemos examinar caso a caso, para separar 0 falso do verdadeiro.
Os profetas levavam vários instrumentos musicais com 0
propósito específico de criar 0 frenesi apropriado a estados alterados de
consciência que iniciavam os fenômenos psíquicos. A música é um poder
extraordinário (a mais abstrata das artes) e pode ser usada para 0 bem ou para
0 mal. Ver no Dicionário 0 verbete chamado Musica, Instrumentos Musicais.
Algumas vezes, 0 comportamento dos profetas era considerado loucura (ver II
Reis 9.11 e Jer. 29.36). A conduta peculiar dos profetas, entretanto, no caso
de algumas escolas, era apenas 0 sinal peculiar de sua atividade. De outras
vezes, sob a influência de transe profético, eles eram capazes de proferir
coisas solenes e profundas (ver Núm. 24.2-4). Em qualquer lugar onde os
fenômenos psíquicos se manifestem, porém, temos uma mistura do que é puramente
natural e humano, com 0 que é demoníaco ou é divino. É provável que as antigas
escolas dos profetas, da mesma forma que seus modernos imitadores, fossem uma
mistura de todos esses aspectos.
Chegando eles a Gibeá. Ou seja, ao lar de Saul, a
propriedade de sua família, que deveria ficar nas vizinhanças de Gibeá. Os
Targuns e Josefo dizem Gibea, e não “ colina”, conforme outras versões (ver
Antiq. 1.6, cap. 4, sec. 2).
O Espírito de Deus se apossou de Saul. Este versículo cumpre
as predições feitas no vs. 5 e descreve alguns sinais que mostrariam que Saul
estava sendo preparado para seu ofício real. Ver as notas referentes àquele
versículo, as quais também se aplicam aqui. Devemos lembrar que O ofício de
profeta, em Samuel, eclipsava 0 oficio sumo sacerdotal. As escolas dos profetas
não formavam profetas como Samuel, mas faziam parte das tradições hebreias e,
em certo sentido, encobriram 0 trabalho dos sacerdotes. Provavelmente, alguns
desses profetas também eram sacerdotes, mas com 0 novo ministério profético
alcançaram outra dimensão em suas atividades. Esses profetas possuíam 0 toque
místico e não se limitavam a ritos e sacrifícios tão-somente. O povo nunca se
satisfaz com meros ritos, mas, antes, é mister que haja a presença do Espírito
de Deus para que 0 coração humano se satisfaça plenamente. Ver no Dicionário os
artigos intitulados Misticismo e Desenvolvimento Espiritual, Meios do.
Saul não havia recebido treinamento profético. Ele não pertencia
a essa tradição. Também não era levita. E, no entanto, de súbito, ei-lo a fazer
coisas que os profetas faziam. Todo 0 povo de Israel atentaria para esse fato.
Também Saul entre os profetas? A sensação estava criada.
Saul entre os profetas? Como era possível? Algo estranho e excitante estava
acontecendo. O Espírito foi dado com um sinal para o bem; um movimento
independente se formava. Um novo líder havia sido escolhido. Era como se um
cometa de repente atravessas- se 0 firmamento, e toda a nação 0 visse e se
maravilhasse. O povo ficou surpreso por ver 0 pouco imaginativo filho de um
agricultor em tão boa companhia; ou, então, conforme supõem alguns, a surpresa
foi ver 0 filho de um rico e poderoso fazendeiro na companhia daquele grupo de
profetas itinerantes, sem grande reputação.
Os profetas eram religiosamente respeitados por seus poderes
sobrenaturais, mas socialmente desprezados. Fosse como fosse, Saul estava em
meio a uma companhia inesperada” (George B. Caird, in loc.). Essa reação ante
Saul pode ser comparada à reação diante de Jesus e Seus seguidores (ver Atos
9.21).
CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado
versículo por versículo. 1 Samuel. pag. 1158, 1159.
10. 5. Grupo de profetas. Esta é a primeira vez que se
menciona uma associação de profetas no V.T. O interesse principal desses
profetas era sustentar a religião pura do Senhor em oposição à qualquer
sincretismo com os cultos da fertilidade realizados em Canaã. Alguns mestres
acham que Samuel foi o responsável pela introdução desses grupos de profetas.
MOODY. Comentário Bíblico. 1 Samuel. pag. 24.
10.10,11 Profetas e alguém que transmite a mensagem de Deus.
Enquanto o Senhor mandou que muitos profetizassem certos eventos, o que Deus
mais queria era que eles instruíssem e inspirassem o povo para viver fielmente
ao Senhor. Ao ouvirem as inspiradas palavras de Saul, seus amigos exclamaram:
“Esta também Saul entre os profetas?” Esta era uma expressão de surpresa pelo
lato de um mundano ter se tornado religioso. Seria equivalente a; "O que?
Ele se converteu?"
APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo. Editora CPAD. pag.381.
19.20 grupos de profetas profetizando. Esses profetas
estavam declarando a Palavra de Deus, provavelmente com acompanhamento musical.
Os mensageiros de Saul não conseguiram cumprir sua missão de levar Davi cativo
porque foram levados de modo irresistível a juntar-se aos profetas e passaram a
falar em nome de Deus e a adora-lo.
MAC ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade Bíblica do Brasil.
pag. 376.
II. OS OBJETIVOS DAS ESCOLAS DE PROFETAS
I. Treinamento.
10. 5. Gibeá, que
significa outeiro de Deus, era o lugar onde morava Saul. Samuel foi o primeiro
profeta em cujo redor se reuniu um grupo de jovens com o proposito de estudar e
dedicar a si próprios ao serviço de Deus. Tal rancho de profetas se formou em
Ramá, cidade natal de Samuel.
PLENITUDE. Bíblia de Estudo. 1 Samuel. pag. 299.
15. Vendo-os, pois, os discípulos dos profetas. Ainda
observando, eles viram Eliseu usando o manto. O espírito de Elias repousa sobre
Eliseu. Eliseu recebera os mesmos dons que Elias possuíra, como prova de que
fora ungido para o ofício do profeta.
16-18. Deixa-os ir em procura do teu senhor. Os discípulos
dos profetas não compreenderam que a partida de Elias fora permanente. Sua
insistência em enviar grupos de busca provocaram consentimento relutante.
Quando sua busca comprovou-se infrutífera, tiveram de aceitar o fato de que
Eliseu era agora o profeta do Senhor.
MOODY. Comentário Bíblico. 2 Reis pag. 10.
2.15 se prostraram diante dele em terra. Essa ação
simbolizou a submissão dos profetas a preeminência de Eliseu como profeta de
Israel.
2.16 Eles sabiam que, quando as almas entravam na presença
de Deus na morte, os corpos permaneciam na terra. Por sensibilidade em relação
ao corpo de Elias, eles queriam recupera-lo para cuidar dele apropriadamente.
Eliseu sabia que o corpo de Elias não seria deixado para trás, pois havia
testemunhado sua ascensão aos céus (v. 11) enquanto os outros não, de modo que
cie disse: "Não".
MAC ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade Bíblica do Brasil.
pag. 477.
Filhos dos profetas estavam sempre com o profeta dirigente,
opunham-se sempre aos profetas de Baal e promoviam a obediência ao senhor
Deus. Eles profetizavam mediante o poder
do Espirito e, deste modo, tornaram-se conhecidos.
DONALD C. Stamps. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora
CPAD. pag. 560.
2. Encorajamento.
Os filhos dos profetas (3). Estes só se mencionam
relacionados com a época de Elias e Eliseu e em Am 7.14; mas não há razão para
supor que os bandos de profetas do tempo de Samuel (1Sm 10.10; 19.20) não
fossem do mesmo tipo. A maior parte dos comentadores modernos parecem
inclinados a igualá-los aos profetas; é o que parece fazer-se em 1Rs 20.35,38
mas Am 7.14 parece exigir uma distinção. De qualquer modo, o emprego metafórico
de "filho" em hebraico implica forte semelhança e íntima relação mas
não identidade.
Certo escritor aproxima-se, talvez, da verdade ao dizer,
falando do profeta estadista: "Para se ser profeta teria de se fazer parte
da sua sociedade... é possível que uma minoria de indivíduos recebesse o
espírito e tivesse visões sem se associar aos outros... Mas tudo leva a crer
que o profeta pertencia a uma sociedade ou procedia de uma sociedade na qual a
experiência profética lhe era ensinada como uma arte..." É praticamente o
que outro escritor afirma mais sucintamente: "um Ben-Nabi era um candidato
à profissão de profeta".
Haveria, sem dúvida, entre eles, bons e maus grupos; dentre
estes últimos surgiriam, na sua maioria, os falsos profetas. Sempre que são
mencionados nas Escrituras parecem estar sob o domínio de Samuel, Elias e
Eliseu. A sua principal função seria, sem dúvida, propagar a mensagem dos seus
mestres. Elias e Eliseu consideravam-nos, provavelmente, um núcleo para o
futuro quando os juízes de Deus se cumprissem (cf. 1Rs 19.14-18 nota, 2Rs
4.42-44 nota). É evidente que dispunham de um poder profético limitado.
NOVO. Comentário da Bíblia. 2 Reis. pag.7.
III. O CURRÍCULO DAS ESCOLAS DE PROFETAS
1. A Escritura .
10. Tenho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos.
Sozinho e solitário ele lastimou sua sorte diante do Senhor. Se essas palavras
não fossem enunciadas em Um estado de angústia, teriam sido indesculpáveis. Mas
Deus trata com amor seus filhos quando estão esgotados. As palavras do profeta
tomadas ao pé da letra o que não podemos fazer praticamente acusam Deus de
infidelidade. E eu fiquei só.
MOODY. Comentário Bíblico. 1 Reis pag. 66.
2. A experiência.
19. Os homens da cidade disseram as águas são más. A
agradável localização de Jericó era profundamente prejudicada pela água
insalubre. Traduza: mas as águas são más – e a terra – causando aborto. Achavam
que a água má, que bebiam, era responsável pelos abortos. A fonte principal
junto à antiga localização de Jericó é doce e pura, enquanto que as outras são
salobros.
20. Trazei-me um prato novo. A obra de Deus tem de ser
realizada através de vasos novos não contaminados. Ponde nele sal. O sal limpa
e preserva. Aqui ele é um símbolo do poder purificador e preservador de Deus.
21. Tornei saudáveis a estas águas. O sinal e símbolo da
cura foi o sal lançado nelas.
22. Ficaram, pois, saudáveis aquelas águas até ao dia de
hoje. Deus procurou testificar do Seu poder de curar do pecado e preservar pela
fé. A purificação foi permanente; as águas desta fonte permanecem boas até o
dia de hoje (veja v. 19). Do mesmo modo a obra da graça de Deus em nós é
permanente, nosso único fundamento certo para edificação de vidas puras.
MOODY. Comentário Bíblico. 2 Reis pag. 10, 11.
36, 37. Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel. A
extrema brevidade, embora absoluta sinceridade, da oração de Elias, torna-se
notável quando comparada com os gritos, pulos e danças frenéticas dos
adoradores de Baal. O profeta simplesmente fez Deus se lembrar que ele não
estava inventando este aparentemente estranho procedimento, mas que o executara
por ordem divina.
38. Então caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto. Tão
intenso foi o fogo divino, que devorou as pedras do altar e até lambeu toda a
água que transbordava do fosso. A intervenção sobrenatural na resposta à oração
da fé do profeta de Deus resolveu a questão.
39. O povo, lembrando-se dos termos do duelo espiritual,
gritou: O Senhor é Deus!
MOODY. Comentário Bíblico. 1 Reis pag. 65, 66.
IV. A
METODOLOGIA DA ESCOLA DE PROFETAS
1. Ensino através do exemplo.
GEAZI
A quem pense que, no hebraico, o nome tipifica «negador» ou
diminuído, mas outros pensam que significa «vale da visão. Esse foi o nome de
um· servo especial e de confiança de Eliseu. Ele é mencionado por doze vezes,.
pelo seu próprio nome: 11 Rd 4:12,14,25,27,29,31; 5:20,21,25; 8:4,5.
A história relatada sobre ele, nas Escritura. Em cada lance
acompanha incidentes da vida de. Seu senhor. Os incidentes específicos
relacionados a ele são os seguintes:
1. Em I Reis 4, Geazi sugere a Eliseu que a melhor maneira
de recompensar 1 mulher sunamita, por sua bondade e gentileza, seria
prometer-lhe um filho. Com o tempo, nasce o menino; mas, quando andava, a
criança morre. Geazi é enviado pelo profeta a fim de deitar o cajado de profeta
sobre a criança, na esperança de faz&.ta reviver. Mas isso não funcionou
pelo que Eliseu precisou ir pessoalmente, a fim .de ressuscitar o garoto.
2. Em II Reis 5,lemos a narrativa sobre a Cura da lepra de
Numa. Este desejou recompensara Eliseu com dinheiro. mas o profeta não estava
interessado no dinheiro. Em um momento de cobiça, Geazi resolveu ficar com o
dinheiro para si mesmo. Por essa razão, ele foi atrás do general sírio,
dizendo-lhe, mentirosamente, que Eliseu havia mudado de parecer. Geazi ficou
com o dinheiro, mas, logo em seguida. Foi castigado apanhando lepra. Mão
obstante, foi declarado limpo, e pôde continuar em companhia de seu senhor. Não
sabemos dizer se ele foi afetado ou não pela verdadeira lepra, porquanto várias
afecções da pele, chamadas de «lepra. no Antigo Testamento, não eram a
verdadeira lepra. Os antigos não tinham meios para classificar de modo estrito
as enfermidades. 3. Em 11 Reis 8:1-6 encontramos Geazi a narrar ao rei Jorão os
grandes feitos de Eliseu, bem como as operações da providência de Deus. Sucedeu
que enquanto a narrativa estava sendo feita, quando a mulher cujo filho tivera
sua vida restaurada, apareceu diante do rei reclamando suas terras e sua casa
que lhe haviam sido usurpadas, enquanto ela estivera ausente, durante um
período de fome. O rei ficou impressionado pela coincidência e atendeu-a sem
tardança. Na verdade, existem coincidências significativas. Ver o artigo sobre
o Acaso.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e
Filosofia. vol. 2. pag.869, 870.
2. Ensino através da
Palavra.
Observamos através do ministério do profeta Eliseu que os
filhos dos profetas pertenciam a uma escola dedicada ao ensino formal. Ali era
ensinado a Palavra de Deus tanto na sua forma oral como escrita. Esse fato é
por si só de grande relevância para nós porque demonstra a preocupação desse
homem de Deus em passar a outros o conhecimento correto sobre Deus.
Os tempos mudam e a cultura também. Hoje sabemos que a
educação secular possui grande importância e infelizmente para muitos é a única
forma de educação existente. Não podemos negligenciar a educação humanista, mas
não podemos de forma alguma perder de vista a dimensão espiritual do
conhecimento.
GONÇALVES, José. Porção Dobrada, CPAD 2012 pag. 141, 142
LIÇÃO 12 A ELISEU E A ESCOLA DOS PROFETAS
INTRODUÇÃO
O ensino sempre teve papel primordial na cultura
judaico-cristã, a palavra de Deus sempre ocupou lugar primordial na instrução,
desde a infância. Por isso, na aula de hoje, trataremos a respeito desse
importante ministério eclesiástico. Mostraremos, a princípio, a relevância da
Escola dos Profetas nos tempos de Eliseu. Em seguida, apontaremos os
fundamentos bíblicos para o ensino da igreja. Ao final, destacaremos a
necessidade do ensino sistematizado da Bíblia na Igreja local.
1. A ESCOLA DOS PROFETAS
A escola dos profetas, ao que tudo indica, teria sido o
primeiro seminário teológico dos tempos bíblicos. Essa escola teria sido
organizada por Samuel, que acumulou o ministério de profeta, sacerdote e Juiz
(I Sm. 10.5; 19.20). Elias e Eliseu foram os responsáveis pela consolidação da
escola dos profetas, a contribuição deles fez com que essa escola funcionasse
como resistência à apostasia que havia se estabelecido no reino do norte (II
Rs. 2.3; 4.38; 6.1). A escola dos profetas estava fundamentada no ensinamento
bíblico, por isso, as instruções eram tanto morais quanto espirituais. Não era
uma escola apenas para dotar os alunos com conhecimento, mas, sobretudo, para
que esses tivessem uma profunda experiência com Deus. Os profetas não aprendiam
apenas conteúdo bíblico, eles também eram inseridos no sobrenatural, nos
milagres de Deus. A escola dos profetas foi estabelecida em Ramá, e
provavelmente, em Gibeá (I Sm. 19.20; 10.5,10).
Centros de estudos também estavam espalhados em Gilgal, Betel e Jericó
(II Rs. 4.38; 2.3,5,7,15; 4.1; 9.1).
Cerca de cem estudantes faziam parte da escola dos profetas comandada por
Eliseu em Gilgal (II Rs. 4.38,42,43). Quando Elias e Eliseu foram ao rio Jordão
encontrava-se com eles cinquenta estudantes da escola dos profetas (II Rs.
2.7,16,17). O estilo de vida deles era em comunidade, em uma casa comum, na
companhia dos profetas (II Rs. 6.1). Alguns deles eram casados e tinham filhos
(II Rs. 4.1) e acompanhavam os homens de Deus, por isso eram chamados de filhos
dos profetas. A escola dos profetas dava também aos estudantes uma formação
musical, a fim de que pudessem oferecer ao Senhor música de qualidade para a
adoração a Deus (I Sm. 10.5).
2. FUNDAMENTOS CRISTÃOS PARA O ENSINO NA IGREJA
O ensino bíblico-teológico sempre teve relevância na igreja
cristã, não podemos esquecer que a Grande Comissão destacava a necessidade de
fazer discípulos, e de ensiná-los a Palavra de Deus (Mt. 28.20). Os próprios
mestres, aqueles que ensinam na igreja, são dádivas de Deus, e portanto, devem
ser considerados como ministros do Senhor (Ef. 4.11). A ausência de
ensinamentos bíblicos bem fundamentados é danosa para a igreja, já que
possibilita a entrada de falsos mestres, e a manifestação da apostasia (Hb.
6.1). Por isso Paulo orienta o jovem pastor Timóteo para que esse invista no
ensino, que escolha mestres para ensinaram e repassarem a mensagem às novas
gerações (II Tm. 2.2). Tais pessoas devem se esmerar no ministério do ensino,
ou seja, a ele se dedicarem (Rm. 12.7). Elas devem ensinar não apenas com
palavras, mas também com o exemplo (At. 12.25). Paulo é um modelo de mestre na
Palavra, um homem que não se esquivou de ensinar os decretos de Deus (At.
20.20). Não por ocaso conclamava seus ouvintes e leitores a serem seus
imitadores (I Co. 4.15; 11.1; Fp. 3.17). Mas o maior Ensinador foi o próprio
Jesus, reconhecido como Mestre da parte de Deus (Jo. 3.2). Aqueles que O ouviam
ficavam pasmos diante dos seus ensinamentos, com a autoridade com a qual falava
(Mt. 7.28,29). As pessoas se dirigiam a Ele com o título de Rabi, mestre (Mt.
26.15,49; Mc. 9.5; 11.21; Jo. 1.38,49; 4.31; 9.2; 11.8). Jesus mesmo se
reconhecia como tal (Mt. 23.8; Jo. 13.13). Seu ensino era eficaz, por isso
muitos se maravilhavam (Jo. 7.46), também dos seus feitos, associados ao ensino
(At. 1.1,2). Seus ensinamentos partiam de temas simples do cotidiano, recorria
com frequências às parábolas (Mt. 22.1); indagações (Mt. 22.46), discursos (Mt.
5-7), citações (Mt. 5.18; 22.41-45; Lc. 24.27)
e símbolos (Jo. 13.4-7; Mc. 6.11). Os temas tratados por Jesus em seus
ensinamentos eram: Deus (Mt. 22.34-40); Ele mesmo (Jo. 8.42; 8.58; 16.28); o
Espírito Santo (Jo. 3.5; 7.38,39; Mt. 12.27,28; 14.16,17); as Escrituras (Mt.
5.18; Mc. 2.1,2; Mt. 7.13; Jo. 17.17); a vida cristã (Jo. 5.24; 6.35; 8.12;
14.6; 11.25; 17.17; Mc. 12.30,31); o Reino de Deus (Lc. 17.17; Mt. 6.10; 4.23);
a igreja (Mt. 16.18); e a escatologia
(Mt. 12.30,31; Jo. 10.28).
3. A IMPORTANCIA DO ENSINO SISTEMÁTICO DA BÍBLIA
A igreja cristã não pode fugar da responsabilidade do
ensinamento sistemático da Bíblia. Ciente da importância desse ministério,
muitas igrejas fundaram universidades e investiram maciçamente na educação.
Nesses últimos anos a igreja se distanciou dessa tarefa, e o secularismo ganhou
espaço. O ideal seria que as igrejas evangélicas tivessem suas escolas
confessionais, a fim de instruírem as crianças, desde cedo, na palavra de Deus,
sem desconsiderar a formação enciclopédica, com vistas à formação profissional.
Por menor que seja uma igreja local, ela é a principal responsável pela
instrução dos seus fiéis na palavra de Deus. Os cultos de instrução (ou
doutrina) devem ser valorizados, os pastores precisam separar tempo necessário
para a exposição da Palavra de Deus. As escolas dominicais merecem maior
atenção, atentado inclusive para seus espaços físicos. O estudo teológico,
outrora tratado com preconceito, deve ser estimulado, pois sem uma formação
ortodoxa as pessoas tenderão ao liberalismo. A esse respeito, é preciso
reconhecer que não existe apenas um liberalismo racionalista – que nega a
revelação em prol da razão, mas também o sentimentalista - que nega a revelação
em favor da emoção. O movimento pentecostal, desde o princípio, orientou sua
liderança para que obtivesse formação bíblica. Os cursos teológicos eram
poucos, tendo em vista o contexto distinto, mas havia escolas bíblicas para
obreiros e escolas dominicais. Esperava-se pelo menos que os obreiros tivessem
o conhecimento das principais doutrinas da Bíblia. Nesses últimos anos, em
virtude da descaracterização do movimento evangélico no Brasil, percebemos a
necessidade premente de obreiros com fundamentação bíblica. As escolas bíblicas
dominicais, os cultos de instrução e estudos bíblicos precisam ser
revitalizados nas igrejas locais. Caso contrário, estaremos fadando as gerações
futuras à mediocridade, a falta de fundamentos sólidos, a heterodoxia bíblica,
que cedo ou tarde os distanciaram do evangelho.
CONCLUSÃO
A criação da escola dos profetas por Samuel, e o
estabelecimento dela através de Elias e Eliseu, deve servir de motivação para
investimos no ensinamento bíblico-teológico em nossas igrejas. Para tanto,
devemos não apenas repassar conteúdos, mas, sobretudo, oportunizar momentos
espirituais, nos quais os nossos alunos possam ter uma experiência profunda com
o Senhor. Uma igreja que não investe no ensino não está cumprindo a Grande
Comissão, que a de fazer discípulos, e instruí-los na Verdade, que é o próprio
Cristo.
BIBLIOGRAFIA
DILLARD, R.
B. Faith in the face of apostasy: the gospel according to Elijah and Elisha.
New Jersey: P&R, 1999.
RUSSEL, D.
Men of courage: a study of Elijah and Elisha. Oxford: Christian Focus,
2011.
ELISEU E A ESCOLA DOS PROFETAS
O PROFETA NO ANTIGO TESTAMENTO
Is 6.8,9 “Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A
quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então, disse eu: Eis-me aqui, envia-me
a mim . Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não
entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis.”
O LUGAR DOS PROFETAS NA HISTÓRIA DE HEBREUS.
(1) Os profetas do AT eram homens de Deus que,
espiritualmente, achavam-se muito acima de seus contemporâneos. Nenhuma
categoria, em toda a literatura, apresenta um quadro mais dramático do que os
profetas do AT. Os sacerdotes, juízes, reis, conselheiros e os salmistas,
tinham cada um, lugar distintivo na história de Israel, mas nenhum deles,
logrou alcançar a estatura dos profetas, nem chegou a exercer tanta influência
na história da redenção.
(2) Os profetas exerceram considerável influência sobre a
composição do AT. Tal fato fica evidente na divisão tríplice da Bíblia
hebraica: a Torá, os Profetas e os Escritos (cf. Lc 24.44). A categoria dos
profetas inclui seis livros históricos, compostos sob a perspectiva profética:
Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis. É provável que os autores desses
livros fossem profetas. Em segundo lugar, há dezessete livros proféticos
específicos (Isaías até Malaquias). Finalmente, Moisés, autor dos cinco
primeiros livros da Bíblia (a Torá), era profeta (Dt 18.15). Sendo assim, dois
terços do AT, no mínimo, foram escritos por profetas.
PALAVRAS HEBRAICAS APLICADAS AOS PROFETAS.
(1) Ro’eh. Este substantivo, traduzido por “vidente”, em
português, indica a capacidade especial de se ver na dimensão espiritual e
prever eventos futuros. O título sugere que o profeta não era enganado pela
aparência das coisas, mas que as via conforme realmente eram — da perspectiva
do próprio Deus. Como vidente, o profeta recebia sonhos, visões e revelações,
da parte de Deus, que o capacitava a transmitir suas realidades ao povo.
(2) Nabi’.
(a) Esta é a
principal palavra hebraica para “profeta”, e ocorre 316 vezes no AT. Nabi’im é
sua forma no plural. Embora a origem da palavra não seja clara, o significado
do verbo hebraico “profetizar” é: “emitir palavras abundantemente da parte de
Deus, por meio do Espírito de Deus” (Gesenius, Hebrew Lexicon). Sendo assim, o
nabi’ era o porta-voz que emitia palavras sob o poder impulsionador do Espírito
de Deus. A palavra grega prophetes, da qual se deriva a palavra “profeta” em
português, significa “aquele que fala em lugar de outrem”. Os profetas falavam,
em lugar de Deus, ao povo do concerto, baseados naquilo que ouviam, viam e
recebiam da parte dEle.
(b) No AT, o profeta também era conhecido como “homem de
Deus” (ver 2Rs 4.21 nota), “servo de Deus” (cf. Is 20.3; Dn 6.20), homem que
tem o Espírito de Deus sobre si (cf. Is 61.1-3), “atalaia” (Ez 3.17), e
“mensageiro do Senhor” (Ag 1.13). Os profetas também interpretavam sonhos
(e.g., José, Daniel) e interpretavam a história — presente e futura — sob a
perspectiva divina.
HOMENS DO ESPÍRITO E DA PALAVRA.
O profeta não era simplesmente um líder religioso, mas
alguém possuído pelo Espírito de Deus (Ez 37.1,4). Pelo fato do Espírito e a
Palavra estarem nele, o profeta do AT possuía estas três
características:
(1) Conhecimentos divinamente revelados. Ele recebia
conhecimentos da parte de Deus no tocante às pessoas, aos eventos e à verdade
redentora. O propósito primacial de tais conhecimentos era encorajar o povo a
permanecer fiel a Deus e ao seu concerto. A característica distintiva da
profecia, no AT, era tornar clara a vontade de Deus ao povo mediante a
instrução, a correção e a advertência. O Senhor usava os profetas para
pronunciarem o seu juízo antes de este ser desferido. Do solo da história
sombria de Israel e de Judá, brotaram profecias específicas a respeito do
Messias e do reino de Deus, bem como predições sobre os eventos mundiais que
ainda estão por ocorrer.
(2) Poderes divinamente outorgados. Os profetas eram levados
à esfera dos milagres à medida que recebiam a plenitude do Espírito de Deus.
Através dos profetas, a vida e o poder divinos eram demonstrados de modo
sobrenatural diante de um mundo que, doutra forma, se fecharia à dimensão
divina.
(3) Estilo de vida característico. Os profetas, na sua
maioria, abandonaram as atividades corriqueiras da vida a fim de viverem
exclusivamente para Deus. Protestavam intensamente contra a idolatria, a
imoralidade e iniqüidades cometidas pelo povo, bem como a corrupção praticada
pelos reis e sacerdotes. Suas atividades visavam mudanças santas e justas em Israel.
Suas investidas eram sempre em favor do reino de Deus e de sua justiça. Lutavam
pelo cumprimento da vontade divina, sem levar em conta os riscos pessoais.
OITO CARACTERÍSTICAS DO PROFETA DO ANTIGO TESTAMENTO.
Que tipo de pessoa
era o profeta do AT?
(1) Era alguém que tinha estreito relacionamento com Deus, e
que se tornava confidente do Senhor (Am 3.7). O profeta via o mundo e o povo do
concerto sob a perspectiva divina, e não segundo o ponto de vista humano.
(2) O profeta, por estar próximo de Deus, achava-se em
harmonia com Deus, e em simpatia com aquilo que Ele sofria por causa dos
pecados do povo. Compreendia, melhor que qualquer outra pessoa, o propósito,
vontade e desejos de Deus. Experimentava as mesmas reações de Deus. Noutras
palavras, o profeta não somente ouvia a voz de Deus, como também sentia o seu
coração (Jr 6.11; 15.16,17; 20.9).
(3) À semelhança de Deus, o profeta amava profundamente o
povo. Quando o povo sofria, o profeta sentia profundas dores (ver O LIVRO DAS
LAMENTAÇÕES). Ele almejava para Israel o melhor da parte de Deus (Ez 18.23).
Por isso, suas mensagens continham, não somente advertências, como também
palavras de esperança e consolo.
(4) O profeta buscava o sumo bem do povo, i.e., total
confiança em Deus e lealdade a Ele; eis porque advertia contra a confiança na
sabedoria, riqueza e poder humanos, e nos falsos deuses (Jr 8.9,10; Os
10.13,14; Am 6.8). Os profetas continuamente conclamavam o povo a viver à
altura de suas obrigações conforme o seu concerto estabelecido com Deus, para
que viesse a receber as bênçãos da redenção.
(5) O profeta tinha profunda sensibilidade diante do pecado
e do mal (Jr 2.12,13, 19; 25.3-7; Am 8.4-7; Mq 3.8). Não tolerava a crueldade,
a imoralidade e a injustiça. O que o povo considerava leve desvio da Lei de
Deus, o profeta interpretava, às vezes, como funesto. Não podia suportar
transigência com o mal, complacência, fingimento e desculpas do povo (32.11; Jr
6.20; 7.8-15; Am 4.1; 6.1). Compartilhava, mais que qualquer outra pessoa, do
amor divino à retidão, e do ódio que o Senhor tem à iniqüidade (cf. Hb 1.9
nota).
(6) O profeta desafiava constantemente a santidade
superficial e oca do povo, procurando desesperadamente encorajar a obediência
sincera às palavras que Deus revelara na Lei. Permanecia totalmente dedicado ao
Senhor; fugia da transigência com o mal e requeria fidelidade integral a Deus.
Aceitava nada menos que a plenitude do reino de Deus e a sua justiça,
manifestadas no povo de Deus.
(7) O profeta tinha uma visão do futuro, revelada em condenação
e destruição (e.g., 63.1-6; Jr 11.22,23; 13.15-21; Ez 14.12-21; Am 5.16-20,27,
bem como em restauração e renovação (e.g., 61– 62; 65.17–66.24; Jr 33; Ez 37).
(8) Finalmente, o profeta era, via de regra, um homem
solitário e triste (Jr 14.17,18; 20.14-18; Am 7.10-13; Jn 3– 4), perseguido
pelos falsos profetas que prediziam paz, prosperidade e segurança para o povo
que se achava em pecado diante de Deus (Jr 15.15; 20.1-6; 26.8-11; Am 5.10; cf.
Mt 23.29-36; At 7.51-53). Ao mesmo tempo, o profeta verdadeiro era reconhecido
como homem de Deus, não havendo, pois, como ignorar o seu caráter e a sua
mensagem.
O PROFETA E O SACERDOTE.
Durante a maior parte da história de Israel, os sacerdotes e
profetas, constantemente, entravam em conflito. O plano de Deus era que
houvesse cooperação entre eles, mas os sacerdotes tendiam a aderir ao
liberalismo e deixavam de protestar contra a decadência do povo de Deus.
(1) Os sacerdotes muitas vezes concordavam com a situação
anormal reinante, e sua adoração a Deus resumia-se em cerimônias e liturgia.
Embora a moralidade ocupasse um lugar formal na sua teologia, não era
enfatizada por eles na prática.
(2) O profeta, por outro lado, ressaltava fortemente o modo
de vida, à conduta, e as questões morais. Repreendiam constantemente os que
apenas cumpriam com os deveres litúrgicos. Irritava, importunava, denunciava, e
sem apoio humano defendia justas exigências e insistia em aplicar à vida os
eternos princípios de Deus. O profeta era um ensinador de ética, um reformador
moral e um inquietador da consciência humana. Desmascarava o pecado e a
apostasia, procurando sempre despertar o povo a um viver realmente santo.
A MENSAGEM DOS PROFETAS DO ANTIGO TESTAMENTO. A mensagem dos
profetas enfatiza três temas principais:
(1) A natureza de Deus.
(a) Declaravam ser Deus o Criador e Soberano onipotente do
universo (e.g., 40.28), e o Senhor da história, pois leva os eventos a servirem
aos seus supremos propósitos de salvação e juízo (cf. Is 44.28; 45.1; Am 5.27;
Hc 1.6).
(b) Enfatizavam que Deus é santo reto e justo, e não pode
tolerar o pecado, iniqüidade e injustiça. Mas a sua santidade é temperada pela
misericórdia. Ele é paciente e tardio em manifestar a sua ira. Sendo Deus
santo, em sua natureza, requer que seu povo seja consagrado e santo ao SENHOR
(Zc 14.20; cf. Is 29.22-24; Jr 2.3). Como o Deus que faz concerto, que entrou
num relacionamento exclusivo com Israel, requer que seu povo obedeça aos seus
mandamentos, como parte de um compromisso de relacionamento mútuo.
(2) O pecado e o arrependimento. Os profetas do AT
compartilhavam da tristeza de Deus diante da contínua desobediência,
infidelidade, idolatria e imoralidade de seu povo segundo o concerto. E falavam
palavras severas de justo juízo contra os transgressores. A mensagem dos
profetas era idêntica a de João Batista e de Cristo: “arrependei-vos, senão
igualmente perecereis”. Prediziam juízos catastróficos, tal como a destruição
de Samaria, pela Assíria (e.g. Os 5.8-12; 9.3-7; 10.6-15), e a de Jerusalém por
Babilônia (e.g., Jr 19.7-15; 32.28-36; Ez 5.5-12; 21.2, 24-27).
(3) Predição e esperança messiânica.
(a) Embora o povo tenha sido globalmente infiel a Deus e aos
seus votos, segundo o concerto, os profetas jamais deixaram de enunciar-lhe
mensagens de esperança. Sabiam que Deus cumpriria os ditames do concerto e as
promessas feitas a Abraão através de um remanescente fieI. No fim, viria o
Messias, e através dEle, Deus haveria de ofertar a salvação a todos os povos.
(b) Os profetas colocavam-se entre o colapso espiritual de
sua geração e a esperança da era messiânica. Eles tinham de falar a palavra de
Deus a um povo obstinado, que, inexoravelmente rejeitavam a sua mensagem (cf.
Is 6.9-13). Os profetas eram tanto defensores do antigo concerto, quanto
precursores do novo. Viviam no presente, mas com a alma voltada para o futuro.
OS FALSOS PROFETAS.
Há numerosas referências no AT aos falsos profetas. Por
exemplo: quatrocentos falsos profetas foram reunidos pelo rei Acabe (2Cr
18.4-7); um espírito mentiroso achava-se na boca deles (2Cr 18.18-22). Segundo
o AT, o profeta era considerado falso:
(1) se desviasse as pessoas do Deus verdadeiro para alguma
forma de idolatria (Dt 13.1-5);
(2) se praticasse adivinhação, astrologia, feitiçaria,
bruxaria e coisas semelhantes (ver Dt 18.10,11 notas);
(3) se suas profecias contrariassem as Escrituras (Dt
13.1-5);
(4) se não denunciasse os pecados do povo (Jr 23.9-18); ou
(5) se predissesse coisas específicas que não cumprissem (Dt
18.20-22).
Note que os profetas, do novo concerto não falavam de modo
irrevogável e infalível como os profetas do AT, que eram a voz primacial de
Deus no que dizia respeito a Israel. No NT, o profeta é apenas um dos cinco
dons ministeriais da igreja. Os profetas no NT tinham limitações que os
profetas do AT desconheciam (cf. 1Co 14.29-33), por causa da natureza
multifacetada e interdependente do ministério nos tempos do NT.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL
ELABORADO PELO EV. NATALINO DOS ANJOS
PROFESSOR DA E.B.D. e PESQUISADOR
PASTOR NA ASSEMBLEIA DE DEUS DA CIDADE DE TESOURO
CAMPO DE GUIRATINGA - MATO GROSSO
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