3º Trimestre de 2012
Título: Vencendo as aflições da vida —
Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas
Comentarista: Eliezer de Lira e Silva
Lição 12: As dores do abandono
Data: 16 de Setembro de 2012
TEXTO ÁUREO
“Deus faz que o
solitário viva em família; liberta aqueles que estão presos em grilhões; mas os
rebeldes habitam em terra seca” (Sl 68.6).
VERDADE PRÁTICA
Ainda que sejamos
abandonados por parentes, amigos ou irmãos, Deus jamais nos desamparará.
HINOS SUGERIDOS
178,
187, 304.
LEITURA DIÁRIA
Segunda
- 1 Tm 5.8 Quem não cuida da família é pior que
o infiel
Terça
- Lv 19.32 Os idosos devem ser
honrados
Quarta
- Pv 27.10 Os amigos não devem
ser abandonados
Quinta
- Sl 50.15 Deus atende-nos no
dia da angústia
Sexta
- Êx 33.10,11 Moisés
— o companheiro de Deus
Sábado
- Jo 14.26 A promessa da vinda
do Consolador
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
2 Timóteo 4.9-18.
INTERAÇÃO
Quem nunca se
sentiu solitário ou abandonado ao atravessar um momento de dor e dificuldade?
Os amigos e familiares podem até nos abandonar, mas temos um Deus que jamais
nos desampara. Ele não nos deixa só (Is 49.15). As adversidades da vida muitas
vezes embaçam os nossos olhos nos impedindo de ver o livramento do Senhor.
Todavia Ele está conosco. Enfatize essa verdade durante o decorrer da lição, e
mostre que como servos de Deus não podemos abandonar nossos irmãos, antes
devemos consolá-los com o mesmo consolo que recebemos do Senhor.
OBJETIVOS
Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
·
Reconhecer a dor que um abandono
familiar pode causar.
·
Discutir a respeito do abandono em
momentos difíceis.
·
Conscientizar-se de que Deus jamais
nos abandona.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Inicie a lição
fazendo a seguinte indagação: “O que fazer diante do abandono?”. Ouça com
atenção os alunos e explique que esta é uma situação muito difícil e que causa
muita dor emocional, mágoas e ressentimentos. Porém, podemos tomar duas
atitudes: a primeira é ter a consciência e a certeza de que Deus, como um Pai
amoroso e bondoso, nunca nos deixa. (Leia Isaías 49.5). A segunda é perdoar os
que nos abandonaram e desprezaram. Perdoar não é algo fácil. Todavia, é preciso
para que possamos seguir em frente e sermos vitoriosos. Conclua lendo o texto
áureo da lição.
COMENTÁRIO
introdução
Palavra Chave
Abandono: Deixar só, desamparar.
Hoje, trataremos
dos efeitos que o abandono ocasiona na vida do servo de Deus. Não é novidade
para ninguém, que é justamente nos momentos de angústia e aflição, que o ser
humano sente-se esquecido por todos, inclusive pelos mais chegados. Todavia,
consola-nos saber que o Senhor nunca abandona os seus filhos. Ele não os
esquece. Aliás, o Pai Celeste conhece cada um de nós pelo nome. Quando o Senhor
subiu ao céu, não nos deixou órfãos: enviou-nos o Espírito Santo, para
consolar-nos e guiar-nos em todas as coisas (Jo 14.16).
I. O ABANDONO FAMILIAR
1. Na doença. Ninguém está imune às doenças, mesmo
aqueles que professam servir a Deus (Gn 3.16-19). Por isso, quando enfermos,
todos nós precisamos de ajuda e auxílio especializados. Infelizmente, há
famílias que, nesses momentos, não suportando o estresse, acabam abandonando o
doente à própria sorte, principalmente em se tratando de casos crônicos. Os que
agem desta maneira demonstram não possuir ainda o genuíno amor cristão.
A pessoa enferma
necessita do apoio, do carinho e da dedicação dos seus familiares, para vencer
e suportar a enfermidade. Não podemos nos esquecer, ainda, dos casais que se
divorciam quando um dos cônjuges adoece. Deus não aprova tal atitude (Mt 19.6).
2. No vício. Geralmente é na fase da adolescência
que se conhece e se começa a consumir o fumo e o álcool e até drogas ilícitas.
Muitos entram no submundo das drogas por carência afetiva, curiosidade ou para
ser aceito por um determinado grupo social. A pessoa viciada perde a noção do
certo e do errado e, para satisfazer o vício, é capaz de roubar e até matar.
Alguns cometem suicídio porque se sentem sozinhos e abandonados por amigos e
familiares. Lidar com viciados não é tarefa fácil. Mas é nessa hora que a
família precisa fazer-se presente e estar unida para ajudá-los a livrarem-se
das drogas (1 Tm 5.8).
3. Na melhor idade. A terceira idade, também chamada de
melhor idade, é composta por aqueles que passaram dos sessenta anos. Em nossa
sociedade, os idosos não são prezados, e algumas famílias chegam até a
desampará-los. Muitos são colocados em casas de repouso, ou asilos, e lá
permanecem sem assistência alguma. As Escrituras relatam que os mais velhos
devem ser respeitados e ouvidos pelos mais novos (Js 23.1,2; Lm 5.12,14). O
mandamento do Senhor de honrar o pai e a mãe continua válido para os dias
atuais (Ef 6.1-3).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Os filhos jamais devem
desamparar os pais, pois o mandamento do Senhor de honrar o pai e a mãe
continua válido para os dias atuais.
II. O ABANDONO EM SITUAÇÕES DIFÍCEIS
1. No desemprego. No desemprego, a situação financeira
complica-se e o padrão de vida sofre drástica queda. Nesse momento é que
conhecemos, de fato, nossos verdadeiros amigos (Lc 15.11-32). Até os familiares
desaparecem, pois temem emprestar-nos dinheiro e ouvir-nos as lamúrias. O
Senhor Deus, porém, não deixa seus filhos ao desamparo. Ele envia-nos o recurso
necessário (Sl 37.25).
2. Da amizade. Todos sonhamos ter uma amizade
parecida com a de Davi e Jonatas e com a de Rute e Noemi (1 Sm 18.1; Rt
1.8-18). Uma amizade desinteressada e verdadeiramente cristã. No momento da
dor, Noemi encontrou em Rute um forte esteio e Davi descobriu em Jonatas um
verdadeiro e leal protetor. Infelizmente, muitas pessoas são abandonadas e
traídas por aqueles que pareciam grandes amigos. Até mesmo o apóstolo Paulo
sentiu a dor do abandono: “Ninguém me assistiu na minha primeira defesa; antes,
todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado” (2 Tm 4.16). O Senhor, porém,
assistiu e fortaleceu o apóstolo. A Palavra de Deus adverte-nos a não abandonar
o amigo (Pv 27.10). Sejamos, pois fiéis, leais e amorosos (Pv 17.17).
3. Da igreja. A igreja é o local onde o abandonado
e solitário deveria encontrar amigos e irmãos (Mc 10.29,30). Infelizmente, há
igrejas que se esquecem de seus membros e congregados; não os visitam, não oram
por eles e nem lhes tratam as feridas. O Senhor Jesus, porém, interessa-se por
cada uma de suas ovelhas em particular.
É chegada a hora de
olharmos com mais carinho por aqueles que necessitam de nossos cuidados.
Olhemos também pelos missionários que, muitas vezes abandonados, experimentam
privações de toda sorte. Somos um só corpo e, como tal, devemos cuidar e zelar
uns pelos outros, para que a Igreja de Cristo desfrute perfeita saúde (1 Co
12.12).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
O Senhor nunca
desampara seus filhos.
III. O DEUS QUE NÃO ABANDONA
1. Na angústia. Elias muito se angustiou, por causa
das perseguições que lhe movia Jezabel (1 Rs 18.40; 19.1-3). Temendo por sua
vida, o profeta fugiu para o deserto e, ali, desejou profundamente a morte (1
Rs 19.4). Após caminhar quarenta dias e quarentas noites até Horebe,
escondeu-se numa caverna (1 Rs 19.8). Ele muito se entristeceu porque achava
ser o único crente em todo o Israel. O Senhor, porém, animou-o, revelando-lhe
que reservara sete mil servos fiéis, em todo aquele reino, semelhantes a ele (1
Rs 19.14,18). Quantas pessoas não se sentem exatamente assim? O Senhor nunca
nos desampara. Nas horas de aflição, sempre faz-se presente (Sl 50.15).
2. O amigo. Abraão foi chamado de amigo de Deus
(Tg 2.23). Será que podemos ter o mesmo privilégio? Jesus chamou seus discípulos
de amigos, quando o esperado era que os tratasse como servos (Jo 15.15). Ele é
o amigo fiel; não nos abandona na hora difícil. Na tempestade, livrou os
discípulos do naufrágio iminente. Ele multiplicou pães e peixes e ressuscitou
seu amigo, Lázaro (Mc 4.35-41; Jo 6.1-15; 11.11). Aleluia!
Ao morrer em nosso
lugar, Jesus ofereceu a maior prova de amor e lealdade que um amigo pode dar
(Jo 15.13). Cristo, o amigo verdadeiro, morreu na cruz do Calvário para que
hoje tivéssemos direito à vida eterna. Para você ter esse amigo fiel ao seu
lado, basta aceitá-lo como seu salvador pessoal.
3. A sua Igreja. Dias antes de sua morte, Jesus
assegurou aos discípulos que não os deixaria sozinhos, pois haveria de
enviar-lhes o Consolador (Jo 14.26). Ele não abandona a sua Igreja. A promessa
foi cumprida no dia de Pentecostes, quando os discípulos foram cheios do
Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas (At 2). É o Espírito Santo
que convence o homem do pecado, guiando-nos em todas as coisas. O Senhor
cumpriu a sua Palavra. Por isso, quando o sentimento de abandono e solidão nos
sobrevier, busquemos a Deus em oração e, assim, sentiremos a doce e confortável
presença do Espírito Santo.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Jesus não nos deixou
sozinhos, Ele enviou-nos o Consolador.
CONCLUSÃO
Ainda que a família
e os amigos venham a abandonar-nos, Deus sempre nos acolherá. Ele está ao nosso
lado. O seu Espírito orienta-nos em todas as nossas provações. Portanto,
recorramos a Ele em nossas necessidades. Por outro lado, não nos esqueçamos de
socorrer os que se acham em lutas e tribulações. É o que nos recomenda a lei do
amor que nos entregou o Senhor Jesus. O seu mandamento é claro: amai-vos uns
aos outros.
SUBSIDIOS
1)
Introdução:
- Estamos
estudando neste trimestre a respeito das aflições do justo, uma série de lições
que tentam explicar o porquê passamos por aflições.
- Na lição
introdutória, verificamos que as aflições são inevitáveis na vida do crente
enquanto estiver neste mundo.
- Nas lições
seguintes, analisamos diferentes situações aflitivas. Num primeiro bloco,
tratamos de dramas biológicos: a enfermidade (lição 2) e a morte (lição 3). No
segundo bloco, tratamos dos dramas sociais: os traumas da violência social
(lição 4), as aflições da viuvez (lição 5) e a carência econômica (lição 6). No
terceiro bloco, estudamos os dramas familiares: a divisão espiritual do lar
(lição 7) e a rebeldia dos filhos (lição 8). No quarto bloco, vimos os dramas
materiais: a angústia das dívidas (lição 9) e a perda dos bens terrenos (lição
10).
- Neste
quinto bloco, estamos estudando os dramas de relacionamento: a inveja (lição
11) e as dores do abandono (lição 12). Por fim, estudaremos a respeito das
condições necessárias para a vitória sobre as aflições, ocasião em que
aprenderemos sobre a verdadeira motivação do crente (lição 13) e sobre a vida plena
nas aflições (lição 14).
- Nesta
lição, portanto, estudaremos os efeitos que o abandono ocasiona na vida do
servo de Deus. O homem foi feito para viver em sociedade (Gn. 2.18). Por isso,
quando se sente só, o homem experimenta uma sensação ruim.
2) Conceito
de abandono:
- Abandono é
“ato ou efeito de deixar, de largar, de sair sem a intenção de voltar; partida,
afastamento; falta de amparo ou de assistência; desarrimo”. É palavra de origem
francesa, da expressão provençal “à ban donner”, cujo significado era “deixar
ir para o exílio”, “dar um sinal, proclamar, pronunciar uma condenação ao
exílio; banir”.
- No Antigo
Testamento, na maior parte das vezes, a palavra “abandonar” é tradução, na
Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), da palavra hebraica “azab”, cujo
significado é o de “deixar só, desamparar”. Em Jr. 12.7, além de “azab”, temos
a palavra “natash”, que tem também o significado de “deixar, abandonar”. Em Jr.
51.5, a palavra traduzida por “abandonar” é “alman”, cujo sentido é “deixar
como viúva, desamparar como a uma viúva”.
- No Novo
Testamento, a palavra “abandonar” é, na ARC, tradução da palavra grega
“paradidomi”, cujo
significado é
o de “deixar aos cuidados de outrem”, “entregar às mãos de alguém”.
- Notamos,
portanto, que a ideia de abandono está vinculada a um afastamento de
relacionamento, a uma cessão de uma convivência, à negação de ajuda e de
amparo, a um isolamento. Sempre que dizemos que há abandono, há um ato
voluntário de afastamento de alguém em relação ao próximo, há uma atitude de rompimento
de relacionamento.
- É
justamente nos momentos de angústia e aflição que o ser humano sente-se
esquecido por todos,
inclusive
pelos mais chegados. O nosso consolo é saber que Deus não nos deixa só. Ainda
que uma mãe abandone seu filho, Deus não nos abandona (Is. 49.15). O Senhor nos
enviou o Espírito Santo justamente para nos consolar e nos guiar em todas as
coisas (Jo. 14.16).
3) Abandono
familiar:
- A família é
o grupo que mais deve afeição e cuidado entre si. Infelizmente nem sempre é
assim que ocorre. É comum vermos famílias desestruturadas que não cuidam dos
seus próprios integrantes, não lhes suprindo as carências físicas e emocionais.
Paulo já havia dito que “se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente
dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel” (1Tm. 5.8).
- O abandono
pela família é sem dúvida o mais dolorido, pois é da família que esperamos mais
afeto e compreensão. O cristão não pode abandonar sua família em hipótese
alguma, a não ser, obviamente, quando deixa o lar de seus pais para se casar,
formando uma nova família (Gn. 2.24), o que não significa, naturalmente, que
deixará seus pais necessitados em situação de desamparo.
- Em muitos
lares, na atualidade, há uma situação de completo abandono familiar, embora
todos estejam a residir sob o mesmo teto. Isso porque nem sequer há comunicação
ou diálogo entre cônjuges ou entre pais e filhos, gerando inúmeros casos de
infidelidade conjugal e de “adoções” dos filhos por estranhos de má índole.
Nossa lição fala em especial de três situações de abandono na família:
- 1) Na
doença: conforme estudamos na lição 2, o crente não está imune às doenças.
Nessas horas, todos precisamos de ajuda das pessoas que nos cercam.
Infelizmente, há famílias que, justamente nesses momentos mais necessários,
abandonam o doente à própria sorte, demonstrando não possuir ainda o verdadeiro
amor cristão. É muito comum ocorrer isso entre cônjuges. Infelizmente, até a
nossa lei prevê a possibilidade de separação por doença de um dos cônjuges.
- 2) No
vício: muitas pessoas, especialmente adolescentes, procuram nas drogas e no
álcool uma forma de suprir suas carências afetivas ou de ser aceito em um
determinado grupo social. A pessoa viciada perde a noção de certo e errado e,
para satisfazer o vício, é capaz de roubar e até matar. Alguns chegam até o suicídio,
por se sentirem sozinhos e abandonados pelos amigos. Lidar com viciado não é
fácil, mas é nessa hora que a família precisa fazer-se presente e estar unida
para ajudá-lo a livrar-se das drogas.
- 3) Na idade
avançada: a chamada terceira idade, também conhecida como “melhor idade”, é
talvez o momento em que as pessoas mais precisam de assistência dos seus
familiares, em razão do esvanecimento das forças, com as consequentes doenças.
Em nossa sociedade, muitas vezes, os idosos são desprezados; algumas famílias
chegam a desampará-los por completo, colocando-os em casas de repouso ou
asilos, sem nenhuma assistência familiar.
- A Bíblia
relata que os mais velhos devem ser respeitados e ouvidos pelos mais novos (Js.
23.1-2; Lm. 5.12,14; Lv. 19.12; Ex. 20.12). O mandamento do Senhor de honrar o
pai e a mãe continua válido para os dias atuais (Ef. 6.1-3). Jesus, inclusive,
criticou a tradição judaica que invalidava esse mandamento (Mt. 15.3-6). Até
mesma a Constituição Federal brasileira determina que os pais têm direito de
ser assistidos por seus filhos na velhice, carência e enfermidade (art. 229).
4) Abandono
em situações difíceis:
- Nossa lição
relata três situações difíceis pelas quais podemos sofrer as consequências do
abandono na nossa vida:
- No
desemprego: normalmente, nesse momento, a situação financeira se complica e o
padrão de vida sofre drástica queda. É nessas horas que conhecemos realmente
nossos verdadeiros amigos. Até os familiares desaparecem, pois temem
emprestar-nos dinheiro e ouvir-nos as lamúrias. A Bíblia nos ensina a amar o
nosso próximo e ajudá-lo em momentos de necessidade (Lc. 10.25-37)
- Na amizade
traída: todos sonhamos com uma amizade verdadeira, sincera, desinteressada everdadeiramente
cristã, como a de Davi e Jônatas (1Sm. 18.1), ou a de Rute e Noemi (Rt.
1.8-18). Mas é frequente as pessoas serem traídas por aqueles que pareciam
grandes amigos. Até Paulo sentiu a dor do abandono de seus amigos mais chegados
(2Tm. 4.16). A Bíblia nos adverte a não abandonar o amigo (Pv. 27.10). Devemos
ser fieis, leais e amorosos (Pv. 17.17).
- Da igreja:
a igreja é o lugar onde o abandonado e solitário deveria encontrar amigos e
irmãos (Mc. 10.29-30). Infelizmente, há igrejas que se esquecem de seus
membros, não os visitam, não oram por eles e não lhes tratam as feridas. Até
mesmo os missionários muitas vezes estão abandonados pelas igrejas que os
enviaram, passando por diversas necessidades. Jesus disse que os falsos
cristãos seriam caracterizados justamente pelo desamor e desprezo em relação
aos desvalidos (Mt. 25.31-46).
- É hora de
acordarmos para este problema; a igreja precisa tratar as carências dos seus
membros. Somos um só corpo (1Co. 12.12); se um membro padece, todo o corpo
padece (1Co. 12.26-27). Devemos cuidar e zelar uns dos outros, para que a
igreja de Cristo desfrute perfeita saúde. Deus deseja que Seus filhos vivam em
comunhão uns com os outros (Sl. 133) e que os desvalidos, desfavorecidos e
vitimados pela vida encontrem apoio, atenção e ajuda em Sua casa (Tg. 1.27).
Convém lembrar que Deus usa os crentes para consolar outros crentes, como fez
com Tito em relação a Paulo (2Co. 7.6). Temos de ter o mesmo sentimento de
Deus, pois passamos a participar de Sua natureza por força da salvação em
Cristo (2Pe. 1.4) e, portanto, não podemos tomar a iniciativa de desamparar as
pessoas.
- Afora as
três hipóteses referidas na lição, há ainda o abandono que resulta da
fidelidade do crente a Deus, quando ele passa a ser rejeitado pelo simples fato
de adotar um estilo de vida e um discurso que se choca frontalmente com a
mentalidade reinante neste mundo. Jesus previu que seria assim (Jo. 15.18-21). Jesus,
inclusive, disse que as pessoas que deixaram parentes para servi-Lo ganhariam
em troca, já neste tempo, novos parentes (Mc. 10.29-30). Neste caso, mais ainda
se justifica que a igreja cuida desse irmão que enfrenta problemas.
- Em alguns
países fechados para a pregação do Evangelho, a situação é ainda mais difícil,
sendo muitas vezes o cristão condenado à prisão e até à morte. Só nos 10
primeiros anos deste século XXI, morreram 1.050.000 cristãos no mundo pelo
simples fato de professarem a fé cristã. Jesus falou que esses acontecimentos
se intensificariam nos últimos dias (Lc. 21.16-17).
- Existem
várias razões para um crente sofrer abandonos por causa de sua fé. As
principais delas são:
- 1) O
Evangelho prega uma salvação exclusivista; Jesus é o único caminho, a verdade e
a vida (Jo. 14.6); Jesus não é apresentado nas Escrituras como mais uma
alternativa, mas como a única; isso é suficiente para provocar a antipatia da
maioria das pessoas, porque crer em Jesus implica admitir que todas as demais
religiões estão erradas;
- 2) A Bíblia
fala do inferno como algo real, onde serão lançados todos os que rejeitarem
Jesus, passandoa eternidade em tormentos terríveis; trata-se de uma mensagem
antipática, ainda que a preguemos commuito amor no coração pelos perdidos;
- 3) O
Evangelho nos diz que somos pecadores (Rm. 3.23), que não somos merecedores de
salvação (Rm.3.20), que nossas boas obras não são mais do que a nossa
obrigação, não valendo nada para garantir umaeternidade no céu (Ef. 2.8-9) e
que, se quisermos ser salvos, é preciso nos arrependermos dos nossos pecados
(Mc. 1.15) e procurarmos viver uma vida santa (Hb. 12.14), de acordo com a
Palavra de Deus (Jo. 17.17); em suma, trata-se de uma vida de renúncia (Lc.
9.23-25); portanto, pregar e viver essas verdades fará com que sejamos
naturalmente rejeitados pela maioria do mundo, sendo vistos como um incômodo
por nossos discursos e estilo de vida.
- Resumindo,
o fato de sermos diferentes do mundo nos faz repugnáveis para o mundo, motivo
pelo qual o mundo nos abandona. E assim é porque, embora estejamos no mundo,
não somos deste mundo (Jo. 15.19).
5) Como lidar
com o abandono:
- Em primeiro
lugar, devemos deixar de lado todo tipo de ilusão sobre esta questão. É preciso
identificar corretamente a causa do abandono, para tratar dela de forma
correta. Não adianta, por exemplo, atribuir o abandono ao fato de ser crente,
se ele decorre de uma atitude errada do abandonado.
- Em segundo
lugar, devemos viver intensamente a vida como membros do Corpo de Cristo, em comunhão
com os nossos irmãos em Cristo (Mc. 10.29-30; 1Co. 12.26-27). Se perdemos até a
nossa família por causa da nossa fé, Deus nos dá uma família muito maior. O
salmo 68 diz que Ele “faz que o solitário viva em família” (Sl. 68.6).
- Uma outra
atitude importante para quem está passando por situação de abandono é perdoar
os que nos abandonaram e desprezaram. Perdoar não é algo fácil. Todavia, é
preciso para que possamos seguir em frente e sermos vitoriosos. Enquanto
estamos guardando mágoas de alguém, não vamos conseguir viver em paz.
- Por fim,
devemos descansar em Deus, fortalecendo-nos no Senhor e na força do seu poder
(Ef. 6.10), e na assistência incomparável do Consolador, o Espírito Santo de
Deus (Rm. 8.26-27).
6) Exemplos
bíblicos de pessoas abandonadas:
- Elias:
Elias é um excelente exemplo de pessoa que se sentiu abandonada por ser fiel.
Mesmo diante de um ministério profícuo, tendo sozinho desafiado 850 profetas de
Baal e de Asera e vencido, Elias se isolou, sentindo-se abandonado, chegando a
pedir a morte, achando que estava só na luta em favor de Deus (1Rs. 19.10). Mas
Deus lhe consola, cuida dele, fala com ele, demonstra-lhe Seu poder e lhe dá
uma nova missão, alertando-o que Ele reservou 7.000 pessoas que, como ele, não
dobraram seus joelhos perante Baal. Portanto, embora se sentindo abandonado,
Deus não o abandonou e ainda lhe mostrou que ele tinha a companhia de muitos
irmãos.
- Davi: Davi
é um exemplo de pessoa que se sentiu abandonada em razão de seus próprios
erros. Embora sendo um fiel servo de Deus, como homem, Davi também pecou. E, em
razão de seu pecado, sentiu-se abandonado por Deus, fruto da sua perda de
comunhão com Ele. Convém notar que não foi Deus que o abandonou, mas ele que se
sentiu abandonado, porque o pecado faz separação entre Deus e o homem (comparar
com Adão e Eva, que, quando pecaram, envergonharam-se de comparecer à presença
de Deus e se esconderam, embora Deus
tivesse vindo encontrar com eles, como antes). No salmo 51, Davi suplica a Deus
para que Ele não o lance fora de Sua presença (Sl. 51.11), no que foi atendido
por Ele, tendo Deus o perdoado (2Sm. 12.13).
- Jesus:
Jesus viveu em íntima comunhão com Deus durante toda a Sua vida terrena. Não
obstante, nos momentos que antecederam a Sua morte, Jesus se sentiu abandonado,
angustiado e triste (Mt. 26.38), e isto por causa dos nossos pecados, que já
pesavam sobre Seus ombros. Nem mesmo os discípulos puderam acompanhá-lo nesse
momento de sofrimento, chegando a dormir enquanto Ele agonizava. Após a Sua
prisão, todos se dispersaram, exceto Pedro, que o acompanhou de longe, mas
chegou a negá-Lo. Jesus chegou a clamar na cruz expressamente: “Deus meu, Deus
meu, por que me desamparaste?” (Mc. 15.34). Não está dito que Deus realmente O
tinha abandonado, mas Ele se sentiu abandonado por Deus, por causa do pecado,
que afasta os homens de Deus.
- Paulo:
Paulo é outro exemplo de pessoa que se sentiu abandonada em razão de ser fiel;
mas sobretudo é um exemplo de como deve se comportar o crente abandonado. Já
perto do fim da sua vida, preso em Roma, Paulo reclama a Timóteo do abandono de
seus irmãos mais próximos. O texto da leitura bíblica em classe (2Tm. 4.9-18) mostra
claramente os sentimentos de tristeza e abandono que tomaram conta de Paulo
nesse momento difícil. - Paulo sabia que estava chegando perto do fim de sua
vida, e pede a Timóteo que vá vê-lo depressa. Mais do que precisar da companhia
de Timóteo, Paulo queria lhe ministrar um último ensinamento: mostrar a Timóteo
como um cristão deveria morrer por sua fé.
- Em seguida,
Paulo esclarece o porquê está sozinho: Demas o havia desamparado, amando as
coisas do mundo; Crescente, Tito e Tíquico também estavam longe, provavelmente
pregando o Evangelho; apenas Lucas tinha ficado com ele. E por isso Paulo pede
a Timóteo que tome a Marcos e vá vê-lo (convém notar que este é o mesmo João
Marcos, sobrinho de Barnabé, que Paulo recusou anos antes como companheiro, porque
ele os tinha abandonado na viagem, mas agora ele era útil, e Paulo o
reconheceu).
- Paulo
relata a Timóteo o problema que teve com Alexandre, o latoeiro (provavelmente o
mesmo blasfemador citado em 1Tm. 1.20), para que Timóteo se guarde dele (notar
que a referência do v. 14 não é, como parece, uma oração imprecatória; Paulo
apenas faz referência ao salmo 62, que fala em misericórdia, não em castigo ou
vingança).
- Paulo
termina o relato dizendo que ninguém o assistiu em sua defesa, mas ele sentiu a
presença do Senhor o amparando.
7) O Deus que
não abandona:
- Deus nunca
desampara os justos (Sl. 37.25) e consola os abatidos (2Co. 7.6).
- Elias muito
se angustiou por causa das perseguições de Jezabel (1Rs. 18.40; 19.1-3).
Temendo por sua vida e achando que era o único em Israel que ainda servia a
Deus, o profeta fugiu para o deserto, desejando profundamente a morte (1Rs.
19.4). Após caminhar 40 dias até Horebe, escondeu-se numa caverna (1Rs. 19.8).
Mas Deus o animou, revelando-lhe que reservara 7.000 servos fieis como ele
(1Rs. 19.14,18).
- Quantos
crentes também não estão se sentindo sós como Elias, achando que não há mais
ninguém fiel como eles, que estão lutando sozinhos? Mas o Senhor não nos
desampara, fazendo-Se presente nas horas de aflição (Sl. 50.15).
- Abraão foi
chamado de amigo de Deus (Tg. 2.23). Jesus chamou Seus discípulos de amigos, em
lugar de servos (Jo. 15.15). Nós também temos esse privilégio. Ele é o amigo
fiel, que não nos abandona na hora difícil.
- Na
tempestade, Ele livrou os discípulos do naufrágio; multiplicou pães e peixes
para suprir a necessidade da multidão; ressuscitou Seu amigo Lázaro (Mc.
4.35-41; Jo. 6.1-15; 11.11).
- Ao morrer
em nosso lugar, Jesus ofereceu a maior prova de amor e lealdade que um amigo
pode dar (Jo. 15.13). Cristo morreu na cruz do Calvário para que hoje
tivéssemos direito à vida eterna. Para termos esse amigo fiel ao nosso lado,
apenas precisamos aceitá-lo como salvador pessoal. Ele tomou sobre Si nossas enfermidades
e nossas dores (Is. 53.4), inclusive as dores da discriminação e do abandono.
- Dias antes
da Sua morte, Jesus assegurou aos discípulos que não os deixaria sozinhos, pois
haveria de enviar-lhes o Consolador (Jo. 14.26). A promessa foi cumprida no dia
de Pentecostes, quando os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram
em outras línguas (At. 2). Ele não abandona a Sua
igreja. É o
Espírito Santo que convence o homem do pecado, guiando-nos em todas as coisas.
Por isso, quando o sentimento de abandono e solidão nos sobrevier, busquemos a
Deus em oração e, assim, sentiremos a doce e confortável presença do Espírito
Santo (Jo. 14.16-18; 16.13; Rm. 8.26-27).
- Portanto,
ainda que a família e os amigos venham a abandonar-nos, Deus sempre nos
acolherá. Ele está sempre ao nosso lado. O Seu Espírito nos orienta em todas as
nossas provações. Portanto, recorramos a Ele em nossas necessidades.
- Por outro
lado, não nos esqueçamos de socorrer os que se acham em lutas e tribulações. É
o que nos recomenda a lei do amor que nos entregou o Senhor Jesus (“amai-vos
uns aos outros” – Rm. 12.10; 1Pe. 1.22).
Referências
bibliográficas:
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- Bíblia de
Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD, 2003.
- CARVALHO
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- CHAMPLIN,
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- DAKE, Finis
Jennings. Bíblia de Estudo Dake. Editoras CPAD e Atos, 2009.
- FRANÇA,
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Caramuru Afonso. As dores do abandono. Subsídio publicado
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- GILL,
Deborah Menken. Comentário bíblico pentecostal: novo testamento, v. 2. 4ª.
edição. Editora
CPAD, 2009.
- Novo
Testamento trilíngue: grego, português e inglês. Editora Vida Nova.
- SILVA,
Eliezer de Lira e. Lições bíblicas: vencendo as aflições da vida – muitas são
as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas. Editora CPAD, 2012.
- STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD, 2005.
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